P/1 – Mário, boa noite.R – Boa noite.P/1 – Começar, pra gente registrar, eu queria pedir pra você falar o seu nome, local e data de nascimento.R – Meu nome é Mário Pereira Teixeira, eu nasci em Abaiara, no Estado do Ceará, no dia 28 de julho de 1955.P/1 – Qual o nome completo dos seus pais?R – Meu pai se chama Almir Pereira Leite, e a minha mãe Maria Teixeira Pereira.P/1 – Qual a atividade profissional deles?R – Bom, o meu pai era funcionário público, e a minha mãe dona de casa.P/1 – Do lar?R – Do lar.P/1 – Qual a origem da sua família? Ela sempre foi do Ceará ou veio de outro Estado ou veio de fora, você sabe dizer isso? R – Não, a origem da minha família é do interior do Estado do Ceará.P/1 – Ela vai surgir lá mesmo no Interior.R – Exatamente.P/1 – Você não tem irmãos?R – Sim, eu tenho dois irmãos homens e uma mulher.P/1 – Você poderia falar um pouquinho deles? O que eles andam fazendo, onde é que eles andam?R – O meu irmão mais velho, o Otávio, hoje ele mora em Recife, é casado, tem uma filha e é representante de produtos veterinários da Santa Marina. O meu irmão mais novo, ele é engenheiro de pesca e trabalha em Fortaleza atualmente, e a minha irmã mais nova é ex-funcionária do Banco do Brasil. Atualmente reside com o meu pai lá em Fortaleza.P/1 – O senhor então passou a infância no interior do Ceará?R – É, os primeiros quatro anos da minha vida foram na cidade de Abaiara, né, no interior do Ceará, mas após esse período o meu pai se deslocou pra Fortaleza com a finalidade de dar melhores condições de estudo para os filhos.P/1 – Como é que era a infância lá em Fortaleza naquela época? Como é que foi a sua infância ali naquele ambiente de praia? Ou você não ia muito à praia, como é que era?R – Olha só, quando eu cheguei em Fortaleza, em 1959, eu era muito criança,...
Continuar leituraP/1 – Mário, boa noite.R – Boa noite.P/1 – Começar, pra gente registrar, eu queria pedir pra você falar o seu nome, local e data de nascimento.R – Meu nome é Mário Pereira Teixeira, eu nasci em Abaiara, no Estado do Ceará, no dia 28 de julho de 1955.P/1 – Qual o nome completo dos seus pais?R – Meu pai se chama Almir Pereira Leite, e a minha mãe Maria Teixeira Pereira.P/1 – Qual a atividade profissional deles?R – Bom, o meu pai era funcionário público, e a minha mãe dona de casa.P/1 – Do lar?R – Do lar.P/1 – Qual a origem da sua família? Ela sempre foi do Ceará ou veio de outro Estado ou veio de fora, você sabe dizer isso? R – Não, a origem da minha família é do interior do Estado do Ceará.P/1 – Ela vai surgir lá mesmo no Interior.R – Exatamente.P/1 – Você não tem irmãos?R – Sim, eu tenho dois irmãos homens e uma mulher.P/1 – Você poderia falar um pouquinho deles? O que eles andam fazendo, onde é que eles andam?R – O meu irmão mais velho, o Otávio, hoje ele mora em Recife, é casado, tem uma filha e é representante de produtos veterinários da Santa Marina. O meu irmão mais novo, ele é engenheiro de pesca e trabalha em Fortaleza atualmente, e a minha irmã mais nova é ex-funcionária do Banco do Brasil. Atualmente reside com o meu pai lá em Fortaleza.P/1 – O senhor então passou a infância no interior do Ceará?R – É, os primeiros quatro anos da minha vida foram na cidade de Abaiara, né, no interior do Ceará, mas após esse período o meu pai se deslocou pra Fortaleza com a finalidade de dar melhores condições de estudo para os filhos.P/1 – Como é que era a infância lá em Fortaleza naquela época? Como é que foi a sua infância ali naquele ambiente de praia? Ou você não ia muito à praia, como é que era?R – Olha só, quando eu cheguei em Fortaleza, em 1959, eu era muito criança, mas já na minha adolescência eu tinha um tio que também foi funcionário do Banco do Brasil. Não era só pra minha família, mas pra outros primos que eu tinha em Fortaleza, [a cidade] era referência de lazer. Ele tinha uma casa próxima à praia e nos finais de semana não tinha outra, né? Era lá na praia de Iracema, curtindo lá uma “carretilha”, aqui no Rio chama “jacaré”, né, era a diversão lá da família.P/2 – Seu Mário, o senhor falou desse tio. A sua primeira profissão é bancário por influência dele ou como que foi? O senhor pensava em ter outra profissão quando crescesse?R – Olha só, é, como ele era uma referência assim, dentro da família, então eu me inspirei muito nele. Já ficava imaginando, depois quando eu crescer eu quero ser bancário igual meu tio, né? Aí, lá aos 15 anos de idade surgiu a primeira oportunidade para trabalhar no Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais como menor aprendiz, né, e foi uma experiência fascinante. Depois que eu entrei naquela burocracia bancária eu me identifiquei bastante e acho que foi uma decisão, assim, fulminante –eu quero ser bancário.P/1 – E como é que era o dia a dia como menor aprendiz ali? Quais eram as suas funções, como é que era lá?R – Olha só, é... é como menor aprendiz num banco, na década de 1970, que não tinha informatização nenhuma, então, a atividade do menor aprendiz praticamente era tá levando papel de um lado pra outro, né? Naquela época o cliente vinha sacar um cheque, entregava um cheque