P/1 – Então, Elaine, fala para nós o seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R – Elaine Cecília Corrêa Fuzaro. Eu nasci em São Paulo capital, dia 28 de fevereiro de 1963.
P/1 – E você morava em que bairro?
R – Freguesia do Ó. Eu morei na Freguesia durante vinte anos.
P/1 – E você passou a tua infância, então, na Freguesia?
R – Toda ela.
P/1 – Você lembra como era?
R – Maravilhosa. Foi assim, acho que a melhor infância que uma criança pode ter. Porque naquela época podia-se brincar na rua. E eu era, assim, muito moleca, né? Eu praticamente não brinquei de boneca; até eu começar a trabalhar aos dezesseis anos, eu empinava pipa, andava de carrinho de rolimã, então assim, aquelas coisas, soltava balão. (riso) Então, era muito moleca.
P/1 – E na escola?
R – Ah, eu gostava. Sempre gostei de estudar. Eu gostava de estudar. A única reclamação que a minha mãe sempre teve é que eu sempre falei demais, né? Porque eu gosto de falar um pouquinho, então os professores às vezes me chamavam a atenção por causa disso.
P/1 – E teu pai, fazia o quê?
R – Era motorista de caminhão.
P/1 – Motorista de caminhão? Então, ele vivia viajando?
R – Era caminhoneiro. É, mas ele fazia mais viagens curtas, né? Mais assim para o Litoral de São Paulo, Interior, Campinas, Americana. Então não eram viagens que ele ficava, assim, muitos dias fora, né? Eram períodos curtos de ausência.
P/1 – E ele também era de São Paulo?
R – Também.
P/1 – E tua mãe?
R – Minha mãe também era de São Paulo. Ela era tecelã, trabalhou até se aposentar. Então, na minha infância, eu fiquei, assim, até os dez anos, eu e meu irmão, nós ficamos com os meus avós. Mas aí, como nós morávamos em frente, aí começamos a ficar um pouco em casa, um pouco com os meus avós, até nós irmos tendo uma certa...
Continuar leituraP/1 – Então, Elaine, fala para nós o seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R – Elaine Cecília Corrêa Fuzaro. Eu nasci em São Paulo capital, dia 28 de fevereiro de 1963.
P/1 – E você morava em que bairro?
R – Freguesia do Ó. Eu morei na Freguesia durante vinte anos.
P/1 – E você passou a tua infância, então, na Freguesia?
R – Toda ela.
P/1 – Você lembra como era?
R – Maravilhosa. Foi assim, acho que a melhor infância que uma criança pode ter. Porque naquela época podia-se brincar na rua. E eu era, assim, muito moleca, né? Eu praticamente não brinquei de boneca; até eu começar a trabalhar aos dezesseis anos, eu empinava pipa, andava de carrinho de rolimã, então assim, aquelas coisas, soltava balão. (riso) Então, era muito moleca.
P/1 – E na escola?
R – Ah, eu gostava. Sempre gostei de estudar. Eu gostava de estudar. A única reclamação que a minha mãe sempre teve é que eu sempre falei demais, né? Porque eu gosto de falar um pouquinho, então os professores às vezes me chamavam a atenção por causa disso.
P/1 – E teu pai, fazia o quê?
R – Era motorista de caminhão.
P/1 – Motorista de caminhão? Então, ele vivia viajando?
R – Era caminhoneiro. É, mas ele fazia mais viagens curtas, né? Mais assim para o Litoral de São Paulo, Interior, Campinas, Americana. Então não eram viagens que ele ficava, assim, muitos dias fora, né? Eram períodos curtos de ausência.
P/1 – E ele também era de São Paulo?
R – Também.
P/1 – E tua mãe?
R – Minha mãe também era de São Paulo. Ela era tecelã, trabalhou até se aposentar. Então, na minha infância, eu fiquei, assim, até os dez anos, eu e meu irmão, nós ficamos com os meus avós. Mas aí, como nós morávamos em frente, aí começamos a ficar um pouco em casa, um pouco com os meus avós, até nós irmos tendo uma certa independência, para podermos nos virar sozinhos.
P/1 – E ela trabalhava onde?
R – Bordados Lapa. Ali na Lapa.
P/1 – E ela entrou com quantos anos?
R – Nossa! Não sei. (riso) Ela deve ter entrado, assim, muito novinha. Porque ela se aposentou, depois de trinta anos de trabalho também.
P/1 – E você estudou até...
R – Eu fiz o Técnico em Secretariado. Porque eu preferi, ao invés de fazer o colegial comum, que era naquela época, né? Fazer um colegial técnico, e eu fiz o colegial técnico em secretariado.
P/1 – Você queria ser uma secretária?
R – Ah, eu não sei se era bem isso que eu queria na época. Mas, assim, eu fui mais no embalo de amigas da escola. Então, nós terminamos o ginásio: “Ah, vamos fazer o quê?”. Uma parte do pessoal foi fazer Técnico em Laboratório, outra parte foi fazer... E eu fui junto com as meninas, fazer Técnico em Secretariado.
P/1 – Que ano que foi isso?
R – Deixa eu ver... 1980, 81, por aí.
P/1 – E como que era o curso?
R – Bom, o curso tinha aula de Taquigrafia, acredite você. (riso) Tinha um pouco de Contabilidade, tinha aula de Redação, aula de Português, pouco de Matemática. Muito pouco de Geografia, porque não era muito usado. Então, era um curso mais específico, mesmo, para área de Secretariado.
P/1 – E aí você fez esse curso? Procurou emprego?
R – Quando eu estava fazendo esse curso, eu já estava trabalhando na Sadia, que foi o meu primeiro emprego.
P/1 – E como que você chegou lá?
R – Com dezesseis anos. Por intermédio de uma tia minha que trabalhava lá. Eles estavam precisando de uma recepcionista. Minha tia me indicou. E eu trabalhei lá durante quatro anos.
P/1 – E você lembra como era esse trabalho? O que você fazia?
R – Ah, era muito legal. Eu gostava muito de trabalhar lá porque é uma empresa familiar, assim como é a Votorantim. E você tinha um contato, assim, muito próximo com as pessoas. Porque também eram pessoas que ficavam durante muitos anos na empresa. Então, todo mundo conhecia todo mundo. Então, assim, uma coisa que eu me lembro muito daquela época foi que eu cheguei a levar o Senador Atílio Fontana, assim, do elevador até à sala da diretoria, porque ele já estava, assim, com muita idade. Ele tinha mais de noventa anos. Então, ele não conseguia andar direito. Então, assim, essas cenas eu me lembro muito, porque eu levei várias vezes do elevador até a sala da diretoria, entendeu? Então, assim, são coisas assim. E depois disso, eu fiz alguns trabalhos temporários. E aí, eu acabei indo fazer temporário de um mês, no Cimento Votoran, lá no Jaguaré, como telefonista.
P/1 – Você já tinha trabalhado como telefonista?
R – É, eu tinha cobrido as férias das telefonistas lá da Sadia. Aí, quando eu saí da Sadia, eu comecei a fazer alguns trabalhos temporários e eu acabei indo fazer um trabalho temporário na Cimento Votoran, ali no Jaguaré. Fiquei um mês trabalhando lá. Terminado esse trabalho, não se passou dois meses, me chamaram no Escritório Central, aqui na Praça Ramos. Que nós tínhamos uma equipe bem grande na parte de telefonia, né? Nós éramos em oito telefonistas e uma encarregada. E aí eu fui ficando, gosto do que eu faço, gosto das pessoas com que trabalho, então...
