P/1 – O senhor poderia dizer o seu nome completo, data e local de nascimento, por favor?
R – Me chamo José Joaquim Neto, nascido no Estado da Paraíba, no ano de 1939.
P/2 – Só um “estantinho”, senhor José Joaquim, precisa anotar aqui... Neto, e... O senhor nasceu?
R- A data ou o Est...Continuar leitura
P/1 – O senhor poderia dizer o seu nome completo, data e local de nascimento, por favor?
R – Me chamo José Joaquim Neto, nascido no Estado da Paraíba, no ano de 1939.
P/2 – Só um “estantinho”, senhor José Joaquim, precisa anotar aqui... Neto, e... O senhor nasceu?
R- A data ou o Estado?
P/2 – A cidade.
R - Estado da Paraíba, a cidade é interior, é sítio.
P/2 – E qual que é o nome do sítio?
R – Então põe perto, do sítio de Taperuá.
P/2 – Isso.
R – A Globo fez esses dias um filme lá na minha cidade.
P/2 – Itaperuá?
R – Não, é Taperuá. É com t.
P/2 – Ah, não tem o I?
R – Não. É Taperuá, no sertão da Paraíba.
P/2 – Sei. O endereço do senhor aqui em Santos, qual que é?
R – Moro na Praia Grande.
P/2 – Ah, Praia Grande, sim.
R – Avenida Presidente Castelo Branco...
P/2 – Na Castelo Branco, e o número?
R – É 3178, apartamento 307. Dou o telefone, se quiser.
P/2 – Número 307, que bairro?
R – O bairro é Guilhermina.
P/2 – A Vila Guilhermina , né?
R – É.
P/2 – Eu morei na Praia Grande. E o telefone, qual que é?
R – É 473.
P/2 – 473?
R – 93.
P/2 – 93?
R – 28.
P/2 – 28. Agora data de nascimento do senhor?
R – Nasci em três de abril.
P/2 – Dia três de abril?
R – de 1939.
P/2 – De 39?
R – É, brevemente estou fazendo 60 anos. (Risos)
P/2 – Não parece. O nome do pai do senhor?
R – Meu pai chama José Joaquim Donato.
P/2 – Chama José Joaquim Donartes?
R – Donato.
P/2 – Ah, Donato. E a data de nascimento dele, o senhor lembra?
R – Põe aí 1915, põe um dia aí.
P/2 – Em 1915?
R – Ele nasceu... Põe maio.
P/2 – Não, só o ano, tudo bem. A cidade de nascimento dele qual que é?
R – Também é de Taperuá, é Municipio de Taperuá.
P/2 – E atividade dele, o trabalho dele?
R – Lavrador, agricultura, né?
P/2 – E a mãe do senhor, qual o nome dela?
R – Chama Judite Maria da Conceição.
P/2 – A data de nascimento dela?
R – Acho que é 13 de janeiro de 1913.
P/2 – Dia 13, também Taperuá?
R – Também.
P/2 – E ela ajudava na agricultura também?
R – É, trabalhava. A pessoa é sitiante, trabalhava todo mundo, faz parte, né.
P/2 – A família. É...
R – A gente plantava.
P/2 – E quantos irmãos vocês...
R – É... Cinco homens e uma mulher.
P/2 – Contando com o senhor?
R – É, esse total. Total de seis, seis filhos.
P/2 – Seis filhos, cinco irmãos. O nome da esposa, o senhor é casado?
R – Sou casado.
P/2 – O nome da esposa do senhor?
R – Ela chama Dilza Apolonia Joaquim, Dilza com d.
P/2 – É Dilza?
R – É, Apolonia.
P/2 – É Apolonia?
R – É, Apolonia Joaquim.
P/2 – É Joaquim?
R – É.
P/2 – A data de nascimento dela?
R – Nasceu em oito de março de 1942.
P/2 – Em 42. A cidade que ela nasceu?
R – Nasceu em Rancharia, no Estado de São Paulo.
P/2 – Em Rancharia... A data de casamento do senhor, o senhor se lembra?
R – Eu acho que foi em onze de junho de 1964.
P/2 – A atividade da sua esposa?
R – Ela é doméstica.
P/2 – É doméstica. O senhor tem filhos?
R – Tenho três casais.
P/2 – Eu queria que o senhor dissesse o nome deles, começando pelo mais velho.
R – A mais velha é professora do estado, ela deve fazer aniversário, ela tem...
P/2 – É professora, ela?
R – É, ela nasceu 13 de setembro de 1965, a mais velha, né.
P/2 – Em 65, e o nome dela qual que é?
R – Chama-se Jussara.
P/2 – A Jussara?
R – Andrade Joaquim, agora não tem Martins, porque ela é casada.
P/2 – O nome de solteira, Joaquim. Abaixo da Jussara?
R – Tem a Jurema.
P/2 – A Jurema?
R – É Andrade Joaquim.
P/2 - A data de nascimento dela?
R – Ela nasceu em dois de outubro de 1964.
P/2 – E a profissão, a atividade?
R – Prenda doméstica.
P/2 – Abaixo da Jurema?
R – Tem o José Marcelo.
P/2 – Chama-se José Marcelo Andrade?
R – Joaquim, é.
P/2 - Tem Andrade ou não?
R – Tem Apolonia, não sei porque, mas foi feito a certidão e tinha Apolonia Joaquim, os homens todos tem Apolonia.
P/2 – Tem Apolonia Joaquim. A data de nascimento dele?
R – Nasceu em 17 de maio de 68.
P/2 – A atividade dele?
R – Ele era bancário sabe, agora parou, saiu do banco, tá parado.
P/2 – Está desempregado?
R – Está desempregado.
P/2 – E abaixo do José?
R – Tem o Alexandre.
P/2 – O Alexandre?
R – Sim, Apolonia Joaquim.
P/2 – A data de nascimento dele?
R – Dia primeiro de julho de... Tem 24 anos, de 75, então, né.
P/2 – É, eu sou bom em fazer conta de cabeça... (Risos)
R – Ele tem 24 anos.
P/2 – De 75?
P/1 – É de 75, se ele fizer 24 anos agora.
R – É primeiro de julho, ele vai fazer.
P/1 – Em julho?
P/2 – Vai fazer 24?
R – É 24, é.
P/1 – Eu também sou de 75, faço 24 em agosto.
P/2 – Aí já é mais fácil, né? A atividade dele?
R – Ele trabalha... Como que chama... É... Trabalha na rodoviária, vende passagem e embarque do pessoal.
P/1 – Fiscal de embarque?
R – Não é bem fiscal que chama, é... Deixa eu ver se lembro.
P/2 – Tá.
R – Tem a Alessandra.
P/2 – Abaixo do Alexandre é a Alexandra?
R – Isso, Alissandra.
P/2 – Chama-se Alissandra?
R – É.
P/2 – O nome é Alissandra Andrade Joaquim.
R – Isso, Andrade Joaquim, é.
P/2 – A idade dela?
R – Ela tem 25 anos. Ela nasceu em dez de julho de 1976... Não, 74.
P/2 – Dia dez de julho?
R – É, 26 anos.
P/2 – Ah, ela é mais velha do que o Alexandre?
R – É.
P/2 – Ah, tá.
