Memória Petrobras
Entrevistado por Márcia de Paiva
Depoimento de Caetano Vitor dos Santos Filho
São José dos Campos 23/jun/2009
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_TM099
Transcrito por Keila Barbosa
P/1 – Bom dia Caetano.
R – Bom dia.
P/1 – Gostaria de começar, pedindo que você nos diga o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Caetano Vitor dos Santos Filho, eu nasci em Taubaté, em 31 de março de 1956.
P/1 – Caetano, conta pra gente como você ingressou na Petrobras.
R – Bom, a minha entrada na Petrobras, antes de entrar na Petrobras, tinha uns postos na BR, você via, você ouvia falar da Petrobras, mas eu não fazia idéia do que era a Petrobras. Aí, até então, um dia, um ex-cunhado, que era irmão da minha primeira esposa, ele conversando comigo, disse que trabalhava na Petrobras, e começou a contar as vantagens que tinha, que tipo de serviço e isto e aquilo, e aquilo me chamou a atenção. E eu procurei saber mais a respeito da Petrobras e de repente eu coloquei como meta: entrar na Petrobras. Porque sempre assim em busca de editais de concurso, e surgiu uma oportunidade e eu entrei na Petrobras, em 83. Aquele negócio, quando você quer, faz o concurso e estuda, e eu consegui entrar lá.
P/1 – E você entrou em que área? Era uma área que você já trabalhava, ou você se preparou...
R – Não, era totalmente diferente, porque até então, sempre trabalhei na área administrativa, e quando surgiu essa oportunidade, era para trabalhar na área que hoje é o SMS. Então, eu entrei no antigo Sesin da Petrobras.
P/1 – Como é que é o nome? Sesin?
R – Sesin: Setor de Segurança Industrial, uma atividade que para mim, era algo totalmente novo. E então é aquele negócio, eu sempre fui de acreditar que o homem é o único animal que se adapta a qualquer coisa, ou seja, racional. Então eu entrei, fiquei cinco anos e meio, até que surgiu uma oportunidade de fazer um concurso para Técnico de Contabilidade. Fiz para Técnico de Contabilidade, mudei então, e estou na área Administrativa novamente. E isso já faz um bocado de tempo.
P/1 – E qual foi o ano que você entrou?
R – Isso foi em 88.
P/1 – Então 80, não, 88 você mudou para Contabilidade.
R – Exato, eu entrei na Petrobras em 83, e em 88 eu consegui entrar na Contabilidade.
P/1 – Tá, mas então vamos voltar para 83.
R – Isso.
P/1 – Aí você entrou para essa área de Segurança Industrial.
R – Isso.
P/1 – O que você, você sabia um pouco da Petrobras, mas o que você sabia, qual foi a sua impressão quando você chegou aqui na Refinaria. O que você já conhecia da Refinaria, o que você achou dessa Refinaria tão grande... chegar aqui...
R – É aquele negócio: eu antes trabalhava em banco, trabalhei no INSS, trabalhei na Caixa Econômica Estadual, quer dizer, sempre trabalhando em lugares, eu me concentrava através de concurso. Então quando eu entrei aqui, para mim a Petrobras era uma novidade, eu nunca tinha trabalhado em áreas industriais. Então para mim aquilo era novidade, eu tive que aprender muita coisa: comportamento de andar numa área industrial, tudo era novidade. Já não era mais aquele negócio de você estar sentado à mesa, sempre vestido bonitinho, fazendo atividades que você não se suja, não sei o quê, não faz esforço físico, e aí de repente eu vi outra coisa. Mas assim, a Petrobras, em si, era uma coisa que me impressionava; bom, até hoje, eu sou uma pessoa que veste a camisa. Eu me impressiono com a Petrobras, esse reconhecimento que ela está tendo, ultimamente, parece que impressiona você. Então quando eu vi aquilo, quando eu entrei, só para você ter uma idéia, todo o emprego que eu entrava eu normalmente ficava dois anos e já pulava fora. E quando eu entrei na Petrobrás, eu ainda pensei, vai ser mais dois anos, três anos. Quando eu entrei não, eu falei: “Não é dois anos que eu quero ficar aqui, aqui é o meu lugar.” E praticamente eu não aceitei, não procurei mais, não houve interesse em estar procurando outros concursos, outro lugar... que você vê, né. Como hoje, eu ainda continuo vendo, mas não para mim, eu vejo para os meus filhos, coisa assim.
P/1 – Mas isso também, de você estar... trabalhar sempre em um banco, num lugar mais calmo, relativamente pequeno, te impressionou você chegar numa Refinaria tão grande, também, esse tamanho da Refinaria aqui que é impressionante?
R – Isso impressionou, porque você imagina, você trabalhando num banco. Um banco daqueles você tem mesas, salas, pessoas que você conversa e de repente você está trabalhando numa área, em que você tem aquele contato com a área Industrial...
P/1 – Era toda a área Industrial?