P/1 – E qual foi a tua primeira impressão do Votorantim? Você já conhecia?
R – Já havia ouvido falar, né? E já tinha tido uma primeira impressão do escritório pequeno, que era o Cimento Votoran, ali na Jaguaré. Mas, eu não tinha, assim uma noção exata da dimensão do grupo em si. Então, quando eu vim trabalhar no Escritório Central, aqui na Praça Ramos, foi que eu comecei a tomar conhecimento de quão, que era, assim, muito diverso o mundo da Votorantim, né? Na época nós tínhamos tecidos, tinha a Ibar, que era a parte de refratários, cimento. Então a diversidade era muito grande, de produtos. E eu, até então, tinha trabalhado em uma empresa que era uma empresa alimentícia, era coisa, assim, mais focada para um produto só. E a Votorantim não, era focada para vários. É uma diversidade muito grande de produtos, né? E com o passar do tempo, esses produtos foram, inclusive, até aumentando. Essa diversidade foi aumentando muito mais, né? Que aí passou a ter suco, a Votomassa, a Votocel, que era papel e celulose, que foi englobando outras empresas. Enfim, a diversidade do Grupo foi, cada vez, aumentando mais, né? E isso é uma coisa que chama muita atenção até hoje. Cada vez que a empresa se foca em um novo produto, é interessante. E, querendo ou não, nós temos que acabar sabendo do que se trata exatamente e como funciona tudo aquilo, porque a maior parte das pessoas tem, como visão de Votorantim, o escritório da Praça Ramos. Então, qualquer informação que queiram do Grupo, acabam ligando para nós. Então, nós temos que dar telefone, saber exatamente do que se trata. Quando a Votorantim inaugurou o Banco Votorantim, que foi inaugurado, a Votorantim se inaugurou no mercado financeiro, né? Porque nunca tinha explorado esse campo. Então foi bacana, muitas pessoas querendo saber a respeito do que era. E depois veio a BV Financeira. Também é uma outra coisa que o pessoal liga muito. Então, nós acabamos atendendo ligações, na realidade, do grupo todo. Porque todo mundo liga para Praça Ramos para saber informação a respeito do Grupo Votorantim, da sua diretoria. E a respeito do Doutor Antônio Ermírio, é claro, né? Não tem...
P/1 – E quando você entrou, como é que era a equipe?
R – Nós éramos em oito telefonistas, quatro de manhã, quatro à tarde. Nós tínhamos uma encarregada, chamada Dona Josefa Lima Barreto, que nós chamávamos pelo nome de Zezinha.
P/1 – Você lembra dela?
R – Perfeitamente. (riso) Ela era, assim, uma senhora baixinha, de cabelinho loirinho, gordinha. Muito rígida, ela fazia questão que o nosso trabalho fosse muito bem feito, porque, na época, toda a diretoria da Votorantim ficava locada na Praça Ramos. Então, era o Doutor José Filho, o Doutor José Roberto, o Doutor Ermírio Pereira, o Doutor Clóvis, o Doutor Antônio Ermírio. Então, ela fazia questão que o nosso trabalho fosse muito bem feito. E naquela época não existia DDR, né? Então nós éramos que transferíamos os ramais, nós fazíamos as ligações. Então, nós fazíamos e recebíamos ligações para o prédio de oito andares, onde não existia, só a CBA, na época. Lá também funcionava o Cimento Votoran, a Votocel, que era papel e celulose, uma parte da Ibar. Então, ela era muito rígida quanto à disciplina do atender, como atender as pessoas, como se dirigir às pessoas, entendeu? Como responder adequadamente. Principalmente em relação, já naquela época, à imprensa, né, também. (risos)
P/1 – E quais eram as regras, Elaine?
R – As regras eram: pois não; sim, senhor; vou verificar. (riso)
P/1 – E ela estava há muito tempo na Votorantim?
R – Há muito tempo. Ela trabalhou, eu acredito que por volta de uns quarenta anos na Votorantim. Porque quando a Saiv, que era a Votorantim Cimentos, saiu do prédio da Praça Ramos, e foi para Rua Amauri, ela ainda foi para Rua Amauri, ela já estava aposentada já há algum tempo. Então uma parte de nós foi para Rua Amauri, outra parte permaneceu na Praça Ramos e uma parte foi dispensada, né? Mas, mesmo assim, algumas pessoas que foram dispensadas acabaram depois sendo absorvidas pelo grupo novamente. Então, assim a gente trabalha há muito tempo com as mesmas pessoas.
P/1 – E ela conta, você lembra de ela ter contado alguma coisa para vocês dessa época, quando ela entrou?
R – Ah, ela falava muito a respeito do prédio na Riskallah Jorge, que era, acho, eu acredito que foi o primeiro prédio da Votorantim no Centro de São Paulo. Eu não tenho bem certeza, mas eu acredito que sim. E ela fala muito no Senador. Falava, né, muito no Senador, no pai do Doutor José e do Doutor Antônio Ermírio. Porque, como eu já disse, como é uma empresa familiar, então a proximidade é muito grande. Então, ela tinha um contato muito grande com eles. E ela tinha um apego muito grande aos filhos do Senador José exatamente por isso. Porque ela os viu iniciar na empresa, o Doutor José Filho, o Doutor Antônio, o Doutor Ermírio. A própria Dona Maria Helena. Então, ela acompanhou, praticamente, o crescimento deles e o crescimento da empresa, né? A doença do Senador, o falecimento dele, depois o falecimento da Dona Maria Helena, a mãe do Doutor Antônio e do Doutor José. Então, quer dizer, ela acompanhou todo o processo familiar da empresa e o crescimento dela também, né? Quando eu entrei, o Senador já havia falecido, mas eu cheguei a estar presente no período quando a Dona Maria Helena faleceu.
P/1 – Você lembra do dia em que ela faleceu, como é que vocês passaram a notícia?
R – Foi assim, foi muito chocante, foi muito triste, porque você acaba tendo uma certa ideia de eternidade de algumas pessoas. Então, algumas pessoas, para você, passam a ser eternas. Assim era ela para nós, porque ela era a matriarca do grupo, então era, assim, a sensação de que ela ia estar para sempre ali. Então foi muito chocante você dar a notícia. Porque nós tivemos que passar a notícia para todas as pessoas que ligavam, querendo saber o horário do velório, onde seria o enterro, a que horas. Então nós vivenciamos muito tudo aquilo, né? E foi assim, foi muito choro, foi muito triste. Assim como quando o Doutor José Filho também veio a falecer. O Doutor Clóvis, também. Porque nós vivenciamos muito isso, né? Nós somos encarregadas de avisar as pessoas, de dar a notícia. Então, você acaba se... sentindo muito junto, muito dentro dos fatos, né? Então, não tem como você não se envolver, entendeu? Não tem como você não sentir. E é aquilo que eu acabei de dizer, você acaba tendo a ideia de eternidade. Assim como nós temos a ideia de eternidade do Doutor Antônio. (riso) Para nós ele vai estar sempre lá. Eu não consigo, não faço, não consigo conceber aquele prédio da Praça Ramos sem a figura dele, por exemplo, entendeu? Ele faz parte, ele é o Grupo Votorantim. E não é para mim, pode ter certeza disso. Para muita gente.
