Correios – 350 anos aproximando pessoas
Depoimento de Leo Gonzaga
Entrevistado por Olivia Paradas
São Paulo, 13/06/2013.
Realização Museu da Pessoa
CM_CB010_Leo Gonzaga
Transcrito por Cristiana Sousa
MW Transcrições
P/1 – Bom Leo, você pode começar dizendo pra gente o seu nome completo, a sua data e local de nascimento, por favor.
R – Leo Gonzaga nasci em Inhuma no Piauí no dia seis de Março de 1956.
P/1 – E Leo, qual que é o nome dos seus pais?
R – Abdias José de Oliveira, que já faleceu e Hercília Maria Oliveira.
P/1 – Ainda está viva a sua mãe?
R – A minha mãe tá.
P/1 – E você sabe de onde eles são? Assim, de onde vem a sua família?
R – É do Piauí mesmo.
P/1 – Sempre de lá?
R – É.
P/1 – E você passou a sua infância lá em Inhuma mesmo?
R – É quase a infância né?! Eu vim pra cá pra São Paulo com 17 anos.
P/1 – Entendi. E como é que era a casa que você morava lá?
R – A minha casa era uma casa normal, era de tijolos, é só isso que eu sei.
P/1 – Entendi e do que você costumava brincar quando você era criança?
R – Ah, eu brincava de jogar bola, eu sempre gostei de jogar bola, de cavalos, eu cuidava muito de cavalos, de gado e assim por diante.
P/1 – Uhum, tem alguma história da sua infância, assim que você se lembra bastante? Que te marcou? Algum período?
R – Não, o que marcou mesmo foi eu andar de cavalos, eu montava no cavalo e saía.
P/1 – O que os seus pais faziam?
R – O meu pai era da roça e a minha mãe também.
P/1 – Entendi.
R – Doméstica.
P/1 – Você frequentou a escola lá?
R – Cheguei .
P/1 – Como é que era? Como você ia pra escola?
R – Ah naquele tempo era mais bagunça (risos), mas eu aprendi bastante.
P/1 – Você lembra de alguma professora sua?
R – Lembro, bastante.
P/1 – Conta pra gente.
R – Eu lembro muito dela, o nome dela eu não sei, o nome dela era Aldenora, eu lembro bastante dela.
P/1 – E dessa época da escola tem alguma...
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Correios – 350 anos aproximando pessoas
Depoimento de Leo Gonzaga
Entrevistado por Olivia Paradas
São Paulo, 13/06/2013.
Realização Museu da Pessoa
CM_CB010_Leo Gonzaga
Transcrito por Cristiana Sousa
MW Transcrições
P/1 – Bom Leo, você pode começar dizendo pra gente o seu nome completo, a sua data e local de nascimento, por favor.
R – Leo Gonzaga nasci em Inhuma no Piauí no dia seis de Março de 1956.
P/1 – E Leo, qual que é o nome dos seus pais?
R – Abdias José de Oliveira, que já faleceu e Hercília Maria Oliveira.
P/1 – Ainda está viva a sua mãe?
R – A minha mãe tá.
P/1 – E você sabe de onde eles são? Assim, de onde vem a sua família?
R – É do Piauí mesmo.
P/1 – Sempre de lá?
R – É.
P/1 – E você passou a sua infância lá em Inhuma mesmo?
R – É quase a infância né?! Eu vim pra cá pra São Paulo com 17 anos.
P/1 – Entendi. E como é que era a casa que você morava lá?
R – A minha casa era uma casa normal, era de tijolos, é só isso que eu sei.
P/1 – Entendi e do que você costumava brincar quando você era criança?
R – Ah, eu brincava de jogar bola, eu sempre gostei de jogar bola, de cavalos, eu cuidava muito de cavalos, de gado e assim por diante.
P/1 – Uhum, tem alguma história da sua infância, assim que você se lembra bastante? Que te marcou? Algum período?
R – Não, o que marcou mesmo foi eu andar de cavalos, eu montava no cavalo e saía.
P/1 – O que os seus pais faziam?
R – O meu pai era da roça e a minha mãe também.
P/1 – Entendi.
R – Doméstica.
P/1 – Você frequentou a escola lá?
R – Cheguei .
P/1 – Como é que era? Como você ia pra escola?