R – Toda a área, porque o SMS, como é que eu trabalho? Eu trabalho com a Segurança em toda a área do processo administrativo e processo industrial. Então você tinha que ter contato, acompanhamento de serviços, orientação para empregado; então você circulava por toda a área mesmo. Então nós tínhamos rondas noturnas, que a gente fazia a (____) todinha, circulando, à procura de alguma coisa que pudesse causar um acidente, a gente sempre vendo estes aspectos de segurança. Então, você tem toda a área, por exemplo, você sai de uma salinha assim, e de repente você vê equipamentos enormes, um barulho ensurdecedor, que você tem que estar usando equipamento de (PI?), essas coisas... Para mim foi assim, esses cinco anos foi praticamente assim onde eu mais aprendi na minha vida, e olha que eu já tenho 50 anos. Mas esses cinco anos foi um aprendizado muito grande mesmo.
P/1 – Era muita novidade, né.
(Outra fala) Deixa eu dar uma olhadinha... póde?
P/1 – Bom, e aí você passou para essa área de Contabilidade em 88, e como é que foi também?
R – Aí em 88, quando eu consegui passar no concurso para Técnico de Contabilidade, que surgiu oportunidade, eram duas vagas, eu fui o segundo candidato, graças a Deus; então, eu consegui essa oportunidade, fui para a Contabilidade, aí, vamos dizer assim, eu me senti novamente, ter confiança, dentro do meu conhecimento, e dessa vez, dentro de uma empresa que eu me sentia bem. Então para mim, olha, falta só mais alguns anos, logo vem a centralização da Contabilidade no Rio de Janeiro, era primeiro em São Paulo, depois (___). Então para mim, eu não tinha muito interesse em estar saindo daqui da área, porque eu já tinha filho, separado, então... não, nessa época eu não tinha me separado, desculpa (risos), ainda não era separado, mas tinha filhos, não sei o quê, e não tinha muito interesse em sair daqui.
P/1 – Porque tinha essa possibilidade de sair para o Rio?
R – Exato, ir para o Rio ou para São Paulo, não me interessava na época. Aí, foi onde surgiu a oportunidade de trabalhar na área Comercial, antigamente era Gerência Comercial, GECOM, antigamente era DECOM, Departamento Comercial. Então, surgiu a oportunidade, eu conversei na época com um Gerente da Comercialização, e fui pra lá em 94. Desde então, eu estou na Comercialização, e ali eu venho desenvolvendo, digamos assim, o meu trabalho. Procurando sempre me atualizar, fazendo, tipo assim, fazendo alguma coisa que possa estar trazendo benefício para a Gerência e para a própria Petrobras. Nosso trabalho é esse.
P/1 – E hoje, você estava me falando lá, é Comercialização e Logística?
R – Técnico de Comercialização é a denominação que deram para as pessoas, no caso, que trabalham dentro da área Comercial, porque você tem...
P/1 – Você pode repetir, então, como é que é o nome inteiro?
R – Técnico de Comercialização e Logística, porque você tem todo o processo comercial e tem o processo de entrega de produtos também. Então, chama Logística.
P/1 – E com quem vocês comercializam aqui, como é que é... há uma ligação também com a Comercialização lá no Rio, como é que é?
R – Sim, vou explicar como é que é o processo de Comercialização. A gente... a Petrobras, ela não vende para consumidores finai; os consumidores finais, vamos dizer assim, os postos de gasolina, ela vende para as Distribuidoras. Então, no caso dos asfaltos, mas no meu caso, isso aconteceu no final, mas na verdade uma empresa, como é que vamos dizer assim...
P/1 – Subsidiada?
R – Não, são empresa de impermeabilizantes, não é bem consumidor final.
P/1 – Ah, tá.
R – Então ela vende para as Distribuidoras. A venda em si é um processo que acontece lá na Sede. Na verdade é um processo que acontece lá na Sede. Aqui, nós gerenciamos a entrega. Então, quer dizer, é feita a venda lá, aqui, nós fazemos a entrega, emissão de Notas Fiscais; hoje, com a implantação do SAP, então quando você emite, os caras têm toda a situação Fiscal, toda a situação Contábil, então, o processo de entrega é feito aqui...
P/1 – Tá.
R - ... mas a venda, o contrato, os contratos iniciais é tudo feito na Sede, e aqui faz o processo de entrega.
P/1 – Tá. A Sede vê o que vocês têm aqui para oferecer, se encarregam de vender e vocês é que fazem a entrega.
R – Esse processo então de entrega do produto, é um processo que todo mês tem uma reunião, mensal, com todos os clientes, na Sede, e aí, a Petrobras, procura colocar da melhor forma, atender a solicitação dos clientes, dentro do que ela pode produzir e entregar em cada pólo.
P/1 – E me conta o que vocês entregam daqui, o que vocês comercializam daqui
R – Derivados de petróleo: gasolina, diesel, óleo combustível, asfalto, querosene, derivados de petróleo.
P/1 – Qual é o maior desses, de todos esses produtos, qual é a maior produção, qual é o...
R – Posso fazer uma idéia, não vou dizer para você seguramente, porque...
P/1 – Tá, mais ou menos para a gente ter... porque eu acho que varia também, né?
