P/1 - Boa tarde, Pedro.
R – Boa tarde.
P/1 - Você poderia começar falando seu nome completo, data e local de nascimento?
R – Meu nome é Pedro Landim Machado, eu nasci no Rio de Janeiro, em 14 de março de 1962.
P/1 - Qual é a sua função e em qual empresa você trabalha hoje?
R – Eu sou Diretor Presidente da companhia, fundada por mim e meu pai - companhia que tem 21 anos. Eu exerço a função Diretor Presidente dentro dela.
P/1 - Qual o nome dos seus pais?
R – O meu pai, que foi um dos fundadores da companhia, chama-se Jaderico Pires Ferreira Machado, minha mãe Maria Augusta Landim Machado.
P/1 - Eles nasceram onde?
R – Papai nasceu no Rio de Janeiro, minha mãe, em Campos do Goitacazes [RJ]. Ela veio para o Rio de Janeiro menina, mas pode se dizer que ela também é carioca.
P/1 - (risos) Você tem irmãos?
R – Tenho um irmão, que é construtor - o mais velho - e seguiu a veia do meu pai; o outro irmão, que é o nosso ícone - o Rodolfo Landim - foi presidente da BR Petrobras, hoje preside o grupo MMX, do Eike Batista, e é uma das pessoas que, junto com meu irmão mais velho e com meus pais, tem uma participação muito importante na minha formação empresarial pelo exemplo que ele representa para nós.
P/1 - E vocês foram criados onde? Onde você passou sua infância?
R – Todos nós fomos criados em Copacabana, local onde resido até hoje, nunca saí, são 45 anos de Copacabana, vivi a vida inteira lá, onde fomos criados os três. Passamos momentos de dificuldades, meu pai trabalhava, minha mãe dava aula em três colégios; tivemos uma infância bem regrada, mas graças a Deus, com educação, com alimentação e com os bons exemplos do papai e da mamãe, principalmente os exemplos de trabalho que, para nós três, sempre foram muito importantes: o acordar cedo, a preocupação com o trabalho. Eu acho que ainda uma outra coisa também foi muito importante para nós três: o...
Continuar leituraP/1 - Boa tarde, Pedro.
R – Boa tarde.
P/1 - Você poderia começar falando seu nome completo, data e local de nascimento?
R – Meu nome é Pedro Landim Machado, eu nasci no Rio de Janeiro, em 14 de março de 1962.
P/1 - Qual é a sua função e em qual empresa você trabalha hoje?
R – Eu sou Diretor Presidente da companhia, fundada por mim e meu pai - companhia que tem 21 anos. Eu exerço a função Diretor Presidente dentro dela.
P/1 - Qual o nome dos seus pais?
R – O meu pai, que foi um dos fundadores da companhia, chama-se Jaderico Pires Ferreira Machado, minha mãe Maria Augusta Landim Machado.
P/1 - Eles nasceram onde?
R – Papai nasceu no Rio de Janeiro, minha mãe, em Campos do Goitacazes [RJ]. Ela veio para o Rio de Janeiro menina, mas pode se dizer que ela também é carioca.
P/1 - (risos) Você tem irmãos?
R – Tenho um irmão, que é construtor - o mais velho - e seguiu a veia do meu pai; o outro irmão, que é o nosso ícone - o Rodolfo Landim - foi presidente da BR Petrobras, hoje preside o grupo MMX, do Eike Batista, e é uma das pessoas que, junto com meu irmão mais velho e com meus pais, tem uma participação muito importante na minha formação empresarial pelo exemplo que ele representa para nós.
P/1 - E vocês foram criados onde? Onde você passou sua infância?
R – Todos nós fomos criados em Copacabana, local onde resido até hoje, nunca saí, são 45 anos de Copacabana, vivi a vida inteira lá, onde fomos criados os três. Passamos momentos de dificuldades, meu pai trabalhava, minha mãe dava aula em três colégios; tivemos uma infância bem regrada, mas graças a Deus, com educação, com alimentação e com os bons exemplos do papai e da mamãe, principalmente os exemplos de trabalho que, para nós três, sempre foram muito importantes: o acordar cedo, a preocupação com o trabalho. Eu acho que ainda uma outra coisa também foi muito importante para nós três: o exemplo que os meus pais passaram com relação a vícios - nós nunca fumamos, nunca tivemos o vício de beber. Isso também, para nós três, foi muito importante.
P/1 - Pedro, como foi a sua adolescência em Copacabana?
R – A adolescência foi muito positiva, porque a década de 1970 foi uma época em que você não tinha, principalmente em Copacabana, no Rio de Janeiro, a preocupação da violência que hoje eu tenho com o meu filho de 14 anos; para atravessar uma rua hoje, pede-se pelo amor de Deus e olha-se 200 vezes para o lado, porque não se tem só a preocupação do trânsito, do fluxo de carros – que aumentou assustadoramente - mas da violência, dos contrastes sociais, que nos preocupam muito. Naquela época, não existia essa preocupação, era uma brincadeira muito salutar, nós tínhamos - e temos até hoje - um sítio em Petrópolis [RJ], onde no final de semana seguíamos com os meus pais. Quando não, tínhamos a praia em casa e, com a formação e pelo exemplo dos meus dois irmãos, eu também fui um aficionado, como esses 130 milhões de brasileiros, por futebol: acabávamos todos seguindo uma carreira paralela a de estudantes, com a ficção de um bom jogador de futebol. Isso foi muito saudável porque sempre estivemos perto da praia, com uma liberdade muito grande quando o Rio de Janeiro - acredito que todas as grandes cidades de então - nos proporcionava. Isso foi muito importante, essa cultura, essa formação. Foi muito bacana.
P/1 - E quando você era adolescente, o seu pai já tinha negócios? Como é que era?
R – O meu pai sempre foi um construtor, eu fui o único filho dos três que não foi ser engenheiro. O Frederico, o mais velho, seguiu a risca a formação do papai, no campo da construção; o Rodolfo, que graças a esse potencial de sempre ser o primeiro lugar em tudo, estudante, como tudo, surgiram oportunidades e convites, e ele foi fazendo as provas e acabou fazendo essa carreira na Petrobrás, sendo o primeiro presidente com mão de obra técnica. O papai tinha um grande sonho - essa é a grande verdade: ele dizia que eu tinha um lado comercial muito aguçado porque, na adolescência, muitas das vezes em que eu ia para Rio das Ostras, na casa de uma tia, eu chegava lá e falava: “Eu tenho que ganhar um dinheirinho extra” - ainda que meu pai me desse dinheiro. Eu pegava, comprava uma geladeira de isopor, botava sorvete e ia vender no lugar onde moravam os ricos de Rio das Ostras, numa região bem afastada do grande centro - a Praia da Tartaruga -, onde não tinha ponto de comércio, mas grandes casas de pessoas afortunadas, e eu vendia pelo triplo do preço o sorvete. Olhavam aquele menino lourinho, de cabelo cacheado, com os olhos verdes e falavam: “Nossa, que bonitinho!” - e compravam todos os sorvetes. Eu acho que foi aí que começou, de uma certa forma, a evoluir uma veia comercial forte. O meu pai escutava isso e eu ficava até preocupado: “Poxa, os meus pais vão me dar uma bronca... Eles me dando dinheiro e eu fazendo esse trabalho...” Mas muito pelo contrário - papai ficou orgulhoso; ele tinha uma grande vontade de formar uma grande empresa em que eu ficaria na parte financeira e os outros dois, construindo. Pelas dificuldades, por todos os obstáculos que surgiram, isso não foi possível. Eu segui o estudo na área de Economia e os outros dois em Engenharia; papai, como engenheiro, seguia fazendo construções e obras, também para o Estado. Eu fui crescendo sempre acompanhando ele nessas obras - talvez isso tenha muito a ver com esse meu lado empreendedor dentro da minha companhia, onde sempre gostei de acompanhar as obras de todos os galpões que eu fiz lá. A empresa, que começou com dois galpões, hoje tem seis - e todos eles eu construí, acompanhando e dando palpite sem entender nada - mas é aquela coisa, eu tinha um pouquinho do DNA de um engenheiro, passei a minha infância acompanhando isso, talvez seja essa a razão. A condição do papai foi essa, um acompanhamento.
