Projeto Conte sua História
Histórias de Esperança, 29 anos do Projeto Criança Esperança
Depoimento de Elaine Cristina da Silva Leite
Entrevistada por Rosana Miziara
São Paulo, 06/08/2014
HECE_HV009_Elaine Cristina da Silva Leite
Realização Museu da Pessoa
Transcrito por Bruna Kocsis Dorés
P/1 – Elaine, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento?
R – Elaine Cristina da Silva Leite. Nasci em São Paulo, em 1967.
P/1 – Que data?
R – Dia 27 de julho.
P/1 – Os seus pais são de São Paulo?
R – São baianos.
P/1 – Seu pai e sua mãe?
R – Isso.
P/1 – Que lugar da Bahia?
R – Salvador... Não sei (risos). Exatamente eu não sei.
P/1 – Mas os dois são de lá?
R – São, são da Bahia.
P/1 – Você conheceu ou sabe a história do seu avô e sua avó por parte de mãe?
R – Alguma coisa sim.
P/1 – O que você sabe? O que eles faziam?
R – Olha, eu sei que a minha bisavó foi capturada na época de índio, essas coisas. Foi caçada lá. Mas aí vieram pra São Paulo, constituíram família, essas coisas.
P/1 – A sua bisavó foi caçada? Como assim?
R – É. Não tinha aquele negócio de índio, essas coisas? Meu pai pelo menos conta isso, que tinha essa história de que vinham pessoas de fora e pegavam, pra casar, essas coisas, ainda criança.
P/1 – Sua avó por parte de pai que é índia?
R – Bisa.
P/1 – Sua bisa, a avó dele?
R – Isso.
P/1 – Era índia?
R – É.
P/1 – E a sua avó, a mãe dele?
R – A mãe dele é baiana.
P/1 – E o pai, seu avô?
R – Também.
P/1 – Você sabe o que o seu avô fazia?
R – Não sei, porque ele já... Na fase quando a gente começa a se entender como gente mesmo, ele já era aposentado, essas coisas...
P/1 – E seus avós por parte de mãe, você conheceu?
R – Cheguei a conhecer, sim.
P/1 – O que ele fazia?
R – Eram aposentados, ficavam cuidando dos filhos, dos netos.
P/1 – E seu pai, o que ele fazia?
R – Meu pai foi motorista particular por muitos anos.
P/1 – Mas ele trabalha desde cedo? Você sabe alguma coisa da infância dele?
R – Desde moleque. Ele foi alfaiate e depois foi trabalhar como motorista particular.
P/1 – Ele te conta alguma história da infância dele?
R – Não. É que ele sempre trabalhou muito. Então ele nunca teve tanto tempo pra ficar dialogando, conversando. Ele conta hoje, de vez em quando, quando a gente se encontra... Aí ele fala algumas histórias da infância.
P/1 – Você sabe contar uma?
R – Não, que ele sempre trabalhou pra cuidar das irmãs, dos irmãos. Ele sempre foi muito dedicado ao trabalho mesmo pra poder trazer o bem estar pra família.
P/1 – E você sabe como seu pai e sua mãe se conheceram?
R – Ah, foi numa festa de um parente. Isso eu fiquei sabendo faz pouco tempo, que ele foi numa festa e tinha uma conhecida que estava paquerando ele. E no fim ele se encantou pela minha mãe e chegaram até a casar.
P/1 – Mas essa conhecida era sua mãe?
R – Não. Essa conhecida era amiga da minha mãe, uma prima distante de terceiro ou quarto grau, que veio mais tempo pra São Paulo. A parte da minha mãe veio pra cá através dessa pessoa. Só que no fim, numa festa, meu pai conheceu a minha mãe. E no fim não ficou paquerando ela (risos), a moça que estava interessada nele.
P/1 – Mas isso foi lá na Bahia?
R – Não, já foi aqui em São Paulo.
P/1 – Mas ele se conheceram aqui em São Paulo?
R – Aqui em São Paulo.
P/1 – Os dois são baianos, mas vieram se conhecer aqui.
R – Isso, vieram se conhecer aqui.
P/1 – Nessa festa.
R – Exatamente.
P/1 – E por que a família da sua mãe mudou pra cá?
R – Olha, eu não sei exatamente. Acredito que seja pelas circunstâncias da época. Como outros imigrantes, vêm pra São Paulo pra ter uma condição de vida melhor.
P/1 – E aí a sua mãe veio trabalhar aqui? O que ela fez?
R – Não. Meus avós vieram pra cá. Meu avô casou pela segunda vez, construiu uma nova família, e aí ficou morando por aqui. Ela veio pequena pra cá.
P/1 – E a sua mãe casou com seu pai?
R – Casou. Ficou casada algum tempo, depois se separou.
P/1 – E quando eles casaram eles foram morar onde?
R – Ah, exatamente... Eu sei que moraram em Pirituba, Osasco, pra esses cantos. Viveram algum tempo ali em Osasco.
