P/1 – Bom dia.
R – Bom dia, Márcia.
P/1 – Eu gostaria que você dissesse o seu nome completo, o local e data de nascimento.
R – O meu nome é Abadio Alves de Lima Júnior, eu nasci em 1962 em Ituiutaba, Minas Gerais.
P/1 – E qual o nome dos seus pais?
R – Meu pai se chamava Abadio Alves de Lima e minha mãe se chamava Irondes das Dores de Lima.
P/1 – Você sabe a origem da sua família?
R – A minha família é de origem mineira. Os meus pais, minha mãe, todos eles nasceram em Minas. Meus avós também, todos eles são de origem mineira, inclusive todos os meus primos e tias. Moram todos em Minas. E em São Paulo, a única família que veio pra São Paulo é a família da minha mãe, que somos nós. Então, hoje em dia aqui em São Paulo, nos resumimos, inclusive, a poucos familiares, poucas pessoas, sendo que a maior parte deles mora em Minas ou Goiás.
P/1 – E são todos da região de Ituiutaba?
R – Todos da região de Ituiutaba, ali no Triângulo Mineiro, próximo de Uberlândia, toda aquela região.
P/1 – E qual era a atividade profissional dos seus pais, Abadio?
R – O meu pai era pedreiro e a minha mãe não trabalhava, ela era do lar.
P/1 – E os seus avós, eles trabalhavam com o quê?
R – Os meus avós trabalhavam na agricultura, eram pedreiros. Meu avô era pedreiro. Trabalhavam na agricultura também, que aquela região é muito forte na agricultura, gado. Então, trabalhavam nessa área.
P/1 – E o teu pai trabalhava como pedreiro na cidade de Ituiutaba mesmo?
R – Na cidade e em toda a região de Minas, não somente na cidade de Ituiutaba, na região de Minas. Mais em Belo Horizonte, que naquela época Belo Horizonte e aquelas regiões estavam em fase de crescimento. Então tinha muita mão de obra para pedreiro. Inclusive ele, meu avô e meus tios trabalhavam juntos, formaram empreiteiras. Então eles trabalhavam muito...
Continuar leituraP/1 – Bom dia.
R – Bom dia, Márcia.
P/1 – Eu gostaria que você dissesse o seu nome completo, o local e data de nascimento.
R – O meu nome é Abadio Alves de Lima Júnior, eu nasci em 1962 em Ituiutaba, Minas Gerais.
P/1 – E qual o nome dos seus pais?
R – Meu pai se chamava Abadio Alves de Lima e minha mãe se chamava Irondes das Dores de Lima.
P/1 – Você sabe a origem da sua família?
R – A minha família é de origem mineira. Os meus pais, minha mãe, todos eles nasceram em Minas. Meus avós também, todos eles são de origem mineira, inclusive todos os meus primos e tias. Moram todos em Minas. E em São Paulo, a única família que veio pra São Paulo é a família da minha mãe, que somos nós. Então, hoje em dia aqui em São Paulo, nos resumimos, inclusive, a poucos familiares, poucas pessoas, sendo que a maior parte deles mora em Minas ou Goiás.
P/1 – E são todos da região de Ituiutaba?
R – Todos da região de Ituiutaba, ali no Triângulo Mineiro, próximo de Uberlândia, toda aquela região.
P/1 – E qual era a atividade profissional dos seus pais, Abadio?
R – O meu pai era pedreiro e a minha mãe não trabalhava, ela era do lar.
P/1 – E os seus avós, eles trabalhavam com o quê?
R – Os meus avós trabalhavam na agricultura, eram pedreiros. Meu avô era pedreiro. Trabalhavam na agricultura também, que aquela região é muito forte na agricultura, gado. Então, trabalhavam nessa área.
P/1 – E o teu pai trabalhava como pedreiro na cidade de Ituiutaba mesmo?
R – Na cidade e em toda a região de Minas, não somente na cidade de Ituiutaba, na região de Minas. Mais em Belo Horizonte, que naquela época Belo Horizonte e aquelas regiões estavam em fase de crescimento. Então tinha muita mão de obra para pedreiro. Inclusive ele, meu avô e meus tios trabalhavam juntos, formaram empreiteiras. Então eles trabalhavam muito na região de Minas.
P/1 – Você diz que sua família montou uma empreiteira, e era própria deles mesmo?
R – Era própria deles. Eles pegavam o serviço, contratavam mão-de-obra e administravam.
P/1 – Abadio, me fala uma coisa. Você pode me descrever um pouquinho a cidade onde você nasceu, a rua, o bairro, durante a sua infância?
R – Eu não tenho muita referência da cidade onde eu nasci porque eu vim pra São Paulo com três anos de idade. Então, não tenho muita referência. O que eu resgatei foi depois de algum tempo. Eu retornei pra rever alguma coisa, pra conhecer mesmo a cidade onde eu nasci, mas não tenho referência. A pouca referência que eu tenho de lá é que era uma cidade muito tranquila, pacata por si, não tinha indústria. A única indústria que tinha lá, que eu me lembro até hoje, era uma gordureira. Então, o pessoal trabalhava muito mesmo, vivia muito mesmo era da agricultura e da pecuária. Referência mesmo eu tenho de outros locais, São Paulo por exemplo. Então nós, por meu pai ser pedreiro e trabalhar em várias regiões, éramos muito mutantes, morávamos em vários locais. Então eu morei e nasci em Minas, morei em algumas cidades de Minas. Em Goiás também, em Goiânia. Viemos pra São Paulo e em São Paulo estou desde os meus três anos. Saímos algumas vezes pra morar em outras regiões, mas sempre retornávamos para São Paulo.
P/1 – Os seus pais vieram pra São Paulo por quê?
R – Vieram pra São Paulo acho que devido até à mão de obra em São Paulo também. Naquela época se tinha muito a visão de que São Paulo era uma cidade em que se ganhava muito dinheiro com a mão de obra. Então eles vieram pra São Paulo nessa expectativa, de que São Paulo era uma cidade muito propícia.
P/1 – E você sabe pra que região de São Paulo vocês foram morar, logo que vocês vieram pra cá?
R – Viemos para a Zona Leste, onde eu resido até hoje.
P/1 – Que bairro que é?
R – Primeiramente viemos para o Jardim Três Marias, que fica numa região da Zona Leste, ali próximo à Penha. E posteriormente fomos para a Vila Císper, que é uma região próxima também da Penha e do Jardim Três Marias.
P/1 – E nessa época você recorda da casa onde você morava? Você se lembra da rua?
R – Recordo, recordo sim. Naquela época éramos eu e mais quatro irmãos, que hoje em dia somos seis irmãos. Sou eu e mais cinco irmãos. Naquela época só tinha quatro. Então eu me lembro que eles eram todos pequenos. Eu sou o segundo mais velho da família, só tenho uma irmã mais velha do que eu. Então, eu me lembro que naquela época nós cuidávamos muito dos irmãos mais novos e brincávamos muito. Ouvia-se muito naquela época dizer da ditadura, que tinham as reuniões do meu pai e dos meus tios. Então, ouvia-se falar muito da ditadura, esquadrão da morte. Naquela época eu me lembro muito desses problemas sociais que vivíamos lá. Apesar de ser pequeno, deu pra vivenciar alguma coisa daquela época.
P/1 – E o que eles falavam, o que você escutava dessa época, qual era o assunto do seu pai com os seus tios com relação a essa época da ditadura e do esquadrão da morte?
R – Eles faziam parte de um grupo oposto ao governo, mas não efetivamente, só com ideias. E falava-se muito daquela região, onde não poderiam fazer reuniões entre eles à noite porque poderia até ter algum vizinho que fizesse parte do esquadrão e pudesse colocar não só a família em perigo, mas eles também. Eu me lembro muito que naquela época, quando eles faziam reunião, faziam em casa, apagavam as luzes, e quando iam embora colocavam uma roupa escura pra não serem vistos. Então eu me lembro que aquela era uma época muito complicada, você não tinha direito de se expor, de falar, de opinião. Ou você fazia parte do governo ou era contra ele, não tinha muitas alternativas. Então, aqueles que se propunham a fazer, a ser contra o governo, com certeza ficavam em risco. Eles nunca foram presos por estas ações, muitos foram presos nessa época, mas deram sorte porque eles faziam reuniões frequentemente.
P/1 – Você tinha quantos anos nessa época?
R – Eu tinha, nessa época, cinco anos de idade.
P/1 – Retornando um pouquinho pra essa época na sua infância, qual era a sua brincadeira preferida? Você falou que vocês brincavam muito. Qual era a brincadeira preferida de vocês?
R – Ah, eu gostava muito de empinar pipa. Eu tenho mais dois irmãos. É incrível que nós nunca fomos de jogar bola, mas a brincadeira preferida mesmo era empinar pipa.
P/1 – E vocês faziam a pipa de vocês?
R – Fazíamos, tanto é que eu faço até hoje, brinco até hoje. Sempre que tenho tempo, eu faço a minha pipa, vou para o campo e brinco mesmo. É uma brincadeira muito saudável.
P/1 – E você tem alguma técnica especial para fabricação de pipas?
R – Não, não tenho. Desde que ela suba, não tenho muita técnica, não.
P/1 – A rabiola sendo boa...
R – Sendo boa, subindo, não tem técnica.
P/1 – E você brincava com quem? Você tinha amigos, você tinha o pessoal da tua família? Com quem que você brincava?
R – Eu brincava com primos, amigos, vizinhos. Meus irmãos naquela época, um ainda não tinha nascido, o outro era muito pequeno. Então eu brincava mais com amigos e primos.