R – Eu acho que eu pulei aí.
P/2 – É, mais tudo bem, de 74. Atividade dela?
R – É doméstica também.
P/2 – Ela estuda?
R – Não, casou já, agora parou.
P/2 – Abaixo da Alissandra?
R – Agora tem o caçula, o Anderson Andrade Joaquim.
P/2 – É Andrade ou Apolonia?
R – Esse é Andrade, não sei porque.
P/2 – Ah?
R – Foi feito com certidão, diz que está errado. Digo, foi feito tudo certo com a certidão de casamento, né.
P/2 – É?
R – O cartório diz que é assim, então teve confusão aí.
P/2 – E quando que é a data de nascimento do Anderson?
R – É, dia 30 de maio de 1978. Faz 21 anos agora em maio, né, o caçula.
P/2 – Ele trabalha ou não?
R – Está estudando. Ele estuda.
P/2 – É estudante.
R – O Alexandre eu sei que ele vende passagem, embarca os passageiros.
P/2 – Ah, rodoviária. E qual a empresa que é?
R – É a Cometa.
P/2 – Ah, Cometa. A formação escolar do senhor, o senhor estudou até quando?
R – Ah, coisa mínima.
P/2 – O primário, o senhor chegou a fazer?
R – Primário é, naquela época era difícil.
P/2 – É.
R – Depois eu vim pro sul , né? Em 58 e comecei a estudar, aí entrei no futebol, aí entrei na época de verão, o treino. A gente estudava à noite, os treinamentos começavam depois das seis, eu tinha que estar às sete horas no colégio, aí foi passando, foi passando.
P/2 – Aí acabou largando.
R – Aí eu me casei, aí.
P/2 – É...
R – Abandonei.
P/2 – Seu Zuca o senhor tem alguma religião?
R – Sou católico.
P/2 – É católico. Atualmente o senhor faz o que aqui? Qual que é a profissão do senhor, seu cargo...
R – Eu? A minha ficha continua como roupeiro do clube.
P/2 – Você é roupeiro?
R – É, só que agora eu estou de faxineiro, porque quando o Wanderlei veio pro Santos, ele trouxe a equipe dele.
P/2 – O Wanderlei Luxemburgo?
R – É. Trouxe o massagista, trouxe roupeiro, trouxe médico, trouxe o preparador, trouxe todo mundo. Eu estava de férias, quando eu cheguei, a diretoria me chamou e disse: “Olha, você vai esperar um pouco porque o homem trouxe a equipe dele toda, e você está afastado.”
P/2 – Certo.
R – Aí eu falei: “Mas por quê? Não tem motivo...” Não, o motivo é que ele trouxe o pessoal dele, e “a gente tivemos” que encarar isso aí. Aí eu fiquei cobrando o ano todo de 97 e resolveram a situação. Aí, eles mandaram... Para eu não esquentar a cabeça, continuar no clube, e eu continuei, ficou na...
P/2 – Aí o senhor está nessa parte da limpeza?
R – Fico limpando o vestiário.
P/2 – Ah, tá…
R – Mantendo limpo, né?
P/2 – Certo.
R – Pra não ficar à toa.
P/2 – Certo, até a situação normalizar.
R – Até regularizar a situação.
P/2 – E eu queria saber do senhor assim qual que foi o primeiro trabalho do senhor assim, desde criança. Se o senhor trabalhou...
R – Trabalhei na roça, mais ou menos 20 anos, aí eu vim “pro sssu...”
P/2 – É , é isso que eu quero, espera aí,
deixa eu anotar. Primeiro o senhor ajudava na lavoura.
R – É, eu trabalhava na roça, é.
P/2 – Com a família. De quando a quando? Assim, o período. Com quantos anos o senhor lembra que começou a trabalhar?
R – Eu comecei com mais ou menos... Dos dez aos 20, né?
P/2 – Aos dez anos o senhor já...
R – Eu trabalhava na lavoura, que na lavoura começou a andar já faz parte do grupo lá.
P/2 – Tá.
R – Aí, no ano de 58 eu vim pro sul.
P/2 – Em 1958?
R – É, em 29 de junho de 58. Aí eu vim pro Rio de Janeiro, trabalhei de vendedor lá uns tempos...
P/2 – Era vendedor ambulante?
R – É, eu vendia relógio, carnê, aquele negócio todo. Começava a vender aquilo lá.
P/2 – Não entendi.
R – Vendia carnê. Aqueles carnês de girar, né? Um carnê... Carnê que tinha sorteio, aquele negócio todo. E eu vendia, mas só por comissão, aí não deu certo e eu vim pra Santos no ano seguinte.
P/2 – Em 59 o senhor veio pra Santos?
R – É, aí eu comecei a trabalhar, e fui...
P/2 – Desculpa, em 58 o senhor veio pro Rio de Janeiro?
R – Pro Rio de Janeiro.
P/2 – Ah, tá.
R – Aí eu fiquei o resto do ano. Em 29 de junho de 58 que eu vim pro Rio, aí eu fiquei o ano, quando foi no fim do ano que eu vim pra Santos.
P/2 – Em 59.
R – É.
P/2 – Final de 59. De 58, início de 59, aí o senhor veio pra Santos...
R – Eu estava lendo um jornal lá da cidade e vi que estava precisando de um funcionário, num estaleiro do Guaruja,
pra serviços gerais, concerto de barco de pesca, lanchas e rebocador, aí eu fui lá. Aí, eu fui lá, já cheguei num dia, já mandou trabalhar no outro dia.
P/2 – Nesse estaleiro.
R – É.
P/2 – E o senhor fazia o que?
R – Trabalhava como ajudante de carpinteiro, ajudante de... Fazia tudo, negócio de serviços gerais.
P/2 – De concertos, né?
R – Era concerto, o nome da firma era Construnave, construía barco, concertos de barcos em geral. Aí, eu fiz amizade com o gerente, administrador geral lá, né? A gente se dava muito bem. Eles alugaram uns navio pra pegar sal e argila no Nordeste.
E o navio ia chegar, ia descarregar em Santos, depois ia pro Rio descarregar e fazer o reparo. “Nós fiquemos” em Santos, no navio, e aí ele me incluiu na lista para eu fazer parte da companhia de navegação, que era da mesma companhia. Acontecia que o concerto de barcos era Construnave e a navegação era Naveíco, uns navios alugados...
Fretava pra trazer sal e argila do Nordeste. Aí perguntou se eu queria fazer parte do grupo, pra ir como ajudante de soldador, lógico que vou, aí ele me incluiu. Aí fomos pro Rio, descarregamos o navio em Santos, o navio descarregou, aí fomos pro Rio, ficamos seis meses.
P/2 – No Rio de Janeiro.
R – É, no concerto do navio, no reparo, eu sei que já trabalhava bastante tempo ali no Guarujá.
P/2 – Isso em 59, não?
R – Não, isso já em 60 e pouco, 61, já.
P/2 – Em 61, isso o senhor no Guarujá.
R – Já estava nessa...
Nesse estaleiro de concertos. Aí foi quando perguntou se eu queria fazer parte desse navio, trabalhar nesse navio.
P/2 – Certo.
