Projeto CTBC Telecom Museu do Futuro
Entrevista com Antônio Carlos Oliveira
Entrevistado por Luiz Egypto de Cerqueira e Norma Lúcia da Silva
Realização Museu da Pessoa
Uberlândia, 9 de março de 2001.
Entrevista CTBC_HV043
Transcrito por Marcília Ursini
Revisado por Carolina Cervera Faria
P/1 - Bom dia, Seu Antônio Carlos.
R - Bom dia.
P/1 - Eu queria iniciar essa conversa pedindo para que o senhor me dissesse o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R - Antônio Carlos de Oliveira, nasci em 28 de março de 1949, na cidade de Rio Verde, em Goiás.
P/1 - E o nome do seu pai e da sua mãe?
R - Geraldo Gonçalves de Oliveira e Ana Gonçalves de Azevedo.
P/1 - Qual era a atividade do seu pai?
R - Meu pai, ele tinha várias atividades. Ele era encanador, ele foi motorista, foi fotógrafo, ele é diversificado nas atividades, foi diversificado.
P/1 - E a sua mãe?
R - Minha mãe sempre com prendas domésticas, né, cuidando do lar.
P/1 - O senhor conheceu seus avós?
R - Conheci, conheci.
P/1 - De ambos os lados?
R - É... Não. Só por parte paterna.
P/1 - Como eram os nomes deles?
R - Somente fiquei conhecendo a minha avó, que chamava Teodolina.
P/1 - O senhor tem alguma informação de... se seus avós eram dali mesmo da localidade, se vieram de outros lugares?
R - Por parte de mãe da cidade de Uberaba, Minas Gerais, por parte do pai são do Prata, Minas Gerais.
P/1 - E o senhor tem informação da atividade que eles exerciam?
R - Não, não. Do meu pai... Porque o meu pai foi ausente e ele nos deixou em torno... quando eu estava com quatro a cinco anos de idade, né? Então, o nosso contato foi pouco. Agora, por parte de mãe, eles eram da cidade de Uberaba e se transferiram para Santa Helena, Goiás.
P/1 - Certo. E nessa sua casa da infância, como é que era essa sua casa?
R - Bom, devido à ausência do meu pai, o que acontece? Nós temos... Vivemos do trabalho próprio nosso, tanto da parte de minha mãe quanto...
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Entrevista com Antônio Carlos Oliveira
Entrevistado por Luiz Egypto de Cerqueira e Norma Lúcia da Silva
Realização Museu da Pessoa
Uberlândia, 9 de março de 2001.
Entrevista CTBC_HV043
Transcrito por Marcília Ursini
Revisado por Carolina Cervera Faria
P/1 - Bom dia, Seu Antônio Carlos.
R - Bom dia.
P/1 - Eu queria iniciar essa conversa pedindo para que o senhor me dissesse o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R - Antônio Carlos de Oliveira, nasci em 28 de março de 1949, na cidade de Rio Verde, em Goiás.
P/1 - E o nome do seu pai e da sua mãe?
R - Geraldo Gonçalves de Oliveira e Ana Gonçalves de Azevedo.
P/1 - Qual era a atividade do seu pai?
R - Meu pai, ele tinha várias atividades. Ele era encanador, ele foi motorista, foi fotógrafo, ele é diversificado nas atividades, foi diversificado.
P/1 - E a sua mãe?
R - Minha mãe sempre com prendas domésticas, né, cuidando do lar.
P/1 - O senhor conheceu seus avós?
R - Conheci, conheci.
P/1 - De ambos os lados?
R - É... Não. Só por parte paterna.
P/1 - Como eram os nomes deles?
R - Somente fiquei conhecendo a minha avó, que chamava Teodolina.
P/1 - O senhor tem alguma informação de... se seus avós eram dali mesmo da localidade, se vieram de outros lugares?
R - Por parte de mãe da cidade de Uberaba, Minas Gerais, por parte do pai são do Prata, Minas Gerais.
P/1 - E o senhor tem informação da atividade que eles exerciam?
R - Não, não. Do meu pai... Porque o meu pai foi ausente e ele nos deixou em torno... quando eu estava com quatro a cinco anos de idade, né? Então, o nosso contato foi pouco. Agora, por parte de mãe, eles eram da cidade de Uberaba e se transferiram para Santa Helena, Goiás.