P/1 – E nessa época sua mãe trabalhava?
R – Não, minha mãe não trabalhava não.
P/1 – E você nasceu aonde?
R – Eu nasci no Hospital Nossa Senhora da Lapa, aqui na Lapa.
P/1 – E nessa época seus pais moravam aonde?
R – Moravam ali em Osasco.
P/1 – E quanto tempo você viveu nessa casa de Osasco?
R – Pouco tempo porque meus pais se separaram.
P/1 – Quantos anos você tinha?
R – Acredito que uma média de três anos, por aí.
P/1 – Por que eles se separaram?
R - Eu já não sei, incompatibilidade. Meu pai conheceu uma outra pessoa, foi vivendo... E tanto que vive até hoje junto com essa, que eu chamo de mãe. Construiu uma nova família.
P/1 – E a sua mãe?
R – A minha mãe já casou, descasou. Hoje ela vive na Bahia.
P/1 – E em quantos irmãos vocês são?
R – Somos em duas. E eu tenho irmãs de criação também, que são mais quatro.
P/1 – Mas na sua casa morava quem? Depois que sua mãe se separou como vocês moravam?
R – Morava eu, a minha irmã. Que nós fomos morar bem porque meu pai ficou com a nossa guarda. E a minha mãe de criação e as filhas dela. Era uma média de quatro, mais duas. Éramos seis, fora os meus pais.
P/1 – Por que seu pai ficou com a guarda?
R – Aí eu já não sei. Foi uma decisão em conjunto. Ele acho que tinha mais condições de estar cuidando e minha mãe resolveu deixar com ele mesmo.
P/1 – E como é que era o convívio na sua casa? Como é que era a casa?
R – Ó, com o meu pai sempre foi tranquilo, assim... A minha madrasta é que tinha o poder de cuidar da gente, de educar, essas coisas. A minha mãe pegava a gente esporadicamente pra passar as férias, essas coisas.
P/1 – E você sentia saudades da sua mãe?
R – Ah, quando criança sim, a gente sente. A gente quer ali, uma família igual a de qualquer um outro, tudo juntinho, mas com o tempo a gente vai aprendendo que nossa felicidade não depende dos dois estarem juntos ou não.
P/1 – E como é que era a casa? Descreve a casa em que você morava.
R – Ah, a casa que eu morava... Lá em Osasco tem muito morro, né? Então era uma casa até boa. A gente brincava, normal. Uma convivência saudável. Estudo, casa, amigos, essas coisas.
P/1 – Quantos quartos tinha a casa?
R – Um. É, um? Não, dois quartos.
P/1 – E aí dormia como?
R – Beliche, através de beliche. O quarto dos pais, tinha a sala, tinha o nosso quarto que era em beliche.
P/1 – E vocês tiveram uma educação religiosa?
R – A gente foi criada dentro do catolicismo,mas não que tinha a obrigação de participar. A minha mãe de criação sempre fazia a gente participar quando tinha casamento, essas coisas, mas nada que você tenha que... Cheguei a fazer o catecismo, mas nada que era obrigado. A preocupação mesmo era a de estudar, essas coisas. Não teve uma força religiosa nesse sentido, uma obrigação.
P/1 – E na sua casa se comemorava festas? Tinha Natal, Ano Novo, aniversário?
R – Sim, sim. A gente participava de festas junto com a família, reunia primos, que a família é grande da parte do meu pai. Então, a gente ia pra casa da minha avó, a gente se divertia lá entre as primarada, até hoje. Então, era bem legal.
P/1 – Teve algum momento, alguma festa daquela época que te marcou, que você lembra até hoje?
R – Olha, da época era mais as bagunças entre os primos mesmo. A gente ia pra praia às vezes, se divertia. Mas assim, nada que fica aquela marca não.
P/1 – E você com seus irmãos, se dava bem? Com suas irmãs, você brincava? Como é que era?
R – Eu e minha irmã de sangue, a gente brigava muito. Era brigar de... porrada mesmo (risos). Era uma coisa natural nossa. Mas nada que criasse uma desarmonia. A gente brigava porque eu sou geniosa e ela é mimada. Era mimada, hoje ela é melhor.
P/1 – E as outras irmãs, as de criação?
R – Elas já eram mais adultas. Então, a função delas na nossa vida mesmo foi assim de cuidar da gente. A brincadeira mesmo era entre eu e a minha irmã, as brincadeiras e as brigas, eram mais entre eu e ela. Depois vieram os sobrinhos de criação que se tornaram sobrinhos mesmo. E a gente fez o papel que elas fizeram com a gente. É aquela coisa da sequência.
P/1 – E quais eram essas brincadeiras de infância?
R – Pega-pega. Eu sempre fui muito moleque, sempre gostei muito de rua, essas coisas. Mas quando a empresa que meu pai trabalhava mandava aqueles jogos de... Trilha, aquelas coisas todas, mais essas coisas. Mas na realidade eu gostava muito mais de rua. Sempre fui muito mais moleca.