P/1 – E, Elaine, quando você entrou, os equipamentos eram bem diferentes, né?
R – Muito.
P/1 – Você quer falar um pouquinho sobre isso, como era o teu trabalho?
R – Bom, nossos equipamentos eram assim, eram enormes. Eram aparelhos de disco, ainda. Nós recebíamos as chamadas externas. A pessoa nos dizia com quem gostaria de falar, nós transferíamos as ligações. Atendíamos as pessoas do prédio, internamente, nos solicitando ligações. Então nós recebíamos e efetuávamos ligações o dia inteiro. A diretoria, eles sempre pediram ligações diretamente para nós. Nunca foram as secretárias que fizeram as ligações. Então, nós, eles ligavam para nós através de uma campainha, nós os chamávamos na sala, “pois não”, eles pediam a ligação, nós fazíamos as ligações, passávamos para eles, entendeu? A mesma coisa as secretárias, elas ligavam nos nossos ramais, pediam as ligações. E hoje, apesar de a tecnologia já estar muito avançada, né? Apesar de hoje já existir, por exemplo, o Fastnet, que você não precisa discar o número completo. Você disca, simplesmente, três dígitos e você fala com Belém do Pará, por exemplo. Ainda hoje a diretoria tem por hábito de pedir ligação para nós. E as secretárias também. Então, nós temos uma agenda com todos os telefones, como sempre tivemos. As coisas, assim, os equipamentos mudaram, porque houve a tecnologia, né, avançou. A Votorantim comprou essa tecnologia, colocou em uso, só que a diretoria ainda hoje, ela gosta dessa proximidade, entendeu? Então: “Me liga, ah, me chama, me liga para tal lugar”. Às vezes não precisa nem terminar de falar, que eu já sei com quem que é, entendeu? Então, eles se habituaram muito a isso. E mesmo essa nova geração, algumas características, eles estão aderindo.
P/1 – E os interurbanos, como eram?
R – Era muito complicado. O Brasil não tinha, né, a tecnologia de comunicação que tem hoje. Então, às vezes para se conseguir uma ligação para Campinas era muito complicado. Mesmo para Santos, era muito complicado. Tinha que se discar a operadora, depois o DDD da cidade. E aí, ver se conseguia completar a ligação, e muitas vezes não se conseguia, porque os troncos que ligavam São Paulo até Santos, por exemplo, eram muito poucos, estavam congestionados. Então você demorava, assim, horas para conseguir uma ligação. E hoje isso acontece muito rápido, né? Muito mais fácil.
P/1 – E nesse início, quando você entrou, eram quantas linhas?
R – Eu acredito que eram umas quarenta linhas no Pabx geral, e mais quinze no da diretoria. Eu acredito que seja mais ou menos isso.
P/1 – E quantos ramais?
R – Bom, era um prédio de, eram uns quatrocentos ramais. Uns quatrocentos a quinhentos, porque tinha os ramais internos, também.
P/1 – E quantas ligações, você tem ideia, você fazia por dia?
R – Nós tínhamos um papel de rascunho, que ainda nós usamos hoje para fazer ligações, para anotar as ligações interurbanas, só mais para controle nosso, que deve ter umas vinte linhas mais ou menos, ou vinte e dois. Nós chegávamos a fazer, num período só, duas ou três folhas dessas.
P/1 – Isso dá?
R – Umas quarenta, cinquenta ligações. Às vezes até sessenta. Isso sem contar as ligações de São Paulo.
P/1 – E vocês passaram por algum treinamento, exceto os da Dona...
R – Da Dona Josefa? Sim, houve um treinamento, não foi bem um treinamento. Nós fizemos um curso, pela ADVB, no Hotel Othon. Nós ainda éramos funcionárias da Votorantim Cimentos, da Saiv [Sociedade Anonyma Industria Votorantim]. Esse curso durou, eu acredito, eu não me lembro bem se uns dois, três dias. Mas, já fazia, já, algum tempo que eu trabalhava na empresa.
P/1 – E era um curso...
R – De atendimento ao cliente.
P/1 – Você aprendeu alguma coisa? Ou você já sabia tudo?
R – A maior parte nós já sabíamos, né? O que nos foi inserido foi muito pouco. Porque apesar de a Dona Josefa não ter, assim, curso nenhum, não ter feito curso nenhum a respeito de atendimento, ela tinha uma eficiência muito grande. Ela passou isso para nós. Então nós aprendemos, realmente, a atender o público, tanto externo, como interno, com ela. O nosso trabalho, realmente, foi baseado no ensinamento dela.
P/1 – E o que faz uma boa telefonista?
R – Atende muito bem ao cliente. Sabe se expressar. Tenta se fazer entender, né? Porque nem sempre, né, porque o interlocutor às vezes é um pouco difícil. Mas, tenta passar as informações que o cliente está pedindo da melhor maneira possível e mais objetivamente possível. Porque em uma empresa aonde o telefone não para de tocar um minuto não tem muito como você ficar se alongando em certos assuntos. Então, você tem que ser o mais breve possível e o mais objetiva possível. Isso, é lógico, sem perder a classe (riso), que às vezes é um pouco difícil dependendo da pessoa que está do outro lado da linha.
P/1 – E qual foi a pior situação que você já passou?
R – Bom, a pior situação que eu já passei foi, assim, foram com jornalistas. Porque eles são muito insistentes. E como os Ermírios de Moraes, em geral, por ser uma família que está muito exposta à mídia, devido ao Grupo Votorantim, fazer parte, né, de uma das maiores empresas do país, é muito visada. Então às vezes é publicada uma notícia que não é bem aquilo, e a mídia toda acaba ligando, como eu acabei de dizer, mesmo que não fosse coisa exatamente com o Doutor Antônio, que fica locado na Praça Ramos, que ficasse, que tivesse acontecido alguma coisa com o Doutor José. Mas, não, todo mundo ligava na Praça Ramos, entendeu? Então, é muito difícil. E há um tempo atrás, houve um caso, que foi inclusive, foi parar nas redes de televisões. No programa, mais exatamente do Senhor Datena, de um certo caminhoneiro (riso), que estava tentando se explodir, digamos assim, ele a ao caminhão. E assim, foi muito, foi uma situação muito difícil porque várias redes de televisões começaram a ligar, assim como vários jornais, vários jornalistas freelancers, revistas, e a própria Rede Bandeirantes, assim como outras redes de TV. Então, você fica em uma situação muito difícil, porque tudo acaba caindo em nós. E como somos nós que transferimos a ligação diretamente, então fica aquilo, a pessoa está na linha, há aquela dificuldade, aquela situação toda lá fora. Aí, você consulta a secretária, a secretária também, devido ao problema todo, também já está meio sem saber o que fazer, porque a situação já saiu de controle. Aí, quer entrevistar por telefone e, sabe, o Doutor Antônio não quer. Aí você não tem o que falar para pessoa. Aí você enrola, você enrola mais um pouco. E assim vai, entendeu? E você tenta ser o mais convincente possível sem... [falha na gravação] economicamente do país [falha na gravação] Bradesco liga muito para lá, Pão de Açúcar, na área de comércio. [falha na gravação] Brandão, Olavo Setúbal do Banco Itaú, o nosso ministro hoje, né, do exterior, que eu cheguei a conhecer na Sadia, quando eu trabalhava lá, eu conheci, [falha na gravação] os artistas quase todos, muitos ligam lá, a Marília Pêra, Juca de Oliveira, Roberto Carlos, Tom Cavalcante, Senhor Marcos Caruso. Muitos jornalistas também. Lilian Witte Fibe, Jô Soares, enfim. Como eles são muito expostos, né, à mídia, então fica...