R – Ah naquele tempo era mais bagunça (risos), mas eu aprendi bastante.
P/1 – Você lembra de alguma professora sua?
R – Lembro, bastante.
P/1 – Conta pra gente.
R – Eu lembro muito dela, o nome dela eu não sei, o nome dela era Aldenora, eu lembro bastante dela.
P/1 – E dessa época da escola tem alguma história que você lembra bem que ficou marcada?
R – Não, eu não tenho muita história da escola não.
P/1 – E por que você veio pra São Paulo?
R – Eu vim pra São Paulo porque precisava ganhar dinheiro de algum jeito, entendeu? Lá eu não tinha dinheiro, eu não tinha trabalho, aí eu vim pra São Paulo.
P/1 – Entendi, você veio sozinho?
R – Vim sozinho.
P/1 – E a sua família continuou lá?
R – Continuou lá.
P/1 – E quando você veio, você tinha o costume de escrever cartas pra eles?
R – Sim, ah carta era o meio de comunicação da época, era carta e eu escrevia para a minha mãe, ela me escrevia e assim por diante.
P/1 – Tem alguma carta especial que você lembra que você recebeu ou mandou?
R – Não, eu lembro das cartas, de todas elas, eu não lembro o conteúdo, mas as cartas eu lembro.
P/1 – Entendi. E aqui em São Paulo, como é que foi a sua chegada? Qual foi a sua primeira impressão quando você chegou?
R – Ah a minha primeira impressão (risos) foi de voltar, eu cheguei a rodoviária, ainda era na Luz e eu cheguei e vi aquela multidão de gente e eu olhava pra todos os lados e não via um conhecido, aí eu dei vontade de pegar a minha malinha e voltar da rodoviária mesmo.
P/1 – E o que te fez ficar?
R – O que me fez ficar foi eu saber que lá não tinha emprego e nem dinheiro e eu precisava ganhar dinheiro.
P/1 – Como é que você se virou aqui?
R – Eu tinha um primo aqui, aí fui para a casa dele e eu cheguei aí não tinha cama pra dormir, não tinha nada, aí eu trouxe uma coberta, eu botava a coberta no chão, me deitava por cima e dobrava a outra parte por cima pra me cobrir.
P/1 – E você começou a trabalhar com o que depois?
R – Eu comecei a trabalhar em firma, em tecelagem.
P/1 – Entendi.
R – E na tecelagem, eu trabalhei muito tempo, aí saí da tecelagem.
P/1 – Foi fazer o que?
R – Na época que eu sai da tecelagem eu fui para o Rio Janeiro, antes eu fazia teatro em São Paulo, aí eu fui para o Rio de Janeiro, aí cheguei lá, eu fui no sindicato lá e eu não podia me profissionalizar lá, aí eu voltei pra São Paulo de novo.
P/1 – E você comentou comigo lá fora né, eu queria que você falasse aqui dentro de novo, por que você foi procurar o teatro?
R – Porque eu era muito inibido, eu era inibido de um jeito que eu não falava nada em público, se fosse na época eu não estava falando com você porque eu não conseguia falar, não saía nada, aí eu fui procurar, tinha um colega meu que fazia teatro e ele me falou: “Pra essa inibição sua, faz teatro, faz teatro que é bom” e aí eu fui fazer teatro, aí eu fui gostando, gostando e até hoje eu estou fazendo teatro, eu me profissionalizei e continuo fazendo teatro.
P/1 – Entendi e desde que você começou a fazer teatro você participa da mesma companhia?
R – Não, eu já passei por várias, vários grupos.
P/1 – Entendi e agora você está com alguma peça?
R – Não, eu não estou com peça, a minha companhia, a companhia que eu trabalho ele estão fazendo uma peça, mas nessa peça eu não estou que é no Ipiranga, na Silva Bueno no 1.533 na Casa Maria José de Carvalho.
P/1 – Entendi, Leo, eu só queria voltar um pouquinho, quando o senhor veio pra São Paulo, onde é que o senhor foi morar, a região? O senhor falou que foi na casa do seu primo.
R – Eu fui morar no Jardim Imbé que é perto do Jardim Ângela.
P/1 – Entendi e como é que era esse bairro na época que você veio?