R – Eu acredito que a maior produção sempre é a gasolina, tem uma produção muito grande que é a gasolina, é assim, em termos de (___) a gasolina você atende o mercado interno e ainda exporta tranquilamente. Outros produtos, têm assim, uma produção menor, mas hoje a Petrobras pode dizer, nós já somos assim, auto-suficientes. As importações são pequenas, bem pequenas.
P/1 – Eu queria... o que é que a gente tem passado por outras Refinarias, mas eu queria estar vendo com o pessoal de cada uma... que é a característica daqui, da REVAP, no seu entender, quais são, né... tem essa coisa desses produtos, que ela vende, né, desta cesta de produtos, mas o que, que tem uma característica que é dela, assim, que a diferencia de outras.
R – Essa opinião minha, não vou dizer, assim, em termos de área Comercial, eu não poderia dar a opinião de todo mundo, comercial o que eu vejo que diferencia, nós trabalhamos, assim, praticamente voltados para os clientes; a nossa preocupação não é tanto, vamos dizer assim, entregar o que temos, mas entregar o que o cliente quer, o que ele precisa. Então a gente tem uma preocupação no atendimento ao cliente, uma preocupação da gerente, a gente procurar atender às solicitações sempre atendendo as expectativas deles. A gente tem algumas coisinhas diferentes de outras, por exemplo, o que é uma rebarba, a gente tem um terminal de carregamento que é da Petrobras, ao contrário de outras Refinarias, cujo terminal, ou é da Transpetro ou é da BR. Então nós termos um terminal que é da Petrobras, quer dizer, isso facilita para gente algumas coisas, que a gente quer, em termos de colocar o cliente, de procurar facilitar, vamos dizer assim, o acesso do cliente à entrega dos produtos. Então, eu queria, isso na visão comercial, eu não tenho condições de dar, por exemplo, uma visão operacional, ou coisa assim, a isso daqui é por conta disso.
P/1 – Tá certo. Conta quem são os clientes de vocês.
R – Nós temos diversos, como eu disse para você são Distribuidoras: BR, Shell, indústrias de asfalto, que mais, vamos dizer assim...
P/1 – Querosene de aviação?
R – Querosene de aviação, no caso a gente entrega para as Distribuidoras, que você tem no Aeroporto, aquele de Guarulhos, no caso, você tem a Esso, a própria BR, então... são as Distribuidoras. Além daquelas Distribuidoras de ponta, Distribuidoras de combustíveis, você tem as regionais, que são aquelas que surgiram depois da quebra do monopólio, que antes você tinha só as grandes, na Sede, depois você deve ter, pelo que eu sei que tem mais de 300 Distribuidoras no país, mas não operam aqui não, mas estão distribuídas pelo Brasil.
P/1 – Pelo Brasil inteiro?
R – Pelo Brasil inteiro, se não me falha a memória, mais de 300 Distribuidoras trabalhando com a gente.
P/1 – Só aqui com vocês?
R – Só aqui.
P/1 – É um número bem significativo.
R – Significativo.
P/1 – E aí então, mas desses clientes, esses mercado estão aqui por São Paulo, ou por onde mais.
R – Eu estou atendendo Vale do Paraíba, uma parte de São Paulo e Sul de Minas.
P/1 – E assim, você é daqui de Taubaté, que é muito próximo, o que você também assim, mesmo, como cidadão, percebeu da chegada da Petrobras aqui no Vale do Paraíba. O que... quais foram os benefícios que... você cresceu aqui, você...
R – O que eu percebo aqui, por exemplo, a Petrobras se instalou em São José dos Campos, há... pelo que eu sei, na época até tinha uma coisa que você falava de São José dos Campos, ou instalada em Tremembé, onde já tinha uma área lá. Aí decidiu-se por São José dos Campos, pela facilidade de acesso, proximidade com o porto do litoral, coisas desse tipo. Decidiu então, estrategicamente, ia ficar melhor colocada aqui. Hoje, o que eu percebo para São José, um crescimento muito grande não só para a Petrobras, mas outras empresas grandes, mas a gente percebe, por exemplo, a arrecadação de impostos, porque existe aquela distribuição depois, dos impostos arrecadados entre os municípios, arrecadados proporcionalmente a ... então quer dizer, ajudou muito, contribuiu muito para o crescimento da cidade. Então, se hoje São José tem o tamanho que tem, tem o comércio que tem, em parte, a responsabilidade é da Petrobras. Dela, de outras empresas grandes que nós temos aqui, a Petrobras é assim, ela é, assim, parte do progresso de São José.
P/1 – E você era de Taubaté e está morando em Caçapava.
R – Isso.
P/1 – Tem muita gente das outras cidades vizinhas aqui, trabalhando?
R – Tem.
P/1 – Sabe falar um pouquinho?
R – Até é uma coisa interessante, a Refinaria é nova, é de 1978, começou em 1978, e foi inaugurada em 80, acho que é isso. Mas, eu entrei em 83, e uma coisa que eu estranhava, assim, você conversando com as pessoas, dificilmente eu achava alguém que era de São José dos Campos. A maior parte das pessoas era de fora, ou das cidades... mas de São José era difícil. Até um dia desses, dia desses mesmo, foi na semana passada, eu ouvi até um rapaz comentando: “Me mostre alguém que esteja aqui na REVAP, com 30 anos e seja de São José dos Campos.
