Política Nacional de Humanização – Ministério da Saúde
Entrevistado por
Depoimento de Ana Maria Schneider
Rio de janeiro, 24 de novembro de 2006
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PNH_CB001
Transcrito por Susy Ramos
Revisado por Bruna Ghirardello
P/1 – Você poderia falar seu nome completo, data e local de nascimento?
R – Meu nome é Ana Maria Schneider, eu nasci em Além Paraíba, Minas Gerais, dia 1º de março de 1961.
P/1 – E a sua profissão, Ana Maria?
R – Eu sou enfermeira com doutorado em Saúde Pública.
P/1 – Onde você trabalha atualmente? Qual sua função nesse trabalho?
R – Atualmente eu coordeno o Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro e sou Secretária Executiva da Comissão Metropolitana do Rio de Janeiro.
P/1 – E o que é a humanização da saúde pra você?
R – Nós começamos esse trabalho da humanização aqui na Comissão Metropolitana em agosto de 2005, a partir da assinatura do acordo do Ministério da Saúde com o Município do Rio em função da crise instalada aqui no Rio, no sentido de tentar a ampliação do diálogo e melhorar as articulações e as negociações entre as três esferas de Governo no Rio. Iniciamos com uma série de apoios em várias áreas: na área de Urgência/Emergência, Saúde do Idoso, Atenção Básica e uma das políticas que nós demos uma grande ênfase foi a Política Nacional de Humanização porque nós entendemos que ela é absolutamente transversal em todas as outras áreas e em todos os outros campos que nós atuamos na Saúde. E também porque nós acreditamos que a humanização em saúde não é restrita às unidades hospitalares. Pelo contrário, como representante do Ministério da Saúde na Comissão Metropolitana, nós tivemos a oportunidade de observar muitas dificuldades dos municípios, sobretudo no atendimento básico, no atendimento inicial, além das urgências e emergências e até mesmo nos postos de saúde. E nós entendemos...
Continuar leitura
Política Nacional de Humanização – Ministério da Saúde
Entrevistado por
Depoimento de Ana Maria Schneider
Rio de janeiro, 24 de novembro de 2006
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PNH_CB001
Transcrito por Susy Ramos
Revisado por Bruna Ghirardello
P/1 – Você poderia falar seu nome completo, data e local de nascimento?
R – Meu nome é Ana Maria Schneider, eu nasci em Além Paraíba, Minas Gerais, dia 1º de março de 1961.
P/1 – E a sua profissão, Ana Maria?
R – Eu sou enfermeira com doutorado em Saúde Pública.
P/1 – Onde você trabalha atualmente? Qual sua função nesse trabalho?
R – Atualmente eu coordeno o Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro e sou Secretária Executiva da Comissão Metropolitana do Rio de Janeiro.
P/1 – E o que é a humanização da saúde pra você?
R – Nós começamos esse trabalho da humanização aqui na Comissão Metropolitana em agosto de 2005, a partir da assinatura do acordo do Ministério da Saúde com o Município do Rio em função da crise instalada aqui no Rio, no sentido de tentar a ampliação do diálogo e melhorar as articulações e as negociações entre as três esferas de Governo no Rio. Iniciamos com uma série de apoios em várias áreas: na área de Urgência/Emergência, Saúde do Idoso, Atenção Básica e uma das políticas que nós demos uma grande ênfase foi a Política Nacional de Humanização porque nós entendemos que ela é absolutamente transversal em todas as outras áreas e em todos os outros campos que nós atuamos na Saúde. E também porque nós acreditamos que a humanização em saúde não é restrita às unidades hospitalares. Pelo contrário, como representante do Ministério da Saúde na Comissão Metropolitana, nós tivemos a oportunidade de observar muitas dificuldades dos municípios, sobretudo no atendimento básico, no atendimento inicial, além das urgências e emergências e até mesmo nos postos de saúde. E nós entendemos que os componentes da política de humanização que é cuidar de quem precisa do cuidado, que é do usuário, cuidando também do cuidador que é o profissional de saúde, mas sobretudo dar continuidade ao cuidado, que são as redes de saúde, as Unidades de Saúde onde são pactuados os atendimentos, nós estaríamos agindo em uma grande área em todos os municípios e comprometendo os gestores, principalmente. Porque eu acho que o que muda em tudo isso e muda no SUS com a política de humanização não é só humanizar o cuidado, melhorar a qualidade do cuidado, mas sobretudo responsabilizar os gestores para continuidade para isso e um olhar diferenciado para o trabalhador da área de saúde.
