Meus exames para o vestibular coincidiram com a época do último vestibular não unificado (1969). Vivíamos a fase de implantação da Reforma Universitária quando uma das preocupações do governo era dar solução ao problema dos excedentes.A disputa por uma vaga na Universidade pública era tão acirrada quanto hoje. As chances aumentavam para os que dispunham de recursos para investirem nos cursinhos de pré-vestibular. Essa possibilidade só existiu para mim enquanto uma de minhas irmãs, que fazia mestrado com bolsa numa universidade norte- americana, enviou recursos para que eu frequentasse um cursinho. Frequentei o cursinho até o meio do ano Quando meu pai adoeceu resolvi entregar a minha mãe a verba destinada ao pagamento do cursinho, para ajudar nas despesas domésticas. A despeito de tudo, obtive no vestibular uma classificação que me possibilitou ingressar no curso de Licenciatura Plena em História, logo no primeiro semestre de 1970.
A escolha do curso de História deveu-se a razões de proximidade e afinidade com a área de Ciências Sociais. Meu veio prático levou-me a ela, já que, premida pelas circusntâncias familiares, eu, a esta altura, já tinha clareza da necessidade de obter um credeciamento capaz de permitir, em breve, meu ingresso no mercado de trabalho. Não visava com isto a certeza de uma profissão rentável. Priorizei, sobretudo, uma área de conhecimento que me agradace. Sabia, porque fora informada desde cedo, que a Ciência Social, à época, não era profissão reconhecida, embora o curso já o fosse. A licenciatura em Ciência Social, embora já existisse, tinha mercado de trabalho bastante restrito.
Outro motivo de atração pelos cursos de História e de Ciências Sociais, residia na conjuntura adversa da época, além, é claro, da busca de compreensão e de conhecimento dos episódios políticos da história do Brasil contemporâneo pós- 30. Agregavam-se a isto as dificuldades vividas em família do período 67...
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Meus exames para o vestibular coincidiram com a época do último vestibular não unificado (1969). Vivíamos a fase de implantação da Reforma Universitária quando uma das preocupações do governo era dar solução ao problema dos excedentes.A disputa por uma vaga na Universidade pública era tão acirrada quanto hoje. As chances aumentavam para os que dispunham de recursos para investirem nos cursinhos de pré-vestibular. Essa possibilidade só existiu para mim enquanto uma de minhas irmãs, que fazia mestrado com bolsa numa universidade norte- americana, enviou recursos para que eu frequentasse um cursinho. Frequentei o cursinho até o meio do ano Quando meu pai adoeceu resolvi entregar a minha mãe a verba destinada ao pagamento do cursinho, para ajudar nas despesas domésticas. A despeito de tudo, obtive no vestibular uma classificação que me possibilitou ingressar no curso de Licenciatura Plena em História, logo no primeiro semestre de 1970.
A escolha do curso de História deveu-se a razões de proximidade e afinidade com a área de Ciências Sociais. Meu veio prático levou-me a ela, já que, premida pelas circusntâncias familiares, eu, a esta altura, já tinha clareza da necessidade de obter um credeciamento capaz de permitir, em breve, meu ingresso no mercado de trabalho. Não visava com isto a certeza de uma profissão rentável. Priorizei, sobretudo, uma área de conhecimento que me agradace. Sabia, porque fora informada desde cedo, que a Ciência Social, à época, não era profissão reconhecida, embora o curso já o fosse. A licenciatura em Ciência Social, embora já existisse, tinha mercado de trabalho bastante restrito.
Outro motivo de atração pelos cursos de História e de Ciências Sociais, residia na conjuntura adversa da época, além, é claro, da busca de compreensão e de conhecimento dos episódios políticos da história do Brasil contemporâneo pós- 30. Agregavam-se a isto as dificuldades vividas em família do período 67 em diante. As ditaduras e as repressões estudantis haviam me mobilizado a ponto de tentar buscar explicações racionais para aqueles eventos.
Iniciei o curso de História na UFF em março de 1970. A possibilidade de cursar disciplinas da área de Ciências Sociais, aberta pelo sistema de créditos da Reforma Universitária, foi amplamente aproveitada por mim. Fiz o mínimo de disciplinas de História para garantir o número de créditos que me habilitasse ao magistério e aproveitei o máximo créditos frequentando disciplinas como Sociologia, Antropologia e Ciência Política.
No Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF tive a oportunidade de aprender e debater temas de História e de Ciências Sociais que eram proibidos nas demais universidades públicas do Rio de Janeiro (UERJ/UFRJ). Era comum atravessarmos a baia de Guanabara com livros marxistas encapados, a fim de não sermos molestados por estarmos lendo literatura proibida. Discutíamos e formavámos grupos de estudos sobre modos de produção, imperialismo, colonialismo,,etc. Destaco deste período o contato com uma literatura bastante significativa ( Dobb, Habsbawn, Lévi-Strauss,Caio Prado Jr., Celso Furtado,Sérgio Buarque de Hollanda,Bóris Fausto,e outros).
Parte do curso referente a licenciatura nos obrigava a frequentar disciplinas como Psicologia da Educação, Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1o. e 2o. graus, Didática e Prática de Ensino. Confesso que só tive certo entusiasmo pela prática de ensino que permitiu planejar , com alunos das escolas da redondeza, um curso sobre um tema a ser escolhido pelos próprios alunos. Trabalhei, no sistema de micro-classe, o tema referente à História Medieval.
O estudo de disciplinas de Ciências Sociais convenceu-me da necessidade de aprofundar os estudos teóricos , especialmente as teorias que informavam sobre os fenômenos da dependência e do autoritarismo na América Latina e Brasil contemporâneos (pós-30). No meu entendimento, a fragilidade do curso de História situava-se no limite dado aos estudos da historiografia brasileira, que se encerravam na era Vargas e nas escassas e incipientes orientações de aprendizagem de pesquisa.
Vale lembrar que durante o perído de frequentei à universidade , enfrentei a necessidade de trabalhar e estudar. Tentei, inicialmente arrumar trabalhos condizentes com a minha futura profissão: o magistério. Obtive alguns empregos em cursinhos preparatórios para os exames supletivos. Como esses cursos pagavam mal ( quando pagavam), fui obrigada a tentar outras alternativas dada a necessidade de colaborar com a renda familiar. Voltei a poder conciliar estudo e trabalho quando na universidade obtive uma bolsa de trabalho . Deste modo pude finalmente concluir meu curso universitário em dezembro de 1973.
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