P/1 - Certo. E nessa sua casa da infância, como é que era essa sua casa?
R - Bom, devido à ausência do meu pai, o que acontece? Nós temos... Vivemos do trabalho próprio nosso, tanto da parte de minha mãe quanto dos irmãos, para o sustento, não é isso? Então, eu acredito que tivemos assim, poucas oportunidades de lazer, de passeio, tudo, mais realmente trabalhando.
P/1 - Quantos irmãos são?
R - Três irmãos.
P/1 - Contando o senhor?
R - Não, quatro comigo.
P/1 - Quatro com o senhor.
R - Quatro comigo.
P/1 - Como que era... como é que se dividiam as tarefas nessa casa quando todo mundo precisava contribuir para que lá funcionasse?
R - Na realidade é raro, vamos dizer, com a força de cada um, não é isto? O meu primeiro emprego fixo foi aos nove anos de idade e assim também foi com os meus irmãos. Todos trabalhamos, né? Bem, em uma idade bem, bem... Cedo, vamos dizer assim, e era distribuído, vamos dizer, o custo da casa em função do ganho de cada um.
P/1 - O senhor saberia descrever essa casa? Como é que era?
R - É, em razão de a gente não ter casa própria, então havia mudanças constantes. Mas, nunca casa assim... sempre casas mais humildes um pouco, né? Limitado pelo ganho que a gente tinha na época, então não dava para ter muito luxo não.
P/1 - E a cidade, como que era a cidade?
R - A cidade de Uberlândia?
P/1 - Não, não. Onde o ...
R - Veja, eu saí de Santa Helena no ano de 1955, viemos para Uberlândia, consequentemente eu estava com seis anos de idade, né? Nesse período de Santa Helena, eu me lembro, às vezes morávamos na casa de minha avó materna, outras vezes moramos de favor em outras casas e algumas coisas que a gente lembra seria a comercialização de pitangas, que a minha mãe fazia para vender, aliás esse tipo de atividade. Vindo, chegando em Uberlândia, nós já começamos a nos sustentar sozinhos praticamente, né? Com o trabalho da minha mãe e com alguns serviços, vamos dizer assim, unas bicos que a gente fazia na época.
P/1 - A mudança para Uberlândia deveu-se a quê?
R - Com a ausência do meu pai, o que acontece? A minha mãe, em um lance de lucidez dela, ela viu que Santa Helena não era uma cidade que daria oportunidades para nós. Então ela tomou a liberdade, tomou a decisão de vir para Uberlândia só com os quatro filhos, né? E assim o fez. E nós chegamos aqui e começamos a luta para o futuro, né?
P/1 - A sua mãe tinha uma característica meio guerreira?
R - Sim, sim. Aliás, isso é uma característica do pessoal mais antigo um pouco, né? Era um pouco mais guerreiro sim.
P/1 - Certo. Como é que o senhor... Essa lembrança que o senhor tem dela, administrando essa situação, que não é uma situação...
R - É uma situação complicada e a lembrança que a gente tem é que ela realmente... Uma lutadora, não é isso? Digo, um pouco de sofrimento, mas raramente a gente via ela reclamar de alguma coisa. Ao invés de reclamar, ela sempre estava trabalhando até altas horas às vezes, como lavadeira de roupa, como passadeira, como costureira. Então, ela sempre trabalhou nesse... Assim, não sobrou muito tempo para lamentações. Ela tomou a decisão de viver sozinha e cuidar dos filhos e assim fez.
P/1 - Certo. E Uberlândia, para onde vocês vieram?
R - Chegamos aqui em Uberlândia na primeira... No primeiro instante, nós moramos na casa da minha avó paterna, né? Ela nos acolheu e com aproximadamente uns seis meses já começamos, já alugamos uma casa e já fomos viver sozinhos.
P/1 - Onde era essa casa?
R - Puxa, aqui em Uberlândia, nós seguramente moramos para mais de quinze endereços, porque quando você não tem casa própria é isso. Quando você está gostando da casa, o proprietário manda sair, precisa da casa. Quando você não está gostando tem que mudar, né? Isso quando pagava direito, né? Às vezes tinha até o problema de pagamento, né? Então, nesse período mudamos muito, tivemos muitos endereços aqui em Uberlândia.