P/1 – E você tem algum amigo dessa época que te marcou muito, que você se recorda e que foi uma pessoa, criança ou um amigo que você ficou mais próximo? Você lembra?
R – Não, eu não lembro porque neste local eu vivi até mais ou menos uns sete anos de idade, aí mudamos novamente para Minas. Então não deu muito tempo de firmar uma amizade maior ou talvez ter essa amizade até hoje. Então não tenho.
P/1 – E vocês voltaram para Minas porque?
R – Voltamos para Minas porque o meu avô pegou uma obra lá muito grande e convidou o meu pai para fazer parte da obra, para ajudá-lo nessa obra, e nós fomos pra Minas, voltamos pra Ituiutaba.
P/1 – E que obra era essa?
R – Eu não me recordo.
P/1 – E aí vocês ficaram quanto tempo em Ituiutaba?
R – Ficamos em Ituiutaba mais ou menos um ano, um ano e meio, e retornamos para São Paulo novamente.
P/1 – E como é que foi esse período escolar? Você começou a estudar, qual foi a sua primeira escola e como é que foi esse processo de mudança que você coloca, essa questão escolar?
R – Eu comecei a estudar, inclusive, com seis anos e meio de idade. Como eu faço aniversário em agosto, naquela época tinha a possibilidade de fazer no meio do ano, entrar um pouco antes. Então, eu comecei com seis anos de idade, sempre fui um bom aluno. E me formei, terminei o todo o primário no tempo normal, com cerca de dez anos, onze anos. Aí depois passei para aquela época que era o ginásio. Aí no ginásio eu fiz até a quinta série, que eu tinha uns 13 anos de idade, e nessa época o meu pai teve derrame. Aí o que fez? Eu tive que parar o estudo pra trabalhar, e aí fomos morar em Goiânia, porque o meu avô via que nós estávamos passando aqui dificuldades, já que éramos só eu, meus irmãos e minha mãe. Aí fomos para Goiânia. Eu parei os estudos e comecei a só trabalhar pra ajudar a família. Moramos em Goiânia um ano, eu morei em Goiânia um ano, e lá também a situação, a vida não estava tão fácil. Em um ano eu me reuni a minha família, que era a minha mãe e meus irmãos, e falei: “Mãe, aqui está muito difícil, o que vamos fazer? Eu vou pra São Paulo.” Ela: “Não, você não vai, você é muito novo.” “Não, mãe, eu vou porque lá eu consigo até ajudar mais.” Então foi o que eu fiz, eu vim pra São Paulo. Nessa época eu tinha de quinze para dezesseis anos. Aí eu vim pra São Paulo, voltei pra empresa em que eu trabalhava quando eu saí daqui de São Paulo. Eu me apresentei num dia e no dia seguinte já comecei a trabalhar, porque graças a Deus era um bom funcionário. Comecei a trabalhar e aluguei, morei com uns amigos que nós deixamos aqui durante três meses. Aí já aluguei uma casa e, em sete meses, trouxe toda a minha família para São Paulo. E eu, com dezesseis anos então, com sete meses, trouxe a minha mãe e todos os meus irmãos para São Paulo. Trabalhei, juntei dinheiro e mandei dinheiro para eles virem todos. Então esse é um mérito que eu gosto e os meus irmãos me reverenciam por isso: “Nós conseguimos retornar por você ter uma atitude”.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho. Você disse o seguinte, que essa primeira escola que você frequentou foi aqui em São Paulo, logo que você começou os seus estudos?
R – Foi aqui em São Paulo.
P/1 – E era uma escola pública?
R – Era uma escola pública.
P/1 – E como é que ela era, que disciplina que você tinha naquela época e que você gostava?
R – Naquela época tinha muitas disciplinas que já não tem muito hoje em dia. Por exemplo, a língua estrangeira era o Francês, tinha Artes Plásticas, se não me engano. Tinha muitas atividades. Cursos, inclusive, que não tem hoje mais, foram extintos, eram cursos da época. Mas uma matéria que eu gostava muito era Geografia, gostava muito do Francês também, então eu gostava muito dessas matérias.
P/1 – E era uma escola pública?
R – Era uma escola pública.
P/1 – E por que você gostava de geografia?
R – Eu gostava de geografia porque... Inclusive hoje eu gosto muito de geografia também, para conhecer todos os... Quando se ouve falar de uma região, você saber o que aquela região tem, o que ela produz, em que ponto do país ela se encontra. Então, hoje eu tenho essa facilidade. Graças a Deus o meu emprego também me permitiu conhecer essas regiões. Então, você conhecendo geograficamente, indo àquela região, saber tudo que tem em volta daquela região, o que ela produz, quais as pessoas que vivem ali, isso é muito importante. Não é você... Por exemplo: “Ah, eu vou pro Rio.” “O que tem o Rio? Em que ponto do país fica o Rio de Janeiro?” Então, é muito importante você ir e saber onde você está. Tanto é que eu prefiro, hoje em dia, fazer minhas viagens terrestres do que pegar um vôo e ir. Eu prefiro, nas minhas férias, pegar o carro e ir tal lugar. Então eu vou conhecendo por onde passo, vendo tudo. Eu gosto muito de geografia, sempre gostei.
P/1 – E aí você estudou, fez a questão primária aqui em São Paulo e voltou a Minas. E você continuou os estudos lá em Minas?
R – Eu continuei em Minas, mas foi… Não, não foi Minas, foi em Goiás, em Goiânia. Em Goiânia eu não continuei os estudos, eu parei os estudos. Depois eu vim retomar os estudos novamente quando eu já estava no Grupo Credicard, isso foi em 1987 mais ou menos, 1987, 1988. Aí eu retomei os estudos e fiz, naquela época, o Objetivo, em que você fazia o curso e a cada seis meses eliminava uma matéria. Eu fiz esse curso, iniciei na quinta série e terminei, concluí o segundo grau técnico e me formei em Eletrotécnica. Iniciei na quinta série até concluir todos os estudos e me formar em Eletrotécnica.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho. Você disse que vocês voltaram a São Paulo e seu pai sofreu um derrame.
R – Sofreu um derrame.
P/1 – E ele ainda estava trabalhando como pedreiro?
R – Estava trabalhando como pedreiro.
P/1 – E vocês acabaram perdendo o seu pai, foi isso?
R – Perdi meu pai não naquela época, mas depois de uns três anos, quando ele veio a falecer.
P/1 – Nessa época você já estava trabalhando?
R – Já estava trabalhando. A partir do momento que ele teve o derrame eu já comecei de imediato a trabalhar para ajudar os meus pais, que qualquer ajuda que vinha era muito útil.
P/1 – E que emprego foi esse?
R – Eu comecei a trabalhar numa empresa de autopeças, era a Suspex Indústria e Comércio de Autopeças. Comecei lá com catorze anos e trabalhei até os dezoito anos nesta empresa. Tanto é que eu saí da empresa pra ir pra Goiânia, depois retornei e voltei a trabalhar nessa mesma empresa também.
P/1 – E quando vocês foram pra Goiânia, vocês foram morar com os seus avós?
R – Fomos morar com a minha tia. Eu tinha uma tia que mora em Goiânia até hoje.
P/1 – E que tipo de atividades vocês fizeram lá? Você falou que você voltou pra lá e você tentou arrumar emprego, mas era muito difícil. Mas você conseguiu algum emprego lá, você chegou a trabalhar lá, ou não?
R – Consegui. Já naquela época, o desemprego na cidade... Em Goiânia, por exemplo, já tinha lá o problema de desemprego, e no emprego que você arrumava, o salário não era tão grande, isto quando arrumava, que era muito complicado arrumar emprego. E eu consegui emprego lá no Pit-dog, que era um desses locais, no interior tem muito esses trailers onde vende lanches. Então eu consegui emprego num local destes, trabalhei um tempo. A renda era muito pouca quando recebia, o patrão era ruim de pagar. Aí eu consegui um emprego num supermercado onde o salário também era muito baixo, não tinha condições de ajudar muito a família. A minha mãe trabalhava, começou a trabalhar como doméstica. A minha irmã também tentou arrumar algum servicinho de ajudar a olhar crianças. Mas, juntando a renda de toda a família, era muito pouco para o sustento da casa, porque aí nós já morávamos separados numa casa, já tínhamos alugado uma casa. Então, pra pagar aluguel, o sustento da família, todo o dinheiro não dava, a renda da família não dava. Foi aí que eu decidi vir pra São Paulo.
P/1 – E quando você voltou pra São Paulo, você foi morar onde?