R – Eu já estava bastante tempo lá, no Guarujá, lá na cidade, né? Aí eu falei: “Sim, lógico que quero”, e levaram um soldador, um mecânico, eu como ajudante, mais um motorista de caminhão que levava o caminhão com as coisas, com as compras que levava lá. E fiz parte desse grupo...
P/2 – Certo.
R – Aí fiz parte desse grupo aí. Ficamos lá uns seis meses, né? Aí, no navio o trabalho atrasou muito, o trabalho do reparo do navio, aí a firma entrou em concordata, e entregaram o navio.
P/2 – Como que era o nome da firma mesmo? Desculpa, o senhor falou.
R – Os barcos eram da Construnave.
P/2 – É, mais a outra?
R – E a outra é Naveíco.
P/2 – Naveíco.
R – Porque navegação é da Naveíco, que não deve existir mais, porque como acabou...
P/2 – Certo, aí entrou em...
R – Aí ficamos... Eles entraram em concordata e... Chamou os funcionários e falaram quem que queria entrar em acordo. Podia entrar em acordo, passar no escritório e entrar em acordo, e quem não quisesse, pra entrar na Justiça. Aí, o dono dessa companhia era o presidente daqui do Santos.
P/2 – Ah, é?
R – O Modesto Roma, é.
P/2 - Ah, tá.
R – Aí, ele perguntou se eu queria trabalhar no Santos, era presidente aí.
P/2 – Isso foi quando, seu Zuca?
R – Já foi...
P/2 – Que o senhor começou em 61, que o senhor foi convidado pra...
R – É, isso já estava rolando, já foi já no comecinho de 62, isso aí.
P/2 - Foi quando o senhor veio pro Santos, então foi em 62?
R – Não, eu estou arrumando confusão. Eu fiquei de 50 e pouco até o fim de 62 nessa firma.
P/2 – Até 62?
R – É. Aí foi quando ele chamou o pessoal pra acordo e perguntou se eu queria trabalhar no Santos.
P/2 - Aí o senhor aceitou.
R – Quem quisesse, ele chamou. Quem não quiser trabalhar no Santos, e quiser por na Justiça, tudo bem. Se não quiser entrar na Justiça, te dou uma carta de apresentação, aí foi quando eu peguei a carta e me apresentei aí.
P/2 - E aí foi em 63?
R – Já em 63, no começo.
P/2 – Início de 63.
R – Aí cheguei, já fiz a ficha, já comecei, me chamaram pra trabalhar, né? Aí comecei a trabalhar no Departamento Amador de Futebol, molecada, essa molecadinha.
P/2 – O senhor fazia o que?
R – Era roupeiro.
P/2 – O senhor entrou como roupeiro, então, aqui?
R – Entrei como roupeiro, 25 de março de 63. Atendia os... Esse tempo, os amadores trabalhavam duas vezes por semana. Terça e quinta. Quarta. Aí começava a trabalhar na segunda-feira, com roupa de profissional, ajudava o profissional. Na segunda, o dia inteiro, na terça, pela parte da manhã e à tarde eu atendia o amador.
P/2 – Então o senhor ajudava o amador e o...
R – Trabalhava no amador. Eu era fichado pra trabalhar no Departamento Amador.
P/2 – Mas trabalhava no profissional.
R – Mas era auxiliar do profissional.
P/2 – Ah, era auxiliar. E tinha o roupeiro pro profissional?
R – Tinha o roupeiro principal, era um senhor...
P/2 – Ah, tá.
R – Era um senhor... O Ranolfo da Rocha. Era um senhor de idade, já. Aí a gente começava, o amador só trabalhava duas vezes por semana. O resto do tempo...
P/2 – Certo. Entendi.
R – O resto do tempo eu ficava com ele.
P/2 – Certo.
R – A gente era “pegado”, né? Então eu fazia a minha parte no Amador e ia trabalhar com ele, limpar chuteira, por material no lugar, encher bola, aquele negócio todo...
P/2 – Certo.
R – E eu ficava com ele.
Aí ele viajava e me entregava o pessoal que não viajava, dizendo que ia fazer o jogo fora e ficava umas pessoas aí, aí eu ficava atendendo umas pessoas que sobrava, porque nessa época o grupo era grande, né, os jogadores. Às vezes viajava 18 e ficava uns doze aí, treinando aí comigo.
P/2 – Certo.
R – Aí foi ficando, foi ficando, e aí ele me falou que ia aposentar, e isso em 69 já. E ia me deixar no lugar dele. Aí eu fiquei. Eu assumi, todo mundo deu uma força, Pelé deu uma força, todo mundo. A primeira viagem pra fora do país foi com o Pelé.
P/2 – Tá, espera aí que vamos só terminar de preencher essa ficha, que daí eu vou querer que o senhor conte detalhes, assim, sobre o trabalho do senhor.
R – Entrei no amador.
P/2 – Só pra gente concluir a ficha...
R – Certo.
P/2 – O senhor falou que morou no Rio de Janeiro...
R – Quando eu vim do Nordeste.
P/2 – É. O senhor já morou em algum outro lugar além da... O senhor saiu do...
R – Nordeste pro Rio.
P/2 – Nordeste, já veio direto pro Rio, e depois para Santos.
R – Do Rio pra Santos, e não saí mais.
P/2 – E aí Praia Grande?
R – Saí agora pra Praia Grande, porque comprei um apartamento lá, e me mudei pra lá, tá, que eu sempre morei... Faz 40 anos que eu estou aqui...
P/2 – Tá, aí o senhor morou em outra localidade, então.
R – Não, 40 anos que eu estou aqui no sul, primeira vez que eu mudo pra cidade.
P/2 – Ham, ham, deixa eu só colocar aqui. E o senhor sabe o motivo da mudança do senhor do Nordeste? Foi buscar o que...
R – Isso aí, todo jovem lá pensa em sair de lá, né.
P/2- Pra buscar um futuro melhor?
R – A situação que não é boa, né? Muitos querem estudar e não pode, porque não tem condições. E muitos vem pra cá pra estudar, pra tentar melhorar de vida. É o meu caso vou estudar e vou ficar lá. Vou pro sul, vou estudar e depois eu volto, só que eu voltei lá 18 anos depois.
P/2 – (Risos) Tá certo. A instituição... O senhor atualmente é ligado a alguma instituição assim, terceira idade, de lazer... O senhor é associado?
R – Não. Não, não.
P/2 – Não.
R – Aqui a gente tem direito a colônia do...
P/2 – Do clube mesmo?
R – As colônias, porque nós, empregado de clube, nós temos direito às colônias de férias.
P/2 – Certo.
R – Dos clubes, mas é um direto adquirido mesmo.
P/2 – Tá, e qual a sua atividade de lazer? O que o senhor faz nos momentos de folga, que o senhor gosta de fazer? Ir a praia, é...
R- Às vezes no fim de semana eu saio com a família toda no carro, e saio aí passear pra algum lugar, passear.
P/2 - É o que o senhor mais gosta.
R – É... Eu saio de férias, vou pro Paraná, que a minha mulher é do Paraná, que ela é de Rancharia, mais foi criada no Paraná. Aí eu fui pras férias lá e vou aí e volto e é isso aí, a vidinha de sempre.
P/2 – É sair com a família, então.
