Programa “O Que te faz Sorrir?”
Depoimento de Cezar Maracujá
Entrevistado por Rosana Miziara e Márcia Trezza
São Paulo,
Realização Museu da Pessoa
CN_CB009_Cezar Maracujá
Transcrito por Mariana Wolff
MW Transcrições
P/1 – Você mora no Rio ou mora em São Paulo?
R – Moro no Rio de Janeiro.
P/1 – Seus pais são de lá, sua família é de lá?
R – São, todo mundo do Rio de Janeiro.
P/1 – Que lugar que você mora?
R – Moro em Realengo. Zona oeste.
P/1 – E você mora lá desde que era criança?
R – Desde criança, nascido e criado em Realengo.
P/1 – Como é que era Realengo quando você nasceu, na época em que você era criança?
R – Então, Realengo sempre foi um lugar tranquilo, ainda é um lugar tranquilo. É zona oeste, é subúrbio, então, tipo, eu acho muito divertido, eu não consigo sair de Realengo. Eu sou o Zeca Pagodinho de Realengo, entendeu (risos)?
P/1 – Por quê que você acha divertido?
R – Porque é mais contato com o povo, sabe? A galera… sem contar que a galera gosta muito de mim: “Pô, tá honrando o realengo, Maracujá, isso aí, vai lá”. E tipo, eu já tive a oportunidade de sair, o Rafael Portugal também que é do Porta dos Fundos, também, ele é de Realengo, a gente começou junto, e ele saiu de Realengo pra ir para o bairro do lado, sabe? A gente não gosta da zona sul, a gente quer o contato, a gente quer isso aí, galera tá fazendo churrasquinho. Coisa que só acontece no subúrbio, todo mundo: “Oh, oh”, todo mundo conhece todo mundo. Eu tenho preguiça, eu acho que eu tenho preguiça, sabe? Eu tenho preguiça de me mudar e falar: “Caraca mano, agora eu vou ter que conhecer a vizinhança toda de novo! Vou ter que conhecer todo mundo”. Lá eu ponho minha… eu ponho um joelho na dona Marli: “Põe na conta ai”, aí no final do ano eu pago”, sou bem suburbano mesmo, cara! (risos)
P/1 – O quê que você fazia na infância? Quais eram as suas brincadeiras de infância?
R – Então, na infância, por incrível que pareça, eu sempre fui bem na minha, bem introspectivo, eu sempre ficava na minha, eu era mais com a família, com o meu avô, ficava jogando videogame, era videogame, meu avio me dava todos os videogames, eu tinha tudo quanto era videogame. E eu era CDF no colégio, era estudioso, pô, só notão, melhor aluno do colégio! Depois que eu fui mudando, depois, na adolescência que eu fui mudando, que eu fui saindo e conhecendo…
P/1 – Quais eram as suas brincadeiras favoritas na infância?
R – Na infância era videogame, era pau na lata, não sei como que é em São Paulo, não sei como é que é (risos) pique bandeirinha. Brincadeira de criança, eu acho que eu peguei a última geração que o pessoal ainda não tava nessa de celular, internet, tal. Peguei a geração do ano de 90, então, era só brincadeira na rua, mesmo. Pique esconde, policia e ladrão, essas brincadeiras de rua, mesmo. Eu brincava de todas, ali, tava com os amigos, então era sempre divertido.
P/1 – E em quantos irmãos vocês são?
R – Sou filho único… tenho irmã de parte de pai, só, mas não tenho muito contato, sou filho único, sou mimado (risos).
P/1 – E o quê que o seu pai faz ou fazia?
R – Meu pai? meu pai trabalha na Fundação Osvaldo Cruz, cara eu esqueci o que meu pai faz, eu não tenho muito contato com o meu pai (risos), eu tive há pouco tempo contato com o meu pai, descobri. Eu nunca tive muito contato com o meu pai, né, tipo, há pouco tempo, eu comecei a ter mais contato que o meu pai é fã do meu trabalho. Eu fui na casa do meu pai, meu pai tem uma playlist dos vídeos lá do Parafernalha, do Canal Ixi, ele sabe as falas que nem eu sei, cara, que doideira!
P/1 – E a sua mãe?
R – Minha mãe…
PAUSA
R – A minha mãe é aposentada, ela era professora de Inglês e Espanhol. Aí, tá de boa, agora.
P/1 – E você conviveu com quem mais da sua família, avós, primos?
R – Então, minha infância foi praticamente eu, minha mãe, minha vó e o meu avô. Era isso. Agora hoje, eu moro sozinho. Eu moro sozinho (risos) duas casas do lado da casa da minha mãe, eu sou muito preguiçoso, cara! Eu vou lá pra pedir almoço, eu não sei cozinhar nada (risos).
P/1 – E tem alguma história da sua infância hoje que quando você lembra você sorri ou dá risada?
R – Da minha infância? Infância, infância… caramba! Eu não lembro muito, cara, eu tenho umas… eu não lembro muito da risada, tem umas coisas que aconteceram muito loucas, eu acho que quando eu fui para o Paraná com a minha vó, que ela sempre conta essa história, eu falo: “Cara, como é que eu fazia isso e não morria?”, tá ligado? Minha vó falou que tinha uma horta lá no Paraná e eu ficava mexendo na horta lá e de repente, eu fui botar a mão na horta, tinha uma lagarta, uma lacraia que pegou, mano, e eu comecei a gritar que nem maluco, e minha vó não sabia o quê que era e eu gritando! Que eu era criança, sei lá o quê que era, só tava ardendo a minha mão, aí tive que ir no médico, aí fiquei o maior tempão lá e no outro dia, eu botei a mão de noivo no (risos), na mesma planta, era muito idiota, cara! Ah, era criança, né, então tá de boa.
P/1 – Mas você disse que da infância pra adolescência, você deu uma mudada…
R – Dei uma mudada.
P/1 – O quê que aconteceu que você mudou?
