15º Capitulo
DIOGUINHO O BANDIDO DE ALUGUEL – 1862 – 1897 e 1918
Até 1883, não havia estrada de ferro na Vila de São Carlos. Mil e seiscentas arrobas de café e setecentas caixas de açúcar produzido no grande latifúndio da Fazenda Santa Eudóxia, eram transportadas de carroção, carro de boi e grandes tropas de muares até o Porto Pulador “Cunha Bueno”, no rio Mogi Guaçu. Uma embarcação movida a vapor, subia o rio até a Vila de Porto Ferreira, onde toda a produção da grande fazenda era embarcada de trem até a cidade de Santos, de lá seguia de navio para varias paises da Europa. Com o crescimento das cidades de: São Simão, Porto Ferreira, Descalvado e Luiz Antonio o Porto Cunha Bueno - no rio Mogi Guaçu, era a travessia de balsa, entre Santa Eudóxia e a cidade de Luiz Antonio.
Na Fazenda das Pedrinhas, perto do Porto Cunha Bueno existia uma ponte de madeira, construída em 1896, através do ramal da Cia Paulista de Estrada de Ferro, que era usada na travessia do rio Mogi Guaçu. No futuro a fazenda das Pedrinhas, foi desmembrada e vendida para João Vicente, Tenente da Captura de Araraquara, que ficou conhecido e famoso como o matador do bandido Dioguinho.
O BANDIDO CAIPIRA - A história da vida e morte de Dioguinho começa em 1862, na vila de São Domingos (cidade de Botucatu – SP), onde, nasceu o agrimensor, oficial de justiça e bandido de aluguel Diogo Rocha Figueira (Dioguinho), que só no interior paulista matou centenas de pessoas.
Sua história carregada de mentiras e invenção é comentada em todo o país, assim como o distrito de Santa Eudóxia, que ficou conhecido como o lugar onde morreu Dioguinho. A fama do bandido caipira percorreu jornais, revistas, livros, TV, e também no cinema. Pelo menos dois filmes foram gravados em Santa Eudóxia, contando a história do bandido de aluguel. Em 1916 -17, é filmado (Dioguinho). Produção: Paulista Filme, com direção do cineasta Guelfo Andaló, e participação de Antônio...
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DIOGUINHO O BANDIDO DE ALUGUEL – 1862 – 1897 e 1918
Até 1883, não havia estrada de ferro na Vila de São Carlos. Mil e seiscentas arrobas de café e setecentas caixas de açúcar produzido no grande latifúndio da Fazenda Santa Eudóxia, eram transportadas de carroção, carro de boi e grandes tropas de muares até o Porto Pulador “Cunha Bueno”, no rio Mogi Guaçu. Uma embarcação movida a vapor, subia o rio até a Vila de Porto Ferreira, onde toda a produção da grande fazenda era embarcada de trem até a cidade de Santos, de lá seguia de navio para varias paises da Europa. Com o crescimento das cidades de: São Simão, Porto Ferreira, Descalvado e Luiz Antonio o Porto Cunha Bueno - no rio Mogi Guaçu, era a travessia de balsa, entre Santa Eudóxia e a cidade de Luiz Antonio.
Na Fazenda das Pedrinhas, perto do Porto Cunha Bueno existia uma ponte de madeira, construída em 1896, através do ramal da Cia Paulista de Estrada de Ferro, que era usada na travessia do rio Mogi Guaçu. No futuro a fazenda das Pedrinhas, foi desmembrada e vendida para João Vicente, Tenente da Captura de Araraquara, que ficou conhecido e famoso como o matador do bandido Dioguinho.
O BANDIDO CAIPIRA - A história da vida e morte de Dioguinho começa em 1862, na vila de São Domingos (cidade de Botucatu – SP), onde, nasceu o agrimensor, oficial de justiça e bandido de aluguel Diogo Rocha Figueira (Dioguinho), que só no interior paulista matou centenas de pessoas.
Sua história carregada de mentiras e invenção é comentada em todo o país, assim como o distrito de Santa Eudóxia, que ficou conhecido como o lugar onde morreu Dioguinho. A fama do bandido caipira percorreu jornais, revistas, livros, TV, e também no cinema. Pelo menos dois filmes foram gravados em Santa Eudóxia, contando a história do bandido de aluguel. Em 1916 -17, é filmado (Dioguinho). Produção: Paulista Filme, com direção do cineasta Guelfo Andaló, e participação de Antônio Latari, Georgina Marchiani, Elvira Latari, Antônio Rolando Paulon.