R – Quando eu voltei pra São Paulo, eu morei com uns amigos nossos que nós tínhamos deixado aqui, um casal de uma família. Eu morei com eles durante três meses, aí eu já aluguei uma casa, começando já a me programar para já trazer a família. Aluguei a casa, já comecei a comprar alguns móveis. Um fato interessante é que o primeiro móvel dessa casa que eu aluguei, que eu comprei, na época tinha dezesseis anos e não tinha crediário e nem tanto dinheiro. Onde eu trabalhava tinha uma fábrica de móveis próxima. Então, eu fui até essa fábrica e expliquei: “Eu preciso comprar os móveis, só que eu não tenho cheque.” Naquela época, o cheque era para as poucas pessoas que trabalhavam com banco, então eu não tinha, até mesmo pela idade. Eu não tinha cheque e nem dinheiro, mas tinha o meu compromisso de efetuar o pagamento. Fui lá, conversei com o proprietário da fábrica e ele falou: “Não, você pode pegar o que você quiser. Eu vou mandar entregar na tua casa e você paga de acordo com o que você está falando, uma vez por mês. Eu faço em tantas vezes, uma vez por mês você paga.” E na época eu já escolhi os móveis que eu precisava, que eram mesa, cadeira e um guarda-roupa. Eu escolhi e na mesma hora ele já mandou colocar no caminhão e já entregou na minha casa. E todos os meses eu passava lá na mesma data e pagava pra ele. Inclusive, ele virou muito meu amigo por essa atitude, um rapaz novo já ter esse compromisso, de já fazer algo desse tipo. Então na hora ele já pegou os móveis e levou até minha casa. Então eu fiquei muito feliz por isso, né? Depois de pouco tempo, alguns meses, já vieram dois irmãos. Mandei vir logo dois irmãos, pra já ir vindo à prestação. Depois de pouco tempo já veio toda a família para São Paulo.
P/1 – E seus irmãos, quando vieram pra cá eles também foram trabalhar?
R – Não, porque vieram primeiro... É interessante que, desde novo, a gente já tem certas estratégias de vida. Então vieram primeiro os mais novos, que eu pensei: “Vêm os mais novos, ficam os maiores lá pra ir ajudando a minha mãe, até mesmo pra depois, quando vierem, tentarem fazer toda a mudança.” Porque se viessem os maiores, pra ela ficaria difícil. Então vieram os mais novos pra cá e ficaram os maiores lá.
P/1 – E quem tomava conta desses seus irmãos mais novos?
R – Eles mesmo se viravam porque eles já tinham... Minha irmã tinha o quê? Uns dez anos. E meu irmão tinha o que? Uns onze anos também. Então, desde cedo nós já tínhamos essa noção de se virar, já que depois que o meu pai teve derrame era nós que cuidávamos uns do outros. Então, graças a Deus, sempre tivemos essa noção de “vamos se virar”. Então eles se viravam.
P/1 – E depois que você saiu, você trabalhou quatro anos nessa empresa, né? E o que você fazia nessa empresa?
R – Nessa empresa eu trabalhava como auxiliar, e a minha função era rebarbador. Rebarbador é uma... Toda peça de borracha... Era uma fábrica de autopeças, então ela trabalhava com parte de borrachas, todas essas borrachas que vão na suspensão de carro. Então eram prensadas essas borrachas, que era uma prensa, e elas eram prensadas. Quando ela saía da prensa, ela vinha toda com rebarbas de borracha. Então, o rebarbador o que era? Retirar aquelas rebarbas ao redor da peça. Depois, com o tempo, em 1978 mais ou menos, eu já não era mais rebarbador, já era prensista, já fabricava a peça.
P/1 – E porque que você saiu dessa empresa?
R – Eu saí dessa empresa em 1980, porque teve uma crise muito grande aqui no país, principalmente para as empresas de autopeças. Teve um corte de funcionários e neste corte eu fui dispensado. Inclusive, alguns meses antes de eu casar, que eu já tinha marcado casamento para 1980, alguns meses após, e eu perdi o emprego.
P/1 – E durante esse período de você trazer a sua família pra cá, conhecer a sua mulher, você teve alguma pessoa que foi muito marcante nessa sua fase de adolescência e já se tornar uma pessoa adulta? Tem alguma pessoa que foi referência pra você, que te marcou e que te deu algum exemplo?
R – A minha maior referência sempre foi minha mãe, que era uma pessoa muito lutadora. Ela cuidou, posso dizer aí, de seis filhos, com dignidade. Todos nós, os meus irmãos, graças a Deus, são pessoas de índole. Não somos ricos, a nossa maior riqueza é o caráter e a educação que a minha mãe deu. Então, a minha maior referência foi a minha mãe.
P/1 – Que atitude dela te deixou como exemplo? Qual foi a atitude dela que te marcou e que ficou como referência de “eu tenho que agir como ela”, por exemplo?
R – O caráter e a franqueza. A minha mãe não fazia rodeios, o que ela tinha que dizer ela dizia sem magoar, dizia no momento certo, na hora certa e com as palavras certas.
P/1 – Abadio, vamos voltar um pouquinho. Você saiu um pouco dessa empresa, e que emprego você arranjou, onde você foi trabalhar?
R – Nessa altura eu já tinha feito já alguns cursos, que eu sempre me preocupei com a minha formação profissional. Eu tinha o pai como pedreiro, viajando de um lado pro outro, via os problemas que ele tinha, financeiros, que geralmente passava por muitos problemas por ser uma mão-de-obra que se paga muito pouco. Então eu sempre, desde cedo, já me preocupei na minha formação profissional. Com quinze anos eu já fiz um curso de Rádio e TV, que era de consertos de equipamentos eletrônicos. Então eu fiz esse curso. Eu tinha muito interesse também em conhecer essa parte de eletrônica, eu sempre gostei de eletrônica. Então eu fiz esse curso e não obtive muito sucesso, tanto é que eu nunca consegui consertar um rádio. Ou eu era muito ruim, ou o curso era pior do que eu. Aí eu fiz um curso de eletricista, isso com dezessete anos. E foi quando eu me achei. Fiz o curso de eletricista e já comecei a trabalhar. Graças a Deus, quando eu estava trabalhando nessa empresa eu já fiz o curso. Perdi o emprego, já tinha uma formação de onde trabalhar, não era abrir o jornal e procurar o emprego de ajudante, já fui procurar dentro da minha formação. E trabalhei numa empresa de instalações elétricas, na VF, que era um símbolo da empresa, que era Veloso _____ Faria, e comecei a trabalhar de eletricista nessa empresa. Trabalhei nela até 1983, que foi quando eu já entrei para o Grupo Credicard.
P/1 – E nesse processo, logo que você arranjou outro emprego, você já casou também, né?
R – Já casei também.
P/1 – E como você conheceu a sua esposa?
R – Ela morava próxima de onde eu aluguei uma casa. Uma casa que eu digo... Era um cômodo, essa casa que eu aluguei era de um cômodo, não era uma casa. E ela morava no mesmo terreno, numa casa ao lado, dentro do mesmo terreno. Naquela época trabalhava-se muito, eu fazia muitas horas-extras até pra ajudar a família, ajudar a trazê-los. Então eu só a via no final de semana, sábado e domingo. Então, final de semana eu ia lavar a minha roupa, arrumar a casa. E quando eu estava lavando a roupa, inclusive, ela ficava, ela também jovem, ficava dando risada: “Ah, lavando a roupa.” E eu lá, sem preocupação. E aí nos casamos. Naquela época nos apaixonamos e nos casamos. E logo depois vieram os filhos. Eu tive um filho, o Anderson, ele tem 26 anos, e a Andressa, que tem 24 anos. Ela, inclusive, vai se casar agora no final do ano. Minha filha é técnica em enfermagem, trabalha num hospital. Meu filho está fazendo faculdade. Já era pra ter terminado, quando eu entrei na faculdade ele saiu. Então, ele retornou pra faculdade agora. E a minha esposa, que é ex-esposa, nós vivemos juntos aí até 2004. Toda aquela paixão de início acabou, ficou danificada no meio do caminho e acabou o relacionamento.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho. Você disse que trabalhou nessa outra empresa como eletricista, e aí você entrou pro Grupo Redecard.
R – Entrei para o Grupo Redecard.
P/1 – E como é que você veio trabalhar aqui na Redecard?
R – Naquela época seria o Grupo Credicard, em 1983. Eu trabalhei numa empresa quando eu saí da VF, essa empresa era de instalações elétricas, eu fui trabalhar numa outra empresa de instalações elétricas. Só que essa empresa prestava serviço dentro do prédio da Credicard, então ela tinha alocados dentro do prédio, eletricistas que faziam toda a manutenção do prédio. Então foi em 1983 que eu vim para o grupo trabalhando de eletricista. A partir daí passei por várias outras empresas prestadoras de serviços, porque acabava o contrato e vinha uma outra empresa. Dentro dessa primeira empresa, eu já comecei a trabalhar dentro da área, naquela época era telemática, que ela prestava serviço... Prestava serviço, não, nós instalávamos já os primeiros POS, as máquinas POS de campo. Então, a primeira máquina de POS, o primeiro meio de captura eletrônico, um dos primeiros da Redecard, eu posso dizer até do Brasil, eu fui um dos pioneiros a instalar esse tipo de equipamento. Então estou dentro dessa área de POS, de instalação de POS, de meios de captura, de tecnologia, que o nome da área hoje é logística. Então eu estou dentro dessa área até hoje, trabalhando dentro desse mesmo segmento.
P/1 – Abadio, só pra gente entender um pouquinho, porque é uma coisa muito específica. Essas empresas que prestavam esses meios eletrônicos de POS, você já estava trabalhando como funcionário da Credicard ou não?
R – Não.
P/1 – Eram prestadores de serviço?
R – Era prestador de serviço. Inclusive, eu estou no grupo há 23 anos e estou como... Foi em 1994, há doze anos como funcionário. Então, grande parte desse período eu trabalhei como prestador de serviço. Acabava o contrato de uma empresa, tinha alguns gerentes inclusive que faziam exigência: “Você vai entrar, mas um funcionário meu vai fazer parte do grupo de funcionários de vocês.” Foi aí que durante todo esse tempo eu trabalhei como prestador de serviço. Terminava o contrato de uma empresa, contratava-se outra, e a pedidos até da gerência, contratava a empresa, “mas o Abadio vai fazer parte do quadro de funcionários”. Então eu ficava sempre dentro da mesma função, exercendo sempre a mesma função dentro do grupo.
