Recentemente aqui também não foi conosco, mas foi com a vizinha debaixo, da casa térrea. Ela congrega numa igreja dita evangélica, duas ruas após aqui a Rua Direta é a igreja dela. Há alguns dias era o aniversário da filha dela. Então ela preparou uma torta e levou para comemorar na igreja e foram de carro. Estacionaram o carro, subiram e começou o culto e ela estava com a netinha de um aninho e ela começou a ficar muito agitada porque estava muito abafado, muito quente e ela veio para o terraço para que a nenê se refrescasse. Quando ela estava no terraço ela ouviu os sons de tiros e também pensou que eram fogos de artifício. E a igreja é no primeiro andar e embaixo, próximo à igreja tinha um barzinho onde as famílias estavam… como é o costume aqui do bairro, sentar, comer na mesa, crianças brincando e os adultos bebendo cerveja, o som ligado nas alturas, e tudo é festa aqui na Bahia! E os sons de tiro. E alguém gritou, ela não percebeu que era tiro. Quando alguém gritou: “- É tiro”, né, que é o grito de alarme: “ - É tiro!” E todo o mundo corre, se esconde, se refugia debaixo de carros, né. Se defende como pode. Se esconde como pode. Ela entrou com a menininha. Quando as coisas se acalmaram tinha um rapaz baleado e aí, depois as pessoas relataram para ela que, de duas a três pessoas descarregaram várias armas, parece que foram sete tiros na cabeça. Tudo isso à vista das pessoas que estavam ali. E ainda saquearam o cadáver. Tiraram tudo. Só conservaram a roupa do corpo, mas celular, carteira, relógio, tudo foi tirado. A moto em que ele estava. E depois a irmã dela disse: “ - Seu carro foi alvejado”. Quatro tiros no carro dela, que é esse carro que está aqui na nossa garagem (...) No dia do aniversário da filha dela, ela estava no carro com a filha, tinham acabado de saltar do carro (...) Aí depois ela me chamou, ai: “ - Eline, deixe eu contar o que aconteceu...
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Recentemente aqui também não foi conosco, mas foi com a vizinha debaixo, da casa térrea. Ela congrega numa igreja dita evangélica, duas ruas após aqui a Rua Direta é a igreja dela. Há alguns dias era o aniversário da filha dela. Então ela preparou uma torta e levou para comemorar na igreja e foram de carro. Estacionaram o carro, subiram e começou o culto e ela estava com a netinha de um aninho e ela começou a ficar muito agitada porque estava muito abafado, muito quente e ela veio para o terraço para que a nenê se refrescasse. Quando ela estava no terraço ela ouviu os sons de tiros e também pensou que eram fogos de artifício. E a igreja é no primeiro andar e embaixo, próximo à igreja tinha um barzinho onde as famílias estavam… como é o costume aqui do bairro, sentar, comer na mesa, crianças brincando e os adultos bebendo cerveja, o som ligado nas alturas, e tudo é festa aqui na Bahia! E os sons de tiro. E alguém gritou, ela não percebeu que era tiro. Quando alguém gritou: “- É tiro”, né, que é o grito de alarme: “ - É tiro!” E todo o mundo corre, se esconde, se refugia debaixo de carros, né. Se defende como pode. Se esconde como pode. Ela entrou com a menininha. Quando as coisas se acalmaram tinha um rapaz baleado e aí, depois as pessoas relataram para ela que, de duas a três pessoas descarregaram várias armas, parece que foram sete tiros na cabeça. Tudo isso à vista das pessoas que estavam ali. E ainda saquearam o cadáver. Tiraram tudo. Só conservaram a roupa do corpo, mas celular, carteira, relógio, tudo foi tirado. A moto em que ele estava. E depois a irmã dela disse: “ - Seu carro foi alvejado”. Quatro tiros no carro dela, que é esse carro que está aqui na nossa garagem (...) No dia do aniversário da filha dela, ela estava no carro com a filha, tinham acabado de saltar do carro (...) Aí depois ela me chamou, ai: “ - Eline, deixe eu contar o que aconteceu porque você… as pessoas veem o carro alvejado, começam a imaginar mil e uma coisas, eu quero contar para você.” Ainda estava sob o efeito, ela tremia muito, já tinha se passado uns quatro dias, já tinha até trocado o vidro do carro, só faltava consertar o fundo, mas ela ainda… relatando, ela ainda sofria muito. Ela dizia: “ - Minha filha só dizia assim, meu Deus, se… se a senhora morresse no dia do meu aniversário, como é que eu ia viver?” (...) Mas eu fiquei horrorizada, né? Horrorizada pelo… pelo momento que ela estava vivendo, pela violência gratuita que bate na porta sem a pessoa estar preparada para aquilo e, o desrespeito com a pessoa que perde a vida né, independente de estar ligado ou não ao tráfico, as pessoas perderam totalmente a noção do que amor, do que é a caridade, do que é a compaixão, né? Porque no momento de procurar, se ainda se pode fazer alguma coisa por aquela vida, as pessoas estão preocupadas em retirar os bens materiais. Então a gente fica assim, muito triste porque diz, meu Deus do céu, esse ser humano ainda tem… essa criação que Deus se esmerou tanto para fazer ainda tem salvação? É a pergunta que a gente se… se faz, né?
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