P/1 – E a tua regra é passar as ligações, o quê, como você atende essas pessoas?
R – Nós já temos uma ideia se vai atender ou não.
P/1 – Como?
R – É que depende do contexto, entendeu? (riso) Vamos supor, se já foi marcado previamente uma entrevista, no caso específico do Doutor Antônio, a Valéria nos avisa: “Provavelmente irá ligar Jô Soares ou mesmo a Ana Paula Padrão”. Senhor Guilherme Barros às vezes liga, né, que é repórter da Folha. Então, ela sempre nos avisa. Mas é óbvio que acontece de, às vezes, o momento da ligação não ser o mais propício. Aí, entra o famoso jogo de cintura, né? Quando você se desculpa em nome do Doutor Antônio, dizendo que houve um imprevisto, mas que ele estará possível dentro de uns trinta minutos, uma hora, ou que nós voltaremos a chamar assim que ele estiver disponível. Mas sempre tentando preservar o máximo tanto ele como a imagem da empresa.
P/1 – E tem pessoas muito insistentes?
R – Você não sabe o quanto. (riso). Você não tem noção. Tem.
P/1 – Por exemplo.
R – Tem pessoas muito insistentes. Pessoas querendo patrocínio, né, na área dos artistas, por exemplo. E alguns jornalistas, às vezes chegam a ser, assim, um pouco inconvenientes.
P/1 – E eles chegam a ser ríspidos com você? Como você lida com isso?
R – Às vezes, sim. Da mesma forma, sempre com jogo de cintura. Às vezes, quando a situação sai um pouco do controle, a única coisa que nós podemos dizer é: “O senhor me desculpe, mas, realmente, no momento, não vai ser possível; se o senhor puder nos deixar o seu telefone, nós entraremos em contato; mas, infelizmente, no momento, eu não tenho como ajudá-lo”.
P/1 – Mas você não chegou a receber nenhuma, digamos assim, ameaça pelo telefone?
R – A gente recebe trote, muitos trotes.
P/1 – Ah é? Falando o quê?
R – Várias coisas. Diversas coisas. “Ah, porque eu preciso ir até aí, porque tem que me ajudar, porque eu preciso de uma casa, porque não sei o quê, porque se não me ajudar eu vou até aí, vou fazer um...” Sabe esse tipo de coisa? Assim, às vezes são pessoas que nem conhecem. Só sabem que é uma pessoa que tem um grande poder aquisitivo. E às vezes as pessoas se veem desesperadas e acham que como ele é um benfeitor, que todo mundo conhece, e como a Votorantim é uma empresa muito grande de um grande poder aquisitivo, tem por obrigação ajudar os mais desvalidos, entendeu? Inclusive não só por telefone, como a gente sabe que as pessoas vão até lá pessoalmente. Se plantam na porta. Assim como ligam insistentemente, cinco, sete, oito, dez vezes no dia. “Eu conheço ele, acabei de falar com ele agora.” Cansamos de ouvir isso. “Olha, mas, se você não passar a ligação, você vai acabar sendo mandada embora, porque ele me conhece, eu sou amigo dele.” “Você sabe com quem você está falando?” Você já ouviu essa famosa frase? Isso é um jargão, assim, muito usado principalmente na área política, né? “Você sabe com quem você está falando?”
P/1 – E já aconteceu digamos assim, você fazer a leitura errada. Você não passar uma ligação que você não deveria ter passado ou ter passado uma ligação que você não deveria ter passado?
R – Não. Isso foi uma coisa que eu não me lembro de ter feito. Eu acredito que eu nunca fiz. Porque nós tomamos muito cuidado quando se trata da diretoria. Se faz uma triagem muito grande. Há certas pessoas que às vezes ligam e tentam se passar por pessoas conhecidas. Só que nós temos a maior parte dos telefones. Então, quando eu fico em dúvida, eu particularmente, fico em dúvida, eu tento colher a maior dados possíveis dessa pessoa para saber se ela é quem diz que ela é. E quando, mesmo assim, eu fico em dúvida, eu transfiro a ligação para Valéria, tá? Ou para secretária do diretor que é a ligação, digo que está acontecendo, tá? E aí ela termina de fazer a triagem.
P/1 – E isso é comum?
R – Isso é comum.
P/1 – Quer dizer, uma pessoa que diz que é...
R – Que tenta se passar por outra.
P/1 – Você tem alguma história para contar disso?
R –É, já tentaram se passar pelo Duda Mendonça, por exemplo. (riso) Na época que houve as eleições, tirando proveito. Inclusive, veio parar, acho que inclusive na mídia, porque não aconteceu só na Votorantim. Houve vários casos de uma pessoa que estava ligando, se passando pelo Duda Mendonça, pedindo contribuições para campanha do Senhor Luís Inácio Lula da Silva. Só que era óbvio, pela forma como a pessoa se dirige a você, depois de um certo tempo, você capta se ela está sendo coerente com o que ela está dizendo ou não. Então foi insistente, porque quando ligou da primeira vez, eu pedi que, eu disse que o Doutor Antônio não estava, que deixasse o telefone, que nós voltaríamos a entrar em contato e que a secretária estava com o ramal ocupado. A pessoa, claro que mesmo que ele não deixasse, eu já tinha visto no visor do meu telefone. A pessoa desligou, eu avisei a Valéria, disse para ela o que estava acontecendo, ela falou: “Então, nós vamos ligar lá e nós vamos tirar essa história a limpo”. (riso) Claro que o telefone chamou e não atendeu. A pessoa voltou a ligar, eu voltei a falar com a pessoa, tentei tirar o máximo possível dela e passei a ligação para Valéria com a certeza de que não era por parte do Senhor Duda Mendonça e muito menos por parte do Senhor Luís Inácio Lula da Silva. Então, porque você acaba tendo a perspicácia, com o tempo, de saber quando a pessoa está te dizendo a verdade, por assim dizer. Ou quando ela está tentando te enrolar, digamos assim. Você acaba adquirindo isso.
P/1 – E na época da eleição, que ele foi candidato?
R – Eu trabalhei muito. Aliás, nós trabalhamos muito. Foi assim, foi um período que era, além das ligações que já faziam parte do nosso dia a dia, nós começamos a lidar com outro mundo, com o mundo da política. Então eram diversos partidos políticos ligando. Se já ligavam pedindo doações, aí as ligações triplicaram nesse sentido. Então, nós atendíamos, se diariamente nós atendêssemos cem ligações, nós passamos a atender duzentas em cada período. E eu vou ser bem sincera, se ele tivesse ganho, teria sido muito bom para São Paulo, mas não teria sido muito bom para ele. Então foi muito bom ele não ter ganho. Eu acho que o Grupo Votorantim, como os funcionários, saíram ganhando com isso.
P/1 – Mas que tipo de telefonema vocês recebiam nessa época, durante a campanha?