P/1 – E as instalações dos POS foi mais ou menos em que ano?
R – Em 1984 nós já tivemos aí alguns POS, meios eletrônicos já instalados. Tinha um, inclusive naquela época, que era um equipamento Itautec, só a fonte desse equipamento pesava mais de cinco quilos. Então, imagina o tamanho que era esse equipamento. E era uma novidade pro mercado. Você ia com um equipamento desses para fazer a instalação e o cliente tinha o maior prazer em receber aquele equipamento, porque não eram muitos que tinham na praça. Então, esse equipamento era enorme, era um equipamento muito grande. E depois, aos poucos, vieram se aperfeiçoando os equipamentos, tanto é que hoje nós temos equipamentos super menores e a fonte não pesa cinco quilos.
P/1 – Qual era a função desses equipamentos?
R – Eles eram equipamentos que faziam meios de captura. Era uma forma de pagamento. O POS o que é? É _____, que é um equipamento para forma de pagamento, meio de pagamento que o estabelecimento tem, que até então eram utilizadas somente as máquinas eletrônicas, que hoje já estão em desuso. E todos os equipamentos, todos os estabelecimentos utilizam uma forma eletrônica, um POS, como meio de pagamento, um POS ou um PDV como meio de pagamento. Naquela época o Brasil estava engatinhando nesse tipo de tecnologia, já que o cartão de crédito veio para o país depois de um bom tempo também. Então nós não tínhamos muita tecnologia. E foram aperfeiçoando, sendo a Credicard, naquela época, uma das pioneiras até em termos de tecnologia.
P/1 – E o quê que a POS trouxe, o quê que ela agregou para os estabelecimentos? Qual foi a facilidade que ela trouxe pra esses estabelecimentos?
R – Ela trouxe muitos benefícios, como segurança e facilidade, tanto para o estabelecimento quanto pro usuário. E principalmente segurança, porque quando o boleto era na maquina manual, o estabelecimento tinha que consultar um livro, que mais parecia uma bíblia, pra ver se o cliente não estava relacionado naquele livro, se tinha alguma restrição. Aí, dependendo do valor da compra, tinha que ligar pra operadora. Depois, com aquele boleto, ele tinha que fazer o depósito no banco. Agora, hoje não. Com o equipamento eletrônico, com o POS, já passa o cartão, a operadora já autoriza, não precisa fazer depósito em banco. Tanto é que hoje em dia o dinheiro do brasileiro é o cartão de crédito, é o cartão de débito, é o dinheiro de plástico, devido a essas facilidades que o mercado trouxe.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho pra gente esmiuçar. Na época a pessoa ia fazer uma compra, chegava, aí a loja era obrigada a consultar pra ver se o nome dessa pessoa não tinha nenhuma restrição.
R – Nenhuma restrição.
P/1 – Quem fornecia essa bíblia, como você chama, eram os bancos, era a própria Credicard?
R – Quem fornecia essa bíblia eram as administradoras de cartão de crédito. Por exemplo, a Credicard tinha lá essa relação, ela chamava Boletim de Ocorrência, se não me engano, acho que era Boletim de Ocorrência que chamava esse livro. Então ela enviava para os estabelecimentos. Eu não sei, não me lembro qual era a periodicidade que se enviava, se era mensal ou quinzenal esse livro. Mas era um livro que cada vez mais ia crescendo, a inadimplência naquela época era muito grande. Então enviava-se esse livro e todos os estabelecimentos faziam ali a consulta do cartão do cliente para ver se tinha alguma restrição ou não.
P/1 – E você falou que o primeiro POS no Brasil foi você quem instalou?
R – Um dos primeiros do Brasil fui eu que instalei, um dos primeiros, em São Paulo e no Brasil também. Fomos aí para regiões que não tinham POS naquela época. Tinha Brasília, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, as maiores capitais e estados não tinham. O usuário e os estabelecimentos naquela época não conheciam o meio de pagamento eletrônico. Tanto é que você ia dar um treinamento para o estabelecimento e informava a ele que tinha que passar o cartão, a forma de operação do equipamento, e avisava, informava a ele que não precisava mais fazer o depósito em banco e aquele valor seria creditado na conta dele. E você observava que ele ficava viajando: “Pô, mas como pode uma maquininha... Eu passo o cartão e vai depositar na minha conta?” Ele fazia algumas viagens e você viajava com ele. Ele ficava observando: “Como vão saber que esse valor é meu, essa é a minha conta?” Ele fazia umas viagens interessantes. Quanto mais distante você ia, pro Norte, Nordeste, mais você via. Não existia naquela época a Internet, hoje o pessoal está habituado com meios eletrônicos, tipo a Internet, por exemplo, o computador. Naquela época não tinha. O máximo que o cara tinha de eletrônico era uma calculadora. Então você leva um equipamento e fala: “Oh, você não precisa mais depositar em banco, não precisa mais consultar esse livro.” Ele ficava viajando mesmo. E é interessante que algumas regiões, tipo Ribeirão Preto, que é uma cidade tida como a “Califórnia Brasileira”, o poder aquisitivo lá é muito alto, naquela região. Então, a implantação de cartão de crédito naquela região foi até problemática. Isso conversando até com o gerente comercial naquela época, onde fizemos também as primeiras instalações de POS, onde o pagamento com o cartão de crédito não era muito usado porque o pessoal da região, para aqueles fazendeiros, o cartão de crédito era o fiado pra eles, não tinha dinheiro. Então, se eu vou pagar com o cartão de crédito, eu estou pedindo fiado, eu não tenho dinheiro. Então eles gostavam de tirar o dinheiro do bolso e pagar em dinheiro, nota viva. Então, o uso do cartão de crédito naquela época, nessa região, foi complicado de se introduzir devido a essa visão da população.
P/1 – E qual foi a estratégia utilizada por vocês para modificar esta visão?
R – Como eu trabalhava na parte de tecnologia, a estratégia eu não sei bem qual foi, mas creio eu que foi um trabalho muito forte da área comercial para mudar a visão do usuário, não só do usuário como todos os estabelecimentos também que oferecessem esse serviço. A minha função era levar a máquina e dar o treinamento. Eu conversava muito com o gerente, por isso que eu conheço essa dificuldade que eles tinham em utilizar o cartão de crédito. Mas com certeza foi um trabalho muito forte da área comercial para mudar a visão da população.
P/1 – E quem era o gerente comercial que atuava nessa área?
R – Nessa área era o Alcer, era um senhor muito legal. Ele trabalhou muitos anos na Redecard e ele era o gerente lá da filial de Ribeirão Preto.
P/1 – E você, quando eu te perguntei a questão do POS, qual foi a lógica? O primeiro POS que você implantou, qual estabelecimento recebeu o primeiro POS que você instalou?
R – O primeiro POS, creio eu, deve ter sido aqui no Shopping Iguatemi, por ser um dos shoppings mais antigos de São Paulo. Creio eu que foi no Shopping Iguatemi.
P/1 – Foi lá que você instalou?
R – Foi lá que eu instalei. É interessante. Naquela época, o que eu fazia? Eu instalava o POS, que era a minha área que instalava o POS, a área de telemática naquela época, e a área comercial ia ao estabelecimento para dar o treinamento. Veja como era, a quantidade de POS era tão pequena que possibilitava esta ação. Então nós íamos, instalávamos e depois a área comercial ia lá pra aplicar o treinamento. Depois de muito tempo, começamos a fazer todo o processo. Naquela época, quem dava o treinamento mais era o Alfredo Ricardo, ele fazia toda a parte de treinamento. Hoje ele é o gerente de uma das áreas da Comercial.
P/1 – Agora, me fala uma coisa. Você começou a trabalhar no Grupo Credicard. Qual foi o objetivo da criação da própria Redecard?
R – O objetivo? O grupo cresceu muito, a Credicard tinha todo o processo, cuidava aí da parte de estabelecimentos, do cliente, usuário do cartão de crédito, a parte de processo das informações. Então o grupo cresceu muito, na minha visão, e teve que modificar para prestar o melhor serviço ao usuário. Então a Credicard ficou com a parte de estabelecimentos.
P/1 – Me conta um pouquinho das atividades envolvidas na sua área.
R – Atualmente?
P/1 – Não, eu queria que você colocasse dentro do seu processo de crescimento dentro da Redecard e como foi que você foi passando dentro do contexto da Redecard, como foi o teu crescimento e as atividades que você desenvolveu.
R – Ok. Naquela época nós instalávamos a máquina, a comercial ia pra dar o treinamento. Então, começou a aumentar muito a quantidade de máquinas instaladas, aí a comercial não aplicava mais o treinamento, passou pra minha área de telemática fazer instalação e treinar o cliente. Naquela época éramos só eu e mais uma outra pessoa, que era o José Mário, que não trabalha hoje mais no grupo. Então, naquela época, pra fazer toda essa parte de instalação e manutenção, eram somente duas pessoas, eu e o José Mário. Depois, com o tempo, foram crescendo a quantidade de equipamentos e contratado alguns técnicos para fazer parte do grupo e nos ajudar a cumprir com as atividades. Então foram contratados aí uns vinte técnicos. Depois de algum tempo, essa função foi terceirizada e todos esses técnicos foram dispensados, menos eu, que não fui. Aí eu passei a trabalhar como funcionário da Credicard, passei para funcionário, e aí começamos a trabalhar com umas EPSs que eram as empresas prestadores de serviço, as EPSs tinham lá seus funcionários. Eu passei a coordenar, dentro da empresa, toda a parte que hoje nós temos dentro da área de logística, mas que naquela época era feita por umas dez pessoas, que era o controle de instalação, manutenção, desinstalação, cadastro, consulta, suporte às EPSs e suporte à área comercial. Então, tudo que fazemos hoje era feito por umas doze pessoas, no máximo. Hoje a área de logística está muito grande, tem vários setores dentro dessa área. Hoje tem setor de instalação, manutenção, setor de qualidade, projetos. Então, tem vários setores hoje dentro dessa área de logística, que antigamente era um único setor, que era Setor de Instalação de POS e cada um fazia tudo.