P/1 - E você fez Economia em que universidade?
R – A minha faculdade foi vendida, mas eu fui um dos últimos integrantes da famosa Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, que foi vendida para o Grupo Cândido Mendes e hoje é a Faculdade Cândido Mendes de Economia. Fiz uns cursos na FGV [Fundação Getúlio Vargas] de acompanhamento, de processamento; fui para a Vale do Rio Doce, fiz a prova e passei - foi quando eu vi que não levava jeito nenhum para funcionário público. Eu percebi – lógico, era uma outra época - que aconteciam coisas loucas; lembro-me bem de um caso - esse caso eu sempre conto, que foi o caso mais marcante: fazia umas duas semanas que eu estava trabalhando como calculista do projeto Ferro Carajás e num certo momento, eu e um amigo, o Charles, pegamos um projeto onde tínhamos que fazer os cálculos e constava o aluguel de um fusca de 36 horas por dia. Eu falei: “Poxa, Charles, isso aí é curioso porque um dia tem 24 horas! O negócio aqui está meio complicado...” Resolvemos passar um final de semana, o nosso sábado, o nosso domingo longe das namoradinhas e longe dos amigos para ficar fazendo um relatório para o doutor Zilde de Araújo Jorge, que era o diretor da Vale do Rio Doce, e pedimos uma audiência. Não existia micro, era aquela máquina IBM mesmo, e nós catando milho, passando aquele relatório, isso na casa do Charles. Quando nós acabamos, o Charles olhou para a minha cara e falou: “Landim, das duas, uma: nós vamos para a rua ou ganhamos uma bronca danada; ou nós vamos ser promovidos e teremos uma carreira meteórica.” Chegando em casa, pela experiência do meu finado pai, ele disse: “Você chegou agora? O que aconteceu?” Eu expliquei a situação e falei: “Pai, qual o seu sentimento? Eu vou levar uma bronca meteórica ou vou ser chamado no canto e ganharei uma medalha de honra ao mérito?” Meu pai olhou para mim e falou: “Olha, meu filho, você quer a minha opinião sincera? Vais ganhar uma bronca!” (risos) Por incrível que pareça, ele acertou: levei aquela bronca categórica “você é pago para visitar, não para achar!”. Feito isso, eu vi que não dava muito jeito para o campo de funcionário público e segui. Papai também tinha uma empresa que fazia uma certa consultoria empresarial e surgiu a oportunidade, através de um amigo, em uma empresa que estava com uma certa deficiência, mas tinha algumas máquinas. Houve o convite e meu pai, na ocasião, falou: “Pedro, o que você acha de vermos esse negócio? Tem uma clientela razoável...”. Na época essa empresa fabricava cofrinhos promocionais de caderneta de poupança, naquela coqueluche da movimentação financeira. Eu falei: “Bom, não quero e não levo jeito para essa situação de funcionário público. Está bem, aceito.” Aconteceu e a coisa foi tomando gosto; a empresa tinha uma estrutura muito pequena, movimentava pouco mais de 30 funcionários e nós conseguimos dar, a partir daí, o pontapé inicial.
P/1 - Quer dizer, a partir dessa empresa dos cofrinhos é que nasceu a Ebel?
R – Essa empresa era uma empresa semi-falida; nós passamos lá mais para tentar pegar alguns funcionários que já tinham sido desenganados com relação ao pagamento e tentar salvar alguns maquinários para que, a partir dela, tentássemos desenvolver uma nova empresa - e foi o que ocorreu, a partir de 1986. Nós fundamos a Ebel com a proposta de fazer fibralata e tubo de papelão - as fibrolatas entravam justamente no campo dos cofrinhos, que estavam meio démodé nesta ocasião porque as instituições financeiras já estavam bem decadentes. Nós começamos a desenvolver a fibralata para o campo farmacêutico; eu destaco um produto muito conhecido, até aqui em São Paulo, que é o Polvilho Antisséptico Granado: é uma latinha que tinha suas extremidades em folha-de-flandres e nós começamos a desenvolver essa fibralata. Começamos com 20% do fornecimento e, mais tarde, viríamos a comprar o nosso concorrente aqui em São Paulo, para ficar com 100% do fornecimento.
P/1 - A empresa anterior já trabalhava com fibralata?
R – Sim, trabalhava. Nós justamente queríamos tentar, através dela, levantar todo o corpo de funcionários, bem como os maquinários, que eram muito artesanais - existiam máquinas, mas na Alemanha, e nós não tínhamos o know how porque um era economista, tinha um entendimento de números, mas nada ligado à produção, e o meu pai era uma pessoa muito inteligente, muito capaz, mas com um conhecimento muito superficial da coisa. Conseguimos levantar esses funcionários e começamos, a partir daí, a nossa jornada, a jornada da Ebel. Ebel vem a ser Empresa Brasileira de Embalagens Ltda., daí o nome Ebel. Começou a jornada, foi o pontapé inicial que nós demos e a coisa surgiu a partir daí; conseguimos conquistar a confiança dos empregados, mas foi muito difícil com os fornecedores porque, imagina, um garoto de 20 e poucos anos chegar, sentar com um fornecedor e conquistar um cliente, era muito difícil. Mas isso, para mim, foi muito importante; acredito que toda essa dificuldade que eu vivenciei foi fundamental para que eu desse valor, para ter a noção da história. A nossa empresa, no dia 17 de outubro, completou 21 anos de vida; foi uma coisa muito legal, bacana - graças a Deus, foi muito bom.
P - E essa empresa quem tomou conta foi você e seu pai?
R – Sim, até 1990. Papai, em 1986, montou a empresa comigo e tinha uma participação societária pequena do meu irmão mais velho, que era construtor. Em 1989, lamentavelmente, papai absorveu, através de uma transfusão de sangue, o vírus da hepatite que hoje detectamos como sendo C - na época, era detectado como um vírus da hepatite “não A - não B”, porque não se verificava através de lâminas a patologia. Papai contraiu essa hepatite, que infelizmente era incurável, porque ela se propaga-se numa condição de cirrose e por esse quadro cirrótico, a pessoa vem a falecer, o que ocorreu em 1993. Talvez até pela visão dele, pelo próprio organismo já cansado, a partir de 1989 meu pai passa o bastão e pede para que eu liquidasse as cotas. Ele falou: “Olha, o aluguel é todo dia cinco; por favor, não atrase.” É muito engraçado porque a empresa conquistou outros terrenos, têm um quarteirão inteiro, mas mantenho o aluguel até hoje, simbolicamente, para a minha mãe, porque foi essa a instrução dele, até hoje, eu sigo a risca as regras que ele determinou.
P - E a Ebel fica onde?