no balcão, recebia uma chapinha numerada, que seria chamada pelo caixa posteriormente, e eles precisavam de alguém que levasse esse cheque do balcão até a conferência de assinatura para ser conferida a assinatura do cheque. Depois disso era remetido pra conta corrente onde era feito o lançamento na conta do cliente pra saber se tinha saldo ou não. Só posteriormente era levado ao caixa para que fosse pago ao cliente. Então, o elo, né, que fazia com que esse processo funcionasse era o menor aprendiz. Ele saía carregando esse papel de mesa em mesa até que o cliente fosse atendido em sua necessidade.P/2 – Era molecular, né?R – Molecular [risos].P/2 – Depois o senhor vai pro Sudameris e tem uma função que eu acho que não existe mais, né, de mecano...R – Mecanografista.P/2 – Mecanografista.R – É, exatamente.P/2 – Explica pra gente o que era ser um mecanografista.R – Pois é, é, eu passei como menor aprendiz no Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais dois anos e meio e fui convidado pra trabalhar no Banco Sudameris.P/1 – Só pra registro, qual o ano que o senhor fica lá, o senhor lembra?P/2 – Eu lembro.R – Ah, tá bom, me ajuda.P/2 – 1970, depois em 1974 o senhor vai pro Sudameris.R – Pro Sudameris, exatamente. Bom, é, no Sudameris a gente não tinha o nível de automatização que a gente tem hoje nos bancos. Eu fui trabalhar numa área de mecanografia, né, que é justamente o setor que fazia os débitos e os créditos nas contas dos clientes, né? Então, assim, de muita responsabilidade. A gente já estava avançando, assim, pra um nível melhor nos processos bancários, né? Então, eu já não conseguia lançar um cheque errado de um cliente na conta de outro porque existiam chaves que garantiam que esses lançamentos fossem feitos de forma correta, e também passei aí no Sudameris, aí, por volta de três anos.P/2 – E posteriormente o senhor vai para o Banespa?R – Pois é. Surgiu a oportunidade de fazer um concurso, né, para o Banespa, ele era um banco federal, né, na época. Hoje já é um banco privado e desempenhei várias funções lá dentro do Banespa, terminando como caixa executivo. Foi também nessa oportunidade que surgiu o concurso para o Banco do Brasil, né, e eu tive a felicidade de passar e fui assumir o Banco do Brasil em Santa Inês, no Maranhão, isso em 1981.P/1 – 1981. O que significava assumir um cargo no Banco do Brasil em 1981, passar no concurso do Banco do Brasil?R – Olhe só, quando eu trabalhava no Sudameris, não, aliás, no Banespa, eu fazia a faculdade de Economia em Fortaleza e estava lá nos últimos semestres pra conclusão do curso e, de uma certa forma, eu estava adiando a minha posse no Banco do Brasil pra terminar o curso. Pra você ter uma ideia o quanto isso representava naquela época, as pessoas diziam, esquece o curso superior, vai tomar posse do Banco do Brasil, que o Banco do Brasil é melhor do que uma formatura. Então, naquela época se tinha esse conceito sobre o que era trabalhar no Banco do Brasil. E resgatando lá, o meu tio que era funcionário do banco e me servia como referência, então, realmente pra mim a melhor opção era tomar posse no Banco do Brasil mesmo que numa cidade do interior do Maranhão, né, uma cidade, uma praça de difícil provimento pros funcionários do banco, mas que eu estaria realizando um sonho já de infância, né, que era trabalhar no Banco do Brasil e com a perspectiva de ter uma carreira brilhante dentro do banco, né?P/2 – E o senhor já vai pra lá casado?R – Eu estava noivo nessa época, né, e ainda não tinha casado porque o salário do Banespa não era tão bom, estava dando aquela enrolada, né? Mas, aí, com a posse no Banco do Brasil em maio, no mês de agosto, eu já casei, já levei minha mulher lá pra Santa Inês, né, e pra você ver, assim, como o destino é interessante, né, nove meses depois que a gente casou surgiu um concurso, né, concurso pro Banco do Brasil em nível local. Ela fez esse concurso e passou, né, hoje é funcionária do Banco do Brasil já próximo aí da aposentadoria.P/1 – Então, casal do Banco.R – Casal do Banco.P/2 – Qual que era o cotidiano do trabalho em Santa Inês, a interação do Banco com a cidade, como funcionava isso?R – Olha, Santa Inês era uma cidade muito violenta. Ela estava situada entre BR's, né, então era muito fácil as pessoas cometerem crimes e terem, assim, uma rápida rota de fuga e, por conta, era uma cidade nova também, sem tradição, com envolvimento de tráfico de drogas, roubo de cargas de caminhões, quadrilhas, então, era uma praça extremamente violenta e perigosa, o que fazia com que os funcionários do Banco atuassem como uma família, ou seja, a gente procurava se voltar unicamente lá na BB, né, como um clube, onde, digamos, de exercer a parte social e nas residências dos próprios colegas. Nós evitávamos estar em comemorações em bares e clubes da própria cidade, né?P/2 – Aí tem um momento que o senhor comentou lá fora que o senhor faz uma opção pra um retorno à família, que deixa a carreira um pouco de lado, o senhor podia registrar essa história pra gente um pouco.R – Em Santa Inês, como eu falei antes, por ser uma praça de difícil