R – Eu sempre fui meio que na minha, eu não tinha muitos amigos na rua, era mais amigos de colégio, que: vou na casa do amigo, depois, meu avô me busca ou o amigo vem na minha casa, a gente fica lá à tarde toda e depois, os pais buscam e tal. Aí, pô, fui crescendo e tal e comecei no caso a já ficar um pouco menos dependente. Ia para o colégio sozinho, aí comecei a fazer amigos com a galera da rua e aí, tu fica adolescente, começam a surgir as festinhas e você: “Pô, quero curtir uma festa e tal”, você vai pra festa, aí você descobre como é que é, aí começa: “Pô, tenho que ter uma namorada”, e eu nunca fui fisicamente bonito, né, aí, tinha que tentar o desenrolo sendo engraçado. Aí: “Pô, vamos chegar naquela menina ali, mas vamos chegar inventando uma história que a gente faz, e depois você vem e fala comigo”, a gente fazia um teatro praticamente, era uma peça pra conseguir um selinho, só (risos), era muita coisa, roteiro… não, roteiro não tinha não (risos). Cara, a gente fazia uma parada muito louca, chegava engraçado e interpretava, olha isso, um teatro interpretando para conseguir selinho de menina nas festas. Aí, todo mundo falava: “Pô, vocês são engraçados, vocês fazem teatro?” “Não, não faço teatro, não” “Pô, vocês tinham que fazer teatro”, eu falei: “Tá, beleza, tenho que fazer teatro…”
P/1 – Quem falava que você tinha que fazer teatro?
R – As meninas, o pessoal, mesmo que andava com a gente, conhecia a gente nas festas…
P/1 – Que amigo que era esse?
R – Era o Goiaba, olha, Maracujá e Goiaba, era o bonde do hortifrúti lá em Realengo. Maracujá, Goiaba, tinha o Carambola, tinha o Limão, quem mais que tinha? Banana, Açaí, porra, tinha uma galera com nome de fruta, cara, era bonde do hortifrúti, mesmo, bonde do HF.
P/1 – E nessa fase da vida, que você tava no colégio, você tinha alguma coisa assim: quando eu crescer, eu quero ser…?
R – Ah, desde pequeno, como eu gostava muito de videogame, eu falava: “Pô, eu quero trabalhar, fazer uns jogos de videogame”, minha parada era essa: “Vou trabalhar fazendo jogos de videogame”, aí então, vamos seguir então na época que eu tava, beleza, acabou ensino médio, eu falei: ‘Vou fazer um curso técnico”, que eu queria fazer um curso técnico, meu pai trabalhava com informática, aí eu falei: “Pô, informática, profissão do futuro!”, na época era profissão do futuro, hoje todo mundo formata o computador, tranquilo. Lá, eu: “Quero fazer curso técnico”, fiz de informática, estagiei, aí acabou o meu estágio, eu falei: “cara, agora eu quero fazer uma faculdade”, e aí, eu já dei uma mudada na hora da faculdade, eu fui pra Publicidade. Comecei a fazer Publicidade: “Pô, que maneiro”, esse lance de ser criativo, sabe? Eu acho muito divertido de você chegar e falar: “Pô, eu quero mostrar um trabalho”, o pessoal fala: “Pô, que maneiro, que ideia, que sacada genial”, eu achava isso muito legal. E no decorrer da faculdade, abriu um curso de teatro, aí…
PAUSA
R – Aí na faculdade de Publicidade, abriu um curso de teatro, falei: “Caraca, tá aí, todo mundo fala pra eu fazer teatro”, já fazia uns videozinhos no YouTube, já, dublando música e aí, a galera: “Faz teatro, faz teatro”, vou fazer teatro, aí entrei no teatro, fiz, gostei muito, aí eu comecei fazer os vídeos para o YouTube, aí eu tive um problema na faculdade, que eu não consegui pagar e acabei trancando a faculdade, falei: “Vou juntar uma grana e vou voltar”, nesse momento que eu falei: “Vou trancar e vou juntar uma grana”, aconteceu uma porrada de coisa aí…
P/1 – O quê que aconteceu?
R – Aconteceu que os vídeos do YouTube deram um boom na época e o YouTube nem pagava, então a gente fez uns vídeos, fazia uns vídeos com um série chamada: “Como surgem os funks”, aí você falava: “Pô, cara…”, YouTube nem pagava, era pura diversão, mesmo…
P/1 – Mas quem que teve essa ideia?
R – Eu que tive a ideia, aí montamos um grupo chamado Os Bilubeis era o nome do primeiro grupo, Os Bilubeis, a gente falou: “Pô, vamos fazer”, tive a ideia da série “Como surgem os funks”, queria mostrar que o funk surge assim, no dia a dia, do nada, numa situação normal e aí, o negócio funcionou, eu falei: “Caraca, a gente tem cinco mil acesos”, e era diversão, era ideia na cabeça e uma câmera na mão, não tinha muita produção, era diversão, mesmo, tipo, molecada, mesmo. E aí, o Não Salvo que era um blog bastante famoso na época e era mais famoso ainda postou. Postou seis vídeos nossos de uma vez só. Aí, e um dia antes eu tinha falado para um amigo meu, falei: “Pô, cara, imagina, a gente dorme, acorda e tem acesso pra caramba!”, juro pra você! No mesmo dia, eu dormi, acordei, assim, meio sonolento, abri o computador aqui assim, eu falei: “Tá de caô?”, cem mil acessos, F5, F5 pra ver se era problema do computador, F5, F5, falei: ‘o que é isso, meu irmão? Cem mil acessos? “Vini, moleque, com mil acessos!”, ele: “Quê?” “Cem mil, vai logo lá no YouTube” “Como isso?” “O Não Salvo postou, agora a gente tá rico”, não tava rico, na verdade nem pagava, né? Ele: “Tamo famoso”, e aí, a gente começou a investir nos vídeos: “Caraca, agora a gente tem um publico, temos fãs ai”, e a gente começou: “vamos comprar uma câmera melhor, vamos comprar um tripé, vamos investir na nossa produção”, e começou a virar um trabalho de fato.