R – A Ebel fica na cidade de Duque de Caxias [RJ], na Baixada Fluminense; com relação a Baixada Fluminense ainda hoje existe uma certa preocupação, porque a mídia a enfoca muito como sendo uma área de muita violência; o que pouca gente sabe é que o Município de Duque de Caxias é o oitavo no Brasil em arrecadação, com certeza pela Reduque, que é a Refinaria de Duque de Caxias, da Petrobrás. Mas é um município que hoje cresce; talvez até por esses royalties, esteja tão desenvolvida e tão forte - é uma briga absurda para ver quem é o prefeito de Caxias, por movimentar tanto dinheiro. O fato é que a cidade cresceu assustadoramente; hoje tem um nível, um padrão infinitamente superior à condição em que nós encontramos Duque de Caxias, em 1986. Lembro-me bem de uns casos engraçadíssimos: quando cheguei em Duque de Caxias, pela primeira vez, nós arrematamos um terreno em um leilão. Por que Caxias? Porque era a única condição de terreno para podermos expandir-nos. Nós fomos e arrematamos, no leilão, o terreno; existia todo um foco da violência e, quando nós chegamos no terreno, fomos ver e tinha um corpo no nosso terreno. Eu falei: “Já vi que não vou ter uma vida tranquila aqui...” Curiosamente, foi o único que eu vi em toda a história da companhia; quer dizer, talvez Caxias estivesse despedindo-se daquela área, nunca se apresentou nenhum sinal de violência, pelo menos para a nossa companhia, para a nossa empresa. Começamos a construir no terreno, aproveitamos a empresa do meu irmão, que era uma construtora. Como estávamos em família, nós tínhamos a intenção de um bom desconto para que a construção fosse um pouco mais barata, o que de fato aconteceu. Sem uma grande estrutura, a coisa começou com uma limitação financeira muito grande, mas demos o pontapé inicial, o que foi importante. Foi assim que iniciamos em Duque de Caxias e estamos lá até hoje.
P/1 - Quantos funcionários eram?
R – A Ebel iniciou com aqueles 30 e poucos, hoje, temos 217 funcionários, 95% da região, locados nas proximidades; acredito ser muito importante para toda aquela região, esses funcionários. A Ebel tem uma representatividade muito grande para eles: próximo à fábrica, nós temos algumas escolas estaduais e as mães estavam saindo do colégio com seus filhos; eu estava acompanhando uma pequena obra ou descarregando um caminhão - não lembro bem - e veio uma mãe, com seus dois filhos, e disse: “Eu quero mostrar para o senhor: o sonho deles é trabalhar aqui.” Quer dizer, isso é muito importante para nós porque mostra claramente que, para aquela região, o foco daquelas crianças que estão estudando, o ponto máximo que elas podem atingir, sem dúvida nenhuma, é trabalhar na Ebel, o que me deixa muito feliz em saber que hoje, dentro da comunidade, temos uma representação social muito importante. Isso é muito interessante.
P/1 - Voltando um pouco, eu queria que você falasse sobre o seu filho, que você falou que tem 14 anos.
R – O Pedro Landim Machado Filho é uma grande bênção, é a minha vida, porque ele nasceu justamente no ano em que meu pai faleceu. Eu lembro-me bem que, numa determinada vez, uma senhora, uma cartomante, quando eu estava voltando ao Rio de Janeiro, disse: “Você acredita em tarô? Você acredita em búzios? Você acredita...” - e eu concordando com tudo. Ela disse: “Você não está concordando com nada!” Ela começou: “Em que ano você nasceu?” - e o avião rodando. Ela disse para mim: “Daqui a dois anos, uma porta vai se fechar para você mas, em compensação, uma janela vai se abrir.” Curiosamente aconteceu isso: o meu pai veio a falecer e o meu filho nasceu, em 1993. Ele é o meu grande companheiro em tudo; é um menino maravilhoso, tem um conceito de maturidade muito grande, super amigo dos amigos, tem uma formação excelente. Espero, quem sabe, que ele venha a seguir o contrato social, venha juntar-se ao pai nessa luta cotidiana, o que me daria muito prazer. Mas ele sabe que, daqui a alguns anos, ele pode chegar tranquilamente e dizer: “Poxa, pai, acho que vou ser dentista.” Temos é que torcer para que ele seja feliz no que escolher, mas acredito que pelo próprio objetivo, pela vontade inicial em fazer Engenharia de Produção, ele tem muita chance de, quem sabe, ficar com o pai dele - eu gostaria muito, torço bastante.
P/1 - Voltando para a Ebel, eu queria que você explicasse, para que possamos entender, o que vocês fazem: o que é a Ebel e o que ela produz?
R – A Ebel, hoje, tem uma participação muito pequena em fibralata porque a fibralata, ao contrário do mundo europeu, que substituiu o plástico pelo papelão - pelas leis ambientais, tão importantes e tão fundamentais nos dia de hoje. A Ebel faz fibralata quando o mercado ainda tem uma visão voltada ao plástico, mas ela ainda faz essa linha de produtos. Basicamente a linha de produtos da Ebel, o forte hoje, é linha de tubos de papelão para a área têxtil, onde toda sua linha de clientes está em São Paulo, mais propriamente na região de Americana; e a linha de flexíveis, dentre os quais a Tetra Pak enquadra-se. Temos também uma linha onde nós fabricamos e desenvolvemos, há mais ou menos dois anos a linha de barricas: as barricas são embalagens grandes para substituir esses latões quadrados de massa e de tinta que habitualmente se vê nas casas de tintas. Nós estamos fazendo elas cilíndricas, em papelão; é um nicho de mercado que nós desenvolvemos e já fomos premiados no ano passado - ganhamos um prêmio em sete de dezembro do 2006, pelo Sindicato de Fabricantes de Tintas como a melhor embalagem não-metálica, o que para nós foi uma honra muito grande. Iniciamos essa unidade de barricas com 20, 25 mil unidades ao mês e hoje estamos confeccionando cem mil unidades - o que, para nós, é um a patamar muito interessante. Falar dos nossos produtos é isso: fabricamos fibralata, tubos para fins de embalagens flexíveis, de plásticos - ou seja, a batata frita que você consome na sua casa ou o picolé da Kibon, que tem o seu papelzinho, é enrolado em um tubo de papelão; o tapete é envolvido em um tubo de papelão, o plástico bolha, enfim, essas embalagens flexíveis. Temos a linha de têxtil, para fios que venham a confeccionar as roupas que atualmente usamos. E existe uma terceira divisão de produtos, que vem a ser as barricas, mais focada na construção civil, que são tintas e massas para paredes.
P/1 - Pedro, vou pedir para você me explicar o que é fibralata.
R – A fibralata é uma embalagem secular; todos nós lembramo-nos que nos anos de 1960, 1970, todos os talcos tinham o formato de um tubo de papelão com uma folha- de-flandres, um aço na sua extremidade. A Ebel chegou a confeccionar, por algum tempo, o Seiva de Alfazema, da Phebo - aquela lata famosa, que tinha aquela camponesa. A fibralata vem a ser um tubo de papelão, tendo a sua extremidade em folha-de-flandres; é uma embalagem muito famosa não só no campo farmacêutico, mas também para desenhistas, para arquitetos - aqueles tubos de papelão com papéis vegetais. Antes de existir o que o mundo moderno trouxe, como o plotter, nós víamos arquitetos com aqueles papéis vegetais nas suas pranchetas. Hoje, com a modernidade, nós temos o computador, que substituiu isso com tranquilidade.
P/1 - Você tem clientes no Brasil todo ou numa região - região Sul, Sudeste?
R – Os meus clientes brincam comigo: eles afirmam que eu sou o carioca mais paulista que eles conhecem. Eu diria que hoje, 90% do nosso mercado está focado na região de São Paulo; temos um grande cliente no Rio de Janeiro, mas o nosso foco está no mercado São Paulo e também Paraná. Dentro da Tetra Pak, nós abastecemos também a planta de Ponta Grossa da Tetra Pak. Temos hoje um mercado todo voltado para São Paulo: o Rio de Janeiro, no fim do governo Brizola, teve um êxodo de indústrias para São Paulo muito grande. Nós sempre procuramos desenvolver essa política de trabalhar dentro do Estado de São Paulo; tanto que, dentro vários questionamentos, surgia sempre: “Por que é que eu, em São Paulo, vou comprar um tubo de papelão no Rio de Janeiro?” Mas nós fizemos um trabalho de logística muito bom; nós trabalhamos com um trabalho de just in time muito forte, temos uma linha de caminhões agregados muito forte, muito pesada, muito presente. E temos uma unidade produtora com mais de 20 espirais, o que faz com que tenhamos eficiência na entrega e também na condição de adiantar aquilo que vai ser definido como produzido e necessário para a produção do nosso cliente. Trabalhamos na frente, visando sempre essa condição; por isso o mercado de São Paulo passou a ser, digamos assim, um mercado ímpar para nós. Temos uma pequena participação em Minas Gerais também, mas substancialmente o nosso foco é o Estado de São Paulo.