P/1 – E na rua você brincava com quem?
R – Queimada. Eu brincava com alguns amigos mesmo, eu era uma pessoa bem conhecida, porque como minha mãe às vezes pegava a gente pra ficar com ela, às vezes ela tinha que sair e deixava a gente com um ou com outro, então a gente acabava conhecendo o bairro todo.
P/1 – Como é que era Osasco naquela época?
R – Muito bom. Era assim, bastante casa, mas uma em cima da outra. Mas é aquela coisa comum. Hoje está mais urbanizado, está melhor. Mas era até gostoso.
P/1 – Com quantos anos você entrou para a escola?
R – Com a idade, sete anos. A idade normal, sete anos de idade.
P/1 – Como que você ia pra escola?
R – Ia a pé, que a escola não era tão longe. Só que eu demorava pra voltar pra casa. (risos) Pra ir, eu ia no horário. Pra voltar, eu às vezes chegava mais tarde. Mas era normal. Eu ia pra escola com roupinha de uniforme, que tinha aquelas sainhas xadrezinhas, blusinha, aquelas coisas normais.
P/1 – E por que você chegava mais tarde?
R – Porque eu ficava na rua batendo papo. Ficava conversando com as meninadas, essas coisas.
P/1 – E que lembranças você tem da escola? Você lembra das professoras?
R – Lembro. Lembro das palmatórias, das reguadas na cabeça (risos). Lembro sim. Tinha uma professora Vera que eu lembro dela até hoje. Mas eu sempre fui muito aquela... Participava, de tudo que tinha na escola eu participava, desde responsável de sala, sempre gostei de participar de competições, essas coisas todas.
P/1 – Por que você lembra da Vera?
R – É porque além de ser professora, a gente tinha uma certa amizade. Então, foi um nome que me marcou. De todas as professoras que eu tive foi uma que me marcou pela alegria, por aquela coisa carinhosa que ela tinha com os alunos. E na época a gente tinha aula de tricô, crochê, aquelas coisas todas. Então, era divertido.
P/1 – E você chegou a tomar palmatória?
R – Não. Eu já cheguei a ver ali na sala de aula que tinha.
P/1 – Você lembra disso?
R – Lembro (risos).
P/1 – Conta um episódio de alguém que tomou.
R – Não, assim, a gente via ali. Eu não lembro de ver alguém, necessariamente ter, mas sempre ficava ali visível pra gente. Já com aquela ameaça. Mas reguada na cabeça eu já levei bastante. Mas era aquela coisa que hoje em dia a gente acha normal, mas antes eu tinha muito medo.
P/1 – E você começou a trabalhar cedo? Como é que era na sua casa?
R – Sim. Não, eu sempre gostei de ser muito independente. Então, eu com 11 anos ia trabalhar no Jaguaré com meu cunhado que tinha uma máquina de sorvete. Aí, eu ia pra lá e ficava cuidando daquelas máquinas de sorvete que faz massinha. Então, eu ficava lá. Fiquei um bom tempo lá.
P/1 – O que você fazia?
R – Eu ficava cuidando da máquina de sorvete (risos). E chupando sorvete, lógico.
P/1 – E você recebia pra isso?
R – Sim, eu recebia. Com isso eu consegui até montar um quartinho separado da casa. Então, eu investia nas coisas que eu queria.
P/1 – Mas quando que você investiu no quartinho pra sair de casa?
R – Não, era no próprio quintal. Eu queria construir um quartinho só pra mim. Isso daí eu tinha o que? Meus 14, 15 anos.
P/1 – Com o dinheiro que você juntou você fez?
R – Isso, é.
P/1 – E seu pai falou: “Tudo bem” ?
R – Ah, estava ali dentro. Acrescentava porque naquela época metade a gente ajudava dentro de casa, metade a gente fazia o que bem entendia. E eu sempre tive uma meta de ter um cantinho meu.
P/1 – E como é que era? Você lembra de alguma história dessas da máquina de sorvete, que você trabalhava lá?
R – Ah, que eu paquerava muito (risos). Eu aproveitava pra paquerar bastante. Sempre fui namoradeira quando eu era criança. Então, eu adorava ficar lá na máquina de sorvete, vendia bijuteria também ali. Então, saía de lá no final de semana tinha festa na escola, eu ia me divertir, dançar, bagunçar, essas coisas básicas.
P/1 – Que músicas que vocês escutavam?
R – Olha, eu gostei muito de Don’t Go, essas coisas. O que está tocando hoje nessa nova novela. Então, aquelas músicas dos anos 70, John Travolta, essas coisas.
P/1 – Qual foi a primeira vez que você se apaixonou?
R – Vixe... (risos) Olha...
P/1 – Quem foi o primeiro?
R – Não, eu me apaixonei eu tinha 11 anos de idade.
P/1 – Quem foi?