P/1 – E você acha que isso, por quê, por que não...
R – Bom, como a Refinaria é nova, acho que isso é uma tendência, quando você está abrindo uma Refinaria você precisa de alguém com experiência para iniciar, para operar, etc. Então você não vai conseguir formar um operador em meses, você leva dois anos para formar um operador. Então, quer dizer, o primeiro princípio seria esse, quer dizer, você está iniciando uma atividade em uma Refinaria, você vai pegar gente de outras Refinarias, para compor o quadro daquele pessoal, e existem os concursos para você, depois preencher os quadros e essa é a tendência, você não tem um concurso só gente daquele lugar, tem de várias outras... Agora porque em São José tinha pouca gente eu não sei. (risos)
P/1 – É um caso a se estudar, né. Se vocês ainda acham também que é mais difícil achar também tanta...
R – Não, hoje você tem bastante gente.
(Outra pessoa: o crachá né)
P/1 – Mas não tem importância, eu só queria que parasse você também... Bom, e aqui também assim, você sabe também contar para gente um pouquinho só dos projetos também de proteção ambiental, que a Petrobras... você acompanha um pouco, o que mudou de 80 para cá, você sabe...
R – Olha, o que a gente percebe não só aqui na REVAP, mas em todas as unidades, é uma preocupação cada vez maior com o meio ambiente, mas sempre teve. Pelo menos, eu que trabalhei na Segurança, posso afirmar que a Petrobras sempre se preocupou com a segurança dos empregados. Não é aquela empresa que você está fazendo as coisas , sem estar preocupado com as conseqüências, sempre teve uma preocupação muito grande, e depois com esse movimento, pelo mundo todo com o meio ambiente, mas a gente vê a Petrobras cada vez mais preocupada com isso. Então um ou outro projeto, acaba sendo, assim, insignificante perto daquilo que você percebe na Petrobras como um todo. A preocupação cada vez maior com o meio ambiente, com exploração de produtos...
P/1 – E assim, mas, houve uma certa transformação, né, até de mentalidade mesmo geral de todo mundo. Assim, o que você lembra de algum projeto que tenha sido, assim, marcante prá cá, que tenha envolvido a Refinaria toda, vamos implantar isso, tem algum que você se lembre assim.
R – Nesse momento eu não me recordo assim, um que tenha marcado, um projeto assim...
P/1 – Não, tudo bem, então.
R – Porque depende até da área que você trabalha, a Administração, é uma área que você....
P/1 – Fica muito nela...
R – Você trabalha, meio tipo, você entendeu assim, em tempo integral, tanto que eu até lembro no começo que eu comecei a trabalhar na administração, algumas pessoas diziam que as pessoas da área comercial, eram meio mal educado, não davam muita atenção ás pessoas, mas é que você tem uma atenção constante. É lógico, você tem movimento, você tem as auditorias de gestão, mais o dinheiro também que, mas assim... alguma coisa que eu lembro, preocupação com qualidade do ar, que eu me lembro, preocupação com qualidade de água que é devolvida para o Rio Paraíba. Então a gente sempre vê essas coisas assim, (___) é isso aí. Dá uma aguinha dessa aí.... E o meu foco acaba sendo (risos) no meu ambiente aqui.
P/1 – Direcionado. De projeto social você também se lembra de algum, assim?
R – Projeto social eu vejo muito estas mensagens da própria comunicação, que eles fazem estes projetos com a comunidade, essa... assim, vamos dizer assim, projetos com escola, profissões com menores carentes, mas não assim, projeto a fundo, eu realmente não sei...
P/1 – E do seu dia a dia também, como é que é o seu dia a dia Caetano. É, você está falando que tem toda essa demanda de trabalho. Como é que é esse seu dia a dia, vocês têm um período de venda ou tem um período do mês que é mais pesado, que vai sair por causa da produção, como é que é, só pra eu ter também uma noção. Ou é todo dia essa... é esse movimento.
R – É todo dia tem esse movimento, você vê...
P/1 – Tem entrega todo o dia?
R – Tem entrega todo o dia. A nossa média aqui, a gente entrega aí entre 300 a 400 caminhões de, e isso, só rodoviário, você ainda tem carregamento para a Shell, no caso, aqui (______)
P/1 – Mas me explica direito. É que a gente não entende nada. A Bandeira é direto pelos...
R – A Bandeira é direta pelos... porque você tem entrega através dos caminhões e você tem entrega para as bases, e da forma, através de dutos. Então, quer dizer, você tem bombeiro todo dia, você tem entrega rodoviária todo dia. Essa entrega rodoviária, por exemplo, antes você fazia de segunda a sexta, que era o suficiente, hoje, você percebe que isso já não atende mais, a gente já está começando a entregar parte no sábado. Fala-se em até, dependendo da demanda e até a possibilidade da gente estar trabalhando com a base de carregamento de 24 horas. Mas isso, em algumas bases já acontece isso. Nós aqui, ainda estamos conseguindo manter dentro da semana, a entrega até um determinado horário. Mas existe essa possibilidade, por quê? Por que o consumo de derivados é uma coisa recente. Você vê as campanhas, só as fábricas de automóveis, quantos carros estão nas ruas por dia. A necessidade de aviação (___)
P/1 – A Marinha vocês atendem também, é cliente? Atendem também, é daqui?