P/1 – Então, Abadio, só pra gente entender um pouquinho melhor. Quando você veio pra Redecard, você veio pra tomar conta dessa questão da instalação, e era você e mais uma pessoa?
R – E mais uma pessoa.
P/1 – E aí vocês instalavam, vocês davam a manutenção...
R – Dava a manutenção, dava o treinamento, controlávamos as chamadas de manutenção, atendíamos, fazíamos tudo. Inclusive, quando foram começaram a se instalar tecnologias nos outros estados, nós não fazíamos somente São Paulo, mas outros estados também.
P/1 – E nessa época o que você lembra como um fato pitoresco? O que foi interessante nessas suas viagens? O que você achou um fato pitoresco?
R – Naquela época a demanda era muito grande. Então, quando começaram a entrar as tecnologias em mais estados, como não tinha muitas pessoas pra se fazer o trabalho, nós íamos, por exemplo, para Brasília, para implantar tecnologia em Brasília. E tínhamos muitos problemas, a demanda era muito grande e as condições de trabalho não eram muito propícias. As condições de trabalho que eu digo são as condições tecnológicas, porque a tecnologia naquela época tinha seus problemas de adaptação dentro do país, as companhias telefônicas eram muito problemáticas. Então, nós fazíamos o trabalho e já fazíamos correção. Muitas vezes você ia com uma máquina no estabelecimento e a máquina não funcionava, a qualidade da linha era muito ruim. O cliente tinha muitas dificuldades em assimilar aquela informação até pelo desconhecimento, ele nunca tinha visto nada igual. Como você vai passar um cartão numa máquina e, com esse cartão, vai ser creditado esse valor na minha conta? Então tínhamos muitos problemas, até a adaptação, a aceitação, por parte do cliente e do estabelecimento, dessa tecnologia, até por desconhecimento.
P/1 – Me diz uma coisa, quais foram os projetos em que você esteve envolvido diretamente dentro da sua área?
R – Eu tive a implantação de PDV. Os primeiros PDVs do grupo que foram instalados nos estabelecimentos foram nas Lojas Americanas, eu fiz parte dessa implantação. Então foi algo também que teve uma evolução tecnológica muito grande, tinha os checkouts dos grandes comércios, tipo as Lojas Americanas, em que tinha uma máquina, um POS em cada checkout. Então, hoje em dia você vê, você vai a um estabelecimento desse aí, tem quarenta, cinquenta checkouts, imagina uma máquina em cada local daquele. Então, até por não ter linha telefônica disponível, uma linha para cada equipamento, nós instalávamos um circuito no estabelecimento que era rede Lan, e essa rede Lan trabalhava através de modem de conexão do estabelecimento até a Redecard, que era uma LP, uma linha privada de dados, onde era instalado um modem no estabelecimento que comunicava-se conosco aqui em São Paulo. Com esse meio de comunicação você conseguiria instalar quantas máquinas fossem necessárias sem utilizar a linha telefônica do cliente. Então era complicado. Você ia instalar num estabelecimento, por exemplo, vinte, trinta máquinas, e você tinha que fazer toda a cabeação, que éramos nós que fazíamos toda a cabeação para alimentar essas máquinas. Geralmente, esses trabalhos eram feitos à noite, de madrugada. Então, nós fazíamos todo o processo. A equipe naquela época era pequena, então nós fazíamos a parte de rede, que era a parte de instalação dos modems, circuitos, passávamos o cabo para alimentar essa máquina e instalávamos a máquina, dávamos o treinamento. Então, era um trabalho que não tinha muitas pessoas para fazer. Hoje em dia, não, vai se fazendo o trabalho, vai sempre alguém de uma área, de outra, o trabalho sai com rapidez e perfeição, a qualidade é bem melhor. Então, naquela época lá não tinha. Ia, por exemplo, fazer implantação de uma loja, eu ia lá com todo o material e deixava a loja operando, inclusive, com o treinamento. Então teve uma evolução tecnológica muito grande, que foi a entrada do PDV. O PDV veio para o Brasil, as primeiras lojas a operar com esse meio de comunicação foram as Lojas Americanas, e passou-se, então, a se retirar os POS dessas máquinas e a implantar o PDV. Que através de TEF, em cada caixa tinha um PDV e o PDV passava inclusive os cartões das demais administradoras. E o POS não, ele passa somente o cartão daquela administradora, a Redecard passa somente no terminal da Redecard.
P/1 – Então, o que é um PDV? Qual é a diferença dele pro POS, pra gente entender?
R – É que o PDV trafega, ele trabalha através de TEF, um serviço de transferência eletrônica. E dentro dele, o que acontece? Você consegue passar qualquer cartão naquela máquina. Um cartão, por exemplo, do Mastercard, Visa, American Express, tudo com uma única máquina que você trafega através do PDV. E o PDV é uma máquina do cliente que, além de ser uma máquina de transferência eletrônica, é uma caixa registradora também, porque ele emite cupom fiscal, foi até uma exigência da Receita para esses estabelecimentos trabalharem com o PDV. Então, ele é uma máquina completa. Até a instalação dele é mais fácil, porque o PDV não é da Redecard, nós entramos somente com a parte de cadastro do estabelecimento para operar conosco, a máquina pertence ao cliente. E pela facilidade também. Imagina, hoje em dia, se não tivéssemos o PDV. Tinha o checkout. Os grandes mercados têm cem caixas, por exemplo, e cada caixa daquele, se tivéssemos uma máquina para cada operadora de cartão de crédito, seria trezentas máquinas. Apesar de que nós temos hoje em dia o POS compartilhado também, onde uma única máquina passa as três bandeiras, mas naquela época não se tinha, seria muita máquina para estes estabelecimentos. Então, o PDV foi uma evolução tecnológica muito importante para os estabelecimentos.
P/1 – Qual foi um outro projeto no qual você esteve envolvido, da sua área, e que você achou importante, que foi marcante?
R – Foram as feiras e eventos, na década de 1990, de 1997, 1998, quando não se tinha a Internet ainda no Brasil. Todas as informações, inovações de produtos, todos eles eram demonstrados através das feiras, dos eventos. Então tinha feira do automóvel, feira da informática, várias feiras durante o ano: “O que tem de novo? Vamos mostrar na feira.” As feiras foram muito importante porque tinham uma movimentação de público muito grande. Então, não era somente a questão de venda, mas sim a imagem da Redecard, a Credicard na época, para com os clientes, com o público. Vinha público de todo Brasil, inclusive do exterior. Então, a visão da marca, a demonstração da marca era muito importante para essas feiras e eventos. Hoje acabaram-se as feiras e eventos, porque qualquer inovação tecnológica que você queira identificar, é só você entrar na Internet que você consegue ver qualquer produto. As empresas hoje em dia não vão esperar uma época pra mostrar, porque quando ela for mostrar, a outra já mostrou o produto. Então você entra na Internet, sabe tudo, faz compras, conhece tudo. Então as feiras estão acabando, mas na época a feira, inclusive, movimentava toda a Credicard, a Redecard, movimentava toda a empresa pra fazer uma feira, a visibilidade dela era muito grande.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho, Abadio. Você disse que no processo de estruturação da sua área, vocês começaram com instalação, que era uma coisa que era com você e mais um funcionário. Depois, com o aumento e crescimento dos estabelecimentos, vocês terceirizaram esse serviço.
R – Ok.
P/1 – E com o processo de terceirização, as instalações passaram a ser feitas por empresas terceirizadas, você só coordenava essa logística de instalação. E você me disse que sua área cresceu, que hoje tem outras áreas. Eu queria que você falasse um pouquinho do que cada área, quais são essas áreas e o que elas fazem, na verdade.
R – Ok. Temos a área de qualidade, que ela faz toda a interação com o helpdesk, com o setor de atendimento da Redecard. Então, quando o estabelecimento tem um problema, o que ele vai fazer? Ele vai ligar para o nosso helpdesk. Então, nós temos helpdesk na Atento, temos um helpdesk também na Assimaiani, ela faz toda a interação da área comercial com a Redecard. Qualquer problema que a área comercial tem, tem lá a área de relacionamento, o pessoal de relacionamento é que faz essa interação entre o comercial e nós. Temos a área de projeto. Em qualquer tecnologia nova lançada esta área de projeto está envolvida pra ver o que de melhor tem no mercado, funcionalidade de equipamento, dá todo o suporte pro desenvolvimento da tecnologia. Temos a área de instalação onde qualquer solicitação ou demanda de campo para instalar é essa área que vai fazer a instalação. Temos a área de manutenção, que é a área em que eu trabalho, que após esse equipamento ser instalado, se sofrer alguma manutenção, necessitar de alguma manutenção e um retreinamento. Após a instalação do equipamento, toda a vida útil daquele equipamento junto ao estabelecimento é a área de manutenção que verifica, para garantir a funcionalidade do equipamento.