R – É. Agora ela vai viajar com o meu filho, a minha filha e meu filho caçula. Vão passar o carnaval no Paraná e eu vou ficar aqui, porque segunda-feira eu tenho que trabalhar, né? Vai com o meu carro, vou ficar aí sem carro.
P/2 – Sei.
R – Falei não, pode levar o carro.
P/2 – Hum, hum, tá bom então, a ficha... Acho que depois eu preencho.
R – É agenciador, o Alexandre.
P/2 – Ah, agenciador, o senhor está aí tentando lembrar.
R – Lembrei, até terminar isso aí.
Vende as passagens, depois embarca os passageiros, o agenciador.
P/2 - Eu coloquei aqui funcionário da Cometa. Bom, então queria assim, antes da gente começar a falar do Santos, do trabalho do senhor aqui, que o senhor voltasse e falasse um pouco da infância do senhor, assim, como era o lugar que o senhor nasceu, o senhor falou que era num sítio, né, as lembranças que o senhor tem da infância, das brincadeiras das...
R – Você sabe que o lavrador não tem tempo pra muita coisa. É acordar cedo pra trabalhar, volta tarde e acorda cedo no dia seguinte. Não tem aquele... Acho que não tem... Nenhum lazer, só pra trabalhar,
trabalhar pra comer. O lavrador sofre feito um cão, é difícil.
P/2 – E o pai do senhor trabalhava...
R – Trabalhava em grupo. Como nós éramos em cinco homens, a gente plantava a nossa roça e colhia. Plantava feijão, plantava milho, mandioca, algodão, depois colhia o milho e o feijão, depois o algodão, que é por último. É aquela vida.
P/2 – E vendia, ou só plantava pra subsistência?
R – O algodão vendia, quando os cereais era arroz, o que sobrava, vendia, pra despesa, pra comprar alguma coisa. Pra calçar, pra vestir.
P/2 – Ah, e vendia na cidade? Era feira, como era?
R – Levava do sitio pra Taberuaba, a cidade, que é difícil a vida do sertanejo, é difícil.
P/2- E o senhor ia assim, mesmo trabalhando e tal, eram muitos irmãos, de brincadeiras assim, vocês não...
R – A gente ia a bailinhos, naquele tempo tinha as novenas.
P/2 – Novena de Natal?
R – Não novena, tinha novena de Santo.
P/2 – Ah, da Santo...
R – Novena de Santo, aquele negócio ali, tinha dia 13, que era dia da novena não sei do que, tinha aquelas novena, lá tem novena, aquelas novenas. E ia com o namorado, aqueles negócios, bailinhos, mas bailinho de forró, né, não aquele negócio de discoteca que tem hoje, é isso aí.
A vida não é fácil pra quem trabalha na roça. É muito difícil.
P/2 – Tanto é que o senhor decidiu sair?
R – É, eu e mais várias pessoas ao redor. Porque ficam apenas os casais de velhos, porque que não tem pra onde ir mesmo. Às vezes entrega... A hora de meia, entrega suas terra, porque não tem com quem trabalhar, a mão de obra é difícil, que os filhos vem tudo pra cá, aí mandando as coisas pra ele lá, o dinheiro dele...
P/2 - Os irmãos do senhor vieram também?
R – Vieram, ainda tem três lá, o resto... Aqui no sul mesmo não tenho nenhum. Tenho um que veio, o primeiro veio, o mais velho, que é falecido, ele veio antes de mim. Veio em 57. E faleceu agora, em 83... Ele foi mexer embaixo do carro, ele foi mexer não sei o que do carro, e o carro desceu na rua e matou, um acidente feio.
P/2 – Nossa, coitado.
R – Aí morava no Morumbi, São Paulo, a rua toda era uma subidona assim. Tudo subida alta, ele morava lá em cima, quase em frente do Shopping Morumbi , assim. E ele foi mexer, ia sair com o carro no dia seguinte, foi mexer no carro de tardezinha, levantou o carro, entrou debaixo, não sei o que aconteceu, o carro o arrastou uns 100 metros.
P/2 – Coitado.
R – E os outros cinco estão vivos. A minha irmã e os outros quatro irmãos.
P/2 – E quando o senhor veio, o senhor já tinha algum contato, assim...
R – A gente vinha aventurar.
P/2 – Como que o senhor veio pra cá?
R – Nessa época...
P/2 – Pro Rio, né?
R – Nessa época saía gente pra São Paulo, saía gente pro Rio, saía gente pra Brasília, construção de Brasília, então vinha aqueles pessoal da agência de ônibus, vendia aí, ficava oferecendo, quem quer ir pra Brasília, vai sair o ônibus tal dia, quem quer ir pra São Paulo tem outro ônibus tal dia. No Rio, Brasília, Brasília é mato, vamos pro Rio de Janeiro.
P/2 - Quem falou, o senhor?
R – A gente fazia os cálculos, onde seria o melhor, aí ficava uma semana decidindo. Até o fim da semana a gente dá a resposta. Aí... Aqueles colegas, porque um vai dizer “eu vou pro Rio”, “Vai... Se quer ir vamos embora, vamos pro Rio”, fazia o grupo, né? Aquela influência, um influenciando o outro aí...
P/1 – E esses ônibus vinham... Vocês pagavam a passagem?
R – Pagava a passagem.
P/1 – Porque não tinha ônibus todo dia...
R – Não, aquilo ali era uma vez por mês.
P/2 – Fretado, né.
R – Aquele ônibus vinha, esses carro do São Geraldo, que tem aí, esses ônibus da Itapemirim. Então ele saía da cidade vizinha, ia lotando, lotando, aí marcava um dia, quando lotava, saía. E vice versa.
P/2 – Aí o senhor chegou no Rio com a cara e coragem?
R – É. Só com uma malinha...
P/2 – E aí?
R- Aí, chega aí, trouxe um endereço de uns parentes, de uns amigos que foram criados lá com a gente, aí fiquei lá...
P/2 – Ah, o senhor já tinha algum.
P/1 – Bom, então continuando, o senhor estava dizendo de quando o senhor chegou ao Rio, como é que foi?
R – A gente sempre trazia cartas de pais pra dá pros filhos. Aí a gente tinha um dia pra entregar aquelas cartas, aí... “Não, tu vem pra cá”, aí eles convidavam a gente pra morar com eles. “Não, tu chegou agora esses dia, vem pra cá”, “Não, estamos lá numa pensão assim, assim”... “Não vem pra cá, vá buscar suas coisas” Aí, então a gente ficava. Tinha muito apoio quando a gente chegava. Quando chegava um nordestino no sul, né. Eles procuravam, todo mundo vinha ajudar...
P/2 – Muita solidariedade das pessoas.
R - Aí foi quando eu fiquei com eles um bocado de tempo até me arrumar. Aí eu comecei a trabalhar e fui viver por minha conta, até resolver vir pra São Paulo.
P/2 – Porque o senhor resolveu vir pra São Paulo?
R – Porque no Rio...
P/2 – Pra Santos, né?