Na década de 50 no filme (O Bandido Dioguinho), estrelou no papel principal o conhecido ator Hélio Souto. A fita que na época, fez sucesso no cinema nacional, foi filmada em Santa Eudóxia e contou com a participação de vários moradores do lugar. O romancista e crítico literário Menotti Del Picchia, comentando seus estudos para compor o romance “Dente de Ouro”, referiu-se se a Dioguinho como “o mais famoso e marcante chefe de bando” já conhecido. Este autor faz uma abordagem psico-social do bandido paulista, conhecido como “valentão”, citando Dioguinho, como um dos valentões que, mais que famoso, já tinha sido transfigurado em formas míticas.
FAMOSO BAITOLA - Diogo Rocha Figueira era um rico fazendeiro respeitado e temido, que em nome do seu irmão Sergio possuía fazenda e sítio nas cidades de São Simão, Luiz Antonio, Porto Ferreira, e Descalvado.
Apesar de criminoso e amigo dos coronéis, Dioguinho ficou famoso quando assinou a ata da Republica como oficial de justiça da cidade de São Simão SP. Até os dias de hoje quando se fala do lendário bandido, o assunto causa polemica. Dizia-se tudo a respeito de Dioguinho, até que ele era ‘Baitola" - homossexual no linguajar caipira da época.
Há quem diga que a impressão deixada por Dioguinho é uma grande mentira, pois o matador era realmente macho, chegando a possuir mais de uma mulher e que se tornou o “terror rural”, depois que foi castrado quando namorava a filha de um fazendeiro.
Conta os moradores mais antigos, que Dioguinho era um homem discreto, vestia com elegância, usava um grande bigode e gostava de apreciar festas, até religiosas como a Festa dos Padroeiros de Santa Eudóxia, aonde ele chegou a ser visto.
Naquele tempo alem de Dioguinho havia vários bandidos famosos que se escondia nas matas da região como: João Brandão, Chico Tanoeiro e Dente de Ouro, mas Dioguinho foi o mais procurado e mais famoso de todos.
AS MORTES - No filme e nas histórias dos mais antigos moradores, o primeiro crime de Dioguinho, foi o fazendeiro Coronel Thomas Fernandes, que proibiu sua filha Mariquinha de namorar ele. Seu segundo crime foi o dono de um Circo e por causa de uma mulher. A partir daí, Dioguinho foi responsável por mais de cem encomendas.
Por trabalhar como agrimensor, ficou conhecido de pessoas influentes como grandes coronéis, fazendeiros e donos de ferrovias, que passaram a contratar o eficiente pistoleiro, para obrigar as pessoas a vender ou abandonar as suas terras.
Conta o livro “O Matador de Punhos de Rendas” - de João Garcia, (paulista de Santa Rosa do Viterbo), que por trás do terror imposto pelo pistoleiro estaria a Companhia Mogiana de Ferrovias, a Companhia Melhoramentos e dezenas de fazendeiros. Dioguinho era o bandido preferido dos poderosos. Tinha costume de comprovar que deu conta da tarefa, cortando uma orelha da vitima, para enviar ao mandante do crime. Em pouco tempo, Dioguinho cercou-se de capangas e as mortes acontecia em varias cidades do interior paulista.
Sempre protegido o bandido agia até em outros estados e nunca foi preso.
O MISTERIO - Conta Marcilio Correia Bueno, (morador mais antigos de Santa Eudóxia), que Dioguinho, chegou a matar políticos importantes, incomodando as autoridades da Capitania de São Paulo. Por isso o governo paulista enviou um batalhão de soldados para matar o pior bandido de aluguel.
Santana de Menezes era compadre de Dioguinho e o “pombo-correio”, que passava informações vindas da cidade. Para receber do mensageiro as noticias, Dioguinho e seu irmão, atravessavam de canoa o rio Mogi Guaçu, na região de Santa Eudóxia. Foram surpreendidos pelo fogo serrado da “captura” da capital. Ferido o bandido Dioguinho desapareceu nas águas do Mogi Guaçu. O carroceiro que transportou o corpo do bandido até São Carlos, conta que a captura comemorava a morte de Diogo, quando descobriram que o defunto era Sergio Rocha Figueira, irmão do bandido. Até os dias de hoje continua um mistério a morte de Dioguinho. No final do século 19, dado como morto, o bandido é visto nas cidades de Porto Ferreira, Descalvado e São Paulo.