R – Quando eu vim esse bairro era rua de lama, eu lembro que eu pegava papel e botava no bolso quando eu ia trabalhar pra chegar na avenida, aí limpar o sapato porque era lama pura.
P/1 – E o senhor sabe como é que é hoje em dia lá?
R – Ah, hoje em dia tá bom, tá muito bom.
P/1 – O que mudou?
R – Mudou as ruas, asfaltaram, onde eu cheguei lá que só tinha barraco, hoje só tem casas, casas bonitas, bem equipadas.
P/1 – E Leo, o senhor é casado né?
R – Sou.
P/1 – Como é que o senhor conheceu a sua esposa?
R – Eu conheci ela logo quando eu cheguei do Rio, ela morava perto da casa da minha cunhada, aí lá nós ficamos nos conhecendo, aí fomos morar juntos e aí eu casei, agora sou casado.
P/1 – E você tem filhos?
R – Não, com ela não.
P/1 – Entendi, mas tem filhos?
R – Tenho.
P/1 – Moram aqui em São Paulo?
R – Não.
P/1 – Entendi.
R – Moram em Aracaju, em Sergipe.
P/1 – Entendi e você já trocou carta com eles?
R – Não.
P/1 – Nunca trocou carta?
R – Não.
P/1 – Hoje em dia você costuma escrever carta pra alguém ou usar o Correio pra mandar alguma coisa assim?
R – Não.
P/1 – É mais por telefone mesmo.
R – Às vezes é telefone, internet, mas antes era muita carta.
P/1 – Tem alguma outra história de carta que o senhor não contou e que o senhor lembra?
R – Tem, eu acho que tem três anos que nós estava ensaiando uma peça e a professora pediu pra gente escrever uma carta e mandar pra alguns familiares contando, falando o que a gente lembrava, daquelas histórias de lá, aí eu mandei uma carta.
P/1 – Pra quem?
R – Pra minha mãe.
P/1 – E ela respondeu?
R – Não porque não precisava responder.
P/1 – Entendi.
R – Era só pra gente lembrar pra eles lá que a gente lembra deles.
P/1 – Entendi.
R – Mesmo aqui a gente lembra deles, lembra das histórias que eles contavam lá.
P/1 – Entendi e Leo hoje quais são os seus sonhos?
R – Os meus sonhos?
P/1 – É.
R – O meu sonho é que o mundo seja melhor, tenha paz, tenha alegria, as pessoas tem que se amar mais uns aos outros e acabar com a guerra, não a guerra, sim a paz.
P/1 – E hoje, assim como ator, você é ator, é a sua principal atividade hoje né?
R – É.
P/1 – E você tem alguma coisa que você ainda gostaria de realizar como ator? Alguma peça que você gostaria de fazer?
R – Não, eu não tenho sonho porque o dia de amanhã só Deus sabe, só a Deus pertence o dia de amanhã, então o que vier será bem vindo, eu não faço planos pro amanhã...
P/1 – Entendi.
R –... Porque hoje a gente tá aqui, mas amanhã pode não tá.
P/1 – Entendi.
R – Então se vier amanhã e eu estiver aqui e eu puder fazer, eu faço.
P/1 – Entendi e tem alguma história assim do senhor que o senhor gostaria de contar pra gente que ficou marcada?
R – Não, história não (risos).
P/1 – Não (risos)? Nenhuma?
R – Nenhuma.
P/1 – Nem da vinda pra cá?
R – Não, da vinda pra cá foi muito difícil porque foi a primeira vez que eu tinha saído de casa, eu nunca tinha feito uma viagem mais longe, pra lugar mais longe e vim pra São Paulo, vim sozinho e de lá pra cá, no ônibus, dava um aperto aqui no coração, uma vontade de voltar, mas eu sabia que eu tinha que vir, eu tinha que vir.
P/1 – E o senhor chegou a voltar pra lá alguma vez pra visitar?
R – Voltei já bastante vezes, encontrei uma cidade diferente, uma cidade maior, o interior maior também, no tempo que eu tive lá não tinha nada daquilo que tem hoje, cresceu bastante.
P/1 – Entendi, então tá bom Leo.
R – Tá bom.
P/1 – Obrigada por ter contado um pouquinho da sua história pra gente.
R – De nada, obrigado vocês!
FINAL DA ENTREVISTA
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