R – Porque no Rio estava ficando difícil você buscar os ganhos, me falaram que em Santos era bom, Santos era bom, Santos era bom... Que já tinha gente que disse que tinha vindo pra Santos e se dado bem. Porque quando eu cheguei aqui, nessa época aí, você trabalhava no emprego que você quisesse. Você tinha o emprego que quisesse. Eu trabalhei nessa empresa lá, nossos estaleiros vizinhos perguntaram se eu não queria trabalhar pra eles.
P/2 – Tinha muita oferta.
R – Tinha, não era igual hoje, que hoje é essa concorrência brava: “Tu vai trabalhar no Santos?” quando souberam que eu vinha pro Santos, você tava no ramo de... Trabalhava nas cabines de estaleiro, tem futuro, vai trabalhar no Santos?” Digo: “Eu vou tentar”. Aí entrei e assentei, 25 de março já me registraram, aí eu não saí mais e até hoje estou aí.
P/2 – E conta pra gente como é que foi. Tudo bem, o senhor trabalhou no Guarujá, naquela empresa, no estaleiro, depois o senhor foi pro... Trabalhar num barco, né? Naquela...
R – Na mesma companhia.
P/2 – Na mesma companhia.
R – Foi uma espécie de promoção, saí do conserto de barcos em geral e fui pra companhia de navegação.
P/2 – Certo.
R – Sei que era o mesmo dono.
P/2 – E foi por isso, quer dizer foi por um acaso que o senhor veio pro Santos?
R – Quando ele chamou pra concordata, ele...
P/2 – Ele era o...
R – Era o dono, na época ele era vice-presidente do Santos, seu Modesto Roma.
P/2 – Seu Modesto Roma.
R – É, faleceu, já. Aí perguntou se eu queria, ofereceu mais, fez oferta pros outros empregados.
P/2 – E algum veio?
R – Não, pro Santos não, pra outras firmas pra onde ele encaminhou.
P/2 – Ah, sim.
R – Ele me deu uma carta de apresentação, digo não, eu quero, vou tentar. Eu cheguei aqui, apresentei a carta e já fiz a ficha e comecei em seguida a trabalhar. E aí, foi quando nós tínhamos um colega meu, que eu conheci logo que eu cheguei aqui, que era o roupeiro do departamento amador, né. Ele foi, fez uma ficha na Tribuna, pra trabalhar na Tribuna na redação, aí foi chamado, aí eu entrei no lugar dele no Santos.
P/2 – Pra substituir.
R – É.
P/2 – E o senhor tinha alguma experiência de trabalhar como roupeiro? O senhor sabia o que...
R – Não, não tinha nada.
P/2 – Não tinha idéia?
R – Eu comecei quando eu fiz a ficha no Santos, aí o pessoal do Santos já falou: “Olha você vai trabalhar, você vai tomar conta de roupa pro treinamento. Você vai entregar roupa pro jogador e depois do treino ele vai te entregar, e você vai fazer relatório, contar e mandar pra lavanderia. Nesse sistema...” Eu já me apresentei lá pro chefe, o roupeiro profissional, já trabalhava muitos anos lá , né? Aí expliquei pra ele, ele falou “não é difícil não”. Você... Toda vez que acabar o treino você traz a roupa aqui, a gente conta tudo, eu te falo como é que faz o rol da roupa.
P/2 – Certo?
R – Aí foi fácil.
P/2 – O senhor trabalhou um tempo como auxiliar.
R – É. Eu fazia... Eu era fichado no Departamento Amador e auxiliar no Profissional, tudo junto.
P/2 – E além de distribuir as roupas, pros jogadores e pegar de volta pra levar pra lavanderia, qual a atividade mais que tinha o roupeiro?
R – Eu mantinha o vestiário limpo, depois que acabava os treinos, mantinha o vestiário limpo e continuava auxiliando o roupeiro do pessoal. Eu só fechava quando não tinha mais nada no Amador. Eu já fechava e vinha pro Profissional que era em frente a porta. Aí continuou, quando ele me falou que ia se aposentar e queria que eu ficasse no lugar.
P/2 – Certo. E quando foi que o senhor assumiu como titular mesmo.
R- Isso foi em... Foi em 69.
P/2 – Em 69.
R – Em 69. Aí eu fiquei, fiquei até que agora veio esse problema aí, né...
P/2 – Só um instantinho, deixa eu parar, interromper um pouquinho.
P/2 – Bom. Continuando, senhor Zuca ,o senhor estava falando da atividade,
do roupeiro.
R – É, fechava um lado e vinha pro outro. Quando tinha excursão ele viajava e eu ficava pra atender o resto do pessoal que ficava que era o grupo, era mais ou menos 30 atletas, viajava 18, ficava 12 sempre treinando aí. E até... quando chegava todo mundo, aí se ajuntava todo mundo e continuava o trabalho.
P/2 – Certo, e o senhor chegou a ir em alguma excursão com o time?
R – Quando, antes dessa época?
P/2 – É.
R – Eu só fiz uma excursão pro Paraná e... Paraguai, nessa época, Porto Velho o chefe continuou, só depois que ele parou aí, sim.
P/2 – Aí o senhor foi?
R – Definitivo.
P/2 – Aí o senhor viajava junto?
R – Aí viajava, quando eu assumi tinha a Super Copa, quando começamos a jogar na Argentina, na Venezuela e no Uruguai. Aí jogava, jogamos lá, a Super Copa e Campeonato Brasileiro, tudo junto.
P/2 – Era junto?
R - Nós jogamos, nós chegamos em Buenos Aires o jogo tinha sido transferido pra Mar Del Prata, uma cidade onde teve um torneio. Os jogadores... Seleção do Vinte? Sub-20? Então, nós fomos jogar lá, de lá mesmo nós fomos pra Montevidéu pra jogar com o Penharol, pra jogar com o Racing, depois jogava lá e vinha pra jogar aqui. Um dia a gente chegava de manhã em Santos e viajava à tarde pra fazer o Campeonato Brasileiro no nordeste, em Recife, Salvador, sei lá.
P/2 – No mesmo dia?
R – Às vezes, chegava de manhã e tinha que viajar à tarde, porque o jogo era no dia seguinte. Tinha dia que era puxado. Puxado. Muita correria.
P/2 – Continua?
P/1 – Continuo.
P/1 – O senhor já começou a trabalhar no Santos, mas como era a sua relação com o futebol antes, o senhor jogava futebol, era torcedor de que time?
R – Não, nunca eu fui jogador, vim ver futebol aqui no sul, porque lá aonde a gente foi criado é isolado, é fora, ninguém sabia de futebol.
P/2 – Quando o senhor veio trabalhar, torcia pro Santos, ou não? Qual era o seu time?
R – Tinha, porque quando eu trabalhava nessa companhia, eu estava escutando a Copa do Mundo de 62. Quando eu estava nessa companhia lá, né? Aí falavam que tem Pelé, tem um bocado de, tem Zito, que é jogador do Santos, aí que eu fui começando a me entrosar, comecei a amar o Santos, não tem mais jeito de largar não.
P/2 – (Risos) E o senhor tem alguma história interessante, algum fato que, ou engraçado, que ficou gravado, assim, de algum jogador, de algum...
R – Não, mas tem a história do milésimo gol, foi um negócio impressionante, essa história é longa. Porque nós fomos fazer um jogo no Recife lá, com o Campeonato Brasileiro, o Pelé faltava... Depois do jogo de Recife, faltava um gol para o Pelé fazer o milésimo.