R – É, o que nós temos na Marinha Mercante? Diversos navios, que a gente abastece (____)
P/1 – Mas isso é da Petrobras como um todo, ou é daqui.
R – Não, a Petrobras, no caso nosso, é só São Sebastião. Em São Sebastião, o faturamento lá não somos nós que fazemos (________), a gente manda um (_) do Rio de Janeiro, tem diversos (___), que a gente atende aqui, a parte de Laguinhos, além de você estar usando (______), importação de produtos, trazer produtos ali da... esqueci o nome agora (____)
P/1 – Tudo bem, daqui a pouco volta...
R – Trazer das plataformas.
P/1 – Das plataformas.
R – Trazer das plataformas o produto para cá. Você faz, às vezes, a movimentação, a transferência, você negocia o produto de um lugar para o outro para poder vender com determinadas especificidades, e assim por diante.
P/1 – Você disse quantos caminhões por dia, que vocês abastecem, mais ou menos?
R – Aqui, em São José, em torno de 300 a 400, não é abastecer, nós carregamos (risos)
P/1 – Carregar, perdão, carregar. Abastecer é outra coisa. Vocês entregam o produto.
R – Abastecer é outra coisa... entregam o produto pra que esses caminhões entreguem para postos de combustíveis, para...
P/1 – Aí eles é que fazem a distribuição. E, desse movimento, a crise financeira que se iniciou o ano passado, em 2008, afetou o movimento? Como é que foi?
R – Olha, dizer que alguém não foi afetado com essa crise é sonhar demais. Eu acho que até a Petrobras foi afetada. Afetou diversas divisas de contenção de gastos, várias coisas assim, que antes, assim, eram mais livres. Não vamos dizer correr solto também, não é assim, a Petrobras nunca foi dessa forma, correram mais livres, agora ela colocou restrições por conta da crise, e a gente sente, na Comercialização, que houve, vamos assim, houve um pouco de queda nas vendas, mas graças a Deus, vamos assim, a Petrobras não foi afetada, tão afetada como alguns segmentos que você vê.
P/1 – Ah, mas do volume de entrega, você sentiu um pouco a variação aqui?
R – Um pouco sim.
P/1 – Mas você já está me falando em entregar no sábado?
R – Sim, fala de entrega no sábado, mas nós tivemos, mas fora aquela necessidade que você tem que entregar todo dia, vamos assim, o volume diário, você tem mais ou menos assim, como você tem que atender necessidades de clientes, a você não tem como falar assim: “Óh, vou entregar para você de segunda a sexta.” Porque se eu entregar para você de segunda a sexta, eu posso criar uma situação para ele que tem que parar a produção no domingo. Por quê? Por que tem um tanque de um tamanho que atenda as necessidades dele mais um dia de segurança, vamos dizer assim. Então, eu vou atender você de segunda a sexta, a capacidade do cliente não consegue manter a planta funcionando, você tem que atender ao cliente dessa forma, você tem que dar sempre um bom volume para ele, para que.. ele não é o único cliente, você tem vários clientes e com essas mesmas necessidades. Você, por exemplo, hoje, as empresas procuram não ter, como é que fala, capital parado, capital mobilizado; você quer estar com o seu capital girando. Então você trabalha com estoques mínimos e com isso você tem tancagem menores, coisas desse tipo.
P/1 – Pra você ter esse movimento de entrega aqui, você precisa ter uma certa logística, acho que tanto o nome da sua função diz isso, né. Conta também pra gente como é que é essa logística de entrega, há agendamentos, como é que vocês se organizam para isso, pra gente...
R – Vamos pegar a parte do (____), fica mais fácil, mais fácil de explicar. Normalmente existe uma reunião na sede, onde a sede, com base nos pedidos dos clientes, nas produções das Refinarias, ela procura equalizar de forma para atender às necessidades, certo, dos clientes, que dá escoamento à produção. Então quando ela faz isso ela faz uma programação, como se chama, de cotas, para cada ponto de entrega, o que vai entregar, naquele mês, para aquele cliente. Essas cotas mensais são divididas em cotas diárias, então, vamos dizer assim, semanalmente, aqui na nossa casa o cliente ele faz uma, vamos dizer assim, uma verificação da programação feita para ver se aquilo atende a demanda dele naquela semana. Então pode haver algum remanejamento, é preciso que você antecipe aqui, e outro você posterga, então você faz uma programação do mês, para uma semana, e vai correndo no mês de acordo com a programação. Mas é lógico, mesmo você tendo uma programação, ás vezes ocorre, em determinados dias, o cliente: “Olha, eu tenho uma programação de x toneladas de óleo para hoje, mas o meu tanque não cabe, eu não tenho envazamento suficiente para caber isso aqui.” Então eu preciso que você diminua isso aqui e ou postergue para amanhã. Então você tem aquela programação. Com relação aos caminhões, é mais ou menos a mesma coisa, só que não existe essa programação semanal: você tem cotas, o cliente tem consciência das cotas que ele tem, o quanto ele pode tirar, ele vai mandando os caminhões com uma autorização para retirada de produtos. Essa autorização chega aqui, e ticamos: a autorização, verificamos as cota, créditos, e liberamos o carregamento, em cima da cota e do crédito que o cliente tem. E lógico, estoque, porque, o estoque a gente não faz assim. Produz todo o produto primeiro, e fala assim: ”Bom, está aqui para você pegar o mês inteiro.” Não, não é, a produção é contínua.