TERROR RURAL - Diogo da Rocha Figueira, mais conhecido como Dioguinho o bandido de aluguel, foi um criminoso que deixou impressões profundas na memória coletiva das populações rurais paulistas. Sua figura temida apavorava e continua com sua fama de assassino cruel e invulnerável, mesmo depois de mais de um século do cerco ocorrido às margens do rio Mogi Guaçu em Santa Eudóxia, onde em 1897, ele foi dado como morto.O temor que seu nome suscitava, estava associado ao esquema de proteção e de impunidade proporcionado por cúmplices, que ficaram impunes.
Moradores antigos de Santa Eudóxia e a literatura brasileira contam com uma narrativa tocante que Dioguinho era protegido de fazendeiros, e que sem essa proteção ele não teria cometido tantos crimes. Para as comunidades rurais, os “verdadeiros bandidos” eram, de fato, os cúmplices de Diogo.
Os jornais da época passaram a noticiar amplamente os momentos finais do cerco ao criminoso; enfatizaram que a diligência tinha sido muito bem sucedida, e reforçaram a lenda de um assassino cruel e invulnerável. Nenhum dos periódicos explorou o fato de que o “terror rural” era protegido por pessoas de prestígio econômico e político. Alguns desses colaboradores, ou mandantes de alguns crimes, foram identificados como grandes proprietários rurais, muitos dos quais tinham sido distinguidos com a patente de coronel, conforme tradição firmada durante a Monarquia. Constatou-se, além disso, que funcionários do serviço de telégrafos e alguns ferroviários também participavam da rede de comunicação que favorecia a execução dos planos homicidas de Dioguinho.
O AGRIMENSOR - O jovem que sonhava ser agrimensor, em pouco tempo, trabalhava para varias fazendas da região de Ribeirão Preto até na divisa com Minas Gerais. Medidas de longa distancia, nivelamento do solo, alinhamento, curvas de nível, tudo que a agrimensura dominava era com ele. Na região ficou conhecido como doutor Dioguinho, depois de ocupar o cargo de registrador de escrituras de terras e por andar sempre vestido com muita elegância. Amigo dos donos de ferrovias e de grandes coronéis do café, Dioguinho acabou exercendo cargo oficial na Justiça da cidade de São Simão -SP.
Pro outro lado, os descendentes daqueles que presenciaram a vida de Dioguinho, contam que o bandido de aluguel foi o mais rico e o mais violento de todos. Com o "mensalão", que recebeu dos coronéis do café e da ferrovia chegou a possuir fazendas e sítios em varias cidades da região. Dioguinho tinha o costume de comprovar que deu conta da tarefa, cortando uma orelha da vitima e enviando ao mandante do crime. Em pouco tempo, cercou-se de capangas e logo se tornou o pior e o mais perigoso bandido do Estado de São Paulo.
Contam também que seu primeiro homicídio obedeceu a um impulso violento e de honra. Segundo o imaginário popular, o agrimensor foi levado para a vida criminosa depois de ter assassinado o fazendeiro Coronel Thomas Fernandes, que proibiu sua filha Mariquinha de namorar com ele. Na cidade de Botucatu – SP, o Coronel Thomas, assistia briga de galo, quando foi chamado as pressas pelo capataz da fazenda, que informava o encontro de Dioguinho com Mariquinha – filha do fazendeiro. Na beira do Rio Mogi Guaçu, o agrimensor Diogo da Rocha Figueira foi castrado e pendurado numa arvore, deixado ali para morrer.
HOBIN HOOD CAIPIRA – Sua história virou livro, filme e seriado na Radio Record de São Paulo, que transmitia semanalmente a novela "O Dioguinho". Criando para o bandido uma imagem mentirosa de Hobin Hood caipira, que recebia dinheiro dos mais ricos e distribuía para os mais pobres.
Até os dias de hoje quando se fala do lendário bandido, o assunto causa polemica. Dizia-se tudo a respeito de Dioguinho, até que era homossexual.
Há também quem diga, que Dioguinho não tinha origens tão humildes como se diziam. Era filho do Coronel Figueira, comerciante importante na vila de São Domingos -Botucatu – SP. Sua mãe era costureira e benzedeira considerada na vila onde nasceu Diogo.
MORADA DE DIOGUINHO – Diogo da Rocha Figueira, nasceu na rua amando de Barros, nº 992, Botucatu – residência que hoje está sendo demolida.
A construção do século 19, que dará lugar é uma das casas comerciais mais antigas de Botucatu, é de um estilo arquitetônico, que ainda se encontra no distrito de Santa Eudóxia e data de 1880. Construída na época do início do desenvolvimento dos cafezais do interior paulista.