P/2 – O milésimo?
R – Aí o nosso presidente nessa época, que já era o Athiê Jorge Curi, já não era mais o Roma, o Modesto Roma. Eles arrumaram um amistoso pra fazer em João Pessoa. Seria na Segunda à noite. Jogava domingo à tarde em Recife, e na segunda à noite arrumaram esse jogo em João Pessoa. Aí, o que fizeram?
Aí arrumaram um ônibus de luxo pra gente viajar de Recife a João Pessoa, jogar, e voltar pra Recife pra vim pra Santos, porque no meio de semana já tinha um jogo no Rio, do milésimo gol, o jogo com o Fluminense e com o Vasco.
P/2 - Com o Vasco?
R – Aí nós... Acertaram tudo, tem o jogo, tem o jogo, aí segunda de manhã, nós íamos embora domingo à noite, aí como acertaram esse jogo em João Pessoa, que o nosso vice-presidente era um coronel do exército, coronel Osmar, Osmar de Moura, ele era um coronel do exército. Então ele arrumava esse jogo em Recife como, já com auxilio dos oficiais do exército de lá. Aí acertaram. Quando chegamos lá, a que a diretoria foi ver. Se o Pelé jogar um jogo amistoso, ele vai fazer o milésimo gol, vai ter problema.
P/2 – Ele não podia fazer gol então. (Risos)
R – Que fizeram.
Acertaram o jogo, aquele negócio todo, aí viajaram, quando chega lá o que tem que fazer? Tem que sacar os dois goleiros, tem que engessar a perna de um e o braço do outro, esse Aguinaldo que eu te falei que foi mandado embora do Corinthians agora, com a chegada do Joel Santana, e o outro era o Jair Esterco(?) que veio de Prudente. Aí se reuniram lá um pouquinho, o que vamos fazer... Cada um dá um palpite, que que vamos fazer?
Os goleiro não tem... “ah, os goleiro não tem condições” . Aí foram na imprensa, Pelé vai fazer o milésimo gol aqui, Pelé vai fazer o milésimo... Aí nós chegamos ao estádio,
já estava... Tinha gente que fazia até medo, de tanta gente, de tanta gente, o público...
P/2 – Foi em Recife?
R – Não, em João Pessoa.
P/2 – Ah, João Pessoa.
R – O amistoso. Nós jogamos em Recife no...
P/2 – Ah, sim.
R – No domingo, com o Santa Cruz, e vinha domingo à noite mesmo, porque na quarta-feira tinha jogo com o Vasco, no Rio.
P/2 – Certo.
R – Mas o vice-presidente era coronel do exército, e por intermédio dele arrumaram esse amistoso no Rio. Em João Pessoa, nós íamos ficar na fortaleza, lá.
P/2 – E jogar contra quem?
R – Contra o Botafogo de João Pessoa. Aí nós fomos cedo de Recife pra João Pessoa, ficamos nessa fortaleza lá do exército, mas primeiro tinha que passar na Câmara lá, o Pelé ia ser homenageado. Tudo isso, arrumaram tudo isso aí. Homenagem da Câmara lá da Câmara dos vereadores. E fomo lá e ficamos, e ficamos, e ficamos, chegamos lá de tarde e pra sair dessa Câmara de lá de João Pessoa. Presente pro Pelé e foto e filme... E aí vamos que precisamos lanchar, que daqui a pouco é o jogo, aí o supervisor lá, sabe que era o Zito, né? E aperta daqui, aperta dali e vambora, vamos dar um jeito, conseguimos tirar o Pelé, prá levar pra fortaleza pra fazer o lanche, pra jogar, porque o campo, o estádio de João Pessoa fica fora da cidade, é longe do centro. Aí fomos lá, fomos pra fortaleza do exército, fizemos o lanche e fomo jogar. Chegamos no estádio, vamos resolver o que vamos fazer. Então, o que vamos fazer? Tinha mais gente do lado de fora do que no estádio.
Lotou tudinho. E fora, um tumulto. Que todo mundo queria ver o milésimo gol em João Pessoa. Aí o que fizeram? Engessaram o braço de um goleiro e perna do outro. Aí vai jogar o Pelé no gol, precisa vê como esse homem pegou bola.
P/1 – Ele jogou no gol então esse jogo?
R – No gol... Jogou no gol. Quando os caras chutavam a bola, ele se jogava, ia pro canto, era... Triste. (Risos) Pegou uma barbaridade... Aí acertaram, aí nós fizemos cinco a dois, fizeram dois gols na gente.
P/2 – Cinco a dois? E o Pelé jogou os dois tempos? O primeiro e segundo tempo?
R – Os dois tempos. Não podia entrar goleiro naquela época. A imprensa: “Mas o que vão fazer sem goleiro?” “E pra jogar na quarta?” “Ah, até lá nós vamos dá um jeito”.
P/2 – A imprensa não perguntou por que o Pelé e não outro jogador?
R – Não, porque o Pelé sempre jogou bem. Quando um jogador ia expulso de um campeonato...
P/2 – O goleiro ele substituía?
R – Sempre era ele que entrava no gol. Porque ele pegava bem no gol. O que ele pensasse em fazer na vida, faria, né? Ele joga bem no gol. Às vezes tinha treino aqui que ele ia fazer um rachão, por exemplo... Olha, dois toque é um rachão aí. Quem chegava no gol era ele. Chegava pra zaga, aqueles caras que chutavam bem no gol, “chuta, chuta” mandava os caras chutar em cima dele só pra ele se jogar pra ir buscar a bola. Impressionante.
P/2 – Ele agarrava bem?
R – Pega bem, pega bem no gol. No gol.
P/1 – E os outros jogadores que ficaram enfaixados, engessados?
R – A imprensa perguntou como é que o Santos ia fazer pra jogar na quarta-feira com o Vasco, com os goleiros todos machucados. Disseram não... Amanhã, vamos ter revisão médica amanhã, todo dia, vai fazer tratamento e vão fazer compressa, vão fazer... Um desses dois jogadores vai ter que ter condições de jogar.
P/1 – Foi o goleiro?
R – Aí... Passou de Recife, de João Pessoa, já tiraram tudo aquilo lá....
P/2 – E na quarta-feira, eles já estavam bem?
R – Estavam bem, não estavam machucados. Aquilo lá é porque tinha que fazer o gol no jogo do Campeonato Brasileiro, né?
E aí foi na quarta-feira quando saiu o gol no Rio de Janeiro.
P/2 – E o senhor tava lá?
R – Tava lá, eu era roupeiro.
P/2 – E o que o senhor sentiu com...
R – É uma coisa que precisa ver, só quem vê pra crer, porque quando saiu o gol, o estádio foi invadido... Não podia se mexer, porque era revista de toda parte do Mundo. Pra entrevistar o Pelé, depois que ele saiu de lá, entrou dentro da rouparia, o pessoal ficou filmando de fora e amanhecemos o dia no Maracanã.
P/1 – Amanheceram o dia?
R – Amanhecemos o dia, o jogo foi à noite.
P/1 – Viraram a madrugada inteira?
R – Foi a madrugada inteira.
P/2 – Foi que ano?