P/1 – Mas aí, você ganhava dinheiro como pra investir?
R – Eu trabalhava, trabalhava com… eu já trabalhei em gráfica, trabalhava na loja do meu padrinho fazendo a parte de marketing, tal, mas aí depois disso… (risos), que é muito engraçado, cara, eu já trabalhei de boy, já trabalhei em muita coisa. Aí eu lembro que os dias bombaram, ao mesmo tempo, a gente fazia uma peça dirigida pelo Rodrigo Santana na época, aí a gente fez três peças, aí nas três peças eu falei: “Caraca, ganhei mais do que ganho no meu trabalho”, pedi demissão. Nunca mais ganhei o mesmo que o trabalho (risos), eu falei: “Caraca, droga, fiz uma merda, cara”, aí falei: “Agora eu já fiz, vou investir”, aí começamos a investir. Aí, o canal foi crescendo, aí a gente começou a fazer umas peças e tal e falando: “Pô, o online ajuda o off-line, o off-line ajuda o online”, e começamos a trabalhar e foi quando a Parafernalha me chamou pra ser roteirista, entrei como roteirista lá…
P/1 – Como que foi? Como é que você…? Como que a…?
R – Então, a Parafernalha, tava eu e o Portugal, a gente tinha o grupo Os Bilubeis, aí a gente teve uma discussão, aí cada um foi para um canto e ficou eu e o Portugal de um lado, assim: “Pô cara, a gente tem que fazer alguma coisa”, e o Paulinho Serra ajudando bastante a gente na época, né, que foi o nosso padrinho, apadrinhou a gente bastante, o Paulinho Serra, que também é lá da área, Bangu, Realengo, Campo Grande. Aí, acho que ele pensou: “Pô, esses caras são fudido que nem eu, mano, eu vou ajudar eles”. Aí, ele ajudou a gente, criou o Canal Ixi. E tava começando a fazer o Canal Ixi, postar algumas coisas, aí o Portugal tinha um contato lá, o Rafael Almeida que era amigo do Felipe Neto, aí o Portugal deu uma ideia lá pro Rafael Almeida que mostrou para o Felipe Neto, o Felipe Neto falou: “Vem cá, vamos gravar pra Parafernalha”, aí o Portugal: “Vai lá, Maracujá, vamo comigo” “Beleza, vamos lá, tô de bobeira, desempregado”, aí eu fui. Aí cheguei lá, conheci a equipe, aí ajudei, até participei do vídeo, olha que doideira, participei do vídeo, também. Aí eu falei: “Pô, escrevo roteiro, tô de bobeira, posso mandar uns roteiros pra vocês?” “Pode”, peguei o contato, mandei os roteiros, aí no outro dia, o Felipe Neto me adicionou no Skype e falou: “Aí, Maracujá, a galera curtiu teu roteiro, vem numa reunião aqui amanha” “Tá, beleza”, aí fui pra reunião, foi entrevista de emprego mais louca e mais fácil da minha vida, juro pra vocês. Cheguei lá, o Felipe Neto: “Entra aqui na minha sala”, eu entrei. “A gente gostou do seu roteiro”, eu falei: “Pô, valeu!” “Quer trabalhar aqui?” “Já é!” “Pode começar amanhã?” “Amanhã não, me dá mais uma semana, só pra eu resolver um negocinho” (risos), e comecei a trabalhar no Parafernalha, foi a entrevista mais assim, quatro palavras e eu tava trabalhando.
P/1 – E como é que foi esse começo, lá?
R – Começou, foi legal… pô, eu já tinha bastante roteiro escrito, eu escrevia e aí, pô, ficava aquela ansiedade, tipo: Ih, o meu roteiro foi pro ar, será que o publico vai gostar? Vai dar like? E aí, foi bem aceito, a galera elogiando. Até então, era só roteirista, só roteirista. De repente… mas eu fazia, eu atuava no meu canal, só que eu não cheguei lá para ser ator, aí teve um roteiro meu que ia ser gravado e o ator que ia fazer o papel lá do bandido não foi. Aí, o diretor que era o Ozires, na época, chegou e falou: “Aí, Maracujá, tu atua, não atua?” “Atuo” “Quer fazer esse papel aqui do bandido? O roteiro é seu, mesmo”, falei: ‘”Tá, já é”,. aí fiz. Aí, galera curtiu, a galera, pô, elogiou a atuação, falou: “Maneiro e tal”, aí eu comecei a atuar…
P/1 – Como que era o papel do bandido, você lembra?