P/1 - O seu contato com a Tetra Pak começou quando?
R – Dentro da nossa política, nós estávamos fazendo um contrato de representação em São Paulo e contratamos um representante comercial; nós estávamos muito voltados a trabalhar com outros grandes clientes, porque já trabalhávamos com grandes clientes dentro da unidade de flexíveis. Foi quando um amigo em comum participou-me: “Existe um representante que tem interesse em fazer esse desenvolvimento; ele conhece algumas empresas e que quer tentar desenvolver o seu produto em algumas empresas. O que você acha?” Na ocasião, eu achei ótimo: “Sendo uma pessoa que você conhece, que você efetivamente tem conhecimento, porque não? Vamos fazer esse contato e vamos tentar desenvolver esse trabalho.” E foi o que aconteceu: fizemos esse contato e foi bacana porque começamos a vislumbrar quem? A Tetra Pak. A Tetra Pak era, sem dúvida nenhuma para nós, um grande e obsessivo sonho de fornecer porque, no mercado, você fornecer para empresas como a Tetra Pak propicia portas abertas para outras atividades. Nós queríamos muito esse fornecimento, mas era muito difícil você trazer, modificar uma cultura - é muito complicado. Mas começamos, fizemos mil amostras, visitas - foi incansável o nosso trabalho. Nós somos agradecidos até hoje ao José Roberto Grácio, que vem a ser gerente da Tetra Pak; ele é um crânio dentro da Tetra Pak, uma das pessoas mais inteligentes e notáveis que eu conheci. O Grácio presenciou uma força de vontade anormal da nossa parte em fornecer e começamos a trazer caminhos: os tubos eram amarrados, então começamos a trabalhar em máquinas especiais para virem amarrados em máquinas de pressão, sem precisar vir amarrado a mão; desenvolvemos a vontade de trabalhar com máquinas de cortes específicas para melhorar o acabamento externo dos tubos - e começamos a conquistar a Tetra Pak. Começamos com uma pequena participaçãozinha; eu dizia para o Ângelo e para a família Ebel, que é como me refiro a todos os funcionários: “Só tem uma jeito: nós vamos conquistar o nosso espaço na Tetra Pak mostrando o nosso trabalho.” O Grácio abriu-nos a porta e disse: “Se você for capaz, se você tiver preço e qualidade, você vai fornecer aqui. Mas você precisa provar isso.” Eu saí de lá, de Monte Mor [SP], com o pensamento fixo. Eu falei: “Eu tenho que fornecer para essa empresa.” Começamos um trabalho e montamos uma equipe; a Ebel, hoje, tem 23 funcionários que trabalham só para a Tetra Pak.
P/1 - Em que ano foi que começou?
R – Nós começamos há nove anos e o trabalho com a Tetra Pak começou de forma bem lenta. A Tetra Pak, evidentemente, tinha um fornecedor e nós começamos a mostrar que poderíamos ser úteis à Tetra Pak, através do nosso serviço e da condição de logística que vínhamos trabalhando muito bem com clientes em São Paulo, o qual queríamos adotar com a ela. Começamos a fazer esse trabalho, mas havia muitas dúvidas com relação ao fato do fornecedor ser do Rio de Janeiro; em uma determinada altura – nós já éramos fornecedores da Tetra Pak -, entrou uma pessoa para assediar a gerência, que nos disse: “Tenho uma preocupação muito grande: você no Rio de Janeiro, fornecendo para nós. Eu vou fazer uma pesquisa, porque tem um fornecedor concorrente que está muito mais próximo de nós; vou fazer um levantamento de quantas não conformidades vocês têm, de atrasos de entrega, porque eu tenha certeza que ele tem uma vantagem muito grande...” O bacana foi que, quando ele foi fazer o levantamento, ele chegou a conclusão de que nós, no Rio de Janeiro, tínhamos zero de não conformidades - e os nossos concorrentes tinham duas. Ele coçou a cabeça e falou: “Vamos passar para o outro ponto, porque esse não deu certo.” Eu falei: “Esse é o nosso desafio.” Talvez até por essa condição, a nossa preocupação é tão grande - não tem dia, não tem hora. Eu costumo dizer que a Ebel é uma filial da Tetra Pak: às vezes, quando um acidente ocorre - essas coisas acontecem, não só na Tetra Pak, mas também em outras grandes empresas como ela – e surgem casos em que o pessoal fala: “Estamos precisando de um tubo para amanhã!” – e isso às sete e meia da noite. Como nós temos um turno preparado, 20 e tantas pessoas trabalhando para a Tetra Pak - inclusive um caminhão stand by no nosso pátio, justamente para trabalhar com essa mercadoria, com essa finalidade para a Tetra Pak -, nunca tivemos problemas. Nós apagamos os incêndios e ganhamos esses pontos porque, sem dúvida nenhuma, a Tetra Pak, para nós, é muito importante em todos os sentidos, não só por ser uma empresa grande - poderíamos colocar inúmeras empresas no Brasil que têm um poder forte de pagar em dia, de pagar bem, e que poderíamos estar agregando à Ebel ao que ela queira -, mas porque a Tetra Pak agrega para a empresa um pouco da história do seu crescimento. Acompanhando e fornecendo para a Tetra Pak, nós acompanhamos o engrandecimento e a globalização do mundo, o crescimento do mundo. A Tetra Pak começou a alertar-nos com relação ao ISO [International Standards Organization] 14000 e a leis ambientais há muito tempo; desde essa época, nós temos a preocupação da empresa com o certificado da Feema [Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente], dos certificados dos ambientalistas, preocupação com os resíduos, enfim, com tudo o que envolve o meio ambiente. A Tetra Pak inova e idealiza idéias em fornecimentos, em racks, em paletizações; nós desenvolvemos isso e crescemos juntos, porque a Ebel otimiza esse trabalho que desenvolve para a Tetra Pak para o seu mercado como um todo, trazendo inovações e ganhando mercado - a grande verdade é essa. Nós conquistamos, através de fornecer para a Tetra Pak, uma atualização com o que há mais moderno em logística e em qualidade - e isso, sem dúvida nenhuma, abre portas e caminhos para que possamos estar dentro desse mercado tão competitivo, o de tubos de papel.
P/1 - E você fornece para a Tetra Pak em todo o Brasil?
R – Todo o Brasil, tanto para a unidade de Monte Mor, quanto para a unidade de Ponta Grossa, no Paraná.
P/1 - Eu queria que você explicasse melhor onde é que esses tubos são usados na Tetra Pak.
R – O tubo tem uma importância fundamental, não só para a Tetra Pak, mas em todo e qualquer processo de embalagens semi-flexíveis e flexíveis: se abrirmos a caixinha de leite longa vida, ela nada mais é do que um papel que, quando vincado, transforma-se em uma caixinha; esse papel aberto, que é uma bobina, precisa ser enrolado em um tubo de papelão - e é dessa forma que a Tetra Pak monta a sua caixa de leite longa vida, em bobinas, e as fornece aos seus clientes que, através das máquinas que ela também fornece, podem montar suas caixas de leite longa vida, de sucos, de achocolatados. Em resumo, o tubo de papelão é o núcleo de uma bobina que vem a ser, no futuro, uma caixa de leite, uma caixa de água de coco e de todos esse produtos fantásticos que a Tetra Pak faz.
P/1 - E você fornece quanto por mês? É em quilos, em toneladas?