provimento de funcionários para o Banco, ela, ela se constituía também assim em uma ótima oportunidade de crescimento profissional. Então, nos sete anos que eu passei em Santa Inês eu tive a oportunidade de exercer quase todos os cargos comissionados dentro da agência e isso me propiciaria um crescimento profissional rápido. Mas, nem sempre as coisas acontecem como a gente quer e lá em 1988 eu tive um problema de saúde da minha mãe, né, lá em Fortaleza e do meu pai e eu fiz opção por pedir transferência, voltar pro Estado do Ceará, que é um Estado tradicionalmente assim, onde as pessoas, todo mundo gostaria de trabalhar, então, não tinha as oportunidades profissionais que tinha no Maranhão, mas que me propiciaria dar uma assistência maior à minha mãe e ao meu pai e eu não tive dúvidas em fazer essa opção. E pra você ver o quanto foi gratificante ter feito essa opção, logo que nós chegamos lá tivemos oportunidade de fazer um plano de saúde pra minha mãe e pro meu pai. E eu me lembro até que naquela ocasião meu pai falou assim: “Não, faça só pra sua mãe, porque ela é uma pessoa mais doente, tal, pra mim não precisa, eu tô aqui forte.” E eu falei pra ele: “Olha, vamo fazê um sacrifício, vamo cotiza aqui e vamos fazer os dois planos de saúde.” E, assim, quatro meses depois que a gente fez esse plano de saúde, que era um plano de saúde especial, junto à Unimed, feito, coordenado pelo CDL, eram 150 famílias que estavam ingressando nesse plano de uma vez só, então eles conseguiram ausência de carência, conseguiram um preço mais baixo e quatro meses depois desse plano o meu pai precisou fazer duas pontes de safena, então, aquela decisão que eu tomei lá Santa Inês, muitas vezes, assim, duvidosa, né, temerosa, ela foi plenamente justificada só por esse fato de ter amparado o meu pai num momento muito difícil da vida dele que possivelmente ele não estaria vivo hoje pra contar essa história. P/2 – Sua esposa como fez com, ela já tinha um cargo também no Banco do Brasil em Santa Inês, né?R – Isso.P/2 – Como foi a transferência dela pra lá?R – O Banco ele tem essa tradição, né, de quando ele transfere o esposo, ele transfere também a esposa, né. Ele não separa a família. A acho que é uma questão política do Banco, né, manter a família unida.P/1 – Então se um dos dois pede transferência ele manda os dois?R – Ele manda os dois.P/2 – É nessa cidade também, é Quixe...?R – Quixeramobim.P/2 – Quixeramobim, né, que o senhor tem oportunidade também de trabalhar com projeto social, né?R – Exatamente.P/2 – Conta pra gente.R – A nossa chegada em Quixeramobim foi, assim, uma benção, né, por essa questão da família, né, de tá voltando pro Estado, apesar da nossa família morar a 200 quilômetros lá em Fortaleza. Mas a gente estava ali pertinho, né, e propiciou também que a gente se envolvesse com projetos sociais naquela cidade, uma cidade com os desníveis sociais muito, assim, gritantes. Então, a gente estava junto com a Secretaria de Assunto Social fazendo trabalho na periferia da cidade e estava lá também no Comitê da Fome pela Cidadania, do Betinho [Herbert José de Souza], naquela época todos os funcionários do Banco do Brasil do Estado doavam Vale Ticket e esse Vale Ticket era usado pela Superintendência do Banco para comprar cestas básicas. E no Ceará é comum, né, aquelas secas, né, e durante as secas a gente conseguia que essas cestas básicas fosse disponibilizadas lá pra Quixeramobim e os próprios funcionários faziam a distribuição junto às comunidades atingidas pelas secas. Mas, assim, o ponto alto da...social da nossa participação em Quixeramobim foi quando eu tive a oportunidade de ser instrutor do BB Educar. Aquela época até fazia história na cidade vizinha de Quixadá. Interrompi a faculdade por seis meses pra ter, assim, o prazer de estar junto com aqueles alunos, alfabetizando adultos...idade, assim, que variava de 18 e a minha aluna mais velha tinha 68 anos, era uma senhora que, ela não faltava à aula, toda aula ela estava lá, ela tinha uma dificuldade enorme em aprender, mas não desistia, sabe? Eu tenho até impressão de que ela usava aquele momento como terapia ou como lazer, pra fugir de casa ou alguma coisa, ela devia ter um motivo especial. Mas foi, assim, um dos momentos gratificantes da nossa passagem lá por Quixeramobim.P/1 – Saindo, você sai do Maranhão, vai pro Ceará, Quixeramobim, se aproxima da família, isso se dá em 1988, você comentou, e você fica em Quixeramobim quanto tempo?R – Olhe, nós ficamos em Quixeramobim até 1996.P/1 – Então foi um longo período.R – É, exatamente. Nós passamos 8 anos em Quixeramobim. Foi um momento em que o banco introduziu o Plano de Adequação do Quadro de Pessoal e o Estado do Ceará, até por essas qualidades do Estado, todo mundo queria trabalhar no Ceará, as agências ficaram inchadas e eles tiveram que fazer um redimensionamento do quadro de pessoal e foi esse Paque [Plano de Adequação do Quadro de Pessoal]. Quase todas as agências tinham funcionários que foram elegíveis, eles tinham que escolher sair do Banco ou optar por uma transferência pra praças que precisavam, né, de