P/1 – De quantas empresas terceirizadas você toma conta hoje com essa questão da manutenção e instalação?
R – Eu tomo conta no sentido de dar um suporte para essas empresas, suporte às empresas EPS, suporte interno, suporte ao setor de qualidade. Temos seis empresas de manutenção, e em todas elas a gente dá um suporte pra eles, retreinamentos, elaboração de scripts de atendimento para garantir a qualidade do serviço por essas empresas.
P/1 – E quantas pessoas trabalham com você hoje na sua área?
R – Na minha área, nós somos da área de manutenção, tem eu, tem o Fábio ____ que é o Supervisor da área, tem a Rita, tem o Gasques e tem o Renato. Somos essas pessoas que trabalhamos na área de manutenção.
P/1 – Você nos falou, Abadio, que quando você entrou na Redecard você voltou a estudar.
R – Voltei a estudar.
P/1 – E essa decisão, por que ela foi feita?
R – Ela foi feita até por uma necessidade do mercado, pela competitividade muito grande também, e até mesmo por uma necessidade pessoal minha, porque eu achei que aquela época era o momento de estar terminando uma faculdade. Gostaria de ter terminado antes, mas tudo tem seu momento e a hora era aquela. Então, eu retornei à faculdade, iniciei a faculdade em 1983 e em 1985 eu me formei. E foi uma satisfação pra mim muito grande, porque você faz uma retrospectiva de toda a sua vida e você fala: “Pô, me formei. Excelente, muito bom.” Então, eu fiz o curso de Tecnologia com ênfase em Informática e terminei em 1985, foi no final do ano passado.
P/1 – E você teve algum professor que te marcou na faculdade ou que você tem como referência? Ficou alguma pessoa marcante nesse processo, nesse estudo seu de faculdade?
R – Eu acho que não só um, mas como todos eles... Eu trabalhava na área há muito tempo e eu tinha a visão, quando eu cheguei na faculdade... Falei: “Pô, pra mim vai ser fácil, eu trabalho há muito tempo na área, pra mim vai ser totalmente tranquilo.” E quando eu cheguei na faculdade, tive uma decepção, eu falei: “Pô, eu não sei de nada.” Tudo que eu pensava, que eu imaginava que eu tinha conhecimento, eu não tinha. Tinha a prática, mas não tinha teoria nenhuma. Então, todos eles foram muito úteis pra mim porque eu soube captar a informação e ir atrás da informação de cada um deles. Então todos eles, pra mim, foram uma referência, porque eu fui atrás da informação, não fiquei só esperando que ele me trouxesse. Todos eles foram muito importantes, e até mesmo eu imaginava que seria fácil, pelo conhecimento que eu tinha, e não foi tão fácil assim. Mas foi muito gratificante, foi muito bom mesmo.
P/1 – Você terminou a faculdade o ano passado, em 2003?
R – Em 2005, e a formatura foi agora no começo do ano de 2006.
P/1 – Voltando um pouco pra essa questão da Redecard, você presenciou alguma situação em que foram tomadas decisões que envolviam pessoas?
R – Não, que envolvia pessoas, não. Não tive.
P/1 – Houve alguém dentro da Redecard que você acha que foi muito importante pro desenvolvimento da sua carreira? Quem foi e por que foi importante?
R – Eu acho que os todos os colegas de trabalho foram muito importantes pra minha carreira porque eu tive neles uma referência. Grande parte dos meus colegas de trabalho são formados, com pós, engenheiros. Então eu tinha essa necessidade e via neles: “Pô, eu conheço muito, trabalho há muito tempo na área, mas não tenho uma teoria.” Então, pra mim, eles foram a referência e todos eles foram importantes pro meu crescimento. Você tem uma teoria em que você tem condições de diálogo, até de discutir um assunto que você tenha propriedade naquilo que você está dizendo. Então todos eles foram importantes, foram uma referência para que eu continuasse e voltasse aos estudos.
P/1 – Você podia contar pra gente algum caso pitoresco que aconteceu no seu ambiente de trabalho?
R – Eu no momento não me lembro de algum caso.
P/1 – E quais foram os principais desafios que você encontrou aqui na Redecard?
R – Eu sempre fui uma pessoa muito bem relacionada, tanto é que em todo esse tempo que eu tenho eu fiz muitos amigos. Então eu não tenho muitos... Todos os meus desafios, aquilo que eu não posso resolver, eu tenho sempre uma pessoa do lado, que é um amigo que eu chego, abordo e vou atrás da informação. Então, aquele desafio que eu tenho é um desafio, mas nunca um problema. Com amizades, com o conhecimento que eu tenho dentro da empresa, com as pessoas, qualquer desafio que eu tenha eu vou atrás da informação e consigo resolver o que seria aquele problema. Então eu só tenho o desafio, nunca o problema, e tem sempre uma solução.
P/1 – Mas, então, tem algum desafio que o senhor poderia contar pra gente. Apareceu o desafio, você falou: “O que eu faço com isso?” Como você resolveu? Você tem um caso pra contar pra gente, pra ficar mais concreto?
R – Tem. Desafios que nós temos... Como eu trabalho na manutenção, a manutenção é aquele detalhe sempre, todos os dias nós temos um problema novo, um desafio novo. Todos os dias ele é um desafio. E a solução daquele desafio muitas vezes demanda um certo tempo, muita gente, demanda até algumas áreas. E todos esses desafios, graças a Deus, eu não tenho algo que foi um desafio sem concretização da solução, não tenho.
P/1 – Eu queria que você falasse um pouquinho pra gente qual foi a sua principal realização dentro da Redecard.
R – Foi essa de eu poder estar, durante todo esse tempo, na empresa. Quando eu entrei no grupo o meu filho, que tem hoje 24 anos, 25, ele nem andava, era pequenininho, tinha um ano ou alguns meses. Hoje já está um rapaz, já é um homem. Então, hoje em dia eu tenho a Redecard como uma segunda casa, até por todo esse tempo, a possibilidade de eu ter me formado dentro da empresa. Então, quando eu venho pra trabalhar, por exemplo, a Redecard hoje em dia é a minha segunda casa, devido até a esse tempo. Todos os amigos que eu tenho, tenho muitos amigos de todos esses anos. Então, a minha maior realização é essa, a de poder estar no grupo durante todo esse tempo e os amigos que eu fiz aqui dentro, que eu tenho aqui dentro, e até amigos que eu tenho fora, que já saíram do grupo. Com muitos deles a gente se encontra, a gente bate um papo. Eu tenho amigos que há muitos anos eu não vejo e de vez em quando me ligam, me manda um e-mail: “Oi, Abadio.” Não sei o quê. De alguns deles a gente nem se lembra mais, nem lembra do nome: “Pô, eu sou o fulano de tal, lembra?” E começa a contar: “Pô, legal.” Então, a realização que eu tenho é a formação de amigos dentro e fora da empresa.
P/1 – E dentro desses amigos, tem alguém que te marcou? Alguém que você fala: “Olha, essa pessoa é referência pra mim.” Quem foi e por quê?
R - Tem muitas referências. Tem o Alfredo Ricardo, por exemplo, que é um dos gerentes da área comercial. Nós nos conhecemos desde o tempo que eu entrei, nós saímos muito para campo para fazer instalação de POS. Então, ele é uma pessoa que é um amigo, aquela pessoa que onde você encontra: “Pô, Abadio, como é que vai, tudo bem?” A gente bate um papo, conversa. Então, ele é uma referência, é um amigo aqui pra mim. Dentre outros, ele é um amigo dentro da empresa.
P/1 – Mas ele é referência pra você por quais atitudes? O que você poderia ver nele e que você acha: “Isso é uma referência pra mim”?
R – A amizade que ele tem, a cordialidade que ele tem. Eu tenho ele como um amigo. Tenho outros também. Tem o Ramon, que é uma pessoa que também foi uma referência pra mim, um dos meus supervisores, hoje ele é gerente. Então eu tenho muitos amigos aqui dentro, graças a Deus, não somente aqui em São Paulo como em outros estados, que são gerentes de filiais ou representantes comerciais. Então eu tenho muitos amigos. Inclusive, quando tem uma festa de final de ano em que se juntam todos, é uma maravilha. Você conversa com um, conversa com outro, revê, fala do passado. Então eu tenho muitos amigos, tenho muita referência aqui dentro.
P/1 – E dentre essas pessoas, quem foi extremamente importante para o seu desenvolvimento de carreira aqui dentro da Redecard, quem foi essa pessoa?
R – A minha decisão de entrar na faculdade foi uma decisão própria, eu não consultei nenhum dos amigos sobre o que acha que eu deveria fazer. Eu simplesmente fui lá e fiz, eu não consultei, não pedi opinião sobre o que eu deveria fazer. Então não foi assim. Ah, eu fui porque alguém me deu um apoio ou disse: “Olha, vai lá e faz que é bom” Não, eu fui lá e fiz. Depois que eu entrei, eu divulguei para todos e todos eles me parabenizaram, acharam muito importante aquela minha decisão.
P/1 – Mas o teu desenvolvimento de carreira dentro da Redecard, quando você começou e você foi galgando espaços aqui dentro, quem foi a pessoa que te deu apoio e incentivo, quem foi importante para esse processo de crescimento dentro da organização?