R – Chama Marcos. Hoje já é falecido. Mas eu fui ficar com ele depois, com meus 18, 19 anos de idade. Mas o meu primeiro namorado chamava Adauto, morava em Osasco. Ele era bem mais velho do que eu.
P/1 – Como que você conheceu ele?
R – Ele trabalhava em uma padaria, próximo de casa. E daí, me pediu em namoro. Naquela época tinha um mês pra pensar, um mês pra beijar, essas coisas todas. Aquele passo a passo. Então, foi meu primeiro namorado, mas também fiquei pouco tempo. E depois fui conhecendo outras pessoas também. Eu tinha muito aquela coisa assim, eu ficava muito em Osasco e na Penha porque minha mãe depois construiu uma casa na Penha. Então, férias eu passava lá e tinha novos grupos de amigos, novas amizades. Então, era aonde eu aproveitava bastante. Então, esse período era assim.
P/1 – Como é que era a Penha naquela época?
R – Olha, era bem gostoso. A gente tinha um grupo de amigos que a gente fazia bailinhos em casa. Porque com a minha mãe a gente se divertia mais porque a gente ia pras farras. Na casa do meu pai era aquela coisa mais regrada, mais certinha. Então quando a gente ia pra lá passar as férias um grupo de amigos se reunia na frente de casa ou fazia bailinho. Era super divertido.
P/1 – E assim foi até a sua adolescência?
R – Sim, com 16 anos, eu mudei em definitivo pra Penha. Mas não pra morar com a minha mãe, eu fui morar com uma tia minha, onde que eu me apeguei muito... Que é a irmã da minha mãe. Saí da casa do meu pai e fui morar com ela.
P/1 – Por que você quis sair da casa do seu pai?
R – Eu gostava muito da minha tia por ser criada por mãe de criação, a gente não se sente que a gente tem um... E com a minha tia eu me sentia muito bem. Eu tinha uma amizade muito grande com a minha prima, que é como uma irmã pra mim. Então, com ela eu me sentia uma pessoa mais protegida. Mais carinho, mais afeto. É uma coisa que eu encontrei com a minha tia. Porque como meu pai trabalhava muito, só falava: “Bença!” “Deus que te abençoe”. A gente não tinha o diálogo que a gente tem hoje. Mas, e com a minha mãe era aquela diversão, mas também não se tinha, eu não me dava bem com o marido dela. Mas a gente também não tinha aquela coisa. Então, falta um vazio. E com minha tia, ela falou assim: “Vem morar comigo”. Porque como eu costumava nas férias, minha mãe me deixava às vezes lá. Então já que passa as férias aqui, então vem morar aqui. E essa minha tia sempre foi muito protetora, sempre cuidou dos irmãos mais novos, sempre cuidou dos sobrinhos, sempre cuidou de todo mundo. Então ela realmente é uma pessoa muito especial na minha vida.
P/1 – E você trabalhou nessa máquina de sorvete até quantos anos?
R – Até os meus 14, 15 anos, só.
P/1 – E depois com 16 quando você mudou pra casa dessa tia...
R – Eu fiquei um bom tempo só estudando e depois, vim trabalhar na 25 de Março, como vendedora.
P/1 – Com quantos anos?
R – Meus 16 anos.
P/1 – Onde você foi trabalhar na 25?
R – Ah, ali era um atacadista, que inclusive depois de dez anos eu voltei até a trabalhar com ele. Eu estou com ele atualmente, com esse meu patrão. Eu fui trabalhar como vendedora e fiquei mais de 15 anos com ele. Depois saí e hoje estou com ele novamente.
P/1 – Atacadista do quê?
R – A gente trabalhava com brinquedos, presentes, perfumes. Hoje eu só trabalho com ele na área de perfumes.
P/1 – E como é que era a 25 de Março?
R – É o que é hoje. Só que antigamente, não tinha tantos coreanos. Era mais árabes. Então como eu trabalhava em prédio, eu só via a 25 na hora de ir embora e na hora que eu chegava. Mas ela sempre foi muito movimentada. Então assim, eu gostava muito do centro velho. E eu comecei a trabalhar lá e foi indo, acostumou, era como em uma empresa grande, a gente cria aquele laço de amizade. Onde a gente briga, a gente se dá bem, e por aí vai.
P/1 – Você passeava pelo centro?
R – Sim, a Sete de Abril, tem um museu ali subindo a XV de Novembro. Eu almoçava ali no restaurante vegetariano que tinha ali na São Bento. Ia comprar nos atacadistas lá que a gente acabava pegando amizade e comprava por um preço mais em conta. Essas coisas básicas.
P/1 – E você continua morando com essa sua tia.
R – Não, não, não. Eu morei com ela um bom tempo. Com 21 anos, eu quis morar sozinha e fui morar sozinha. Depois engravidei. Tenho o meu filho.
P/1 – Com 21, você foi morar aonde?