funcionários. Entre as diversas praças, a de Brasília era uma que acenava com muitas vagas e a nossa opção pra vir pra Brasília foi essa, não foi uma decisão espontânea, né, ela foi motivada por esse plano de adequação do Banco, mas que eu acho que aconteceu na hora certa, né? Os nossos filhos já estavam aí na idade de oito, nove anos de idade, já estavam precisando realmente vir pra um centro que, assim como meu pai fez lá em 1959, né, aquela migração da cidade do interior pra Fortaleza, eu estava fazendo em 1996 a migração lá de Quixeramobim pra Brasília, né, aproveitando essa, aquela oportunidade que estava sendo dada em razão da adequação do banco.P/1 – O senhor entra como, em que cargo exatamente em Quixeramobim em 1988 e sai em que posto?R – Tá. Lá em Quixeramobim ela não tinha, assim, as condições de você evoluir profissionalmente. Então, quando eu fiz aquela opção lá em Santa Inês, né, de brecar um pouco a carreira pra dar uma assistência à família, já foi uma coisa pensada. Eu não ia conseguir evoluir lá em Quixeramobim, tá? Isso vem acontecer aqui em Brasília, né, já diante de um novo cenário, mas lá em Quixeramobim eu cheguei como escriturário e saí como escriturário pra Brasília.P/1 – E em Brasília o senhor assume onde o posto?R – Aqui eu assumi na agência comercial sul. Eu e a minha esposa, os dois, né? E, gostaria de registrar, assim, na minha chegada em Brasília, eu vinha de uma cidade onde eu era conhecido pelas pessoas, né, reconhecido pelo trabalho que fazia. Confesso que aqui, essa cidade, assim, fria, concreto, as filas, né, eu me senti como se tivesse perdido a cidadania. Puxa, o que é que eu tô fazendo aqui meu Deus do céu? Lembro até que eu fiz uma poesia sobre esse momento difícil que a gente estava passando aqui em Brasília, né? P/2 – O senhor sabe de cor a poesia?R – Ah, não, não sei de cor, senão teria o prazer de...P/1 – Qual a impressão que o senhor tem dessa cidade? Eu queria que o senhor falasse um pouquinho mais. Saiu de Quixeramobim vem pra cá, chega em Brasília. Como é que a sua família sente isso, como é que é isso? O senhor podia falar mais sobre isso? As diferenças, as vantagens, como é que foi?R – Olha só, eu, desculpa, deixa eu voltar aqui um pouquinho (PAUSA). A nossa chegada aqui em Brasília, ela não foi uma chegada, assim, muito desconfortável, porque nós já tínhamos amigos que tinham vindo antes da gente aqui pra Brasília. Eles já estavam aqui há um ano, então, a gente, de uma certa forma, já encontrou um ambiente favorável à nossa chegada. A gente não chegou aqui sozinho, já teve ajuda pra procurar imóvel, já tivemos, assim, facilidade de arranjar o fiador do imóvel que nós iríamos alugar, né? Mas a gente vinha de uma condição de vida muito boa lá de Quixeramobim. A gente tinha uma casa muito boa, nós tínhamos um barco, lá tinha uma barragem muito grande, as minhas filhas esquiavam e a gente teve que abrir mão de tudo isso, né, e vir pra um apartamento pequeno, de 90 metros quadrados, sem o conforto que a gente tinha lá, então, tudo isso foram dificultadores. Agora, quando eu olho pras minhas filhas, elas se adaptaram muito rapidamente com essa nova vida, parece que o que Brasília tinha oferecido pra elas era mais importante do que o que elas perderam. Então, se a gente for fazer, assim, um apanhado geral, foi extremamente positiva a nossa vinda pra cá.P/1 – E o senhor assume no setor comercial sul na agência, né? E eu queria que o senhor falasse um pouco assim, da transferência da agência, porque o senhor sai de uma agência de uma cidade do interior pra assumir logo numa agência que fica no centro comercial da cidade. Como é que foi o trabalho, que o senhor olhou, assim, viu aquela fila enorme de gente, como é que foi?R – Pois é, tinha duas diferenças, né? Que a gente estava vindo de uma agência que estava em processo de automatização pra uma agência já automatizada, então, nós chegamos com...desatualizados em relação aos processos que estavam sendo conduzidos naquela dependência, né, e um movimento incrível, totalmente diferente daquele que a gente tinha lá em Quixeramobim. Mas, o ser humano tem uma capacidade, assim, muito rápida de adaptação, né? Acho que até é a questão de sobrevivência. Ou você se adapta ou você tá fora do sistema, né? E a minha esposa, ela veio com a recomendação muito boa lá da...aliás, o casal veio com uma recomendação muito boa lá do Estado do Ceará em relação à nossa história profissional dentro do Banco, e aqui ela foi designada pra trabalhar com a carteira de clientes especiais da agência, né? E essa carteira até hoje ela gerencia esses clientes e gera uma rentabilidade muito boa para o banco. E eu com três meses que estava na agência recebi o convite de um colega de banco que trabalhou comigo lá em Santa Inês, no Maranhão. Ele, diferentemente de mim, fez opção pela carreira e viajou esse Brasil todo e estava chegando em Brasília pra estruturação da diretoria de distribuição e soube que eu estava em Brasília, me convidou pra trabalhar com ele e a partir desse convite eu trabalhei seis anos na diretoria de distribuição como analista