R – O vídeo era “Assalto sem arma”, era um bandido que ia assaltar e quando ele chegava pra assaltar, ele: ‘Ih, esqueci a arma. Espera um minutinho aí, irmão, rapidinho, não sai daí não”. “Pô meu parceiro, esqueci a arma, tem como eu te assaltar aí na moral?” “Sem arma, não é não” “Achei a arma, aqui a arma, aqui a arma, passa a grana, passa a grana” “Mas é seu dedo” “meu dedo não, pô”, ele pegava: “Aí, pô, doeu cara”. Era um bandido sem arma, “Assalto sem Arma”. Fui eu e o Isaú, o Isaú que hoje trabalha comigo no Canal Ixi, também, é um dos sócios comigo. Mas foi bem divertido, foi assim, parece que a minha vida foi meio que do nada, sabe, eu não fiquei enchendo o saco de nada…
P/1 – Que outra história da Parafernalha você…
R – Ah, Parafernalha tem muita, cara, tem muita. Tem… esse negócio de arma, eu sempre fico com medo quando eu vou gravar com arma, a gente já teve de policia. Policia. A gente tava gravando, eu tava com o uniforme da policia, a gente tava gravando de boa, aí chegou um PM: “Com licença, o senhor tem autorização para estar usando a roupa da PM?” “Não, é só a camisa, só, não tem nada aqui, não tem falando qual é o Batalhão”, aí ele olhou pra mim e falou: “É da PM, sim, a cor é igual a minha, o coturno é igual ao meu, então é da PM, então eu quero saber se os senhores têm autorização” “Mas não sou eu, é a produção”, aí: “Produção!”, aí chamei, aí veio falar, aí foram pra lá, aí daqui a pouco: “É o seguinte, ou os senhores tiram esse uniforme ou vai todo mundo preso”, aí eu falei: “Pô, vou tirar, né?” (risos), depois pensei: tinha que me levar preso mesmo, que ia dar um marketing, um ibope assim, ia ser noticia, não ia dar em nada essa coisa, mas os caras acharam que a gente era do Porta dos Fundos. “Eu conheço vocês, vocês ficam debochando aí com os esquetes da policia” “Não, esse é o Porta” “Não vem com esse papinho, não, não vem com esse papinho, não, que eu sei que é vocês” “Tá bom”. Teve vido lá, aí o Portugal num ônibus, era “Compre as nossas balinhas”, são dois vendedores ambulantes que entram num ônibus cantando música, aí: “Quem vai querer as nossas balinhas?”, aí ninguém levanta a mão, aí: “Ah que pena, olha, ninguém levantou a mão. Ei, Damião…”, era Cosme e Damião, “Olha aqui o que eu tenho na minha cintura”, era uma arma, aí: “Tá vendo essa arma? Compre as nossas balinhas antes que a nossa bala fure a sua cabecinha”, aí era tipo para mostrar que as pessoas fazem vendas forçadas, é tipo, eles não iam assaltar, só estavam falando: “Compre senão, pode acontecer alguma coisa”, só que foi gravado num ônibus e o ônibus ficava rodando e era ônibus de… não era de passeio, era ônibus mesmo de linha, ficava rodando ali Flamengo, centro da cidade, Flamengo, centro da cidade. Aí, a gente tava numa ponta do ônibus e o diretor na outra, lá, tipo o ônibus tá passando e tem os figurantes todos sentados, mas não sabe que é figurante, e o pessoal de fora vê. Eu falei: “Caramba, vai dar problema Portugal”, quando eu levanto isso aqui, aí eu levantei, tá a arma aqui, aí eu fiz a cena e falei: “E aí, foi?”, aí o diretor: “Mais uma”, eu falei: “Mais uma, não, cara. Mais uma, não, tá bom essa, vai dar problema, alguém lá de fora pode ver” (risos), aí falei: “Portugal, a gente vai toma-lhe uma que nos cornes aqui do nada, cara”, aí eu lembro que quando eu fiz assim numa cena, a gente olhou para o lado de fora, tinha um maluco andando na rua, assim, tranquilão, aí ele olhou pro ônibus, fez assim, olha, aí travou, virou e saiu andando, eu falei: “Caraca, mano, vai chamar a policia, cara” (risos). A gente já passou por muitas na Parafernalha, muita coisa, muita coisa louca. E aí, geralmente é externa, quando a gente faz uma gravação externa, sempre dá umas coisas muito loucas.
P/1 – E aí, como foi sendo o acesso, o público? Como foi crescendo?
R – A Parafernalha, eu já cheguei lá, tinha o Felipe Neto que o Felipe Neto já era bem conhecido na época, eu cheguei na Parafernalha antes dela bater um milhão de inscritos, então já era um canal que na época tava revolucionando, tava fazendo esquetes bem produzidas. Então, quando eu fiz o primeiro vídeo, aí começou a galera a aparecer mais, falei: “Caramba, agora tenho bastante fãs e tal”, e a galera me adicionando nas redes sociais, Facebook, Twitter, Instagram, e eu falei: “Caraca, é uma coisa diferente”, eu respondia, eu sempre respondo até hoje todo mundo, sempre paro e respondo todo mundo, porque eu lembro que quando eu comecei, eu tentava falar com as pessoas e não recebia resposta, achava isso meio chato. Então sempre que possível, eu gosto de responder a galera, dar um “Salve”, um “Oi”, pelo menos, falar: “Ouvi a sua mensagem”. Eu acho que isso é o que a galera mais gosta de saber que pelo menos alguém viu e falou um “Oi” com você, porque sem eles, né, não acontece onde eu tô agora, porque é preciso que a galera me assista e goste do meu trabalho. E a Parafernalha foi de um milhão, dois milhões, três milhões. Hoje tá com nove milhos e 200 mil, quase batendo dez milhões e junto, eu cresci com o Canal Ixi, que era meu, do Portugal, Isaú e Alan Ribeiro, que hoje, o Canal tá batendo um milhão. Então é um milhão o meu e o Parafernalha que eu sou contratado…
P/1 – Você tá nos dois?
R – Eu tô nos dois, nove milhões.
P/1 – No Ixi você foi focando como? Como que ele foi crescendo?
R – O Ixi foi praticamente junto com a Parafernalha. A gente tinha a galera lá, a gente ia produzindo, porque na Parafernalha, eu trabalhava de segunda à sexta e o Ixi dava pra gravar no sábado e no domingo. Então, era mais tranquilo e a gente sempre foi produzindo, uma esquete, uma esquete, é uma esquete por semana no Ixi e duas esquetes por semana na Parafernalha.
P/1 – E no Ixi você é remunerado por quem?
R – No Ixi, é o AdSense do YouTube e já como é nosso, a gente tenta procurar patrocínio, alguém querendo fazer publicidade no nossos canal, então, quando alguém chega… a gente já fez para a C&A por exemplo, a gente já fez para jogos online: “Vou dar tanto, vocês vão divulgar, fazer uma esquete”. e sendo que o Ixi também é uma peça, então, primeiramente comédia, que é de stand up e personagens, então a gente ganha por fora sempre com o Ixi. Aquela coisa, tipo, a galera que curte o Ixi vai na nossa peça e a gente faz o dinheiro sendo off-line. Praticamente assim.