R – Próximo dela. Eu fui morar em uma casa. Aí quando eu tive ele, desocupou uma casa no quintal dela e eu fui morar lá embaixo. Morei lá até...
P/1 – Mas você casou?
R – Não.
P/1 – Você teve o filho sozinha?
R – O filho sozinha.
P/1 – Nunca morou com o pai do menino?
R – Não.
P/1 – Por quê?
R – Porque assim, a gravidez não foi planejada, aconteceu. E eu assumi e pronto. Sempre dei liberdade da pessoa aparecer quando quisesse. Mas aí eu fui criando meu filho sozinha mesmo.
P/1 – Mas ele ajudava em alguma coisa?
R – Não, não. Foi ver quando nasceu e pronto. Até hoje, não tenho contato nenhum.
P/1 – Nem o seu filho?
R – Nem o meu filho.
P/1 – Mas tem o nome dele?
R – Não, é só registrado no meu nome.
P/1 – E como é que você fazia pra sustentar ele?
R – Trabalhando. Fora que a minha tia dá esse suporte até hoje, no entanto que eu falo que ele é mais filho dela do que até meu mesmo (rindo). É uma paixão muito grande entre os dois. E a minha prima também, que é uma pessoa que está sempre ali por trás, protegendo também. Então, quando eu não podia dar as coisas, ele conseguia as coisas. Só dele pensar, ele já tinha. Não que ele pedia, mas ele sempre teve a boa sorte de ter pessoas que sempre quiseram dar o melhor pra ele.
P/1 – E como é que você fazia? Elas tomavam conta dele? Você ia trabalhar? Como é que era?
R – Eu trabalhava, deixava ele na escolinha, pagava escolinha, ele ficava até os sete anos estudou em escolinha particular. E quando chegava da escola até eu chegar, ela ficava com ele. E quando estava frio, ela pegava ele na escola, não deixava ir, e cuidava dele também.
P/1 – Tem algum episódio marcante que você lembra dessa época, da infância dele?
R – Tem. Eu tenho assim uma gratidão muito grande pela tia pelo fato, principalmente, uma vez que ele estava quase sufocando, ele teve bronquite, essas coisas, e pra ele poder respirar, ela sugou o catarro ali pra ele poder respirar direito. Então, é uma pessoa que se ela tiver que dar a vida pelo meu filho, ela dá. Então realmente, esse carinho que ela tem pelas pessoas que estão à volta dela, essa superproteção, é uma coisa que realmente marcou. E é por isso que se torna uma pessoa muito especial. No entanto que só de se olharem já dizem o que estão pensando. Então, é uma relação muito bonita entre os dois.
P/1 – E você participou de algum projeto social, alguma coisa que você estava contando lá?
R – Então assim, com o tempo, eu entrei no movimento da moradia, fui construir... ajudei, trabalhei em esquema de mutirão. E comecei a participar e hoje eu tenho a minha casa própria.
P/1 – Como que foi isso? Quando que você começou a participar?
R – Eu comecei a participar em 2002, 2003. Não, 2002 não, em 2000, eu comecei a participar do movimento da moradia ali no Cangaíba, eu participava de reuniões até que fui sorteada. E daí, eu fui trabalhando até pegar a chave da minha casa, que eu peguei em 2005. Então, eu sempre gostei dessas coisas, que nem eu falei, desde a escola eu sempre gostei de participar, nunca gostei de ficar esperando. E quando a saiu a chave da minha casa... E através, até mesmo do, participando do Criança Esperança, assistindo, você aprende que em vez de ficar lamentando, você buscar fazer alguma coisa diferente. Eu sempre gostei de ser muito útil. Eu não gosto de ficar esperando as coisas virem até mim, eu gosto de ir atrás das coisas. Hoje tenho a minha casa própria lá no Itaim Paulista. E com dois anos que eu estava lá, não bastava eu ter minha casa, eu queria algo mais. E com isso, eu fundei uma associação junto com alguns amigos.
P/1 – Vamos voltar só um pouquinho, como é que funcionava esse sistema de mutirão?
R – Você participa das reuniões, eu fiquei mais de dois anos participando de reunião, uma vez por mês você tem que participar de um evento, essas coisas. Vai lá e vão tendo vários sorteios e não sai, né, fiquei mais de dois anos sem ser sorteada, até mesmo porque não tinha área. E quando surgiu a oportunidade de sair uma área grande lá no Itaim Paulista, eu fui pra lá. Inclusive, foi um dos projetos que, se você vê, é um projeto até diferenciado, são dois apartamentos por andar, com garagem, eu tive boa sorte de ter o apartamento que eu tenho hoje.
P/1 – E daí que nasceu essa ideia de você formar uma...
R – Uma associação, isso. Porque eu encontrei amigos que já faziam trabalho social. E ela falou assim, já que eu gostava tanto de fazer alguma coisa, com a associação eu poderia fazer muito mais, eu teria assim mais credibilidade. Então foi onde que eu fundei a Associação Três Gerações e comecei a fazer trabalho de formiguinha, porque a gente não tem parceiro, essas coisas. Então, é com a ajuda de moradores ou com uma empresa ou outra que a gente acaba pegando amizade, com cabeleireiro ou coisa... Dentro do trabalho que a gente vai fazer, a gente consegue o apoio e realiza as atividades.