pleno.P/1 – Aí a carreira deu uma...R – Aí a carreira volta a dar uma guinada, né? Esse amigo, ele com seis meses que ele estava aqui em Brasília, resolveu voltar pro Nordeste e menos de um ano depois faleceu. Eu costumo dizer à esposa dele que, quando me encontro com ela, que a passagem deles aqui por Brasília tinha tido uma função que era a gente se reencontrar, né, até pra que selasse uma despedida, né? Seis anos após eu estar trabalhando na diretoria de distribuição eu fui convidado pra trabalhar na diretoria de controladoria, no programa Arquitetura de Informações. É um programa que tinha como finalidade reestruturar todo o parque de informática do banco, né, todos os sistemas de informações do banco. Eu já fui convidado como analista sênior pra trabalhar nesse programa e passei lá dois anos e seis meses, oportunidade que ele foi...esse programa foi absorvido pela diretoria de tecnologia. Hoje, tá sendo conduzido por aquela área e, aí, quando houve essa absorção, eu tive algumas oportunidades de trabalho dentro do próprio banco. Foi quando eu fui informado de que estava havendo uma seleção, né, para o mesmo cargo que eu já ocupava, né, de analista sênior na Fundação e logo me veio à mente assim: “puxa vida...seria uma oportunidade de eu retomar contato com os projetos sociais, seria a oportunidade de eu resgatar aquela cidadania que eu perdi quando cheguei em Brasília, né? Era que estava meio perdido, lá, meio zonzo, aí, nessas ruas de Brasília.” E, aí, eu participei dessa seleção, tive a felicidade de ser escolhido e estou hoje, né, há dois anos e um mês na Fundação, uma experiência extremamente gratificante.P/2 – Mas antes dessa notícia, do projeto de seleção, o senhor escutava aqui em Brasília, falar da Fundação? O senhor já tinha flertado com a Fundação antes ou não?P/1 – Conhecia os projetos?R – Olhe, é, aqui em Brasília, mais próximo aqui do centro, a gente passou a ouvir sobre a Fundação, sobre os próprios projetos que ela desenvolvia, mas eu não cheguei a me aprofundar, a ter um conhecimento, assim, mais específico sobre os projetos dela. A partir do momento que eu soube da seleção, aquilo chamou, despertou a atenção, né? Entrei no site da Fundação, eu acho que eu passei a próxima semana toda bisbilhotando no site da Fundação pra me informar de tudo que ela fazia, né, e parece que tinha algumas coisas desatualizadas, então, me informei até sobre o homem do campo, que, como é o nome?P/2 – Bitencourt?R – Que o Bitencourt, né, foi objeto da entrevista o Bitencourt, logo mais, né? É um projeto que já havia sido desativado, mas eu já sabia tudo sobre o homem do campo também.P/1 – Então você se apaixona pela Fundação, assim.R – É, realmente foi aquele resgate da cidadania que eu perdi lá em 1996 eu considero que atingimos esse objetivo, agora em 2003 quando a gente veio para a Fundação Banco do Brasil.P/2 – O senhor vai como analista sênior, né?R – Isso. Eu fui designado como analista sênior para a diretoria de ciências e tecnologia, né, mais especificamente na área de reaplicação de tecnologias sociais.P/1 – Já pegou a época da reaplicação.R – Exatamente.P/2 – Mas o senhor tinha alguma ideia do que fosse isso quando chegou?R – É, realmente era um pouco diferente do tipo de projeto social que eu me envolvi lá no Interior do Ceará, né? A gente passa a trabalhar com o prêmio Fundação Banco do Brasil, né, de tecnologias sociais, que é um grande prospectador de tecnologias, né? Tecnologias essas que são voltadas pra resolver problemas de comunidades carentes, né? Como por exemplo, assim, a gente tem no Brasil hoje um grande problema que é o saneamento básico, tanto nas capitais e principalmente no campo. Se a gente for olhar hoje o campo brasileiro apenas 80%, apenas 20% têm saneamento básico rural; 80% usa aquelas fossas negras, né, e são poluidoras do meio ambiente, né? Polui o lençol freático que causa doenças e uma das tecnologias do Banco de Técnicas Sociais é a fossa séptica biodigestora, uma tecnologia simples, que consiste em três caixas d’água que são interligadas com conexões e que propicia o tratamento do esgoto da residência e mais que isso, não só trata o esgoto. O processo de biodigestão que ele faz com as fezes humanas do esgoto doméstico, ele transforma aquilo num adubo, é de excelente qualidade. É uma tecnologia desenvolvida lá pela Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] São Carlos em São Paulo, que a gente teve condições de reaplicar em vários assentamentos rurais aqui no entorno do DF e tá acompanhando, assim, os resultados de forma extremamente satisfatória.P/1 – Voltando um pouquinho. O senhor sai pra uma vida bancária, de fato, né, pra mexer com a área de negócios do banco, com a agência, depois vai pra diretoria e, de repente, chega na Fundação Banco do Brasil. Quer dizer, é uma outra modificação também no ambiente de trabalho, na forma de lidar com o seu trabalho, são outras metas, outros objetivos. Como é que foi essa primeira impressão quando o senhor chegou o primeiro dia na Fundação depois de alguns anos de agência?R – É verdade. Olha só, é, eu senti, assim, extrema