P/1 – E é um... mas tem também um agendamento para estes 30... quantos caminhões por dia?
R – 300 a 400 caminhões (risos)
P/1 – Eu não me conformo com os 300 por dia (risos), mas vocês agendem, para não virar também uma certa confusão, eles chegando toda hora, porque é muito caminhão, né?
R – É muito caminhão, vamos dizer assim, o agendamento, aqui nós ainda não temos um software, tem alguns que chamam de CC caminhão, onde existe um agendamento prévio. Hoje aqui nós não temos esse (____) agendamento. Então é feito mesmo com base na OP, a gente vai de acordo com a necessidade dele, e vai levando o caminhão, e como ele sabe quando ele tem cota ou não, ele vai mandando de acordo com a capacidade. Se por acaso existe algum problema da cota, ou algum problema de estoque, qualquer coisa a gente informa o cliente previamente, a gente procura até manter um aviso (___) que possa estar correndo com quatro dias de antecedência, a gente procura fazer isso aí. Às vezes acontece algum caso que foge ao nosso controle e tem que ser avisado, assim, em cima da hora.
P/1 – Mas acontece de ter filas, às vezes, de caminhão? Ou não?
R – Fila é normal, isso é todo dia.
P/1 – É?
R – Você tem dois horários de pico: o primeiro horário de pico é de manhã, abre às seis. De manhã cedo você tem praticamente todo o que é volume de caminhão, esperando para ser atendido, e a maior parte deles carrega, leva para a distribuidora e procura voltar novamente. Os que estão mais perto às vezes voltam até três vezes por dia. Então vai e volta, vai e volta. Então você tem horário de pico, durante o dia, isso é normal. Você tem às vezes mais caminhão esperando ser carregado, então vai saindo, e as plataformas também são limitadas.
P/1 – É uma loucura, né. E dessas, dessas, da modernização daqui, o que você me conta também, o que você acompanhou da modernização, do crescimento.
R – A expectativa é grande, porque nós temos, não só a modernização da Refinaria, mas nós estamos trabalhando também com a modernização do terminal.
P/1 – Ao mesmo tempo.
R – Principalmente para nós, que está começando a modernização do terminal, a expectativa é grande, porque hoje existe muita coisa que a gente tem que estar controlando de forma manual, e a modernização, pelo menos nos promete para a gente uma facilidade maior de controle, uma facilidade maior de carregamento, de programação do próprio cliente, do agendamento dele de forma que a gente procure eliminar essa fila, olha, todo mês, quando chegar no mesmo horário você teria agendamento, então quer dizer, tem que chegar lá às oito, então (___) às dez, então isso daí para nós seria ótimo. Então a nossa expectativa, com relação a modernização é muito grande. Com relação a modernização da Refinaria, é óbvio, né, se é bom para todo mundo...
P/1 – Ela vai aumentar a produção. O que é a modernização?
R – Aumenta a produção, novos produtos, porque existem alguns produtos que nós não temos aqui, que passaremos a ter, então...
P/1 – Como por exemplo?
R – Por exemplo o coque, é um produto assim, muito procurado, principalmente por cimenteiras, coisas assim. Você consegue, por exemplo, quando você tem diversos produtos você consegue estimar um pouco a produção, para aquele produto, e ter uma maior aceitação no mercado. Você pegar petróleo ou destilar, você processa o petróleo em derivado, você não pode falar assim: “Não, deixa aqui que eu vou fazer X disso, X daquilo.” Cada petróleo dá o seu percentual, por mais que você maximize, você chega até um limite, mas depois daquilo não tem mais nada, aquilo vai sair do seu produto. Mas você tendo mais produtos, você consegue procurar maximizar ao máximo aquele produto que tem maior aceitação, você faz variação para outros produtos e assim por diante. Você tem produtos limitados, e assim por diante.
P/1 – E aqui vocês também estão animados com a perspectiva do Pré-Sal? Vocês acham que isso vai dar um... vai chegar aqui também em vocês?
R – Com certeza, mais para a Operação do que aqui para a gente, digamos assim, porque o produto você vai extrair, vai ser colocado nas Refinarias, então, mais para eles do que pra gente, mas com certeza...
P/1 – Mas vai aumentar a sua venda também.
R – Vai aumentar a nossa
P/1 – A sua entrega também, né...