P/1 – E você tinha algum ídolo ou algumas pessoas que te inspiraram?
R – Na comédia ou…?
P/1 – Na comédia e na vida.
R – Eu acho que eu tive dois ídolos, dois ídolos mesmo, galera que eu… pô, eu achava muito da hora, eu acho que é ídolo de muita gente no Brasil, Ayrton Senna, que eu cheguei a falar: “Vô, vou correr, me leva pro kart, tal”, achava daora, eu acordava cedo de manhã pra ver o Ayrton Senna, e você vibrava e todo mundo vibrava, era tipo jogo de futebol, mesmo. Hoje, infelizmente, a gente não tem mais esse costume com a Formula 1. E Mamonas Assassinas. Foram dois ídolos, que infelizmente, faleceram, cara, muito louco isso. mamonas, na época que eu era criança, devia ter seis anos e tal, pô, era diversão, comprava as coisas, comprava camisa, sabia todas as músicas, fazia o meu avô cantar comigo (risos) e ficar dançando “Vira, vira, vira:. Pô, Mamonas foi estrondoso o sucesso. Não tem como falar: “Não gostei, não escutei”, até hoje, você escuta a música dos Mamonas e se você tá numa festa e toca Mamonas, tu vai dançar, não tem como. Você tá lá, parado, cantou “Robocop Gay”, cantou “Vira-vira”, “Pelados em Santos”, não tem como. Eu acho que eles fora, talvez, o meu primeiro contato com o humor, né, porque o Dinho, a banda toda era bem engraçada, né, o Dinho era um baita de um humorista, na verdade, ele não era só um cantor, ele interpretava a música, brincava com o Faustão. Pô, no Faustão, ele fazia o que ele queria, cara, o Faustão não interrompia eles, eles interrompiam o Faustão, olha isso, que doideira! Esses foram os meus dois ídolos. E no humor, no humor eu posso falar Os Trapalhões, também pegou a minha infância, então era Os Trapalhões, Casseta e Planeta também na época que eu via toda terça-feira, era o que era mais cessível pra mim, então foram os meus primeiros contatos, TV aberta. Eu não cheguei a pegar TV Pirata, eu não lembro, mas hoje eu vejo no YouTube, eu falo: “Pô, sensacional TV Pirata”, e depois eu fui procurando mais, quando eu quis trabalhar com humor, então, tem o Chaplin é referência para todo mundo, tem Monty Python que é um grupo britânico, que pô, os caras que depois que eu descobri eles, eu fiquei vendo, eles trabalham com esquetes, eu falei: “Pô, sensacional”, o Monty Python. Tem o Steve Martin, que eu gosto muito, tem o livro dele “Matando de Rir”, eu acho que é esse o nome e eu acho muito boa a história dele no humor. Eddie Murphy, eu conheci há pouco tempo o stand up dele também, Jim Carrey é um cara sensacional. Ah, tem muita gente assim, eu vou procurando. Hoje, um cara que eu gosto muito é o Zach… eu não sei falar o sobrenome dele, que é muito complicado, Galifianakis, sei lá, é o Zach… eu vou falar o nome aqui, vocês vão lembrar, é o Alan do “Se beber não case”, aquele gordinho que anda com o bebê aqui, Então, sou muito fã do trabalho dele, acho que ele tem um jeitão todo diferente, maneiro. E aqui no Brasil, pô, Marcelo Adnet, tem mais, tem mais, Marcelo Adnet, Paulinho Serra, o próprio Paulinho Serra, a galera hoje dessa geração, que também são amigos meus, que também eu curto, o Thiago Ventura, Murilo Couto, Afonso Padilha, Nando Vianna, Portugal, mesmo que trabalhou comigo. Então, a gente tá agora com bastante humoristas, né, então, tá um boom, assim, ainda mais em São Paulo que eu acho que é o foco de tudo. tem muita gente boa aparecendo, muita gente boa com estilo diferente, a Netflix ajudando, YouTube tá aí, revelando, né? Hoje é mais fácil você mostrar o trabalho por causa do YouTube. Antigamente, você tinha que ir para a rua, alguém te reconhecia, rolava um boca a boca, hoje você grava e posta lá, aí você consegue mais fãs rapidamente. Então, é muita gente aparecendo, que às vezes, nem dá pra ficar de olho em todo mundo, mas tem muita gente boa aparecendo. Então, essa galera que tá aparecendo são meus ídolos também, amigos. Eu acho que todo mundo cresce junto.
P/1 – Desde quando você participa do Risadaria?
R – Risadaria é o primeiro ano. Eu já vim aqui… quer dizer, a gente participou da premiação Risadaria Parafernalha ano passado, a gente só tava na premiação, mas eu nunca fiz palco do Risadaria. Esse é o primeiro ano que eu tô fazendo. Legal, né?
P/1 – E como é que você vê o Risadaria?
R – Eu acho sensacional. É como eu tava falando, São Paulo já é um foco, muita gente tá nesse meio agora, muita gente tá produzindo conteúdo, eu acho que Risadaria e uma ótima oportunidade de você estar mostrando o seu trabalho e além disso, você estar conhecendo pessoas que você era fã, que você via só pela internet. Eu acho muito bom.
P/1 – Hoje, olhando assim para a sua trajetória, qual é o momento mais engraçado… depois eu vou fazer a pergunta do… e aí, a gente volta. Qual você acha que foi o momento engraçado, assim, da sua vida que quando você lembra, você dá risada ou você sorri? Alguma coisa que você lembra.
R – Caramba. Eu acho que é muito complicado no momento, eu acho que são todos momentos, toda vez que a gente vai gravando, não tem como não dar risada. cada viagem é uma história diferente, a gente viaja, tá viajando com os amigos e tal, tem histórias muito loucas, tem histórias que eu nem posso contar aqui (risos).