felicidade de poder ter como primeiro chefe o diretor (______), aquele japinha elétrico, né?. O primeiro contato que eu tive com ele, ele me repassou em duas horas quase que um histórico de cinco anos da Fundação, né? Então, eu saí daquela sala apavorado, né? Eu não vou conseguir dar conta desse negócio não.P/2 – Onde eu fui me enfiar, né?R – Hein?P/2 – Onde eu fui me enfiar, né?R – Pois é, mas com o passar dos dias, né, a gente foi se inteirando do metiê da Fundação e hoje eu acho que a minha vida, né, funcional do Banco do Brasil não seria completa se eu não pudesse ter tido essa oportunidade. Uma oportunidade extremamente gratificante que eu espero ainda poder realizá-la até a aposentadoria.P/2 – O senhor fica nessa função de analista desses projetos ligados à tecnologia social, né?R – Exatamente.P/2 – Quanto tempo, depois o senhor muda de função? O que acontece?R – É, no início, no final do ano passado, a Fundação passa por problemas estruturais, ou seja, ela muda a sua estratégia de atuação e, com essa mudança, o investimento social que ela faz, o investimento financeiro aumenta, assim, de forma substancial. Quando a gente compara, por exemplo, 2005, de 2006 em relação a 2003, esse incremento foi mais de 200%, isso no volume financeiro e, consequentemente, isso traz impacto também pra quantidade de projetos sociais que são implementados. Essa mudança de estratégia gera impacto na implementação dessas atividades, ou seja, pra gente contratar os projetos sociais é preciso que a gente deixe de realizar algumas atividades importantes, porque, senão, ou você faz uma coisa ou faz outra e isso estava trazendo prejuízos pra parte administrativa da Fundação. É aí nesse momento que a diretoria executiva solicita a participação do trabalho de uma consultoria pra realizar a reestruturação da Fundação, de modos que a estrutura possa viabilizar a estratégia de implementação das suas atividades e pra condução desse trabalho. Eu fui escolhido e essa mudança, né, acarretou na mudança de cargo, eu era analista sênior, né, e pra executar esse trabalho fui alçado à categoria de analista máster.P/2 – Isso, vocês estão vivendo em plena reestruturação, então?R – Nós estamos em pleno processo de reestruturação.P/2 – Pode contar tudo então. Como começou, em que pé que tá, o que tá faltando fazer?R – Hoje mesmo eu fiz uma apresentação pro Conselho Fiscal da Fundação, né, sobre o andamento desses serviços, e a gente realmente falar sobre isso sem auxílio de gráficos, sem auxílio de tabelas, é bem mais complexo porque fica difícil você entender sem essas ferramentas.P/1 – De uma maneira geral, o que significa essa reestruturação pra Fundação?R – Essa reestruturação pra Fundação significa que ela tá mudando de uma estrutura orientada por função para uma estrutura orientada por processo. E o que é que significa isso? Significa que dentro dessa atual estrutura, caracterizada por áreas especializadas, com baixa segregação de responsabilidade, a Fundação perde muita sinergia nas suas atividades, né, por causa da pulverização dos processos, a forma como ela tá estruturada. Então, numa gestão por processos ela vai ter oportunidade de segregar melhor responsabilidades, definir melhor os processos, os pontos de corte entre as áreas, estabelecer as responsabilidades de cada área dentro dos processos e ela vai se tornar mais flexível pra atender às diversas demandas e alterações de demanda que vêm do mercado, tá? Então, o objetivo da reestruturação é esse, não é uma reestruturação que tá cortando cargos, cortando pessoas, mas que tá tentando alterar, migrar a estrutura de um modelo pra outro que permita que ela atinja os seus objetivos que estão previstos aí no planejamento estratégico.P/2 – E isso impacta diretamente nos programas que já estão estruturados, nos projetos sociais em si?R – Não, isso impacta num... nos programas não, mas nas áreas que conduzem esses programas sim. A gente muda o nosso modelo. Como a Fundação, ela estava estruturada em áreas especializadas e cada uma era dono do seu processo do início ao fim, cada uma prospectava, cada uma operava aquele projeto, avaliava as suas próprias ações, a gente quebra esses processos, né, em áreas diferentes. Então, nós vamos passar a ter uma área que faz a prospecção e vai lá prospectar parcerias, vai lá prospectar recursos, né, vai tá lá identificando as necessidades sociais, identificando quais as tecnologias pra atender essas necessidades sociais e ela identificando isso tem uma outra área pra operacionalizar isso, que vai fazer a análise dos projetos, que vai contratar esses projetos, que vai monitorar pra saber se eles estão executados, se estão sendo executados da forma como foi contratado e uma terceira área que vai fazer a avaliação desse processo como um todo. Não só dos programas e dos projetos sociais como da própria Instituição, ou seja, a gente segrega as atividades, segrega as responsabilidades e dá maior transparência aos processos que é um rumo, assim, da boa governança corporativa que a gente tá encaminhando à Fundação.P/2 – Você como condutor desse