R – Vai aumentar a nossa oferta de produtos, a quantidade de produtos também. Então, eu que falo, Pré-Sal, qualidade do petróleo, produtos com melhor qualidade ainda. Se você tem um petróleo de boa qualidade , isso é ótimo, mas se você tem produtos derivados de melhor qualidade, se você tem um petróleo de qualidade inferior, por mais que você faça você pode não ter um produto com aquela qualidade que se esperava, mas assim, produtos de qualidade. Porque, uma coisa que às vezes as pessoas falam, é muito com a gasolina: “A gasolina brasileira não presta, a gasolina é não sei o quê, porque a Petrobras...” E não é isso, sabe. Nós temos especificação de todos os produtos que a ANP impõe, a Petrobras sempre atendeu as especificações da ANP, a própria Petrobras tem especificações que a gente impõe para atender determinadas expectativas dos clientes, acima até das especificações que a ANP determina, então, e a gente comparando a gasolina, com a gasolina às vezes de outros países, ou mesmo com a nossa gasolina do passado, então você vê que alguns, digamos assim, comentários, não tem o menor fundamento. Tanto é comum você ouvir dizer: “Ah, foi o tempo da gasolina azul, aquilo que era gasolina boa.” Você já ouviu isso, quantas vezes... A nossa gasolina azul, daquela época, era inferior a nossa gasolina comum de hoje.
P/1 – Olha só...
R – Então, quando você tem essa gasolina Premium, por exemplo, que é hoje uma das melhores gasolinas do mundo, falei Premium...acho que é Premium mesmo...
P/1 – Acho que é Premium mesmo.
R – Acho que é Premim, agora estou...
P/1 – Acho que é Premium mesmo
R – Acho que é Premim, agora deu um branco...
P/1 – Mas enfim, então, até aí Caetano o que você marca assim também de uma maneira geral, que você percebe aqui de modificação na REVAP. O que assim, desde que você entrou para hoje, quando você olha para a Refinaria hoje, daquela sua primeira impressão lá atrás, até hoje. O que foi uma mudança?
R – A maior mudança que eu vejo, nós saímos com uma preocupação maior, com produção, então com a preocupação maior com o cliente e meio ambiente.
P/1 – Desses seus anos também de casa, me conta uma história engraçada ou interessante, ou uma história marcante que você viveu aqui na Petrobras.
R – É verdade, quando você vive 26 anos no mesmo lugar, então você tem diversas histórias.
P/1 – Escolhe uma e me conta.
R – Isso é verdade, se você for falar da Petrobras, ou falar de mim, depende.
P/1 – Me conta, escolhe uma e fica ao seu critério, uma que tenha sido marcante pra você, ou uma até que tenha sido muito engraçada, curiosa, inusitada, sei lá. Cada uma conta uma história que vem à cabeça, aquela lá da memória também, o que ela seleciona...
R – Bom se é pra falar de história engraçada, eu lembro uma da época que eu estava ainda no Cesin, por causa de um apelido de um Operador. Que o rapaz tinha pego um produto pra fazer análise e eu não sei por que “cargas d’água”, ele foi pegar aquilo com uma garrafa pet, e deixou em cima da pia, enquanto ele tinha ido ao banheiro. O outro chegou, achou que era água, pois no copo e deu aquela golada, e era QAV, combustível de aviação, aí depois apelidaram ele de Lamparina (risos).
P/1 – É muito boa, Lamparina é ótimo (risos). E desse seu período inicial, quando você também trabalhava em turno de noites, você falou que às vezes vocês ficavam aí rondando, fazendo...não aconteceu nenhuma história engraçada, vocês não tinham medo de ficar aí rondando por essa Refinaria de noite toda.
R – Não, você tem esse negócio de (___), mas uma coisa que eu sempre tive aqui, a gente percebia muito, era movimentação da Vigilância. Então, era comum, você estava fazendo ronda, de repente aparecia a Vigilância também junto.
P/1 – Não dava sustos, até...
R – Você se sentia assim, protegido, você se sentia tranqüilo. Até eu lembro, uma outra vez, que teve um incêndio nos arredores da Refinaria, como chama, na Perimetral, nessa época então estava eu, um Inspetor de Segurança, então nós fomos nessa Perimetral, lá para ver se já tinha sido diminuído, fomos até lá para ver se não tinha mais nenhum risco, e no meio daquela confusão, até a gente achou um (__) de gambá, aí, foi catando tudo aquilo e foi pondo dentro do bolso da roupa, que estava muito frio. E eu falei: “O que você vai fazer com isso rapaz, isso é gambá.” Ele falou: “Você nunca comeu, eu vou levar para minha casa e vou criar.” Depois, ele estava ali, e na hora que eu estava saindo, de repente, pá.. pá... (___) tudo certinho, sempre que você estava de noite, às vezes você, né, podia até ter um lugar, porque a Refinaria é muito grande, você ficava assim, daqui a pouco você percebia a presença do Segurança, então aquilo dava uma segurança pra você. Você sentia aquela... não, podemos fazer, sem medo, sentia protegido. Então, não dava medo.
P/1 – Não dava tanto susto assim.
R – O maior medo era quando você tinha mesmo que enfrentar uma emergência, aí eu ficava preocupado.
P/1 – Você passou por alguma emergência, assim que foi marcante, ou não?
R – Não, assim, mas é aquele negócio, você tinha sempre aquela sensação de, quando é uma emergência...