R – Para se ter uma idéia, a Tetra Pak envolve perto de 70 códigos diferentes, de tamanhos diferentes - você tem de 20 a 27 códigos assíduos de compra, mas você tem ao longo do referencial e da codificação da Tetra Pak uma imensidão de códigos. Evidentemente que, pela experiência, mantemos esses códigos em que os usuários obtém maior repetição - já temos em estoque, prontos e programados, para facilitar o just in time - a entrega imediata - para atender à Tetra Pak. Isso em unidades, em conjuntos, porque a Tetra Pak movimenta esses produtos em conjuntos de bobinas: você tem conjuntos de quatro, conjuntos de três, conjuntos de cinco, conjuntos de seis. Falar em volume é uma coisa bem grande, mas diríamos que é algo em torno de 150 toneladas de tubos ao mês - é um volume bem expressivo.
P/1 - Vocês chegam a desenvolver projetos juntos?
R – Já desenvolvemos vários projetos para otimizar o recebimento; a Tetra Pak conta com profissional muito competente, muito capaz, que é o José Grácio - ele tem uma cabeça muito boa e sempre nos chama e nos convida para idealizarmos essas parcerias: a movimentação de gaiolas para a colocação de tubos dentro da Tetra Pak; a parte de amarrações; os frisos que os tubos têm que levar para otimizar a colocação da bobina no tubo, no núcleo; o desenvolvimento para o acabamento nas suas bordas - sempre são projetos de melhorias nos tubos, os quais nós participamos com a própria Tetra Pak. Desenvolvemos algumas coisas, como tubos plastificados - e outras coisas mais foram desenvolvidas. A Tetra Pak é uma empresa muito grande e fornece status ter uma parceria com ela pois você está acompanhando, de forma cotidiana, o desenvolvimento do mundo moderno - e isso é muito interessante.
P/1 - Você falou da questão ambiental, que existe toda uma exigência da Tetra Pak com relação à conformidade das empresas que trabalham com ela. É isso mesmo?
R – A Tetra Pak é uma empresa especialmente preocupada com o meio ambiente, ela foi uma das primeiras a chamar a nossa atenção, a alertar-nos quanto à preocupação com o meio ambiente. Ela sempre se mostrou preocupada e posicionava-nos com relação à qual atitude a Ebel estava tendo com o meio ambiente; naquele momento, nós, da Ebel, começamos a ficar também inteirados dessa situação. No Rio de Janeiro era uma situação que não acontecia há muito tempo: a preocupação com a certificação da Feema; com o que você viria a poluir; com o tratamento que você dava ao lixo; de que forma você agregaria o seu material utilizado dentro da produção. Isso tudo foi muito importante para nós e, a partir de então, nós começamos a ter, mais do que nunca, a coleta seletiva de forma assídua, começamos a utilizar todos os nossos funcionários dentro dessa política de conscientização, mobilizando-os para isso, para que fizessem isso não só dentro da empresa, mas que colocassem dentro da sua residência e que isso facilitaria muito suas vidas. Em Caxias, que é uma região pobre, com uma condição pobre, as pessoas jogam seus lixos próximo aos rios, o que faz com que você não tenha uma condição muito favorável e nós tínhamos a preocupação de que isso viesse a piorar. Hoje você percebe, até pela própria política do empregado dentro da companhia, sua preocupação em separar o seu lixo, preocupação que nós passamos para eles através de palestras com pessoas envolvidas no assunto, e a sua preocupação com o meio ambiente. Isso, sem dúvida, só vem para reforçar toda essa preocupação que hoje existe dentro da companhia, da Ebel; ela está desenvolvendo hoje, paralelamente a todos esses produtos, um pallet de papelão - a base do pallet é toda de papelão, que é basicamente o que nós fazemos, com chapas triplex de papelão. Isso é muito importante, já que no mundo, principalmente na Europa, existe uma dificuldade muito grande em aceitar um pallet de madeira porque você tem que queimá-lo, afetando assim a camada de ozônio – lá, os ambientalistas são muito mais pesados do que aqui, bem como as leis e os regulamentos; um pallet de papelão é 100% biodegradável, é extremamente interessante. Há poucos meses nós tivemos uma crise muito grande - estamos vivendo ainda um pequeno resquício - em que há falta de aparas, de material para fazer o papel reciclado, então nós estamos adiando um pouco esse projeto. Mas, sem dúvida nenhuma, em 2008 será o projeto número um - nós vamos partir para a confecção, não só para o uso pessoal, mas para a venda, de um pallet 100% de papelão, para que possamos provocar a substituição dos pallets de madeira.
P/1 - Qual a matéria prima desses tubos? É de papel reciclado?
R – É papel reciclado. O tubo de papelão nada mais é do que um complexo de fitas de papelão acumuladas, uma em cima das outras; os papéis da extremidade - ou seja, da superfície externa - para o campo têxtil, nós trabalhamos com papel importado - importamos esse papel de Inglaterra para fazer os revestimentos da área têxtil, não por um capricho da Ebel, mas por uma codificação de toda essa clientela, pois o fio da área têxtil apresenta um resíduo, uma resina, que pode vir a retirar toda e qualquer pigmentação que venha a ter no papel, então ele tem que ser um papel especial, que nós encontramos na Europa. Há outros casos em que você tem a superfície externa em papel kraft, onde você tem a participação da celulose envolvendo as madeiras, mas em um nível muito pequeno. Para se ter uma idéia, nos anos 1980, nós trabalhávamos com 70% de papel de celulose pura, papel envolvido com kraft; hoje, nós trabalhamos com 3%. Por isso é que eu posso dizer que, hoje, o mercado de papel reciclado no Brasil desenvolveu-se, cresceu e apresenta uma qualidade compatível ao de celulose.
P/1 - A Tetra Pak, como falamos há pouco, tem uma preocupação ambiental muito grande, tanto que sua embalagem, hoje, é 100% reciclável por meio da tecnologia à plasma, que consegue trabalhar os diferentes materiais. Aproveitando que você tocou no assunto de reciclagem, eu queria que você falasse, na sua opinião, qual é o papel da Tetra Pak também nessa conscientização com relação a reciclagem de uma forma mais abrangente.
R – Muito importante. A Tetra Pak, preocupada com o resíduo de suas embalagens, começou a desenvolver formas de aproveitamento desse resíduo, ou seja, da embalagem pós-uso. Quando o consumidor viesse a consumir o leite ou o suco, ao jogar fora essa embalagem, o catador de papel jogaria essa embalagem pós-uso no lugar do catador de papel. Hoje, a Tetra Pak tem pontos importantíssimos de retirada desse material, em que toda fibra do papel é utilizada na confecção de novos papéis, de papéis reciclados; a Tetra Pak também tem desenvolvido o alumínio e o plástico em materiais como telhas, canetas, enfim, diversos produtos - várias pessoas estão aproveitando esse lixo e fazendo esse desenvolvimento. Isso, sem dúvida, é genial; é uma preocupação ambiental fora de série que tem trazido um sucesso incrível pela forma como ela está conseguindo aproveitar - são milhares de produtos que já foram apresentados. Os que eu achei mais espetaculares foram esses: aquele tubo da caneta esferográfica e uma telha que eu vi, com um acabamento muito interessante. Essa é uma preocupação que a Tetra Pak tem e onde, cada vez mais, ela está inovando - acredito que enquanto nós estamos aqui conversando, com certeza outros produtos estão surgindo lá e eles estão fazendo esse aproveitamento de uma forma bem interessante.
P/1 - A Tetra Pak está no Brasil há 50 anos; eu queria que você falasse sobre a importância que você vê, para a industrialização brasileira, no que se refere à Tetra Pak.