processo...acho que culmina no final do ano, né?R – É, a expectativa é que a gente tenha ao final do ano o modelo estrutural definitivo da Fundação, com essas caixinhas todas funcionando e com a necessidade, né, de funcionários estabelecidas. Depois do mapeamento dos processos, da conformidade desses processos e das competências humanas necessárias pra fazer esse processo funcionar, a gente tem esse redimensionamento pronto pra apresentar ao conselho curador, submeter à aprovação do conselho curador.P/2 – Tá tudo caminhando como você tem planejado?R – Tati, como diria o comandante do Titanic, tá tudo sob controle [risos].P/1 – Excelente, excelente.P/2 – Foi ótima essa. Como diria o comandante do Titanic?P/1 – Do Titanic, né, não é de qualquer um, não, é do Titanic.P/2 – Tudo bem.P/1 – Mário, qual a fase mais marcante que você vivenciou na Fundação Banco do Brasil?R – Desculpa, como é teu nome?P/1 – Aurélio.R – Aurélio. Aurélio, algum tempo atrás nós recebemos um desafio, né, de um parceiro lá do Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] nacional para nós implementarmos uma ação em três aldeias da tribo da etnia Xavantes, lá no Mato Grosso. Era uma, não sei se vocês lembram, mas algum tempo atrás surgiram reportagens, aí, na mídia sobre índios, indiozinhos que estavam morrendo, um elevado índice de mortalidade infantil de índios nas aldeias lá de Mato Grosso do Sul, e essa realidade não era diferente lá no Mato Grosso. As crianças morriam por doenças simples, como diarreia, pegavam uma gripe e evoluía pra uma pneumonia, falecia. Os idosos, na época do frio também morriam por pneumonia, e a gente….e eles estavam lá numa área que...cercada por grandes produtores de soja... eles estavam sendo imprensados ali, inclusive esses produtores de soja estavam arrendando essas terras indígenas pra plantar soja, o que era um impacto ambiental lá na aldeia deles terrível. Esses, os defensivos agrícolas que eles jogam lá pra plantar no solo, a chuva levava para os córregos, né, o que reduzia a oferta de peixe pra aquelas comunidades, né? As terras...eles plantam com a técnica do fogo, aquela terra ainda duas vezes produz, depois não produz mais e eles estavam precisando receber orientação de como mudar, né, o modo deles de tratar a terra pra ver se eles conseguiam até, pelo menos, uma cultura agrícola de subsistência, né, pra alimentar melhor lá os jovens deles, que eles estavam morrendo por doenças tão banais, né? E nós implementamos esse projeto de agricultura familiar nessa aldeia e pra nossa surpresa eles entenderam muito bem essas técnicas, e o projeto tá evoluindo bastante e, assim, o momento mais marcante foi...a nossa visita a essas três aldeias, né? Pra você ter uma ideia, é mais fácil você ir de carro pra lá do que ir de avião, porque você viaja um dia todo, são mil quilômetros, né, pra chegar na cidade de Campinápolis, no Mato Grosso. De lá você...40 quilômetros de estrada de terra pra chegar nas aldeias. Não tem energia elétrica, né, tão distantes de tudo e de todos lá. É, mas, o mergulho que nós demos naquela cultura, né? Nós chegamos lá estava na época do... eles chamam wapté. São os adolescentes que tão migrando da fase de adolescente pra fase adulta, então, eles estavam naquelas solenidades que permitia essa passagem de uma fase pra outra daqueles índios, né? Então, a gente participou lá das corridas dos waptés, da corrida de tronco, da... da conversa na fogueira de madrugada, né, que eles acordavam muito cedo lá pra iniciar esses festejos. Então, é, você visitar uma aldeia dessas, você entra, agora, você não sai, você sai outra pessoa, porque é uma experiência extremamente gratificante e que se vocês puderem façam, porque vale a pena mesmo.P/2 – Vivenciar o rito de passagem deles, você acabou vivenciando também, né?R – Pois é.P/1 – Mário, você podia falar um pouquinho sobre as pessoas que vivem a Fundação com você, seus companheiros de trabalho, as companheiras? Citar alguns.R – Ah, sim, claro, com muito prazer. Quando eu cheguei na Fundação, né, fui recebido lá na equipe do Fumio e trabalhei diretamente com o Hamilton, né, que é o nosso delegado sindical, com a Carmem, e assim, eu fui muito bem recebido e recebi também muito apoio deles, né, naquele momento em que a gente estava precisando tomar pé da situação, do que era a Fundação, né? Foram importantes também a Terezinha, né, a Terezinha fantástica, a Helena, é...deixa eu ver quem mais aqui da equipe, o Rogério Iziara, gente finíssima também e atualmente também na equipe que eu tô participando na área de reestruturação da Fundação eu tenho o apoio da sua xará, da Tatiana, né, que é gente finíssima, uma pessoa fantástica, tem sido assim, além de uma excelente profissional, uma excelente amiga também e citar pessoas assim a gente até acaba cometendo injustiças, porque acaba esquecendo os nomes de pessoas que também foram importantes. Mas a Fundação Banco do Brasil é uma grande família e todos, assim, têm muita patente, um senso de solidariedade, de companheirismo e a gente nunca fica na mão.P/1 – Existe algum caso engraçado, curioso que você