P/1 – Conta uma que você possa contar.
R – Uma que eu posso contar? deixa eu ver…
P/1 – Uma ou umas.
R – Deixa eu pensar aqui…
P/1 – Conta várias (risos).
R – Tem coisa que a gente gosta muito de fazer no Canal Ixi, quando a gente vai viajar, é… pô, a gente parece Os Trapalhões, a gente tá fazendo graça fora sem ninguém ver, só pra gente se divertir, mesmo, que é dar susto no Goiaba, cara, olha isso. A gente arma tudo: “Ih, caraca, ele tá vindo ai”, a gente perde meia hora armando o susto para dar nele, cara. E a gente quase já foi expulso de hotel já, por causa de susto, gritaria à noite, agente arma e coloca lençol atrás e fala que tá pegando fogo e pegamos o extintor: ”Fogo, pô”, moleque dormindo (risos), ele sai correndo de cueca no corredor… cara, tem muita história assim. Eu acho que a gente foca muito nisso, nas viagens, então, pô! Viagem é aquele tipo que você não pode dormir, o primeiro a dormir é o primeiro a ser sacaneado. Se dormir no carro, vai ser sacaneado, a gente vai dar aquela freada e gritar pra assustar… cara, teve uma que a gente parou o carro, tava voltando da gravação, o Goiaba dormiu atrás, dormiu todo assim no banco, aí tinha um quadro separando, que a gente foi gravar um vídeo que tinha um quadro negro, a gente botou assim, aí paramos o carro, aí saímos do carro assim, eu e a lousa, saímos devagarinho. paramos numa rua qualquer,. qualquer. Aí, do nada, fechamos assim e ele dormindo, bonitinho. Aí, a gente bateu assim no vidro: “Thiago, fogo, fogo!”, cara, o moleque não pensou dez vezes, ele se jogou, ele se jogou do carro, ele se machucou inclusive (risos), ele se jogou, ele deu um grito que veio a galera toda da rua ver o que… e eu: “Caraca, molequem vai dar merda agora! Como é que a gente vai explicar ele lá com o joelho sangrando”, falei: “Eita, acho que a gente pegou pesado agora”. Cara, não tem como, quando a gente sai, é sempre isso, sempre tem uma brincadeira, sempre tem uma diversão, a gente tá sempre tentando… fora das câmeras, a gente fica se zuando muito, chama… eu digo que não é um bullying, sabe, uma zuação de amigos, mesmo. Então, a gente tá sempre um zuando o outro, brincando, arrumando. A gente é aquilo que o pessoal vê nos vídeos e tal e fora, a gente é a mesma coisa, a gente quer se divertir fora das câmeras.
P/1 – E esse apelido “Maracujá”, o outro “Goiaba”, da onde que vem essa história desses apelidos?
R – O ano era 1945, Segunda Guerra Mundial… (risos), eu sempre gosto de começar assim, acho que seria uma história irada, né, aquela máquina de digitar, tec, tec, tec… Eu era fã de “Cidade dos Homens”, aquele seriado da Globo que tinha o Laranjinha e o Acerola. Aí eu falava: ‘Pô, que seriado maneiro, legal”, aí eu tava jogando um jogo no computador Championship, que era técnico de futebol, aí tinha que colocar um nome: “Nome do técnico?”, aí eu falei: “Cezar” “Sobrenome?” “Pô, vou botar uma fruta que eu gosto, suco que eu mais gosto, maracujá, botei Maracujá. Aí, um amigo meu foi lá: “Aí, caraca, Cezar Maracujá” “Gostou?” “Pô, maneiro. Quero chamar uma fruta também” “Põe a fruta que tu gosta, pô”, ele: “Goiaba”, aí ficou Thiago Goiaba. Aí, era época do ICQ, olha como é que eu tô velho, já… antes do MSN, eu botava lá no nickname: “Maracujá:, aí fui para o MSN: “Maracujá, aí a gente já começa a ir para as festas, eu e ele, aí chegava nas meninas: “Prazer, maracujá” “Prazer, Goiaba”, e aí: ”Maracujá e Goiaba”, aí já gerava o primeiro riso, né? Que porra escrota essa! Aí, a gente ia: “Maracujá e tal… escolhe a fruta, pega aí no sacolão, escolhe a fruta”, aí a gente brincava assim, e a gente começou a se apresentar como Maracujá e Goiaba nas festas e o pessoal começou a encontrar a gente na rua; ‘E aí, Maracujá, qual é Goiaba?”, e o pessoal começou a chamar a gente assim, aí apareceram os amigos: “Pô, maneiro, Maracujá e Goiaba, quero ser o Pera” “Já é, tu é o Pera” “Abacaty com y no final” “Já é, Abacaty com y no final, tranquilo”, aí a gente foi jogar Counter-Strike na Lan House, aí: “Vamos formar o clã aqui”, tinha o clã, aí tinha que ter o nome para o clã. “Pode ser o clã do sacolão”, falei: “sacolão é feião, hortifrúti”, e doideira, parada foi surgindo loucamente, hortifrúti, Maracujá, Goiaba, a gente fez um flogão que era Hortifrúti, postava foto, e aí, todo muno começou a conhecer a gente assim, hortifrúti, Maracujá, Goiaba… aí eu falei: “Quer saber? Eu vou levar esse nome como nome artístico”, Cezar Maracujá. pô, tem Camila Pitanga, Tem Francisco Cuoco, tem a Marilia Pera, pô, Cezar Maracujá, né? Tá aí, tá certo, fica na cabeça. Vocês não vão esquecer de mim, nunca. Vão estar bebendo suco de maracujá, vão falar: “Por onde anda o Maracujá?” (risos). É mais ou menos isso.