R – A Tetra Pak tem uma participação fundamental: primeiro porque, imagine há 50 anos, quando a nossa indústria, principalmente a de embalagem, não era muito desenvolvida, tinha campos ainda bastante obsoletos, máquinas bastante rudimentares - imagina o que representou a Tetra Pak diante de todo esse complexo de indústrias existentes, não só em São Paulo, mas no Brasil inteiro! A Tetra Pak trouxe uma tecnologia e uma modernidade para a época assustadoramente moderna; eu tenho certeza que, como aconteceu na minha companhia - e também nas indústrias de embalagem como um todo - todo mundo gostaria de ser uma Tetra Pak, ter a condição da Tetra Pak, o seu desenvolvimento, a sua organização, sua modernidade - isso cria desafios: o fato de você ter uma empresa forte, com esse desenvolvimento, com essa tecnologia, com um potencial incrível em desenvolver o seu profissional, encaminhá-lo e prepará-lo - o que é muito importante e a Tetra Pak faz como ninguém. A importância da Tetra Pak eu acredito, nesses 50 anos, como sendo não só um ícone, mas uma locomotiva que puxou vários vagões para chegar dentro de seu patamar de grandiosidade, de empresa ícone, de empresa modelo, o que certamente contribuiu muito com esse avanço no campo de embalagem. Isso eu posso dizer tranquilamente porque sou do campo de embalagem, trabalho com embalagem e falo como quem aproveitou muito a condição da Tetra Pak para desenvolver, crescer e continuar crescendo, usando o modelo e a parceria que nós temos de nove anos com eles.
P/1 - Pedro, vocês têm 29 funcionários que trabalham diretamente para a Tetra Pak; você fez essa divisão só para a Tetra Pak? Por quê e quando?
R – Quando da inauguração da unidade de Ponta Grossa, os volumes começaram a ser bem significativos e a margem de erro poderia ficar maior se nós não tivéssemos um pessoal especializado, uma equipe preparada para trabalhar com o material dela; dentre várias posições do nosso staff, do nosso grupo, nós começamos a pensar: “Por que não criar um grupo especializado e doutrinado para trabalhar os tubos dentro desse grupo, que é a Tetra Pak?” O que nós fizemos foi montar um grupo e começamos a especializar esses profissionais para trabalharem com a Tetra Pak: se você tinha uma não conformidade a cada, sei lá, 50 mil tubos - você tinha um tubinho que apresentava um probleminha, o nosso objetivo era chegar isso a zero, ou seja, colocar uma pessoa que só faz aquilo, que vê aquilo o dia inteiro, enxerga a Tetra Pak o dia inteiro e sabe se aquele tubinho apresenta aquela característica, aquele potencialzinho, aquela virgulazinha: “Aquilo pode ser o princípio de uma não conformidade; separa e não manda.” Então começamos a criar um time específico para a Tetra Pak: começamos a preparar, a verificar aqueles funcionários que tinham aquela capacidade, aquela habilidade maior para fazer o acabamento, aquela sensibilidade para detectar um possível problema. Começamos a pegar os maquinistas com os tubos da Tetra Pak, que são tubos de diâmetro bem avantajados, e ver quais eram os maquinistas que tinham a melhor performance dentro da escala das dez máquinas da Ebel e que trabalhariam para a Tetra Pak. Isso tornou-se tão profissional que se você chegar hoje na Ebel, a máquina cinco é Tetra Pak - não se vê mais, dentro da Ebel, que a máquina cinco é a máquina cinco: é a máquina da Tetra Pak, com uma linha de funcionários só para ela. O grande objetivo disso foi não só dar uma tranquilidade para a Ebel, mas principalmente para a Tetra Pak: você tem profissionais que estão ali, no dia-a-dia, só fazendo esse material, olhando só esse tubo e que sabem todas suas particularidades, tipo, tamanho, corte, acabamento, como tem que ser carregado. Nós temos caminhoneiros específicos que trabalham para a Tetra Pak, que conhecem as pessoas, que fazem parte do recebimento. Nós criamos uma equipe que envolve desde um inspetor de qualidade para a Tetra Pak até o caminhoneiro - que vem a ser o caminhoneiro para a Tetra Pak -, com o objetivo de tornar cada vez maior a eficiência do trabalho e fazer com que tenhamos um nível de satisfação maior do nosso cliente. E a coisa deu certo.
P/1 - E o atendimento para a Tetra Pak, a conversa, as reuniões: é sempre você ou tem uma outra pessoa que faz isso?
R – Nós temos um departamento, que envolve o usuário: nós temos um inspetor de qualidade, que é responsável por todo o processo de fabricação; ele liga e fala diretamente com os usuários, tanto da unidade de Ponta Grossa, como também da unidade de Monte Mor. Ele invariavelmente está em contato, conversando e sabendo como foi a produção, como é que está, quer dizer, temos uma dinâmica direta com o usuário, com o funcionário da Tetra Pak. As reuniões em escala de gerência, de diretoria, eu participo e é sempre prazeroso porque é sempre interessante; como eu falei, estamos sempre atualizando as novidades, o que a empresa vai apresentar, que tipo de contribuição a Ebel pode dar a um projeto futuro, nisso estamos sempre cientes, sempre tomando conhecimento e por onde anda o nosso patamar de parceria: “A Ebel pode contribuir com mais alguma coisa? O que pode ser feito, por parte de Ebel, para efetivamente melhorarmos essa parceria?” Da mesma forma, a Tetra Pak sempre está aberta: “O que vocês precisam? O que vocês querem?” Invariavelmente temos as reuniões comerciais, dado o aumento de preços, algumas coisas assim; temos também as visitas, que nós chamamos de visitas mensais, que o representante comercial da empresa faz habitualmente, tanto na unidade de Ponta Grossa quanto na unidade de Monte Mor.
P/1 - Pedro, você estava falando em parceria: você acha que essa relação é mais de parceiria do que de fornecedor e cliente?
R – Sim. Fornecedor e cliente é uma coisa que eu diria ser muito impessoal; quando você faz uma compara na Ebel, compara tubos de papelão, você está tendo uma relação de fornecedor e cliente. Quando você envolve 20 e tantos funcionários, trabalha equipamentos, moderniza acabamentos de material, envolve caminhoneiros específicos, eu diria que isso não está mais no patamar de fornecedor e cliente - eu acredito que esteja em um patamar mais avançado, é uma coisa mais forte, é uma parceria. Tendo em vista todo o trabalho que a companhia faz, todo o movimento operacional, todas as pessoas que estão envolvidas nesse processo, eu acredito que isso seja uma parceria até pelo fato - isso é o mais bacana – de que o funcionário da família Ebel sente-se um pouco da Tetra Pak. Se você chegar para um funcionário que trabalha na linha cinco, que é a linha que fabrica o produto da Tetra Pak, ao invés de dizer “eu trabalho na linha cinco”, posso garantir para você que de 80% a 90% vai dizer “eu trabalho na linha Tetra Pak”, a Tetra Pak talvez nem saiba, mas ela tem uns 20 e poucos funcionários que a respiram dentro da minha companhia.
P/1 - Pedro, dentro da relação que você tem com a Tetra Pak, quais são as transformações que você percebeu?
R – Nesses nove anos é meio difícil falar das transformações, mas eu vou tentar falar para você: é mais ou menos como um filho: você não nota que seu filho cresceu, você passa cinco anos sem ir num lugar e, de repente, você chega e nota: “Nossa, como está grande!” As pessoas não visitam a Ebel durante três, quatro anos e, quando chegam: ”Meu Deus! Mais um galpão!” Dentro da formação Tetra Pak o que eu posso dizer que se desenvolveu, que cresceu e que aumentou cada vez mais é isso: antigamente o que era estabelecido era com um prazo maior, com uma condição de trabalho mais lenta. Hoje a empresa é muito mais dinâmica, até porque a Tetra Pak é uma empresa dinâmica e a coisa tem que ser muito forte, o processo de fabricação, o material a ser fabricado. Eu diria que dentro dessa relação o que mais se desenvolveu foi a maneira com que a nossa produtividade desenvolveu-se para chegar no patamar de hoje, ou seja, frentes de material, tubos confeccionados com larga escala dentro das várias variáveis de códigos de que ela necessita para trabalhar. Isso é, sem dúvida nenhuma, o maior ponto de orgulho para nós: estar participando de forma ativa e, mais importante ainda, sabendo que o nosso trabalho está sendo atendido de forma satisfatória por parte do nosso cliente.