R – Foi em 19 de novembro de 1969, dia da Bandeira. Então, a história que eu tenho pra contar foi essa daí, foi só dobrar a imprensa no Rio. Porque aquele pessoal que foi ver o jogo lá, pensaram que o milésimo podia sair ali, tanta gente pra ver esse jogo, mas tanta gente, que dava pra lotar outro estádio com o pessoal que sobrou do lado de fora. Pra chegar ao estádio, meu irmão, pra chegar ao vestiário, precisava ver o sufoco. Com escolta do exército, nós fomos do quartel direto pra lá, mas mesmo assim... O tumulto era demais. Porque o pessoal pensava o milésimo gol no norte, no norte do país... Aí foi bem bolado e deu certo.
P/2 – Senhor Zuca, antes o senhor falou que quando o outro roupeiro titular, né, ele se aposentou, o senhor assumiu e várias pessoas deram força, inclusive o Pelé. Eu fiquei pensando como era a relação do senhor enquanto roupeiro, um profissional, com os jogadores?
R – Olha, era a melhor possível. A melhor possível. O que eles tratam bem o roupeiro é uma coisa impressionante. O que eles tratam bem o roupeiro é uma coisa impressionante. Trata bem, o roupeiro é a pessoa... É a segunda pessoa deles, ele trata bem, respeita, o jogador respeita o profissional que trabalha com ele. E não é só o roupeiro, é o médico, o massagista, é o preparador... O jogador respeita. Tem um lado que desentende assim, mas no dia seguinte é obrigado a fazer, se uma pessoa não gostou de uma coisa, deve-se discutir aquilo, no dia seguinte, ele tem que pedir desculpas, que ele vai conviver com a pessoa e não vai ficar mal com a pessoa, né. Eu nunca tive problema com nenhum deles, graças a Deus, nem no tempo da diretoria. É uma surpresa eu ter sido afastado. Eu nunca esperava isso na vida. Tanto que eu pedi pra eles me mandarem embora. Eu falei pra eles: “Eu facilito os meus direitos, vocês dão uma parte pra eu comprar o meu apartamento e o resto a gente...” Não quiseram... Porque pra mim foi a maior surpresa da minha vida foi ter sido afastado do meu, de uma coisa que eu me dediquei a vida inteira,
desde moleque, praticamente moleque ainda, quando comecei nessa vida.
P/2 – E no caso dos amadores, o senhor não continua?
R – Não, porque o pessoal de lá, o pessoal que entrou no meu lugar, está até hoje lá.
P/2 – Ah, eles trabalham no Departamento de Amadores também.
R – Porque quando eu entrei no Amador só tinha dois, era o Juvenil A e tornava com o B, eram só dois quadros, que disputavam o campeonato da Liga aqui em Santos, o Campeonato Santista, então era só um time e jogava um time contra o outro. Fazia dois treinos por semana. Agora não.
Agora tem, acho que é, seis ou sete categorias. Então trabalham três. Na minha época eu trabalhava sozinho, porque era só dois times, só dois treinos por semana. Agora treina de segunda a segunda, até no domingo também tem treino, eles emendam, né? Porque tem sete categorias, que começa do Dentinho vai até Aspirantes.
P/2 – É comum o treinador, não, o técnico ter a equipe com o roupeiro, ou é comum igual no caso do senhor? O Santos tem o roupeiro. O clube ter o roupeiro ou técnico...
R – No Santos, foi a primeira vez que aconteceu, mas diz que já faz tempo que aconteceu isso, quando teve time de São Paulo mesmo, que diz que no Corinthians só não mandaram o roupeiro, queriam que o roupeiro também saísse e os jogadores que não deixaram sair.
P/2 – O Corinthians, por exemplo, tem o roupeiro do time.
R – O roupeiro continuou, mas o resto da comissão saiu toda. Quando veio esse Joel Santana, quando veio do Rio pra cá, eu tive conversando com os caras lá e me falou... Só não saiu o roupeiro também, porque os jogador não deixaram.
P/1 – Quer dizer, a relação entre o roupeiro e os jogadores é uma relação muito próxima.
R – O jogador é o dono do espetáculo, mas ele depende muito... Tem que ter o roupeiro pra centrar, pra atendê-lo. Porque o material está guardado com o roupeiro lá dentro, pra ele treinar, pra ele jogar, ele depende de tudo, cuidar do material dele, tratar a chuteira dele, engraxar, ficar sempre no ponto do jogo...
P/2 – Tudo é o roupeiro que faz?
R – O roupeiro é que tem que fazer
P/1 – Agora, o senhor mencionou o fato de cuidar do material, engraxar, cuidar da chuteira. O jogador de futebol, já ouvi, pelo menos, ouvi falar que são pessoas supersticiosas, sabe? Que joga com uma chuteira, “essa chuteira eu ganhei esse jogo”, o senhor tem um caso assim curioso pra contar pra gente?
R – O caso é o seguinte, tem jogador, ele tem... Tem até cinco par de chuteiras. Tem a de trave pro dia que chove, tem a de trave que você troca, trave planta baixa, “por favor, troca essas trave pra mim?” você tem que pegar uma chave e arrancar
todas aquelas trave,
que agora as traves são de rosca. Aí vem “quero colocar essas traves”, às vezes não tem trave e você tira aquilo rapidinho, coloca. E tem as chuteira de borracha, que é pro campo seco. E tem a chuteira de treino, tem gente que já treina só com uma, joga só com uma, então tem... Não tem só um par de chuteira, tem três, quatro pares.
P/1 – E tem alguém assim que faz questão, nesses tempos todos, 35 anos que o senhor tá aqui, que o senhor se lembre que gostava de jogar com uma chuteira de cor diferente, ou o cadarço...
R – Não, naqueles que são exigentes, você chega nele no dia que ele vai concentrar e você vai. Você só vai no dia seguinte. Escuta, eu já chego nele e:
“qual é a chuteira que você vai jogar?” Porque você tem cinco pares. E eu não vou levar os cinco pares. E ele “Não, tu leva essa, essa... Cega lá...” Pronto. A chuteira que tu pediu tá aí”. Eu, graças a Deus, nunca tive problema com jogador: “Ôh, você não trouxe minha chuteira, vou jogar com a chuteira que eu não gosto...” Nunca aconteceu. Porque...
P/2 – O senhor sempre consultava...
R – Porque aquele que tinha duas era fácil. Não precisava nem falar. Mas quem tem aquele montão... Aí fica difícil. Se você não consultar, você chega lá, você vai escutar a graça.
P/2 – Porque um jogador tem duas e o outro tem um montão?
R – Acontece que ele tem, ele ganha. Ele vai ganhando e vai pondo tudo ali. Ele não leva pra casa, vai deixando. Então, quanto mais tem, pior pra você trabalhar. Porque ali você não sabe, às vezes você leva uma e ele não quer aquela. Então, acabou o treino, você tem que correr nele e dizer “companheiro, qual é a chuteira que você vai querer levar pra jogar? Não dá pra levar todas. Tem que levar uma de trave e mais uma” e ele “Não, me leva essa”. Agora que ele tinha dois pares, uma de trave pro tempo chuvoso, e uma de borracha pro campo seco, aí sem problema, não tem problema nenhum.