P/2 – Deixa eu perguntar uma coisa, Maracujá, para montar o trabalho que vocês vão gravar, vocês pararam, fazem o roteiro, tem ensaio e tal ou é uma coisa mais…?
R – Não, tudo organizado. A gente tem reunião de braimstorm toda segunda-feira, sexta-feira é reunião de roteiro, chegam os roteiros, a gente lê os roteiros e fala: ‘Esse tá legal, vamos gravar já” ou: “Esse aqui precisa mexer isso aqui e isso aqui. Segura, Reescreve”, a gente pega tudo… nenhum roteiro geralmente vai na versão um, sempre vai para a versão dois, versão três p[ara ele estar certinho do jeito que a gente quer. Aí, na Parafernalha, tem equipe, vem a produtora pega tudo, passa pra figurinista que vai definir a roupa de cada personagem e vai para o dia da gravação. A gravação vai ser marcada amanhã . A gente chega… claro que no dia, quando a gente vem e chega no local, a gente fala: “Pode improvisar aqui e aqui”, e aí, coloca os improvisos, mas é tudo organizado.
P/2 – Mas sempre tem um improviso, não?
R – Na maioria das vezes, sim. É porque você pega o texto, você lê e de repente fala: “Pô, se eu falar isso acho que vai ficar mais natural”, aí a gente deixa algo rolar mais natural. Aí, às vezes, tu chega e fala: “Isso aqui é maneiro, não sabia, vou brincar com isso aqui”, aí brinca com um objeto que tava. Sempre rola um improviso. E a maioria dos improvisos, assim, são cacos a gente costuma dizer, que são cacos no roteiro e às vezes, fazem o maior sucesso, a galera: “Essa parte é muito engraçada”, e não tava no roteiro, foi improviso nosso.
P/1 – Tem uma história assim, que você lembra igual a essas que você contou que você mais gosta que você fez que você escreveu?
R – Tipo assim, eu sou roteirista também…
P/1 – Seu trabalho, seu roteiro…
R – Eu gosto muito de um vídeo chamado… aí, caramba, não consigo falar que eu gosto só de um…
P/1 – Pode falar todos (risos).
R – Eu gosto do “Quentinha Fria”, é um roteiro… foi um roteiro meio que tipo, a gente não tinha um vídeo, a gente tinha que postar um vídeo amanhã, chegou hoje: “Caraca, não tem vídeo”, porque deu um problema no outro vídeo, a gente tinha perdido o vídeo, falei: “vamos escrever um roteiro agora, vamos pensar”, pensamos, eu falei: “Vamos falar sobre o universo que entrega quentinha”, aí virou o nome do vídeo “Quentinha Fria”, é um roteiro meu e do Rafael Castro, que eu fiz o personagem, a gente gravou de madrugada, acabou a gravação, editamos e postamos, a gente ficou virado e aí, teve muito improviso nesse, porque a gente tava muito se divertindo, é um vídeo, inclusive, um personagem meu que a galera curte muito, ele não tem nome, o nome dele é O Cara da Quentinha, porque sempre que ele entrega, ele entrega a quentinha e fala assim: “A sua quentinha” “Minha quentinha tá fria” “Só porque o nome é quentinha tem que estar quente? Você não vai comprar pé-de-moleque, vem um pé de criança, pô”, e o cara vai ficando nervoso comigo e eu fico um personagem debochado e aí, rolou um improviso que a galera ri muito que ele fala assim: “Qual o seu nome? Qual o seu nome que eu vou dar queixa de você lá”, aí eu faço uma cara meio tipo: “Meu nome é Pedro Alvares Cabral” “Quê?” “Pedro Alvares Cabral” “Quê?” “Pedro Alvares Cabral”, fica tirando sarro do cara assim, que ele pergunta o nome e isso não tava no roteiro, Foi improvisado, assim, falei: “Vou zoar o Fabio de Lucca” e nem ele sabia, eu zoei ele e o negócio ficou. Tem quatro episódios e sempre encontro ele em situações, ele fala: “Fala o teu nome, agora quero saber o seu nome” “Saddam Hussein” “Quê?” “Saddam Hussein” “Quê?” “Saddam Hussein” (risos) e o cara não fala o nome. ninguém sabe o nome do personagem, tipo Chaves, sabe? A galera não sabe o nome verdadeiro do Chaves na série e foi um improviso que pô, até hoje a galera para e fala: “Qual é Pedro Alvares Cabral?” “E aí? Beleza” “Pedro Alvares Cabral que faz a quentinha”, foi um negócio que funcionou muito na brincadeira, na diversão mesmo, pura. “Quentinha Fria”, acessem aí. É maneiro.
P/1 – E quais são os seus planos futuros?
R – Continuar na comédia, se reinventar todo ano, né, porque eu acho que isso é o principal hoje para qualquer profissão, não é se acomodar, é a Parafernalha continuar crescendo, Canal Ixi crescer também. Agora eu tô focando um pouco mais no stand up também, montando um solo.
P/1 – É o seu primeiro solo?
R – É, eu quero montar um solo, vai ser o meu primeiro solo. Aí, eu tô criando bastante, tô tentando trazer mais essa cultura só stand up em teatro, exatamente, para o Rio de Janeiro também que não é tão forte igual São Paulo, lá é muito mais complicado, a galera é mais: “ah não sei o que… teatro e tal”, aqui parece que o pessoal consome muito mais, parece não, consome muito mais do que no Rio, então tem vários projetos aí, para esse ano, futuramente e tal, mas… é um stand up agora de inicio, focar, focar no solo. E aí, eu sei que todo ano vai aparecer um formato novo que a gente não pode não admitir que tem alguma coisa nova, sabe, a gente tem que entrar nesse meio e estar sempre se renovando que eu acho que é o principal, até na comédia também.
P/1 – E hoje, o que te faz sorrir?
R – Hoje?
P/1 – Hoje ou na vida, o que te fez sorrir, ou o que te faz sorrir?