R – Isso é um fato muito interessante. Como eu passei dentro de todo esse período por, creio eu, umas cinco EPSs, umas cinco empresas prestadoras de serviço... Naquela época, na Credicard, a continuidade dos gerentes, a rotatividade dos gerentes e supervisores, era muito grande. Então tinha gerente que ficava um ano, ficava dois, diretores que ficavam esse tempo também. Então, durante todo esse tempo eu passei a trabalhar com muitos supervisores, muitos gerentes, muitos diretores. Então, cada mudança era aquele detalhe, eu tinha que mostrar pra quê eu estava na empresa, o que eu fazia. Algum deles até não tinham conhecimento do que eu fazia. Então eu não tenho, por exemplo, essa referência, mesmo pela rotatividade das pessoas, dos diretores e gerentes, a rotatividade era muito grande.
P/1 – O que a Redecard representa pra você hoje, Abadio?
R – Ela representa tudo que eu sou hoje, porque se vermos, eu tenho o dobro de tempo de empresa do que até de vida. Eu trabalho há 23 anos na empresa e tenho 45 anos, vou fazer agora, de idade. Então, ela representa muito pra mim, eu nasci aqui dentro. Tudo que eu sou e aprendi, eu aprendi aqui dentro, aprendi com amigos, aprendi com estudo. Então, o que eu sou profissionalmente hoje, aprendi aqui dentro.
P/1 – Quais são os valores que você percebe que existem e que permeiam as relações da Redecard? Quais são esses valores nas relações da organização que você acha que permeiam?
R – O grupo, a Redecard se preocupa muito com o funcionário, com o bem estar do funcionário. Ela não tem funcionário como simplesmente o empregado que veio aqui pra fazer. Ela quer saber sempre como é a vida desse funcionário, como ele vive, como ele convive dentro da empresa, o ambiente de trabalho, com assistência médica. Então ela tem sempre a preocupação com o funcionário. Então, esse fato é muito importante para o bem estar do funcionário. Ela não se preocupa somente com a máquina, mas também com quem faz uso daquela máquina, quem está por trás da máquina. Então, isso é muito importante.
P/1 – Como é que você imagina a Redecard daqui a dez anos?
R – A Redecard está no pique de crescimento, num dos pontos altíssimos. Então, tem muito o que crescer hoje em dia. E quanto mais se cresce, mais aumentam os problemas, mais aumenta a solicitação dos clientes para com a empresa também. Então, eu acho que quanto mais ela for subindo nessa média, as cobranças vão subindo também no mesmo nível. Vai chegar a um ponto máximo em que ela vai se tornar, como ela já está hoje no processo, de qualidade excelente. Então, eu imagino que em dez anos a Redecard vai aumentar muito a participação no mercado. Mas, em termos de qualidade, ela está num ponto de qualidade, hoje em dia, excelente. Temos a Credicard, por exemplo, que atingiu um ponto máximo de qualidade, tanto é que ela teve que se abrir às demais empresas para continuar prestando esta quantidade de serviços para o cliente. Eu acho que a Redecard é uma empresa muito consolidada e que dentro de dez anos ela vai estar mais consolidada ainda.
P/1 – Como é que você vê o mercado de cartão de crédito? Que mudanças você acha que ele trouxe ao cotidiano das pessoas? Como é que você vê esse mercado de cartão de crédito?
R – O mercado de cartão de crédito cresceu e está muito em fase de crescimento, mesmo porque o dinheiro de plástico, o dinheiro, hoje em dia, deixou de existir. É somente o dinheiro de plástico que se utiliza. E hoje o estabelecimento que não trabalha com cartão de crédito vai quebrar, com certeza. Então, ele tem que trabalhar com o cartão de crédito, tem que trabalhar com a bandeira. Hoje em dia ninguém mais carrega dinheiro, somente o cartão de plástico, pela facilidade, pela segurança. O cartão de crédito até é segurança hoje em dia, porque se você andar com valores, né... Então, o cartão de crédito tem muito espaço para crescer ainda e está crescendo, e a possibilidade de crescimento dele nos próximos anos vai ser maior ainda, vai ser maior.
P/1 – E falando um pouquinho de como a Redecard atua neste mercado, tecnologicamente falando, como é que você vê a Redecard frente à tecnologia?
R – Ela é uma empresa muito inovadora. Nós trabalhamos hoje com uma tecnologia, mas já tem outras sendo desenvolvidas. Então, nós trabalhamos sempre com o que há de melhor no mercado, não só no mercado nacional, porque as melhores tecnologias com certeza são as nossas, e é porque eu trabalho na área que eu estou dizendo. Mas são as nossas tecnologias mesmo em que temos sempre uma inovação. Então, nós temos o que há de melhor hoje, já fazendo, tendo também o que podemos ter de melhor amanhã. Então, em termos de tecnologia, a participação da Redecard é muito importante e serve até de exemplo para demais empresas que estão entrando no mercado.
P/1 – E como é que a Redecard lidou com a questão da segurança dos cartões, como isso foi feito dentro desse mercado de cartão de crédito? Você sabe um pouquinho desses projetos da segurança de cartão, como é que foram feitos?
R – Essa segurança de cartões, temos dentro da empresa a área de segurança, onde tem todo projeto montado para isso, informações dessa área de segurança. Temos trabalhado não somente com a qualidade dos equipamentos, mas também no plástico, que agora também é mais seguro. O chip é inserido nos cartões. É uma evidência dessa segurança, através do chip qualquer transação que se faça tem a senha, e através do chip também fica até mais difícil o clone de cartões também.
P/1 – Como é que o senhor imagina e avalia o impacto da sua passagem pela Redecard na sua vida pessoal e profissional?
R – O impacto que você aqui dentro da empresa tem, a sua atitude aqui dentro, é que você se torna muito exigente com tudo. A qualidade da empresa e dos processos faz com que você... Ele tem início, meio e fim, e você tem a determinação, muitas exigências por parte até das empresas prestadoras de serviços, muitas cobranças. Você tem que cobrá-los para que saia uma ação na qualidade que a empresa exige. Então, você se torna aquela pessoa chata, aquela pessoa que cobra muito, aquela pessoa que pega muito no pé, e muitas vezes você adquire isso na tua vida pessoal. Então, em casa, você quer tudo perfeito, você quer que tudo funcione, você quer saber de tudo, quer que algo que começa também termine, você gosta de organização. Você acaba levando muito isso pra tua vida pessoal. Eu fiz auditoria interna na empresa durante um período. Então, o auditor é aquela pessoa chata, aquele que vai atrás de todas as informações, de todo o processo, como é feito, como funciona. E muitas vezes você se pega em momentos auditando sua casa, você fala: “Não, não é assim que funciona.” Então, pra esposa, muitas vezes ela tem que falar: “Opa, vamos parar?” Ela é empresária, por exemplo, um fato interessante. Minha esposa é empresária. A esposa que eu digo... Porque eu convivo com uma outra pessoa hoje, então a minha esposa está casando nos próximos dias novamente. Ela é empresária e temos uma distribuidora de cosméticos. E eu faço, tenho aquela mania de um profissional da Redecard, levo o meu conhecimento daqui pra dentro da empresa e fazemos lá. Eu faço auditoria na empresa. Então, estávamos fazendo lá no ano passado, auditando as notas fiscais, o que saiu, o que entrou, o que vendeu, e eu me deparei que um produto faltava, não batia um produto com o estoque, porque tinha livro de entrada e de saída. Fomos atrás desse produto, viramos a noite lá procurando onde tinha extraviado este produto, que não tinha informação de saída desse produto e ele não estava no estoque. A minha esposa: “Pô, você está pensando que aqui é Redecard, você tem que agir, não é assim. É um único produto que sumiu, o prejuízo não é tão grande.” Eu falei: “Um exemplo. Vamos supor que nós tivéssemos uma empresa montadora de automóveis na qual foram fazer um balanço, uma auditoria, e sumiu um carro.” “Não, mas uma empresa não é um carro. A nossa empresa é uma empresa, um produto é um produto e um carro é um carro.” Então, eu estava agindo como se tivesse um carro sumido ou um POS sumido, numa auditoria. Não é dessa forma que funciona. Então, você acaba adquirindo hábitos do trabalho e levando pra dentro da tua casa, assumindo hábitos pessoais.
P/1 – E você, voltando... Até porque você tocou nesse assunto familiar. Você acabou se separando da sua primeira mulher e você conheceu a sua segunda mulher. Onde você a conheceu?
R – Eu a conheci em um desses eventos que fazíamos, em uma dessas feiras. E ela, a Miriam, é uma pessoa muito parecidíssima comigo. Os meus hábitos, nós temos uma igualdade muito grande na questão de hábitos. Eu gosto muito de viajar, ela também. Se falar pra ela: “Vamos viajar.” Ela fala: “Vou.” Não interessa pra onde, ela está indo. Então, é uma pessoa que me dá, é uma companheira, uma amiga, ela me dá apoio pra tudo. Inclusive a faculdade, quando eu retornei, ela me deu o maior apoio, o maior incentivo. Então, no pouco tempo que eu estou com ela, cresci muito profissionalmente, muito como pessoa, pelo apoio, pelo companheirismo que ela me dá.
P/1 – Há quanto tempo vocês estão juntos?
R – Nós estamos há dois anos, mas já nos conhecemos a mais tempo já, há sete anos.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho aqui. Quais foram os seus maiores aprendizados trabalhando na Redecard?
R – Eu aprendi muito em termos de organização, em termos de visão de vida, porque aqui você dialoga com pessoas de vários níveis, de várias regiões. Então, eu aprendi muito aqui a ter uma visão diferente do mundo, da vida, porque parte da minha vida foi aqui dentro também. Então, aqui eu aprendi muita coisa e aprendo ainda hoje.