P/1 - Nesses nove anos, deve ter acontecido algumas coisas pitorescas, engraçadas, que você se lembra...
R – Eu lembro-me de várias situações. Existe uma que é especial, que eu tive a oportunidade de contar, que foi quando nós fomos colocados em xeque naquelas condições de fornecedor, que tinha tido problemas de entrega e quando foi verificado que não tinha nenhuma, o funcionário da Tetra Pak coçou a cabeça e disse: “Bom, vamos passar para o outro ponto...” (risos) Essa foi muito boa. Mas aconteceu uma coisa curiosíssima, logo no início, acredito que em 2000: no início daquela parceria a minha maior preocupação era em atender; tinha havido um problema no caminhão e nós tínhamos falado para o caminhoneiro: “Com a Tetra Pak nós temos um acordo e tem que chegar até tal hora.” Esse caminhoneiro, querendo muito trabalhar conosco - já tinha feito alguns serviços, tínhamos verificado que o trabalho dele era um trabalho eficiente - estava preocupadíssimo com aquela responsabilidade; ele repetia a toda hora para o nosso chefe de expedição: “Está bem. Vamos entregar tal hora... Entregar tal… Tal hora...”. E ele: “Rapaz, você está calmo? Vai correr tudo bem!” A uns 500 metros da Tetra Pak, o caminhão inesperadamente quebra - e ele naquela que seria sua prova final para ficar definitivamente agregado como caminhoneiro da Ebel. Ele entra em completo desespero, não sabe o que fazer, liga para o meu chefe de expedição e fala, meio que chorando: “É muito azar! Só podia mesmo acontecer comigo! Eu estou a 500 metros da empresa e o caminhão quebrou!” - e copiosamente começa a chorar. O chefe do faturamento falava: “Fulano de tal, mantenha a calma! Calma, nós vamos arrumar um caminhão que vai fazer uma transferência. De repente, o problema no caminhão é pequeno, nós estamos entrando em contato com a Tetra Pak. Fica tranquilo.” “Não, pelo amor de Deus! Fico tranquilo nada! Eu estou desesperado... O homem não vai me dar o contrato!” - e eu não tendo noção nenhuma do que estava acontecendo. Mas a princípio, o chefe de faturamento da expedição, que também estava muito nervoso porque foi colocado pelo departamento de vendas e por todos uma pressão muito grande com relação da eficiência da entrega, disse o seguinte: “Meu amigo, eu não quero saber! Nem que você arrume uma carroça, você me entrega esse troço!” - e bateu o telefone. Veio logo a idéia de que nós tínhamos uma transportadora alternativa em Campinas, que é muito próxima e poderia tranquilamente fazer a baldeação da carga e entregar dentro do prazo, já que nós estávamos com uma sobra de horas para fazer isso. Mas ele esqueceu de entrar em contato, pelo celular do caminhoneiro, para falar que já tinha sido providenciado um caminhoneiro para fazer a baldeação e que a carga seria entregue dentro da hora com tranquilidade - a Ebel sempre trabalha com duas, três, quatro horas de frente, para no caso de acontecer qualquer coisa, nós tenhamos a eficiência que temos. O coitado relatou para o nosso gerente de vendas: ”A situação é a seguinte: o caminhão quebrou, mas eu já arrumei e tal...” O senhor Corrêa, que é quem faz a articulação com a Tetra Pak todo dia, disse: “Você já avisou o caminhoneiro de que você está mandando um transporte para fazer a baldeação da carga?” “Eu me esqueci! Vou ligar agora para ele.” Ele ligou para o caminhoneiro e o caminhoneiro disse: “Ó, eu arrumei uma carroça aqui, mas eu estou achando que essa éguinha aqui não vai dar... Pode entrar de égua ali dentro?” (risos) Realmente, esse foi um momento ímpar, porque ele levou ao pé da letra: “Nem que você me arrume uma carroça!” - e o cara arrumou uma carroça. Ele nunca tinha ido à Tetra Pak, nem sabia o que era. Ele não foi efetivado, mas ficou trabalhando para nós algum tempo - depois desse comentário, nós vimos que estávamos correndo algum risco. O trecho que não esquecemos foi que ele falou, no auge do nervoso “nem que você me arrume uma carroça!” E: “Ó, arrumei uma aqui, mas não sei... estou achando que eles não vão deixar entrar esse cavalo aqui...” (risos) Foi uma história muito engraçada.
P/1 - Nós já falamos da importância da Tetra Pak na industrialização do Brasil, nesse processo. Mas como você vê a importância das embalagens da Tetra Pak no desenvolvimento do setor alimentício?
R – Eu acredito que eles estão juntos, porque quando você tem uma embalagem, com a eficiência que ela tem, em todos os lares do Brasil - porque hoje é impossível, em todas camadas sociais, nenhuma deixa de ter acesso à embalagem da Tetra Pak; já não é uma novidade, não é um luxo, mas uma coisa que faz parte da sua geladeira, da sua dispensa. Mas o mais importante é que você não vê reclamação da embalagem da Tetra Pak; eu, como consumidor que sou de ene produtos que são embalados pela embalagem Tetra Pak, nunca observei uma falha, um problema. Isso certamente ajudou, e muito, porque a Tetra Pak desenvolveu a embalagem Tetra Brik e embalagens com formatos diferentes, sempre dentro daquele mecanismo, daquela posição fabril e sempre procurando modificar e modernizar a embalagem, como a que vem com o canudinho. Sem dúvida nenhuma, da mesma forma como ajudou a indústria, como um todo, a desenvolver-se, certamente ela é uma empresa que ajudou muito as embalagens como um todo, até pelo que vemos ao visitar e participar de muitas feiras - a Fispal [Feira Internacional da Alimentação], por exemplo, é uma feira que envolve o setor alimentício propriamente dito e você verifica que pelo estande da Tetra Pak, pelo que é mostrado, ela é um símbolo para as outras empresas. A Tetra Pak, sem dúvida nenhuma, é um conceito de empresa e de solidez, mas também de tecnologia, de embalagem. Eu diria que eles estão paralelos, tanto um quanto outro: não só a eficiência no parque fabril brasileiro, mas também a eficiência do produto, da embalagem em si - tanto num campo como no outro, ela foi e é importantíssima e fundamental nesse aspecto.
P/1 - Como você mesmo falou agora, a Tetra Pak possui uma gama diversificada de embalagens. Qual seria a embalagem que mais chama a sua atenção?
R – Apesar de não poder, porque eu tenho sérios problemas de cálculo renal e a água de coco é muito rica em cálcio, eu sou um tarado em potencial da embalagem de água de coco. Aquela embalagem, a Tetra Prisma, é de todas a mais bonita, a mais interessante, a mais inovadora; ela foge por completo da mesmice de tudo aquilo que vimos. Eu sou encantado com aquela embalagem, tenho uma profunda admiração por aquela embalagem; a primeira vez que eu vi a água de coco naquela embalagem - eu lembro-me que foi quando eu participei de uma reunião na Tetra Pak -, a primeira coisa que eu falei foi: “Parabéns! Não sei quem foi que fez, mas quero dizer o seguinte: a embalagem é linda, é maravilhosa!” O Vinicius de Moraes tinha aquela frase de que “beleza é fundamental”. O que é a beleza? A beleza é a parte externa; a beleza nada mais é do que o seu externo, não é o seu conteúdo. Eu tenho certeza de que uma embalagem bem feita vem a ser o rótulo, vem a ser a roupagem do produto - e nisso tenho certeza de que a Tetra Pak contribui bastante. Não só esta, mas tantas outras são lindíssimas - apesar de que eu diria que essa é a mais bonita de todas, na condição de consumidor.