P/1 – Mas, como é o nome da associação?
R – O nome fantasia é Três Gerações.
P/1 – E você é a fundadora.
R – Isso.
P/1 – O que faz, assim, que trabalho social desenvolve?
R – Olha assim, com a terceira idade eu geralmente faço mais diálogo, palestra, junto aos condomínios locais, a gente faz assim, cinema, às vezes pras crianças, até mesmo para os moradores. Quando tem festas comemorativas, épocas comemorativas como o Natal, Páscoa, o Dia das Crianças, a gente se movimenta pra fazer um evento conjunto. Já fizemos show cultural ali no bairro também, levar rádio pra tocar lá, pra trazer um pouco de cultura pra um lugar que é deficiente nesse sentido. Tem a moradia, mas falta essa parte de diversão. Então, lá foi muita gente que veio de outros cantos e não tem. Então a gente procura realizar esse tipo de atividades, conforme a gente consegue. Então, a associação surgiu realmente com esse propósito. E é mais assim, o objetivo não é dar as coisas, mas mostrar o caminho. Então, onde que eu procuro tal coisa? Procura dar esse tipo de orientação. Então, eu sempre busco me informar, buscar apoio, até mesmo da LBV, participo às vezes de reunião, onde eles nos ensinam o caminho de como estar agindo ou não. Então, esse trabalho é realmente um trabalho de formiguinha. Conforme a gente tem a disponibilidade, a gente realiza as coisas.
P/1 – Quem faz parte da associação?
R – Ah, tem a Elizabeth, que ela tem uma associação mas ela dá suporte, ela tem até creche já. Tem o Wilson, tem a Eliane, tem o Aílton, são várias pessoas. Então, surgiu dentro do condomínio, surgiu para aqueles moradores que estavam ali. Só que não adiantava a gente simplesmente fazer para aqueles moradores lá. A gente começou fazendo pra outros condomínios também. Então, às vezes, a gente leva o cinema pra comunidade dentro dos condomínios, quer dizer, as pessoas não saem de casa pra ir buscar, a gente leva o lazer ou a diversão até o local. É aquela coisa meio itinerante.
P/1 – Você falou que hoje tem uma religião. Você é budista?
R – Sou há 30 anos.
P/1- Quando você começou?
R – Assim que eu fui morar com a minha tia. Eu comecei a praticar o budismo, porque eu achei muito interessante, apesar de engraçado eu achei muito interessante.
P/1 – Por que engraçado?
R – Porque você falar em japonês é muito estranho. A gente fala assim: “Poxa, uma religião que não fica esperando as coisas acontecerem”. Foi onde que eu aprendi isso, que a minha felicidade não dependeria das pessoas. Porque eu sempre me senti uma pessoa muito inferior às outras, sempre achei que ninguém se importava comigo. Então assim, sabe aquele patinho feio da família? E através do budismo, eu aprendi que se eu não gostasse de mim, se eu não corresse atrás das coisas, ninguém iria. Então há 30 anos eu pratico, participo das atividades, porque é uma religião que não fica simplesmente na oração. É oração e ação. Ela tem projetos, junta cultura, educação. Ela realmente engloba assim, não só a filosofia. Então é uma coisa que realmente me completa. E eu aprendi através do budismo que se eu não fizer, outras pessoas podem até fazer, mas é diferente quando a gente age. Eu falo assim, não ficar cobrando do governo, ou cobrando das pessoas ou se lamentando.
P/1 – E você vai em alguma igreja específica? Não é Igreja, né?
R – Não, não. São sedes regionais. A base fica na Vergueiro e a gente realiza atividades próximas de casa mesmo ali no Itaim Paulista e São Miguel. Existem vários tipos de reuniões, desde pra fazer a parte da religião, como pra os grupos de dança, grupos de coral, tem vários grupos dos jovens, dos adultos, dos idosos. Então é assim, uma coisa bem diversificada.
P/1 – E aquelas fotos que você trouxe, que você estava mostrando, você pode falar sobre aqueles momentos?
R – Posso, posso sim. Tem fotos lá que eu mostrei eu criança, eu com a minha irmã. Tem fotos de quando meu filho nasceu, que realmente marca. Porque a gente vê o porquê que você existe. A importância de você como ser humano. E tem as fotos onde que a gente se realiza como uma pessoa da sociedade, não se tornando uma pessoa simplesmente mais um. Tem fotos ali que, através de ações que você fez...
P/1 – Que ações que tem lá?
R – Tem festa do Dia das Crianças, tem a Páscoa, tem diálogo com a terceira idade...
P/1 – Do trabalho da Três Gerações?