R – Ah, políticos querendo que ele aderisse ao seu partido, pessoas pedindo doação. Enfim, pessoas do próprio partido dele. Esse tipo de ligações. Artistas, também. Porque na época o Roberto Carlos o apoiou, assim como outros artistas o apoiaram. Nós recebemos muitas ligações de artistas que o apoiavam.
P/1 – Então, Elaine, vocês não são, digamos assim, telefonistas padrão, né? Vocês têm uma série de, de outras, vocês têm um outro papel, mesmo, né, lá.
R – É.
R – Você poderia falar um pouco isso.
R – Porque hoje, na realidade, hoje não existe mais essa profissão de telefonista. A não ser nas operadoras de telefonia. Aí a telefonista no Grupo Votorantim, ela tem um outro tipo de trabalho, tá? Nós atendemos diretamente a diretoria, as secretárias. Então, nós fazemos ligações direto, o Doutor Antônio chama, nós fazemos ligações, o Senhor Nelson Teixeira chama, nós fazemos as ligações. As secretárias nos pedem ligações. Nós temos a agenda de telefone. Os próprios diretores das outras empresas às vezes ligam: “Ah, você poderia verificar isso, assim, assim, para mim, por favor.” Ou: “Você poderia me ligar para tal pessoa e pedir que ele esteja em tal lugar, em tal horário”. Então nós fazemos isso. Seria mais ou menos uma espécie de auxiliar das secretárias, no que diz respeito ao atendimento telefônico. Fora isso, nós confirmamos os endereços e telefones de ministérios, de artistas para envio de correspondências do Doutor Antônio, ou mesma da diretoria por parte de vendas, quando tem algum evento que vá ser mandado correspondência em grande quantidade. Somos nós quem verificamos isso. Então, o nosso trabalho não seria, realmente, de uma telefonista. Não o que se conhece por telefonista há alguns anos atrás, né?
[Pausa]
P/1 – Quer dizer, que lugarzinho é esse aí, importante.
R – Essa maneira de ser eu acho que vem dos próprios donos da empresa. Parte deles. Essa forma de querer estar muito próximo, a proximidade é muito importante. Você percebe que eles ligam, eles te chamam pelo nome, mesmo a, seria a terceira ou a quarta geração, Doutor Carlos, Doutor Luís Ermírio, o Doutor José Filho, enfim, ou melhor, o Doutor José Neto. Eles ligam, eles perguntam: “É a Elaine que está falando, é a Shirley quem está falando ou é a Marli?”. Eles querem saber com quem eles estão falando. E mesmo as esposas deles, então isso é uma coisa que vem já realmente da família, saber com quem está falando. Então: “Você, por favor, você me liga, olha eu não estou conseguindo ligar para...”. Por exemplo, Doutor Carlos, eu: “Eu não estou conseguindo ligar para casa da minha mãe, você liga e avisa para ela que vou me atrasar para o almoço”. É esse tipo de coisa, entendeu? Mas, eles gostam de saber com quem eles estão falando. E quando nós ligamos para dar o recado: “Ah, com quem eu estou falando?”. “É a Elaine.” “Ah, tudo bem?” “Tudo bem.” “Senhora está bem? Não está?” “Ah, eu estou doente ou não estou.” Entendeu? Então é uma coisa, uma relação, assim, muito próxima. E isso vem deles, é própria deles. Acredito que por ser uma empresa de família, mesmo apesar de ter tomado as dimensões que tomou hoje o grupo, né?
P/1 – E você acha que tem alguma diferença entre as gerações? Quantas gerações você já pegou e se existe alguma mudança aí, nas gerações.
R – Bom, quando eu entrei na Votorantim, os filhos do Doutor Antônio ainda não haviam começado a trabalhar na empresa, mas os filhos do Doutor José Filho já. Então, eu conheço o Doutor José Neto, desde a Praça Ramos. E hoje, já os filhos, por exemplo, do Doutor José Neto, já estão tomando, assim, um certo entendimento da empresa, eles estão iniciando as suas carreiras na empresa. Assim como os filhos, os netos mais velhos do Doutor Antônio Ermírio, então vão três gerações, né? Os pais, os filhos e agora os netos. Na realidade são três gerações.
P/1 – E o que muda de uma para outra?
R – Pouca coisa, na realidade. (riso) Porque é uma coisa que, como eu te disse, passa, entendeu? É uma coisa, assim, muito automática, passa de um para o outro. Mesmo as esposas gostam de saber com quem estão falando. E às vezes não ligam só para pedir coisas relacionadas à empresa, informações relacionadas só à empresa, pedem coisas particulares. Então elas gostam de saber com quem estão falando. Assim como os netos, né, deles, também. “Ah, é o Eugênio quem está falando, filho do Carlos, eu preciso do telefone do Anhembi porque eu quero visitar tal feira, então você vê para mim qual horário que é e quanto custa o ingresso, que eu te ligo daqui a pouco.” “Está bom.” Entendeu? Então, é, eu acredito que eles veem os pais fazendo e acabam fazendo também. Então é uma coisa que passa, realmente, de pai para filho. É uma coisa da família, acho que já é própria, não tem. Então acho que vai mudar muito pouco.
P/1 – E o lugar da mulher lá, Elaine? Você, quando entrou, havia poucas mulheres.
R – Havia. E ainda continuam sendo poucas mulheres. Não somos muitas. Cargo de chefia, na CBA, não tem nenhuma.
P/1 – Por quê, Elaine?
R – Eu acredito que ainda haja um certo... eu não diria preconceito, mas eles são um tanto conservadores a respeito disso. Acredito eu, não sei também se eu estou conseguindo chegar à realidade disso, tá? Mas, eu acredito que por eles serem, assim, a CBA é uma das empresas mais conservadoras, pelo que nós podemos ver, do Grupo Votorantim.
P/1 – Conservadora em que sentido?
R – Conservadora nesse sentido, de você não ver mulheres em cargos de chefia, por exemplo. As mulheres, quando chegam ao patamar de secretárias. Na própria CBA, não existe nenhuma gerente mulher. Não existe diretora mulher. Não existe uma supervisora de departamento, digamos assim, mulher. Então, eles são muito conservadores, eu acredito que ainda por esse lado. Eles estão mais habituados, pela diretoria ser, assim, de pessoas já de uma certa idade, que estão há muito tempo na empresa e cresceram juntos com a CBA. Então, eles estão muito acostumados a lidar com homens. Principalmente porque a CBA é uma indústria. E indústria é uma coisa mais ligada, assim, a homens. Porque é um rapaz vai até a sala [de?] fornos. Na época que a empresa foi fundada, há cinquenta anos atrás, não existiam engenheiras. Assim como não existiam, quase, engenheiras, na área industrial, há trinta anos atrás. Era muito difícil. Então, eu acredito que é mais, esse conservadorismo é mais por hábito de se lidar com homens. Porque a CBA É o engenheiro, é o gerente, é o encarregado. Exatamente por isso.
P/1 – Quando você entrou lá, em 1900 e...
R – 84.
P/1 – E 84. Havia alguma regra não explícita, quer dizer alguma regra em relação ao comportamento da mulher que trabalhava lá.
R – Ah, sim, mas isso tem até hoje. Há quanto à vestimenta, por exemplo, tá? Não se é permitido usar certos tipos de roupa. Porque também, se torna até inadequadas ao ambiente de trabalho, tá? Então esse tipo de regra sempre houve. Houve uma época em que quando a mulher casava, ela se desligava da empresa. Há muito tempo que isso não ocorre mais.