P/1 - Pedro, tem alguma coisa que nós não te perguntamos e que você gostaria de estar falando, de estar retomando?
R – A única coisa que eu gostaria de dizer é que dentro da visão da Ebel, que é a minha visão, nós que começamos em 1986 com dois pequenos galpões e hoje temos seis, com 217 famílias envolvidas em todo o nosso processo, é que ficamos muito orgulhosos e felizes de que em um país com tantos problemas governamentais, com tantas dificuldades, até mesmo com relação a violência da sociedade, o medo com que temos com relação ao nosso ir e vir e tantas outras coisas, eu poderia dizer para vocês que eu fico muito orgulhoso de estar hoje ainda acreditando e investindo nesse país porque eu acredito que tenhamos, dentro da nossa concepção, de que somos frutos do nosso meio. Como uma pessoa que tem uma ligação direta com o meio, somos frutos daquilo que vivemos. A Ebel é um pouco o fruto de seus clientes; ver a Tetra Pak investindo, montando uma unidade de padrão mundial como a de Ponta Grossa, acreditando - isso eu queria deixar registrado - muito ajudou a nossa empresa a sempre estar investindo, a sempre estar acreditando de que o amanhã vai ser melhor e de que a indústria brasileira vale a pena, que o mercado vale a pena. Esse país tem muito a crescer e temos que acreditar, que investir, que melhorar o nosso profissional, o nosso empregado. E estar perto do nosso cliente, saber o que ele precisa, no que e de que maneira podemos contribuir. Esse processo é que me fez e me faz, todo os dias, olhar para o espelho e dizer: “Poxa, vale a pena... Valeu a pena termos investido; vale a pena, todos os dias, investir e acreditar porque tudo aquilo que vimos do nosso cliente, tudo aquilo que vimos ele fazer e acontecer, os frutos estão aí, o crescimento está ai, o potencial está aí.” A Tetra Pak certamente foi um ponto de referência muito importante para nossa companhia e continua sendo. Eu sempre afirmo que a Ebel é a filial da casa dos seus clientes - eu costumo sempre dizer isso aos meus funcionários. Hoje, eles dizem: “Eu sou da linha Tetra Pak, faço parte do produto da Tetra Pak.” Se analisarmos, dentro da concepção deles, aquele tubo que ele fez com tamanho carinho, com tamanho capricho e acompanhamento, faz com que ele se acha um pouco responsável; quando ele vai na gôndola, pega aquele leite e olha para a esposa ou para o filho e diz “teu pai ajudou a fazer isso aqui!”, é muito gratificante, é muito bacana. Ele fez parte do processo, sem dúvida isso é verdade; é como eu digo, talvez a Tetra Pak não saiba, mas ela tem um envolvimento de orgulho muito forte com toda a nossa família Ebel, em especial com os nossos funcionários que estão diretamente ligados a ela. Isso é o que eu queria deixar registrado.
P/1 - Pedro, a Tetra Pak está completando 50 anos de Brasil e está fazendo esse projeto de memória, de resgate, convidando algumas pessoas para estarem falando, contando a sua história. Você acha que isso é importante?
R – Eu diria que sim. Primeiramente porque quem, hoje, em um mercado tão competitivo, em um país que agora está crescendo, que de alguns anos para cá está mostrando-se um país de grande potencial, consegue ter 50 anos de atividade fabril em um país de terceiro mundo e ter esse crescimento, esse potencial, essa força que a Tetra Pak tem? Eu acho que isso tem que ser registrado, tem que ser louvado, tem que ser enaltecido, porque não é todo mundo, não. Até porque vemos muitas empresas que chegaram em nosso país, ficaram alguns anos, destruíram, botaram a sua mochila e foram embora. A Tetra Pak, não; a Tetra Pak ficou, desenvolveu-se, abriu uma nova planta muito mais moderna, muito mais produtiva em alguns segmentos do que a que tem em Monte Mor. Quer dizer, ela acreditou em nosso país, cresceu em nosso país e certamente faz parte do nosso país. Eu diria que, sem dúvida nenhuma, vale a pena; nos 1950 anos, nos 1960 anos e em quantos eu for convidado, sem dúvida nenhuma estarei, porque ela, dentro dos meus 21 anos, certamente é muito importante. Ela está há 50 anos investindo, acreditando, gerando emprego, desenvolvendo regiões; o Sul do país, que não era tão desenvolvido, hoje você vai em Ponta Grossa e vê uma cidade grande, forte - mas fundamentalmente é uma cidade conhecida como a cidade da planta Tetra Pak. Isso é muito bonito, é louvável. Eu acredito não só na importância dessa comemoração desses 50 anos, mas também acho que a Tetra Pak tem, sem dúvida nenhuma, que enaltecer todos os outros anos, porque são muito importantes não só para as regiões em que ela atua, mas no Brasil como um todo.
P/1 - Pedro, o lema da Tetra Pak é “Protege o que é bom”. O que é bom para você?
R – Tudo o que envolve aquilo que estimamos, aquilo que queremos, aquilo que necessitamos. O que é bom e necessário quando se trata de alimento? Não existe nada mais necessário do que o alimento; ela protege aquilo que passa a ser o nosso primeiro alimento, que é o leite - apesar de ser materno o nosso primeiro alimento, mas ela protege o que é o primeiro contato do ser humano com um alimento, que é o leite. Ela protege o alimento, ela protege aquilo que é fundamental, aquilo que faz bem - até porque nada em um produto que a Tetra Pak venha a embalar é ruim, então o slogan é perfeito. Como eu disse, é muito bom quando você tem uma roupagem boa para um produto que já é bom, porque quando você tem um produto que tem uma boa roupagem, ela ajuda a vender, ainda mais quando é um produto do qual você necessita e que é tão fundamental na sua vida, no seu dia-a-dia, porque o alimento é essencial.
P/1 - Você quer deixar algum recado para a Tetra Pak?
R – Gostaria de dizer para a Tetra Pak que a família Ebel lhe é muito grata e que somos gratificados de sermos seu fornecedor. A Tetra Pak é nosso principal cliente, colocamos a Tetra Pak como nosso cartão de visitas porque, sem dúvida nenhuma, ser fornecedor da Tetra Pak abre várias portas e você mostra-se qualificado em um mercado tão competitivo. É um orgulho muito grande para a nossa empresa, para a nossa companhia, fazer parte dos fornecedores dessa empresa. Parabéns para vocês, Tetra Pak! Em num país tão difícil, onde a economia é tão complicada, em um mundo tão globalizado, completar 50 anos com tanto sucesso é muito difícil. O que eu tenho para dizer para a Tetra Pak é parabéns! Que vocês continuem sendo a empresa que são, de ponta, com o material humano que vocês tem - com a diretoria, com os gerentes, com todo esse staff de profissionais tão bem preparados e tão capacitados, um dos mais bem preparados que eu já conheci em todo o mercado com o qual eu trabalhei. Essa é minha mensagem para a Tetra Pak: parabéns para vocês e que bom nós estarmos ajudando numa velinha dessa, o que é motivo de muita honra e de muita glória para nós.
P/1 - O que você achou de dar esse depoimento?
R – É muito valioso para nós; como eu enalteci, a nossa empresa começou de forma tão pequena e foi crescendo, crescendo, crescendo e hoje está aqui, prestando um depoimento para um cliente como a Tetra Pak. Poder estar aqui, dando os parabéns para ela, mostrando o quanto ela é importante para a nossa sociedade pelos conceitos que ela tem, sociais, ambientais, enfim, de maneira produtiva e moderna, é muito legal. Achei isso tudo muito importante e eu estou muito feliz.
P/1 - Pedro, você quer falar mais alguma coisa?
R – Quero dizer que foi ótimo.
P/1 - Então nós te agradecemos. A Tetra Pak agradece por você ter vindo hoje aqui.
R – Eu é que agradeço. Foi muito bom.
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