R – Isso. Tem fotos lá de quando meu trabalho foi reconhecido através da subprefeitura local, né, dessas atividades...
P/1 – Como que foi isso?
R – Foi há dois, três anos atrás. Homenagearam algumas associações de bairros e entre elas, a minha foi escolhida. Por justamente por fazer esse trabalho de formiguinha, não ficar esperando simplesmente dos órgãos públicos. E é uma coisa que eu falo que eu realmente aprendi isso até mesmo dentro do Criança Esperança. Você vendo aqueles trabalhos lá no morro, aqueles trabalhos sociais lá na Bahia. Então eu falei assim: “Poxa, se eles fazem lá, por que não fazer aqui?”. A gente não faz na mesma grandeza, mas no que a gente pode. E com isso, eu acho que a gente contribui pra gente ter um país melhor.
P/1 – Desde quando você é doadora do Criança Esperança?
R – Há mais de sete anos, que a gente cria uma certa independência e dá, você participa.
P/1 – Quando foi a primeira vez que você doou?
R – Foi logo depois que eu mudei pra lá, lá pro Itaim, porque eu quis montar essa questão da associação. A primeira vez foi lá pra 2006, 2007.
P/1 – E por que você decidiu doar?
R – Porque me tocou em algum momento, de uma matéria que eu vi, que eu não lembro exatamente o que foi, eu doei com aquele, realmente, sentimento de doar. Tem pessoas que falam assim: “Ah, você nem sabe pra onde que é direcionado”. Eu falei assim: “O importante é o sentimento que eu estou querendo fazer isso”. Então, assim, se eu quiser saber aonde está sendo usado ou não, é só eu buscar, como eu sempre fiz. Buscar informações. Então eu fiz realmente porque me deu desejo de participar, independente das consequências ou não. Não estava me fazendo falta, mas também não estava sobrando. Então, eu realmente contribuí porque senti o desejo de fazer isso.
P/1 – Como é que você sabia do Criança Esperança?
R – Através da programação mesmo. Sempre gostei muito do... Quando é criança, você assiste por causa dos Trapalhões, por causa dos artistas que passa. Depois quando você fica adulto ou até mesmo quando você vira mãe, quando você vê além do nosso redor, que a gente vê muito mais além, os outros estados, que nem a seca, outras regiões, então você fala assim: “Poxa vida, por que não?”. Então eu estava em casa, resolvi ligar e pronto.
P/1 – E você doa até hoje?
R – Sim, inclusive eu já participei esse ano.
P/1 – E o que você acha que um projeto como o Criança Esperança muda na vida das pessoas, tanto de quem doa como de quem é beneficiado?
R – Olha pra quem doa, eu acho que quando ela doa com aquele sentimento de realmente contribuir para o bem, eu acho que ela se sente como parte, uma pessoa participativa no desenvolvimento do país. E pra quem recebe a doação, eu vejo como uma oportunidade que ela tem de se evoluir, aproveitar a oportunidade que ela está tendo na localidade dela de ir além do que aquilo que ela tem ao redor. Ela poder, descobrir capacidades que até então, ela achava que ela não tinha. Então, eu acredito que através do Criança Esperança, através desses projetos sociais, a pessoa tem essa oportunidade de descobrir que ela pode muito mais do que ela aparenta ter. Então, é uma coisa que realmente é gratificante, você ver pessoas que crescem e evoluem como a gente vê pessoas que participaram do projeto quando eram crianças e hoje em dia dão continuidade ao trabalho. Então, é uma coisa que marca bastante.
P/1 – Tem alguma história específica que você lembra, que você tenha entrado em contato?
R – Não, assim específico não. Eu vejo a diferença, a cada ano que mostra pra quê que foi destinado o dinheiro e como que estava aquela localidade e como ela está hoje, que nem, a gente vê aquelas crianças lá do morro, então, assim, você vê, quem antes subia numa favela? Quem antes você via vai, atores, que nem você viu, muitos artistas hoje que se desenvolveram, que saem lá do morro e hoje são pessoas que realmente vêm mostrando que na favela só não tem marginais. Então, são realmente coisas que chamam a atenção.
P/1 – E você conhece mais alguém que doa?
R – Eu nunca me preocupei com esse detalhe não, de saber quem doa ou não. Então, eu não sei. Sinceramente, eu não sei assim, uma pessoa ou outra. Minha irmã participa uma vez ou outra, mas não conheço várias pessoas que podem até participar, mas que de repente não comentam.
P/1 – E como é que é seu cotidiano hoje?
R – É corrido. Assim, trabalho fora pra me manter. Final de semana, além da religião, tem a associação que eu busco verificar em que eu posso estar ajudando. Me envolvo diretamente com condomínios locais. Como eu já fui síndica, então eu estou sempre entrando em contato com um síndico ou outro pra fazer, dialogar e verificar o que a gente pode fazer. Então, é bem corrido. Não gosto de ficar muito parada, não.
P/1 – E seu filho?