P/1 – Você se lembra de alguma situação que viveu, como trabalhadora do SUS, que chamaria de humanizada? Onde foi, como, você poderia contar?
R – Eu já trabalhei em algumas Unidades de Saúde tanto na atenção básica, quanto também em UTI. Já tive experiência também na área de Tratamento Intensivo e já passei por momentos muito difíceis de óbitos de pacientes, de lidar com a morte iminente, com a família do paciente. Mas as experiências mais gratificantes que eu tive em termos de humanização foram quando eu trabalhava numa Unidade Básica de periferia, eu era enfermeira daquela Unidade e fiz alguns trabalhos de orientação e educação familiar para o cuidado domiciliar de idosos e foi absolutamente gratificante. Consegui, a partir do cuidado com o usuário, envolver os profissionais de saúde daquela Unidade Básica de Saúde a abraçarem aquele projeto que poderia se estender para várias outras áreas e não só do cuidado domiciliar. A minha experiência de trabalhar com o usuário foi uma experiência que foi boa porque eu consegui conquistar uma boa parte dos funcionários da Unidade Básica de Saúde que eu trabalhei durante alguns anos. E também, naquela época, não tinha Conselho Municipal de Saúde, era Conselho Comunitário de Saúde que nós instalamos lá no Posto de Saúde e começou a funcionar super bem. Aquilo ali, acho que não existia Política Nacional de Humanização nem a Humanização Hospitalar, mas era o início de um processo de participação dos usuários na gestão da Unidade de Saúde e nas decisões da Unidade de Saúde.
P/1 – E pegando a idéia contrária, desumanização na saúde, você teria alguma situação que você vivenciou? Você poderia contar?
R – Infelizmente nós temos muitos exemplos de atendimento com baixo grau de qualidade que nós podemos chamar de desumanizado. São atendimentos normalmente prestados por pessoas em alguns momentos de interlocução de profissionais de saúde que, na maioria das vezes, ou estão despreparados ou estão desinformados mas, em sua grande maioria, com pouco comprometimento com o serviço. Eu diria que a percepção do profissional de saúde em relação ao compromisso que ele tem com a população precisa ser modificada. Agora, ela não depende só do profissional de saúde; ela depende, sobretudo, do gestor comprometido naquela mudança. Só com o comprometimento do gestor, a participação do usuário, a gente vai conseguir mudar o comportamento dos profissionais. E mudança de comportamento não é simples, requer uma série de mudanças estruturais, conceituais profundas, que não são fáceis de fazer de uma hora pra outra.
P/1 – Ana Maria, o que você acha tanto pro trabalhador, quanto o usuário do SUS, o que mudou com a Política Nacional de Humanização?
R – Hoje a gente tem um movimento mais solidário. Acho que o SUS passou por uma fase de organização muito normativa e hoje a gente entende que o SUS foi uma conquista social muito grande pra população brasileira. O SUS é a cidadania do povo e nós acreditamos que o papel da humanização foi fundamental para que alguns compromissos fossem modificados. Vou dar o exemplo da Comissão Metropolitana: todo mundo fala em humanizar, mas na hora que a gente coloca na mesa a proposta, vamos formar um grupo de trabalho, vamos fazer um projeto técnico de atuação, de inserção, vamos formar a Câmara Técnica, poucos municípios tomaram a iniciativa. Acho até que por desconhecimento, mas à medida que foram entrando e participando, a coisa foi tomando corpo e hoje já não temos mais condições de atender a todos os pedidos, fazer todos os cursos que são requisitados para nós. Eu acho que é um fio, quando você pega numa pontinha e puxa, aquilo vem depois de uma forma contínua, seguida e muito bacana que só quem cresce são os profissionais, as Unidades de Saúde e a melhoria do atendimento. Eu vejo que o processo é crescente e fico muito feliz.
P/1 – Pra gente encerrar, o que você achou de ter participado desse depoimento?
R – Eu gostei muito de estar aqui, gostei de ter participado. Nós sempre apoiamos bastante todos os momentos da humanização aqui no Rio e a gente acredita que essa é uma política que veio pra ficar porque ela não é vertical, pelo contrário, ela é absolutamente transversal e ela vai, no bom sentido da palavra, impregnando as demais políticas e as demais áreas do SUS.
P/1 – Obrigada, Ana Maria!
Recolher