R – Pra mim é sempre estar com os amigos, sabe? É estar junto com os amigos, é estar num clima bom, é viajar com os amigos, é esquecer completamente de problemas assim, porque quando a gente tá com eles, como eu disse para você anteriormente, a gente só quer se divertir, só quer brincar, quer zoar e você esquece tudo e isso é sensacional. Mas uma coisa que me faz rir, rir mesmo, rir agora assim, as pessoas que mais me fazem rir são pessoas que eu conheço, meu gosto muito de conhecer pessoas, né, que eu acho que cada uma tem uma história. Eu acho isso muito bom, que eu falo: “Pô, tem uma história muito legal, vou transformar isso numa esquete”, eu acho que todo mundo tem uma vida aí, passou por muitas coisas já. Mas o que mais me faz rir, mesmo, de verdade que eu morro de rir é quando você vê alguém que não é comediante e tá falando de um jeito, conta uma história que é muito engraçada e o cara não faz nem noção que ele é engraçado, sabe? Eu falou: “Cara, esse cara é muito engraçado, o cara não tem noção que é engraçado”, eu fico rindo de pessoas que não são comediantes, mas que são engraçados, assim, muito no mundo, pô, se esse cara fosse comediante, esse cara…
P/2 – Você aproveita muitas histórias, assim?
R – Ah muito, muito. Eu gosto de conhecer… por isso que eu tenho que conhecer gente, senão, não tem história.
P/1 – Você lembra de uma assim, de uma história de uma pessoa assim, que te inspirou?
R – Tem, teve. Teve, teve, deixa eu lembrar, são muitos roteiros, mas teve já roteiro que a gente falou: “Pô, essa história é boa, cara”. Caraca, agora eu não me lembro…
P/2 – E lá de Realengo?
R – De Realengo, pô, Realengo tem toda hora, Realengo, por exemplo, tem moto-taxi, né, São Paulo não tem moto-taxi, né, mas Rio de Janeiro tem muito moto-taxi. Moto-taxi, você paga, o cara te leva. E aí, eu tenho amigos que são do moto-taxi e aí, eu tô lá no moto-taxi, pra pegar o moto-taxi: “Qual é Maracujá, faz um vídeo nosso, hein!” “Já é vou fazer”, aí vinha no outro dia: ‘Qual é Maracujá, faz um vídeo nosso aí, mané” “Vou fazer, vou fazer” (risos). Aí, eles pediram tanto, que eu fiquei observando eles o tempo todo e eu fiz um vídeo, chamei eles pra fazerem a figuração e dei a fala pros caras que nem atores eram. É um vídeo que tá na Parafernalha: “Moto-Taxi”. Isso foi muito divertido. No trem, então, pô, pegava trem, eu e o Rafael Portugal, porra, toda hora… tipo assim, era vendedor ambulante no trem, a gente falou: “Pô, isso aí dá um, roteiro, cara, esse cara é muito engraçado”, a gente pegava os trejeitos dele, fazia o roteiro ‘Camelô”, e a gente pega tudo. Trem então, é muita coisa acontecendo, é muita gente engraçada, é muita situação: “Pô, não empurra, não”, é barraco rolando e você fala: “O barraco, cara”, “Barraco” é muito bom, cara. Tem um outro lá que eu fiz um vendedor que é o cara falando: “Quê que é isso? É o fone de ouvido? Quê que é isso? Compre logo aí amigo”, aí eu usei isso no vídeo, falei: “Quê que é isso? É o fone de ouvido? Quê que é isso? Compre logo aí amigo”, aí vem aquelas histórias. Era muito maneiro, tem muita coisa. No subúrbio então, a gente se diverte muito. A gente tem o “Rico vz Pobre”, que é uma série, a gente: “Ih, cara, barraco mano, olha o nome, Charlene, pô, vou usar no meu personagem, Charlene Choiane, é isso”, a gente fica brincando, a gente pega tudo, a gente tenta absorver tudo. Taxista tem muita história, cara, você senta na frente, o cara quer conversar…
P/1 – Conta uma de taxi pra gente.
R – Pô, de taxi… ah, tá aí, de taxi, teve de taxi que se tornou um esquete (risos). O cara falou que pegou um casal, eu nem lembro qual foi o taxista, ele falou: “Pô, peguei um casal, queriam ir pro motel, aí falaram pra eu entrar, falei: ‘Beleza, vou entrar’, queriam que eu entrasse no quarto junto” (risos), o casal queria que o taxista entrasse junto no quarto. Eu fiz um roteiro desse, que tô eu lá de taxista, vem o casal, aquele palitinho assim: Opa, casal, vamos pra onde?” “Vamos pro motel” “Como é que é? A gente entra lá dentro, como é que é?” “A gente entra” “Não, tô perguntando se eu posso entrar no quarto” “Como que é?” “Entrar no quarto, pô! Mamãe, papai, titia, um negócio mais delicia, posso ou não posso?”(risos), aí vira o cara: “Tá abusado” ‘Não, tô abusado, não, tô falando a real aqui, tá ligado, que a influência bate, a gente manda”, aí o cara vai ficando bolado comigo, aí: “Se quiser, eu nem toco” “Não toca em quem?” “No senhor, pô, não vou tocar no senhor” “E na minha mulher?” “Quem sobra? Faz as contas” (risos), o cara é meio abusado, né? E aí, foi uma história que surgiu de uma situação de taxista falando. Taxista fala muita história. O Uber também, a galera do Uber, taxi, se você sentar na frente, ele quer conversar contigo. Se você sentar na frente, é porque vocês querem conversar. E eu fico só escutando. Sento, falo: “Pô, maneiro e tal”, pego o nome, situações, sempre. Quando eu tô sem ideias, falo: “Pô, aquela ideia é maneira”, converso, tem bastante coisa legal aí, todo mundo tem. Acho que é isso.
P/1 – Obrigada!
R – Nada!
FINAL DA ENTREVISTA
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