P/1 – O que você acha da Redecard comemorar os seus dez anos de existência recolhendo depoimentos dos seus funcionários e ex-funcionários?
R – Eu acho muito importante, é exatamente esse o jogo do projeto, uma empresa se faz é com pessoas, com informações. Então, essa participação da Redecard é muito importante, essa atitude da Redecard é muito importante para que cada funcionário... É aquele detalhe, cada funcionário tem a sua história, tem a sua vivência, tem a história pessoal, a história particular. Muitas vezes, no dia-a-dia, você conhece a história de uma pessoa, a pessoa produz, dá tudo de si, mas você não conhece toda a história daquela pessoa. Então isso é muito importante, principalmente para os novos que vêm agora, para que eles conheçam que essa empresa é uma empresa feita de história, não é só feita de máquinas, projetos e processos. É feita de pessoas e cada pessoa tem uma história, cada pessoa tem a sua vida particular, tem os seus problemas que muitas vezes você nem traz pra dentro. Então, essa atitude da empresa é muito importante pra ver que uma empresa não é feita só de máquinas, mas também de carne, osso e sentimentos.
P/1 – E o que você achou de ter participado dessa entrevista?
R – Eu achei muito gratificante, inclusive, por fazer parte da vida da empresa e contar um pouco do que é a minha vida, do que é o Abadio fora da empresa. Então, eu achei muito importante essa participação, esse meu depoimento, poder mostrar o que eu sou fora da empresa.
P/1 – Abadio, uma última pergunta. Qual é o seu sonho?
R – O meu sonho? Eu tenho os meus sonhos, graças a Deus já... Não vou falar que todos foram realizados, porque a gente tem que ter sempre um sonho. A pessoa, a partir do momento em que deixa de sonhar, deixa de viver. Então eu tenho sempre sonhos. Mas, graças a Deus, os meus sonhos estão sendo sempre realizados, os meus sonhos são realizados. Hoje em dia, graças a Deus, eu tenho uma esposa que eu amo, que me vê como um marido, que me dá todo o apoio que eu necessitar, eu tenho uma amiga. Não é uma esposa ou uma mulher, é uma amiga que eu tenho dentro de casa. Tenho os meus filhos saudáveis, estudando, um terminando a faculdade, a outra vai casar este ano. Um sonho que eu tive era um passeio que fiz em uma das minhas férias, que era por Manaus, de atravessar o Rio Amazonas em uma barcaça que tem lá, que de vez em quando afunda uma. Eu fiz esse passeio e graças a Deus ela não afundou. Então, esse era um sonho que eu tinha. Eu tinha um sonho também que era de gravar um CD, ganhar um samba-enredo, já que eu sou um dos compositores de escola de samba. Então gravei alguns CDs, ganhei dois sambas-enredo. Então, graças a Deus os sonhos que eu tenho são concretizados, e aqueles sonhos difíceis ainda de serem concretizados, com fé e perseverança eu vou estar conseguindo todos eles.
P/1 – O senhor falou uma coisa em que a gente não tocou no seu depoimento. Como é que é essa história de ser compositor? Conta um pouquinho isso pra gente.
R – Esse é um hobby que eu tenho. Eu vim de uma família musical, o meu pai chegou a gravar, naquela época, um LP. Então, ele gravou uma música, isso aí foi em 1974, se não me engano. Não, não, foi antes, em 1968, 1960 e alguma coisa. Então, ele gravou um LP. Meus tios também, que moravam em Ituiutaba, eles faziam serestas, shows também. Então, eu não sabia que tinha, inclusive, essa tendência musical. E em uma certa época eu fui convidado para ser intérprete de samba-enredo de uma escola em São Paulo. Então eu fui intérprete dela por durante quatro anos. Aí saí dessa escola de samba porque eu comecei a estudar, deixei o samba de lado. Depois eu retornei já fazendo samba já pra Nenê de Vila Matilde, fazendo samba-enredo.
P/1 – E essa escola em que você interpreta, qual era?
R – Era a Corujas de Vila Esperança, uma escola da Zona Leste. Ela fazia parte do Grupo I, que tem o Grupo I e Grupo Especial, ela fazia parte do Grupo I. E eu interpretei samba-enredo dela por algum tempo. Então, foi muito legal, fizemos participação em TV, viajávamos muito. Era uma escola show, muito legal, era um hobby muito bom. Eu comecei a fazer samba-enredo pra Nenê de Vila Matilde. Tenho o meu irmão, o Wesley, como parceiro nas composições. Então, eu digo hoje em dia que eu faço a letra, faço a melodia, gravo o samba na gravadora, defendo o samba na quadra, brigo e choro quando desclassificam o meu samba.
P/1 – E você falou que você ganhou e gravou um CD. Qual foi essa música que você gravou o CD?
R – Eu ganhei o samba da Escola Império do Tatuapé, Acadêmicos do Tatuapé. Eu ganhei o samba-enredo deles em 2001. E teve uns sambas também em que eu fui pra final de samba-enredo nas eliminatórias da Nenê de Vila Matilde, fiz sambas na Tom Maior, fiz sambas pra uma meia dúzia de escolas de samba.
P/1 – E uma das letrinhas dessas músicas, o Senhor não quer cantar aqui pra gente?
R – Eu tenho, falando em samba... Inclusive, eu fiz um samba pra Credicard, naquela época foi Credicard. Foi no Carnaval. Ela fez uma festa de Carnaval e me contrataram pra fazer o samba pra empresa.
P/1 – E como é que era esse samba?
R – Era um samba, inclusive um samba... Era... Eu não me lembro qual era este samba, não me lembro. Mas tem algumas outras composições que eu fiz, pra Nenê inclusive, que foram sambas que marcaram bastante. Inclusive, citei um samba-enredo que foi desclassificado e depois voltou na semana seguinte, a pedidos do próprio presidente da escola. Tem uma panela lá, porque ganha quem é amigo de quem, né? É a política que tem dentro da escola, infelizmente. Então, o meu samba era muito bom e foi desclassificado pelos jurados, mas o presidente não concordou com a desclassificação e na semana seguinte retornou esse samba. Isso nunca aconteceu em nenhuma escola de samba, não só de São Paulo como do Rio também, que tem essas duas referências de escola de samba. Então, na semana seguinte o meu samba estava lá. É lógico que ele não durou muito, ficou um samba marcado também. Não chegou a ganhar, mas é um samba muito bom que eu gostei de ter interpretar Ele era mais ou menos assim: “Bate forte bateria, faz esse chão tremer. Sou Ziraldo, sou maluco, sou Nenê. Viajei pelos quatro cantos do mundo aplaudido, conhecido como maluco genial. Meu maior trunfo foi na Nenê, sendo enredo neste carnaval. Universo de leitura, cultura e caricatura, estreou em Caratinga, êta mineirinho iluminado. Para o mundo Deus criou luz que brilhou, sem demagogia encantou. Mostra a sua cara, quero ver quem é você, quero ver, quero ver. Olha pra mim porque estou falando é com você, lalaiá. Vem pro Anhembi pra ver minha querida Nenê.” Este samba foi uma homenagem ao Ziraldo, aos quarenta anos do Ziraldo, se não me engano. Então, foi uma homenagem ao Ziraldo que a Neném fez, o enredo foi o Ziraldo, por isso que ele fala muito de caricatura, o Ziraldo nasceu em Caratinga. Então, foi um samba muito bom que levantou toda a quadra. Tem outros sambas também que eu fiz na Nenê e foram pra final também. Foi o melhor samba, mas não ganhou.
P/1 – Qual era esse outro?
R – Este outro samba faz algum tempo, desse eu não me lembro. Mas foi um samba que era uma homenagem à Mangueira, que era da mesma cor da Nenê, era uma homenagem à Mangueira. Até os próprios componentes hoje em dia falam desse samba. Foi um dos melhores sambas daquela época, daquele ano, apresentados, e não ganhou exatamente porque uma escola, quando vai pra Avenida, tem aí um objetivo. Muitas vezes esse objetivo envolve uma parte financeira também, não só pelo que o samba ganha, mas até por parte de investimento de quem está fazendo o samba. Então, se você não tiver um investimento, uma mídia de divulgação muito grande, você pode ter o melhor trabalho, mas com certeza você não vai ganhar.
P/1 – E esse samba que você fez pra Redecard era para uma ação de comunicação da empresa? Para o que é que foi?
R – Foi uma ação de comunicação da empresa, ela fez uma festa. Inclusive foi lá na DPM, ela fez uma festa de grito de carnaval. Aí eu fui contratado pelos administradores do clube naquela época, que era o Clube Credicard. Fui contratado por eles pra fazer um samba para apresentar nessa festa. Inclusive, na ocasião, foi contratada até a Nenê de Vila Matilde, foi a bateria, foram os nossos componentes. Foi um show que foi dado no qual eu apresentei este samba também. É interessante que eu me lembro só dos pequenos, eu não me lembro como é o início deste samba.
P/1 – Mas canta um pedacinho só, não tem problema, depois a gente vai atrás da letra.
R – Eu sei que ele falava da festa, que eram procedimentos, lamento, porque aquela noite era noite de festa.
P2 – O ano deste samba?
R – O ano deste samba foi 1998, creio eu que foi 1998. Eu tenho esse samba em CD, eu posso depois trazer pra ver, tenho ele gravado.
P/1 – Ai, que bom. Então está bom, a gente vai terminando por aqui. Eu queria te agradecer muito pela participação e te parabenizar pela entrevista.
R – Obrigado, eu é que agradeço.
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