P/2 – Nunca aconteceu de o senhor esquecer a chuteira de um jogador?
R – Não, por isso que eu to te falando. Foi surpresa terem me afastado porque nunca tive problema “Olha, não vai ter jogo porque o roupeiro esqueceu o material”. Nunca, graças a Deus nunca aconteceu, porque seria o fim do trabalhador, né?
P/1 – E o senhor tem conhecimento de alguém que já aconteceu isso? De algum roupeiro... O Santos já foi jogar contra algum time que teve que pedir material?
R - Já teve roupeiro aqui, já teve gente que veio jogar aqui e esqueceu toalha, chinelo de banho... Que tem que ter um chinelo pra cada um, numerado, o número do armário dele é no chinelo.
P/2 – O que o jogador tem? O que o jogador tem assim, quando ele...
R - Quando eles saem pra jogar?
P/2 – É.
R – Você leva a toalha de cada um, o calção de cada um, porque quando tem a Libertadores, a Super Copa, os calções são do mesmo número da camisa. E os armários deles, cada um tem um armário, um boxinho, então o número do armário dele, tem um boxe aqui e o armário lá no vestiário, você não viu, não chegou a ir lá, né?
P/2 – Não.
R – É uma fileira de armário. E a rouparia tem um boxe onde fica o número do armário, então o chinelo dele é numerado com o número do armário, a toalha também, cada um é numerado com número do armário...
P/1 – Calção.
R – Calção. Libertadores e a Super Copa, a camisa é o mesmo número do calção, a camisa é o mesmo número do calção, o jogador o número lá na ficha, então...
P/2 – O calção e camisa.
R – Então, tem que ser no último campeonato que é numerado, a Super Copa que é dos campeões e a Libertadores. E aí o jogador tem o seu chinelo de banho todo de borracha, tem a sua toalha, o seu calção.
P/1 – A caneleira?
R - Isso faz parte da gente, fica tudo com a gente. Cada um tem a sua também. Não é misturando, “tu usa a minha”. Não, não usa qualquer uma não. Não.
P/2 – Qual que é desses acessórios aí, a caneleira...
R – A chuteira, o chinelo, a sunga que ele põe por baixo, tornozeleira, um par de ataduras cada um. Então, você pega num dia de jogo, você põe uma “mesona” assim, você vai pondo lá, você põe primeiro as toalhas, risca, põe o calção, risca, camisa, risca...
P/2 – Conferindo tudo?
R - Põe tudo ali. Depois você ensaca, que você jamais vai esquecer de alguma coisa. Agora se você for guardando, guardando, guardando... Você vai dizer: “será que tá tudo aqui?”. Então você põe tudo em cima de uma mesa... Tá tudo aí.
P/2 – O senhor tem alguma auxiliar, alguém que te ajude?
R – Trabalhava eu e mais um, só que não viaja.
P/2 – Igual acontecia quando o senhor era um auxiliar, o senhor não viajava.
R – Eu fazia... Sempre é o oficial que viaja. Agora esse roupeiro que tá aí, tá levando ajudante.
P/2 – Como? Eu não entendi.
R – Esse roupeiro que tá aí, tá levando ajudante com ele, né? Que é um cara mais ou menos, é riquinho, é internacional, que veio do Japão, os caras trouxeram do Japão.
P/1 – Quem? O auxiliar ou o roupeiro?
R – O roupeiro.
P/1 – Agora uma coisinha, eu ouvi dizer que o Pelé ainda tem aí o seu armário, é verdade isso?
R – É.
P/2 – Só o Pelé?
R – Só o Pelé tem armário dele, porque o vestiário é Edson Arantes Nascimento. Você quer ir até lá embaixo depois, quando nós fomos terminarmos eu te mostro lá, não tem ninguém lá, tá vazio.
P/1 – E o armário dele tem coisa dentro ou está vazio?
R – Tem só a santinha dele lá, Nossa Senhora dos Montes, tem umas fitas...
P/2 – Nossa Senhora do Monte Serrat?
R – Acho que é. Tem umas fitas.
P/1 – Fitas?
R - Fita cassete, porque sempre quando vem gente, gringo aí, é Pelé, Pelé, Pelé... Tem que abrir e mostrar pro cara filmar lá dentro. Porque quando você chega é Pelé e Rio de Janeiro, “neguinho” conhece o Brasil só conhece Pelé e Rio de Janeiro. Você vai na Europa, nos Estados Unidos “Brasilian sim, Copacabana, Rio de Janeiro” o resto ninguém conhece.
P/1 – E Pelé?
R – E Pelé, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Pelé.
P/2 - Então ele tem o armário?
R – Ele tem o armário dele, porque o vestiário tem o nome dele, então tem o armário dele.
P/1 – O vestiário tem o nome dele? Desde quando?
R – Que o que.
P/1 – Que o vestiário ganhou o nome do Pelé.
R – Eu não sei se tem a data lá não, mas não é do... Não é da Fundação não, é bem recente.
P/1 – É bem recente.
R – Porque não tem data, depois eu passo lá com você.
P/1 – Eu vou até fazer uma foto do senhor ali do lado do...
R – Eu tô fora já desse negócio aí. Escuta, vamos... Como é que foi, terminou?
P/2- Bom, eu... Acho que a gente...
R – O que eu tenho pra te contar de importante também, foi o negócio do milésimo gol, tem uma coisa engraçada. Porque um jogo amistoso, todo mundo pensando que o milésimo gol ia sair naquele dia, aí teve que bolar esse negócio de engessar os goleiros (risos) pra jogar, pro goleiro não jogar, porque senão ia perder a graça, porque o jogo estava tudo preparado...
P/2 – Então o Pelé, ele não podia pegar na bola?
R – Não tinha jeito, ia dá mancada. A bola chega ali e o Pelé não ia fazer o gol, não tinha como, então tava tudo preparado pro Maracanã. O Maracanã daquele tamanho, tava cheio, completo para jogar Vasco e Santos naquele dia, naquela quarta-feira, Dia da Bandeira, né? Então estava tudo preparado. Nós jogamos um domingo antes com Fluminense no Rio e não saiu gol. Então foi passando, foi passando tanto que ficou, e gente sabia que naquele dia saía.
P/1 – Já estava um a um, né?
P/2 – Foi quando ele fez o segundo?
R – Fez o segundo, o Pelé.
P/2 – Quem fez o primeiro?
R - Acho que foi o Vasco, o Santos empatou e depois...
P/2 – Não, quem empatou pro Santos?
R – Não lembro.
P/2 – O senhor não lembra?
R – Não lembro.
P/1 – Bom senhor Zuca, pra poder terminar, eu gostaria de fazer uma pergunta que nós fazemos pra todo mundo que dá a entrevista pra gente. O que o senhor achou, está achando dessa experiência de estar sendo entrevistado, e sabendo que o senhor está podendo dar uma colaboração pro Museu do Santos, pra história do Santos Futebol Clube, assim como os jogadores, como os dirigentes?
R – Ah, eu fico muito contente de ter sido lembrado e acho bom, é sinal que a gente está vivo, né? Acho muito bom. Foi muito importante pra mim. Fiquei emocionado.
P/2 – Tá certo, muito obrigada, agora a gente vai lá.Recolher