Tenho sonhado muito, a noite toda, acordo cansada, com dores no pescoço e nós braços. No sonho mais recorrente eu me preparo para sair de casa de manhã para ir comprar comida. Coloco máscara, cabelos presos, álcool, levando apenas o cartão de crédito. Nas ruas e no supermercado ninguém usa as máscaras, por mais que queira me proteger não consigo, não me sinto segura e ninguém se importa ao redor. Chego em casa desesperada, tomo banho, lavo tudo. Num outro momento sou forçada a levar minha filha para a escola, se ela não vai, perde o ano. Fico num dilema e resolvo colocá-la no carro e ir até a escola ver como estão as coisas. Quando chego lá, a escola é um hospital e me pedem para deixar minha filha isolada e sair dali. Entro em desespero e acordo.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Total. Para mim o sonho reflete o desespero que vivemos talvez unicamente no Brasil, onde o governo nós empurra para a morte o tempo todo. Sabemos o que devemos fazer para evitar o contágio. Sabemos o que vai acontecer. E mesmo assim temos que lutar contra tudo e contra todos.