P/1 – Só um minutinho, só para ele virar a fita
(TROCA DE FITA)
P/1 – Não, porque teve gente que perguntou assim, não me lembro se foi na REVAP que teve assim umas pessoas que contavam que tinham medo de fantasmas, aí um fazia brincadeira com o outro, para dar uns sustos assim.
R – Tem pessoas que tem isso, mas uma coisa que eu nunca consegui ter medo, foi de morto.
P/1 – Eu também não, mas eu não me lembro, foi uma pessoa que contou que tinha um outro sujeito que tinha tanto medo, então os colegas sempre pregavam peça nele, e ele tinha um pavor de... aquela coisa que não tem... não sei também, eu não entendia também, como é que alguém tem medo de morto.
R – Sei lá, às vezes eu percebo isso aí, as pessoas, por exemplo, que falam: “Não, se fizerem um velório na minha casa eu não entro mais em casa.”
P/1 – Besteira, né.
R – Qual o problema, se bem que ninguém mais faz o velório em casa, mas eu ainda sou do tempo que fazia velório em casa, mas... morreu...
P/1 – É verdade. Mas você ia contar outra história?
R – Onde nós estávamos...
P/1 - Você teve alguma também...
R – Ah, sim, eu lembro sim, eu passei por algumas emergências, mas é aquele negócio, quando você tem certeza de que a situação está sob controle, então você fica... Agora, emergência, é dentro daquele negócio, imprevisto, então é uma coisa que pode ocorrer. Então às vezes você tinha preocupações. É o caso da primeira vez que eu peguei uma emergência aqui foi numa... hoje (TR?) antigamente (Cetrai?), foi uma bomba de GLP estourou, a primeira emergência que eu estava vindo, fazendo a minha ronda, aí de repente eu vi a turma correndo e então eu falei: “O que será que aconteceu.” Aí eu peguei e parei, quando eu parei, desci, quando eu desci, eu vi aquela nuvem de coisas, não sabia o que era, se era um vapor, o que era, aí daqui a pouco... “Era uma emergência, avisa o pessoal lá porque estourou os canos da bomba de GLP, e pode correr o risco de um incêndio.” Aí eu saí correndo, com aquela mangueira de vapor que eu tinha para jogar em cima do lugar que está...
P/1 – E tem que ter sangue frio...
R – Então, você tem que saber o que vai fazer e, e até, vamos dizer assim, que alguém consiga parar a bomba, tinha que retirar, fechar a válvula, certo, você fica naquela sensação de: “Meu Deus, tomara que não aconteça nada (risos).” Você sabe que você tem que fazer. Ou você faz ou vai acontecer.
P/1 – O coração dispara
R – Oi?
P/1 – O coração dispara
R – Ah dispara, com certeza
P/1 – Então deixa, a gente está chegando ao final da nossa entrevista, queria saber se você queria deixar registrado algo mais que a gente não conversou aqui.
R – Eu posso dizer assim, a minha vida praticamente foi dentro da Petrobras, o que eu tenho, eu tive uma parte fora, depois, quer dizer 26 anos aqui dentro, metade da minha vida aqui, e essa metade da minha vida você fica oito horas trabalhando dentro da Refinaria, depois você chega à noite em casa, o final de semana ...
P/1 – Você se sente um Petroleiro?
R – Aqui eu me sinto um Petroleiro.
P/1 – O que é ser um Petroleiro? Qual é a alma de um Petroleiro?
R – É aquele negócio, é aquela história de você estar trabalhando, não pensando só no seu benefício, pensando no benefício da empresa. É você estar na rua, quando você ouve qualquer coisa, contra a Petrobras, você se sente incomodado, e muitas vezes eu precisei partir para a defesa. Quando você percebe a pessoa falando alguma coisa assim, e você nota que a pessoa está equivocada no que ela está falando, e às vezes você procura uma oportunidade e entra na conversa e esclarecer: “Não, a coisa não é bem assim, é assim, assim, assim.” Mas mesmo que a pessoa não te conheça, ela fala assim: “Você é da Petrobras, né?” Aí você fala: “Sou.” “Ah, você está defendendo no seu bolso”. Mas às vezes a pessoa entende, (___) é lógico, você tem informações que você pode, outras coisas você não pode estar falando, mas, assim, eu acho que aquelas informações que podem ser do conhecimento público, você tem que usar nessa hora, pra você mostrar para o povo que não conhece o que é a Petrobras, que benefício que ela traz para o país, entendeu? Acho que ser Petroleiro é isso, é você defender a Petrobras a qualquer custo.
P/1 – Tá certo. Queria perguntar se você gostou de ter vindo participado, queria agradecer e perguntar se você gostou de ter participado.
R – (_____) Lógico foi interessante, eu não sabia exatamente o que vocês iam me perguntar, perguntei pra (___)... “Ah, o que vocês vão me perguntar.” Ela: “Também não sei, não vou falar.” Então, bom trabalho da Petrobras, vamos ver né, o que vai ser, mas, foi bom.
P/1 – Queria agradecer você ter vindo aqui colaborar com a gente.
R – Eu agradeço a oportunidade.
P/1 – Obrigada Caetano
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