R – Meu filho, hoje ele mora sozinho, aparentemente, ele mora junto com a minha tia em um cômodo separado. E trabalha, tem 24 anos, já é um homenzarrão que dizem (risos).
P/1 – Ele estudou?
R – Estudou. Fez até o segundo ano, Técnico em Publicidade, mas aí ele teve que parar, porque o horário de trabalho não deu continuidade. Mas hoje ele trabalha.
P/1 – O que ele faz?
R – Ele é subgerente de uma loja no shopping.
P/1 – Elaine, olhando sua trajetória assim pra trás, se você pudesse fazer alguma coisa diferente na sua vida, você faria?
R – Não. Não faria não, porque eu acho que a gente pode, a gente não tem como voltar pra trás. A gente pode melhorar daqui pra frente. O que eu não fiz lá atrás, o que eu posso fazer hoje? Então, porque o que passou, já foi. Ele serve como aprendizado. Onde eu errei, eu vou tentar me aperfeiçoar pra não errar de novo. Mas não mudaria a trajetória, não.
P/1 – Tem algum episódio, alguma história marcante, que você acha importante contar? Na sua vida? De alguns desse momentos que você lembra: “Quando eu era pequena, eu lembro de tal história”?
R – Olha assim, eu acho que realmente o que mais marca é quando você aprende a deixar de lamentar, é quando você aprende a se gostar. Então, a rejeição que eu sentia quando era criança, aquela coisa de vítima que a gente se torna, se achando o patinho feio...
P/1 – Por que você se sentia rejeitada? Conta alguma história que você fala assim: “ah...”
R – É que assim...
P/1 – Conta uma história, descreve a história...
R – Não (risos)... É aquele complexo de feiura, sabe? Ah, você nasceu com o cabelo... Eu tenho o cabelo pixaim, minha irmã tem cabelo bom, você acha que a outra pessoa que está na sua frente, que ela é melhor do que você. Não é que ninguém colocou isso na minha cabeça. Eu sempre senti assim. Então, eu sempre fui uma pessoa muito carente. Não sei se é pela falta de convivência com a minha mãe, meus pais separados, mas automaticamente, eu me senti uma pessoa carente. Até mesmo eu aprendi isso, foi através do budismo a realmente perceber que eu tinha outras qualidades, além de simplesmente esperar que as pessoas gostassem de mim. Então, eu aprendi a gostar de mim, que é uma coisa que é difícil. Você não conseguir se olhar no espelho, você não se sentir uma pessoa amada. Então, eu aprendi a verificar que mais do que se sentir amada, é se sentir útil. Então, eu adoro me sentir útil, eu adoro que as pessoas precisem de mim, adoro fazer algo. Então assim, fatos, histórias, não tenho muitos.
P/1 – E você casou de novo?
R – Nunca casei. Eu tive meu filho e fui tendo a minha vida, buscando realmente seguir em frente. Se um dia aparecer um companheiro, bem. E se não aparecer, também está bem.
P/1 – Quais são os seus sonhos hoje?
R – Hoje, realmente assim, é a harmonia, seja a harmonia familiar, seja a harmonia no país, seja a harmonia no mundo. Porque a gente não é feliz vendo as outras pessoas sofrendo. Então assim, eu acredito que isso começa dentro de casa. É de você falar um “bom dia”, é de você falar um “obrigado”. Então, isso eu acho que é o caminho. Pode não ser a solução, mas eu acho que é o caminho. Acho não, tenho certeza que é o caminho pra que a gente possa ter um mundo melhor. Respeitar o próximo, é entender que a gente não pode mudar as pessoas. Mas respeitar as pessoas eu acho que é um ponto essencial. E agradecer da gente viver num país como o nosso, valorizar o que nós temos, porque não adianta a gente só, simplesmente, criticar se nós mesmos não participamos do princípio de respeitar as pessoas que estão à nossa volta.
P/1 – Elaine, o que você achou de contar a sua história de vida aqui no Museu da Pessoa?
R – Olha, eu achei uma coisa diferente. Mas achei também assim, gratificante, porque às vezes uma pequena palavra que a gente fala, às vezes pode motivar uma outra. Que seja uma única pessoa. De repente uma pessoa fala assim: “Poxa, eu passei por uma situação dessa”. Às vezes a gente acha que a nossa história pode ser insignificante, que não interessa para as outras pessoas. Mas às vezes uma única pessoa a falar assim: “Poxa, se ela passou por isso, se ela está se sentindo bem com isso, eu também posso”. Então, se eu puder contribuir de alguma maneira, pra mim já é muito bom, já é válido. Então, eu acredito que a história de cada ser humano é importante. Por mais que não possa ser pra você, ou pra outro, mas pra alguém ela pode servir como uma motivação pra seguir em frente.
P/1 – Obrigada, Elaine. Eu queria agradecer, a sua entrevista foi linda.
R – Obrigada vocês.
FINAL DE ENTREVISTA
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