P/1 – Quando ela se casava com alguém da empresa ou quando ela...
R – Com alguém da empresa, tá? Isso me parece que, hoje, não ocorre mais. Então, algumas coisas, houve algumas mudanças, tá? Mas, o comportamento feminino, eu acredito, que não só na CBA. Mas em qualquer empresa que seja, assim, uma empresa que vem de muitos anos. A Votorantim tem oitenta e cinco anos. É uma empresa de muitas décadas. Então, ela tende a ter certos conservadorismos, que, eu acredito que não sejam tão desproporcionais assim. Porque é um prédio, você trabalha em um prédio comercial. Onde entram e saem várias pessoas. Você não pode se trajar de qualquer forma. Porque entram pessoas de todos os níveis lá. Desde um Olavo Setúbal até um motoboy. Você não sabe com quem você vai se deparar. Então, fica constrangedor até para você, mesmo estar, não estar vestida adequadamente, digamos assim.
P/1 – Mas vocês ficam em uma sala fechada?
R – Ficamos.
P/1 – E já...
R – É hábito. Não adianta. (risos)
P/1 – Mas, já aconteceu, por exemplo, de você falar há décadas com uma pessoa ao telefone, você conhece essa pessoa muito bem pelo telefone e um dia ela vai lá te conhecer. Já aconteceu isso?
R – Sim, já. Já. Eu conheci. Eu cheguei a falar, assim, eu conheço o Doutor Cruz há vinte e dois anos, que é o tempo que eu estou na Votorantim. Eu vim conhecer o Doutor Cruz, de Nova Iorque, há cinco anos atrás. Eu já o conhecia há quinze anos, eu nunca o havia visto pessoalmente. Aí, em uma das visitas que ele veio fazer ao Brasil, ele foi até nossa sala justamente para nos conhecer. Então, acontece muito isso. Pessoas que trabalham no grupo há muitos anos, que nós conhecemos por telefone há vários anos, tá? E que nós viemos a conhecer depois de dez, quinze anos. Acontece muito isso. Justamente porque a empresa é muito grande, né?
P/1 – E hoje em dia você acha que você recebe menos chamadas, em função dos celulares, mudou alguma coisa?
R – Hum hum. Não, não mudou. Eu acredito, que em um certo aspecto, piorou. Você já teve alguma chamada no seu celular que você não sabia de onde era o número? Você retornou a ligação? Que bom. Porque eu atendo ligação desse gênero todo dia. “Me ligaram daí.” Eu atendo “Grupo Votorantim, Companhia Brasileira de Alumínio, bom dia.” “Ah, ó, eu estou vendo esse número aqui no Bina do meu celular, tem uma chamada, aqui, não atendida que não deu tempo.” “A pessoa deixou recado, senhor?” “Não.” “Senhor, aqui é uma empresa, é o Grupo Votorantim, esse número que o senhor está identificando, aí no seu aparelho, tá, é de uma central telefônica que corresponde a um prédio com oito andares.” “Ah, mas dá você ver quem foi que me ligou, por favor. Vê aí quem foi.” “Senhor eu não tenho como, o prédio tem oito andares.” “Ah, mas pergunta aí, vai lá ver para mim quem foi, porque a pessoa me ligou, a pessoa deve querer alguma coisa comigo.”
P/1 – Isso piorou então?
R – Ham ham. É, a tecnologia nesse ponto piorou.
P/1 – E o que mudou, Elaine, na forma como as pessoas falam ao telefone, em vinte e cinco anos? Mudou?
R – Eu diria que as pessoas continuam com um certo problema de se fazer entender. Às vezes as pessoas não conseguem se expressar exatamente, dizer exatamente, assim, o que elas querem. Então liga: “Ah, eu sou Fulano de Tal, estou ligando de tal cidade, a minha empresa é tal.” Isso, o telefone chamando “A minha empresa é tal...” (riso) “E eu faço, fabricamos tal coisa e eu falei com uma pessoa aí, tal dia a respeito de um, uma nota fiscal.” “Mas essa nota fiscal é de qual empresa, senhor?” “Ah, é daí.” Mas pelos dados que ele me forneceu, porque eu já sei que, vamos supor que não, é uma empresa que fornece alguma, produto, alguma matéria-prima para celulose e papel. Eu viro: “Não, senhor, o senhor deve estar enganado. Não foi aqui que o senhor ligou”. Isso o telefone todinho chamando. E ele lá, falando comigo. “Eu acredito que o senhor tenha ligado na Votocel.” “Não, eu falei aí, a senhora pode procurar aí porque foi aí que eu falei. A senhora pode me procurar. A senhora passa.” “Mas, o senhor...” “Não, não sei.” Mas foi lá que ele falou. Entendeu? E não é lá que ele falou. Aí você pede à pessoa: “O senhor pode, por favor, ler para mim, aí, o que está escrito no documento.” Aí ele lê. Eu falei: “Senhor, olha, pelo endereço que está aí, pelo nome da empresa, não é aqui. É na Celpav, que fica, como está aí, na Alameda Santos. Então, o telefone lá é 3269 4669”. “Mas foi aí que eu falei.”
P/1 – E qual foi a pior situação que você já passou, Elaine?
R – É esse tipo de coisa, quer dizer, a pessoa está insistindo com você que foi lá que ela falou. E você sabe que não é. E você, às vezes, não tem como fazer a pessoa entender, porque ela está ligando lá e ela quer que você resolva o problema dela de qualquer forma. Ela não quer saber. E ela não quer fazer mais nenhuma ligação. “Aí não é Votorantim?” “É.” “Então, é aí que eu vou falar. É aí que vai resolver o meu problema.” Não interessa, entendeu? Esses dias, mesmo, houve um fato, assim, curioso. Eu já não sabia mais o que falar para pessoa. Ele fez um financiamento pela BV Financeira, comprou um carro. Esse carro era roubado. A agência fechou. Só que ele fez o financiamento no nome dele, não foi a agência que fez o financiamento na BV. E ele queria que a BV Financeira desse um jeito, ele já tinha cansado de ligar lá. Lá ninguém resolveu, então ele ligou na Praça Ramos porque nós: “Olha, a senhora vai ter que resolver para mim, a senhora vê aí quem é que pode resolver isso porque eu não vou continuar pagando esse carro, porque esse carro é roubado”. “Mas, senhor, aqui é a divisão de alumínio.” “Não, mas eu não vou ligar mais lá, porque lá ninguém me atende. Então a senhora procura alguém aí que possa me atender, que possa resolver esse problema para mim, porque senão eu vou aí na porta.” (riso) Entendeu? Tem esse tipo de situação.
P/1 – E situações, Elaine, em que vocês têm que dar uma notícia, ao mesmo tempo, para muitas pessoas. Por exemplo, o plano Collor, o que aconteceu?
R – É, foi complicado. Apesar de que na época a mídia cobriu isso muito bem, né? Houve, assim, um fluxo de ligações muito grande da parte financeira do próprio grupo, entre si. Porque eles tiveram que se adequar ao novo plano que estava entrando. E pegou muita gente desprevenida. Não só pessoas físicas, como pessoas jurídicas. E, na área financeira, na indústria, houve um baque muito grande na época. Então, nós trabalhamos, eu acredito que duas semanas seguidas só em função disso, da adequação da área financeira da empresa ao novo plano que havia sido inserido.