viveu aí na Fundação que você possa contar pra gente?R – Olha só.P/1 – Um causo, né?P/2 – Não vale inventar se não tiver, hein!R – Tá certo. A gente tem lá na Fundação um copeiro, né, que é o Ismaildo, que o cara é fantástico, rapaz. Ele tem uma presença de espírito, assim, enorme e outro dia lá na copa estava, assim, um barulho, uma algazarra, né, e tinha um colega que estava trabalhando, é o Paulinho, né? estava trabalhando assim do lado, se sentiu incomodado, aí gritou, né, lá da estação de trabalho dele. Isso era hora de almoço, tinha pouca gente, né, “olha o barulho aí na copa, olha o barulho aí na copa”. Aí, o Ismaildo fazia assim “hein?”, aí, o Paulinho aumentava a voz “olha o barulho aí na copa, olha o barulho aí”, aí o Ismaildo “hein?”, aí, foi que ele percebeu que o Ismaildo estava gozando dele, né, mas ele é desse jeito. Agora, ontem um colega nosso cortou o cabelo, né, e cortou o cabelo assim, cara, acho que foi a primeira vez que ele foi naquele barbeiro, que o cara fez um corte lá meio esquisito, um estrago na cabeça do rapaz, né, e eu brinquei que foi com o Hamilton, né, “pô Hamilton, onde foi que você cortou o cabelo, cara, me dá o endereço aí desse barbeiro”, aí o Ismaildo ia chegando e disse: “não, não foi o barbeiro não, foi na Ação Global” [risos].P/1 – Muito bom. Como é que o senhor avalia a sua trajetória na Fundação Banco do Brasil até esse momento?R – Bom, é, a minha, a minha... pô caramba, esqueci a pergunta cara.P/1 – Como é que o senhor avalia a sua breve trajetória na Fundação Banco do Brasil até o momento?R – Bom, eu avalio assim, como de extrema felicidade, né, acredito que tenha sido até uma pessoa privilegiada, assim, no lado profissional por ter conseguido em dois anos e pouco de Fundação ter tido essa ascensão profissional, né, ter tido esse reconhecimento por conta da administração da Fundação e, até por conta disso, eu me sinto duplamente feliz, tanto pelo lado pessoal como o lado profissional.P/2 – Tem alguma lição que você acha que aprendeu dentro da Fundação nesse pouco tempo que você tá lá? Alguma coisa, que seja “não, isso aí eu aprendi lá, a Fundação que me ensinou”?R – Ah, acho que a gente tá sempre aprendendo coisas novas todos os dias, né, independente de onde a gente esteve e na Fundação não é diferente, porque é uma inversão de conceitos, né, você vem trabalhando dentro de uma lógica econômica, de uma lógica financeira e você inverter essa visão, não é um processo muito fácil, não. Mas, rapidamente, a gente conseguiu, né, inverter esse olhar, essa lógica e realmente essa visão você só consegue trabalhando numa instituição que tenha essa missão.P/2 – O senhor poderia traduzir a Fundação em poucas palavras?R – Ah, você me pegou agora, hein!P/2 – O significado dela pra você.R – Bom, a Fundação Banco do Brasil eu considero assim uma instituição extremamente importante para o país, na medida que ela propicia a inserção social de comunidades, né, em exclusão ou em risco de exclusão e também pela complementação das políticas públicas, né, que o governo não pode implementar em todos os lugares e ao mesmo tempo. Então, por esse contexto social eu considero, assim, a instituição de uma relevância extrema para o país. Fazer parte de uma equipe que tenha essa missão, que trabalhe com essa finalidade é motivo, assim, de orgulho e de extrema satisfação para mim e para minha família.P/2 – E esse projeto Mário, de registrar a memória da Fundação, a trajetória desses 20 anos, como é que você avalia esse projeto? O que você acha disso?R – Bom, esse projeto ele nasceu lá na Citec [diretoria de ciência e tecnologia], na área que eu trabalhava, só que conduzido pela Helena, né, pela Helena, pela Tatiana e eu considero, assim, de extrema importância, porque ele tá criando uma metodologia que vai permitir que comunidades, cooperativas, associações, ONG´s, movimentos sociais, famílias e movimentos de trabalhadores possam registrar sua forma, a sua história, né, de forma sistematizada dentro de um modelo que facilita, né, esse modus operandi. Então, é mais uma, é mais um instrumento, né, uma ferramenta que com o auxílio do Museu da Pessoa a Fundação disponibiliza pra sociedade e que é de uma importância, uma importância muito grande nesse país que dá tanto pouco valor à história.P/1 – O que o senhor achou de ter participado dessa entrevista com a gente?R – Bom, eu até falei pra Tatiana antes que, assim, eu tenho uma dificuldade muito grande de falar em público, de dar entrevista e se colocar uma câmara na frente, então, até perguntei pra ela antes aqui se prendesse a perna se ia sair no vídeo, né? Mas achei, assim, que foi sem dor, né, e foi até é agradável ficar aqui conversando com vocês, agradecer a vocês que propiciaram esse momento, aí, de descontração, porque realmente eu estava um pouco tenso, né, mas, é, queria até parabenizar a equipe por ter propiciado esse momento tão descontraído e agradável.P/2 – Em nome do projeto nós é que agradecemos imensamente a entrevista.P/1 – Muito bom. Obrigado Mário.R – Obrigado vocês, hein!
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