O terror Rural foi hospede da Fazenda Santa Eudóxia e do Hotel Piemotense na rua do comercio de Santa Eudóxia. Diogo morou também em cidades como: Botucatu, Altinópolis, Ribeirão Preto, Bom Fim Paulista, Jaboticabal, São Simão, Luiz Antonio, Descalvado e Luiz Antonio Quando foi dado como morto Dioguinho morava na divisa de Santa Eudóxia com a cidade de Luiz Antonio.
HISTORIA QUE O POVO CONTA - Em recente estudo sobre a capoeira antiga do Estado de São Paulo, o historiador João Campos Vieira, natural de Tatuí, mas radicado em Porto Feliz, afirma que a tradição popular dizia que Dioguinho usava navalha no pé e dava rabo de arraia, e que era uma capoeira defensiva.
Na voz de violeiros, cantadores e repentistas eles garantem que foram mais de cem crimes cometidos por Dioguinho. Dizem também que Dioguinho não morreu. Que anos depois de dado como morto, ele foi visto em São Paulo, na antiga Casa Alemã, e que apareceu em muitos lugares, como se relata em boletins de ocorrência da polícia de São Paulo.
O ULTIMO CRIME – Em 26 de Março de 1895, na vila de Mato Grosso de Batatais - hoje Altinópolis – SP, o capitão José Venâncio de Azevedo Leal foi vítima de uma emboscada feita por Dioguinho e seu bando de bandidos.
José Venâncio de Azevedo Leal era capitão da Guarda Nacional, fazendeiro e sub-delegado de polícia de São Simão e de Altinópolis, ambas cidades paulistas da região de Ribeirão Preto, onde agia o bandido Dioguinho.
O Capitão Venâncio possuía fazenda em São Simão, tendo se mudado de lá por volta de 1890/93, provavelmente fugindo da febre amarela. Possuía também uma fazenda em Altinópolis chamada “Liberdade”. Há indícios de que era sócio da Companhia Melhoramentos, concorrente da Companhia Mogiana.
Viajando a cavalo, retornara José Venâncio de um batizado na cidade de Batatais - SP, juntamente com seu sogro, João Batista de Souza Maia, quando foram alvejados por tiros deflagrados por Dioguinho e seus capangas. A partir desses dois crimes, a vida do bandido Dioguinho estaria com os dias contados.
A MORTE DE DIOGUINHO – Os crimes de Dioguinho aconteciam no Oeste do Estado na região denominada de “Mogiana”. Formada em função das ferrovias que se interligavam com a Estrada de Ferro Mogiana. Na época o “Coronelismo”, do café, do açúcar e da ferrovia dominava o Estado, incentivando as lutas pelo domínio da administração municipal e estadual. Políticos de todos os âmbitos se digladiavam em luta de morte nas competições em várias zonas eleitorais.
Com o assassinato do capitão José Venâncio de Azevedo Leal, durante o mês de Abril de 1897, o governo do Estado de São Paulo empreendeu uma verdadeira força-tarefa para capturar Dioguinho. As autoridades policiais e da justiça atribuíam a ele centenas de assassinatos praticados entre os anos de 1894 e 1897. Os jornalistas da época dependiam de fontes oficiais para produzir notícias sobre as diligências policiais. As autoridades envolvidas na captura prestavam informações aos órgãos noticiosos, a partir de telegramas e relatórios dos demais agentes que atuavam diretamente no caso. Ainda assim, alguns repórteres produziram matérias com relatos e informações não oficiais. O jornal “O Correio Paulistano” anunciou em primeira mão, no dia 26 de abril de 1897, que o cerco ao bando de Dioguinho tinha sido bem sucedido. Segundo a noticia, Dioguinho foi baleado e morto no rio Mogi Guaçu em terras da fazenda Santa Eudóxia município de São Carlos. Com isso, Santa Eudóxia ficou conhecida como o lugar que matou Dioguinho. O Coronel França Pinto que comandava a força tarefa foi promovido a Secretário de Segurança Publica. O Dr. Godoy, delegado responsável pelo planejamento da captura ficou famoso e se elegeu deputado. Mas na verdade no tiroteio, Dioguinho apenas foi ferido de raspão. Alguns relatos atestam que Diogo da Rocha Figueira não morreu naquele tiroteio. Conta-se que em 1918, Diogo, paralítico em conseqüência de ferimentos a bala, vivia em uma fazenda localizada na mesma região onde costumava atuar. Ele tinha sido recolhido e recebido cuidados médicos de alguém que o manteve escondido até o final dos seus dias. Sua sobrevivência teria sido mantida em segredo, possibilidade que atestaria a lealdade do círculo social ao qual o “terror rural” pertencia.
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