P/1 – E qual que é o papel de vocês, né, dessa comunicação interna, que vocês fazem uma comunicação interna.
R – Ah, sim. Nós ligamos de ramal para ramal. Às vezes o Seu Nelson Teixeira ligava, pedia para ligar com outro diretor, lá na fábrica, que é coisa de ele discar ramal, entendeu? Mas ele pede para gente fazer isso. Pedia e pede até hoje. Ou então ligar e falar assim: “Avisa as pessoas do departamento financeiro de, o diretor financeiro da CBA, da Mineira, da Votorantim Participações, que vai ter reunião em tal horário.”, né, na época que houve o Plano Collor. Então, nós fizemos também esse, intermediamos essa parte, digamos assim.
P/1 – E, você está há vinte anos...
R – Vinte e dois.
P/1 – Vinte e dois anos na Votorantim. O que mudou e o que não mudou?
R – O que mudou foi a tecnologia na área de telecomunicações, que hoje é muito mais fácil, você fala com o mundo inteiro em questões de segundo, tá? E o que não mudou foi a relação de pessoa para pessoa no nosso trabalho.
P/1 – Você acha que isso tem relação com a forma como os valores da família passam para o cotidiano de trabalho?
R – Com certeza. Como eu já lhe disse, isso é uma coisa da família que passa de geração para geração. Os filhos vêem os pais e as mães agindo dessa forma e a tendência é continuar agindo assim. Apesar de hoje, lógico, a tecnologia, a internet está aí. Se você clicar um botão no computador, você aciona informações do mundo inteiro. Mas, talvez por, até por uma questão de comodismo e de praticidade é muito mais fácil você fazer uma ligação e pedir que alguém verifique, cheque alguma coisa para você.
P/1 – É mais seguro também?
R – No que diz respeito a isso, com certeza. Porque você nunca sabe com quem você está falando do outro lado da linha.
P/1 – E como você sabe com quem está falando?
R – Eu já te disse, você acaba desenvolvendo um certo timing, como dizem. Pela forma da pessoa se expressar, você já sabe se ela está sendo coerente com o que, com o assunto que ela está dizendo que está levando ela a fazer a ligação, e se ela é quem diz que é.
P/1 – E como você aprendeu isso?
R – Foi, realmente, durante o período de trabalho, entendeu? No cotidiano, no dia a dia. Você acaba tendo que ter uma certa perspicácia. Você tem que saber falar com a pessoa, para arrancar dela a maior número de informações possíveis, para poder, inclusive, fazer o seu trabalho bem feito. Eu não posso anunciar uma ligação dizendo que é o nosso governador Geraldo Alckmin na linha e passar essa ligação e não ser ele. Eu não posso fazer isso. Então, eu tenho que ter certeza de com quem eu estou falando. E isso você aprende, realmente, no dia a dia. Não tem, não tem uma fórmula, assim, de dizer “você faz isso que você vai ficar”, sabe? Você vai ter uma noção exata. Não.
P/1 – Mas, você diria que hoje você tem menos dúvidas do que quando você começou?
R – Ah, com certeza. Hoje é muito mais fácil. Hoje eu já sei que, se vai atender ou não, como eu lhe disse. Se é conveniente ou não eu chegar mesmo, até, a anunciar. Porque às vezes nós não chegamos nem a anunciar a pessoa. Ou nós mesmos pedimos desculpas e damos, sei lá, falamos alguma coisa ou então nós passamos para secretária, mas já avisando: “Olha, é tal pessoa que está ligando”. “Ah, não, então realmente passa aqui porque não vai dar.” Você já aprende a ter um certo... E isso é uma coisa que você adquire, realmente.
P/1 – E você não tem celular?
R – Tenho. Tenho, mas eu não retorno ligação de número que eu não conheço. Você acredita que retornam, que ligam para mim de celulares de outro Estado, fazendo esse tipo de pergunta. Você sabe quanto custa uma ligação de um celular para um telefone fixo interurbano? (riso) E a pessoa fica insistindo com você para saber quem foi e você não tem, eu não tenho como saber quem foi que ligou para pessoa. É muita incoerência, né?
P/1 – E, Elaine.
(Pausa)
R – Já falei demais.
P/1 – É que você fala bem. Como, mas vocês não são telefonistas, não.
R – É.
P/1 – Telefonista é aquela que passa a ligação. Ela não, ela não tem nenhum tipo de crítica a fazer nem a quem está ligando, nem a quem...
R – Ah, sim.
P/1 – Você concorda?
R – Com certeza.
P/1 – Vocês têm um trabalho muito específico, né?
R – Isso é verdade.
P/1 – Isso é específico.
R – Porque na realidade...
P/1 – Mas desde que entra é assim? Ou vai ficando assim? Não é todo mundo que fica assim, também, né?
R – Nós que estamos lá, já estamos lá há um certo tempo, né?
(Pausa)
R – Nós que já estamos lá há um certo tempo, no departamento de telefonia, a mais nova, que é a Marli, ela tem sete ou oito anos, mas de CBA. Ela já havia trabalhado anteriormente na Votorantim, junto conosco. Então, eu tenho vinte e dois anos, a Shirley tem trinta anos de empresa. Então, nós adquirimos isso quando nós entramos lá, por intermédio da Dona Zezinha, que nos ensinou como ter esse time, entendeu? Aprender a fazer as perguntas certas, para obter as respostas certas. Então, foi assim que nós aprendemos a trabalhar. Agora, você chegar e ter a certeza de que... Uma temporária, por exemplo, que vá cobrir as nossas férias, isso só, nesses anos todos que eu estou na CBA, nesses onze anos que eu estou na CBA, e mesmo os onze anos que eu fiquei na Votorantim, só teve uma férias nossa que foi coberta por uma temporária. E, mesmo assim, porque foi uma pessoa que eu indiquei, que eu já conhecia, que eu sabia que tinha idoneidade suficiente para trabalhar lá. Porque nós temos acesso a informações que não podem vazar. Nós ouvimos coisas que não podem vazar. Nós temos telefones e endereços que não podem vazar. Então você não pode contratar qualquer pessoa, sem saber quem é essa pessoa, entendeu? É uma coisa muito difícil, porque você acaba colocando, de certa forma, informações muito particulares na mão de pessoas que você não sabe exatamente quem são.
P/1 – E como você faz, você não tem férias?
R – Tenho. Uma cobre as férias da outra. Nós cobrimos umas as férias da outra. Porque é muito delicado isso, né?
P/1 – E Dona Zezinha, ela treinou todas vocês, né?
R – Todas nós. Mesmo uma telefonista que está na Rua Amauri, a Cida, também foi treinada pela Dona Zezinha.
P/1 – E você sabe onde ela aprendeu a ser telefonista desse jeito?
R – Não. (riso) Não sei, não faço a menor ideia. Mas ela era, realmente, muito profissional, tanto é que ela trabalhou, praticamente, a vida toda dela com eles, mais especificamente.
P/1 – Está bom. E, Elaine, o que você acha que é o mais fundamental no papel da Votorantim no desenvolvimento do país?
