Histórias do bar Empanadas Eu vim passear em São Paulo. Tinha um pessoal amigo meu de infância que trabalhava aqui no bar Empanadas, que era um botequinho pequenininho, duas portinhas, só. E me convidaram pra trabalhar. Eu perguntei: trabalhar em que? Eu nunca trabalhei na minha vida. E eu comecei: trabalhei na cozinha, dois anos, depois fui garçon, três anos, fui gerente cinco anos e hoje sou um dos sócios do bar Empanadas. Sou sócio há oito anos. Eu, o Euflásio dos Santos Figueiredo e o Léo. Nós três éramos garçons. Nosso patrão era o chileno, o Reinaldo, e o argentino. Tinha o bar Empanadas e tinha a fábrica, um ficou com a fábrica e o outro com o bar. O chileno, Reinaldo, resolveu ir embora pro interior, escolheu a gente pra arrendar o bar. Logo depois do Plano Collor, propôs o sistema de arrendamento do bar. Fizemos vários contratos de dois anos, três anos. E as coisas vêm dando muito certo pra gente, graças a Deus, porque uma, que nos anos 80 com duas produtoras de cinema: a Tatu Filmes e a Filme Brasil. Então o bar sempre teve uma freqüência de cineastas, diretores, produtores de cinema, já teve muitas filmagens aqui pra curta-metragens. Eu acompanhei tudo isso. O Kikito e o ônibus do Empanadas Foram uns seis filmes, mas tudo pequeno, sabe? Esses filmes de Gramado, tinha tudo vinte minutos. Ecos Urbanos, da Tatu Filmes, Marvada Carne... Todas essas pessoas passaram e passam por aqui, só que agora com menos freqüência. Antes era point deles, mesmo. O pessoal vinha do Rio, eles ligavam e diziam assim: quero ir no bar Empanadas. Aquele Kikito ali, é do Melhor Som de Gramado do Mário Mazzeti. Mas por que esse Kikito aqui, eu perguntei pra ele. "Ganhei um prêmio e vou deixar em casa? Quem vai ver? Meus amigos, minha mulher, meu filho... Eu pus num bar, um lugar público. Todo mundo vai ver". E esse ônibus tem uma história muito legal. O Chocante, ele trabalhou na MTV muitos anos. Aí teve um dia ele chegou aqui...
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Histórias do bar Empanadas Eu vim passear em São Paulo. Tinha um pessoal amigo meu de infância que trabalhava aqui no bar Empanadas, que era um botequinho pequenininho, duas portinhas, só. E me convidaram pra trabalhar. Eu perguntei: trabalhar em que? Eu nunca trabalhei na minha vida. E eu comecei: trabalhei na cozinha, dois anos, depois fui garçon, três anos, fui gerente cinco anos e hoje sou um dos sócios do bar Empanadas. Sou sócio há oito anos. Eu, o Euflásio dos Santos Figueiredo e o Léo. Nós três éramos garçons. Nosso patrão era o chileno, o Reinaldo, e o argentino. Tinha o bar Empanadas e tinha a fábrica, um ficou com a fábrica e o outro com o bar. O chileno, Reinaldo, resolveu ir embora pro interior, escolheu a gente pra arrendar o bar. Logo depois do Plano Collor, propôs o sistema de arrendamento do bar. Fizemos vários contratos de dois anos, três anos. E as coisas vêm dando muito certo pra gente, graças a Deus, porque uma, que nos anos 80 com duas produtoras de cinema: a Tatu Filmes e a Filme Brasil. Então o bar sempre teve uma freqüência de cineastas, diretores, produtores de cinema, já teve muitas filmagens aqui pra curta-metragens. Eu acompanhei tudo isso. O Kikito e o ônibus do Empanadas Foram uns seis filmes, mas tudo pequeno, sabe? Esses filmes de Gramado, tinha tudo vinte minutos. Ecos Urbanos, da Tatu Filmes, Marvada Carne... Todas essas pessoas passaram e passam por aqui, só que agora com menos freqüência. Antes era point deles, mesmo. O pessoal vinha do Rio, eles ligavam e diziam assim: quero ir no bar Empanadas. Aquele Kikito ali, é do Melhor Som de Gramado do Mário Mazzeti. Mas por que esse Kikito aqui, eu perguntei pra ele. "Ganhei um prêmio e vou deixar em casa? Quem vai ver? Meus amigos, minha mulher, meu filho... Eu pus num bar, um lugar público. Todo mundo vai ver". E esse ônibus tem uma história muito legal. O Chocante, ele trabalhou na MTV muitos anos. Aí teve um dia ele chegou aqui todo melado de tinta, os braços, tudo, né? Chocante, o que é que você tem? "Separei da mulher, virei agora um artista plático". Comecei a rir dele. Ele falou: "Robson, comprei um compensado, vou fazer uma arte linda, vou pôr aqui no teu bar, todo a mão, não vai pincel nenhum". Tanto que ele fez com as mãos. Colocava as mãos assim no balde de tinta e começava, sabe, na tela... foi nem na tela, compensado... O que veio de gente aqui pra comprar este ônibus, fotografar, tudo Até já fez parte de filme, já, esse ônibus. Aniversários do Piriri Era uma figura o Piriri... Era um cara legal. Ele vinha: "ô, Robson, quero comer um negócio". Aí eu fazia, dava comida pra ele, fazia questão. Todo dia ele fazia aniversário. "Robson, tô aniversariando hoje". Tá bom, quer ganhar o quê? Mas era todo dia, cara. Não vou dizer todo dia, mas todo mês ele aniversariava. Ele via uma pessoa que nunca via, estava há um tempão sem ver aquela pessoa: "ô meu amigo, é meu aniversário hoje"... "ah, meus parabéns" "me dá um trocado aí?"... aí saía. Ele começou a passar do normal: "esses nordestinos vieram conquistar a Vila Madalena inteirinha, por quê? Esse pessoal não se liga, não?" O bar lotado Aí teve um dia que eu dei uma carreira nele até a Mourato Coelho. E ele corre, rapaz No outro dia eu peguei mesmo a parte dele no jornal, onde estava o nome dele, eu peguei o corretivo e corrigi. "Não acredito que você fez isso comigo, Robson, o artista mais importante da Vila Madalena" Falei: você tá passando do normal. Depois fiquei com dó e ele falou: "tá bom, eu vou me comportar".
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