R – A Votorantim é muito importante no desenvolvimento do país no que diz respeito a novas empresas, geração de emprego. E toda vez que ela abre uma nova empresa, ela está gerando, mesmo que por terceiro, novas tecnologias. Está trazendo para o país novas tecnologias. Como, por exemplo, na CBA tem, nós temos equipamentos que vieram da Alemanha, que é uma tecnologia nova no país, que foi introduzida pela CBA, Grupo Votorantim. Assim como na área de celulose e papel, muita tecnologia foi introduzida dentro do país para que se fizesse um bom produto. Consequentemente, tiveram que se contratar profissionais competentes, geraram-se mais empregos. Gerando-se mais empregos, se gera mais fluxo financeiro. Então, ganha-se emprego, ganha-se financeiramente, ganha-se no comércio. E ganha-se também no aspecto governamental do país, lá fora. É um marketing para o país lá fora isso, com certeza. Uma empresa muito bem conceituada no mercado lá fora, uma empresa totalmente brasileira. Totalmente brasileira, isso é um marketing, para o Brasil, que abre portas. E muitas portas. O ministro Furlan, mesmo, mediou vários negócios, como, por exemplo, da Sadia, que é uma empresa totalmente brasileira, assim como a Votorantim, por quê? Porque a Sadia é, assim como a Votorantim, uma excelência no que faz, e é um marketing para o Brasil lá fora. Assim é a CBA, o Cimento Votorantim, a Cepav, a Citrosuco, que é empresa de suco, que exporta suco até para Flórida. Então, o Grupo Votorantim, ele não é uma empresa vista só no âmbito estadual, no âmbito de nação, como Brasil. Mas eu acredito que ela seja vista no âmbito mundial. Porque hoje ela atinge o mundo inteiro. A Votorantim tem negócios com o Japão, na Europa, na América do Norte. Ou seja, no Mundo inteiro.
P/1 – E sendo assim, qual você acha que é a importância de se resgatar essa história de quase noventa anos?
R – É muito importante para você ver como a dedicação, não só de uma família, mas de um todo, porque a Votorantim acaba sendo um todo, ela cresce como um todo, junto. Então é um esforço, e foi, no começo, o esforço de uma família, depois acabou sendo esforço de alguns empregados. E hoje é o esforço de milhares de pessoas. Que elas sabem que a Votorantim, nós, os funcionários, sabemos que a Votorantim crescendo, criando mais patrimônio, abrindo mais divisas, vai ser muito melhor para nós como pessoa, vai ser muito melhor para o Estado de São Paulo, onde a sede da empresa está situada, e muito melhor para o Brasil. Então, isso é muito importante para as futuras gerações verem o quanto foi difícil chegar até onde se chegou, os caminhos que foram trilhados, as dificuldades que se tinham, né, no início. Porque era tudo, acredito eu, muito arcaico, porque há oitenta e cinco anos atrás, ou há oitenta, há setenta anos atrás, você iniciar uma fábrica de cimento. A tecnologia deveria ser muito precária. Ou mesmo uma fábrica de tecido, uma fábrica de curtume, como teve no início. Isso tudo era muito precário, então exigiu muito, tanto dos donos da empresa, como dos funcionários. E isso é muito importante para as próximas gerações verem que as coisas, você não pode obtê-las, assim, do nada. Você tem que trabalhar para isso. Você tem que se esforçar para isso. Você tem que querer isso. Não basta você chegar e dizer assim: “Ah, eu vou montar uma fábrica de suco de laranja”. Aí, você vai lá, compra uma fazenda, planta uns pés, colhe as laranja, vai lá e pronto. Não, não é só isso. Você tem que verificar se essa terra é boa para plantar laranja. Você tem que ter pessoas competentes para fazer esse trabalho. Você tem que estar lá para averiguar isso. Você tem que acompanhar todo o processo. Porque eu acredito que seja isso que faça com que as coisas andem, realmente. Não só por parte dos donos da empresa, como dos próprios funcionários. Você se dedicar ao que você faz, você gostar do que você faz, leva com que você se dedique ao que você faz. E faça, e faz com que você faça bem isso. Então, importante, sim, para as futuras gerações, verem isso, para terem uma ideia de quando chegar, falar assim: “Ah, eu quero ser engenheiro. Um engenheiro químico porque eu vou trabalhar na Nitro Química. Porque eu gosto. Mas eu vou trabalhar porque eu gosto de Química. Então, eu vou tentar fazer o melhor possível nessa área para fazer essa empresa crescer. E junto, eu vou tentar passar isso para quem trabalha junto comigo, para que não só eu e a empresa cresçam, mas que como se cresça como um todo”. Porque eu acredito que foi assim que a Votorantim cresceu nesses quase noventa anos.
P/1 – E que você acha do projeto Memória?
R – Ah, eu acho bárbaro. (riso) Eu acho superbacana. Eu acho que foi uma ideia, assim, superlegal, resgatar tudo isso. Resgatar um período que são oito décadas. É muito tempo. Então, tem muita história. São histórias de muitas pessoas, que formam uma história só na realidade, né? Então, são muitas vidas que contribuíram para uma história muito grande, tá? Mesmo para história de São Paulo, tá? O nosso prédio era um hotel, um dos hotéis mais chiques de São Paulo. Primeiro hotel, assim, chiquetérrimo da época, né? Ligado ao Teatro Municipal. E hoje, você trabalha ali dentro, tá? Mas você sabe que ali foi um lugar, onde passaram muitas pessoas importantes e que elas também fizeram parte da vida de São Paulo. E depois que o prédio passou a ser da Votorantim, outras pessoas vieram, outras pessoas fizeram parte daquilo tudo. E é importante que cada um tenha, assim, nem que seja um pedacinho da sua história, né, contada, porque um pedacinho de cada um acaba formando a história toda, que é o grupo todo hoje.
P/1 – E o que você achou de contar a sua história?
R – Ai, assim, eu nunca dei entrevista. E você ficar falando de uma coisa que você gosta muito, você não tem, assim, muito limite, né? Então, eu sei, eu já falo demais por várias razões: por ser descendente de italianos, por gostar de falar demais e eu estou falando de um assunto que eu gosto muito, que eu gosto muito da história do Grupo Votorantim. Eu acho muito interessante. Eu gosto da história da família. Eu gosto da história das pessoas que trabalham ali, como o Seu Nelson Teixeira, por exemplo, ele entrou lá office boy, hoje ele é diretor de empresa. Ele tem a maneira dele muito peculiar de ser, ele é uma pessoa muita querida. Então, você vê a trajetória, tá? É claro que eu não o acompanhei desde o início. Mas, assim, você saber da trajetória dele e do que ele é hoje, e da maneira como ele é, você conhecer a família dele, entendeu? Esse tipo de coisa. Então, é bacana. Eu acho legal. Então, eu acho superbacana essa ideia que vocês tiveram de resgatar toda a história do Grupo Votorantim, incluindo nele, assim, os seus funcionários desde o menor escalão até o maior escalão. Porque a Votorantim é a história de muitas pessoas, não é a história de uma pessoa só. Não é a história de uma família, é a história de muitas famílias, de muitas pessoas, que ajudaram, como um todo, a Votorantim hoje ser o que é.
P/1 – Então está bom.
R – Chega, né? (riso)
P/1 – Então, a Votorantim te agradece e o Museu da Pessoa também.
R – Ai, obrigada.
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