P/1 - Embora fosse um período, enfim, dificultoso por todas essas circunstâncias que o senhor está relatando, essa garotada se divertia de alguma forma, tinha motivos de brincadeira?
R - Ah sim, sim. Era... Eu acredito que até devia ser um pouco mais sadias, né? Claro que a gente tinha momentos de lazer, com certeza. Quando você não tem a possibilidade financeira, você procura outros meios, né? Na coletividade, com os próprios amigos, os vizinhos, tudo.... Bola, alguns picnics. Então, você procura alternativas para sarar essa ausência que tinha, né?
P/1 - E a educação? A educação, que escola que o senhor frequentou?
R - A primeira escola foi em Santa Helena, Goiás. Naquela época não tinha educação, não muito estruturada, era mais professores, que eu diria assim, devotados para a educação. Então, por exemplo, em uma sala de aula, ele dava aula para o primeiro, segundo, terceira e quarta série e o negócio era meio conturbado. Mas, lá nessa época, por parte da avó materna, ela exigia muito. Ela achava que a gente tinha que estudar e sempre prestigiou e contribuía assim, até a nível de custos, né? E a minha mãe também tinha esse sentimento, que a gente tinha que estudar. Mas, como você está no meio da... Vamos dizer, não muito desenvolvido, o que que acontece? Você acaba ficando para o outro lado. Eu diria o seguinte: você acaba não dando a real atenção ou real valor que, na época, tanto a minha mãe quanto a minha avó tinham esta visão. Então, nesse período, eu largo escola, não foi o que... Eu estudei lá um ano, mas o que eu me lembro claramente é que era uma escola bastante rígida, o ensino era bem fundamentado, era um ensino bom, disso eu me lembro bem. Era muito exigido, né? Passei até pela palmatória, na época ainda usava-se a palmatória, né? Mas, de qualquer forma, ficou gravado isto, o ensino daquela época era rígido, porém tinha que aprender, não tinha como. Ou aprende, ou aprende, né?
P/1 - Como foi a situação que suscitou esses bolos na mão?
R - Não decorar tabuada, né? Chegar atrasado e ir para... Na época, os sanitários, que não eram sanitários, eram chamados... a famosa casinha. De vez em quando a gente ia sem autorização, quando chegava não tinha como (risos). Esse é um dos casos.
P/1 - Está certo. E aqui em Uberlândia, o senhor frequentou alguma escola?
R - Sim, sim. Aqui em Uberlândia, eu fiz da primeira à quarta série na escola São Vicente de Paulo, na Machado de Assis. Depois eu passei para o colégio São Judas Tadeu, onde eu cursei até... seria a sétima série. Depois disto, em função de viagens a trabalho, eu parei de estudar nessa época.
P/1 - Algum professor ou professora que tivesse lhe marcado a lembrança assim?
R - De uma forma geral, a que mais marcou, que era um período que a gente já tinha mais... eu diria um pouco mais de consciência das coisas, foi na escola São Vicente de Paulo que tinha uma diretora lá que chamava-se Carmem Ferreira. Ela era diretora e quase uma mãe, que ela nos ajudou muito, tanto na orientação como, às vezes, até no próprio sustento, ela ajudou bastante.
P/1 - Como é que era essa Uberlândia da sua pré-adolescência, adolescência? Como é que era essa cidade?
R - Mais pacata um pouco, mais tranquila, né? Eu diria o seguinte, que as condições de vida familiar era mais fácil. Você tinha mais amizades, tinha mais tempo para o prazer, para passeios, a questão de segurança era mais tranquila. Então, a imagem que ficou daquela Uberlândia é uma imagem muito boa. Foram tempos, apesar de difíceis, porque na questão do trabalho... mas por outro lado nos deu muitas oportunidades de amizades, de conhecimento, enfim, o entrelaçamento das pessoas era maior que hoje.
P/1 - Certo. E nesse período, o senhor juntava trabalho e estudo, né?
R - Houve um período que sim, porque antes de eu ter o meu primeiro emprego fixo, apesar que não foi registrado na época, eu já trabalhava. Eu fazia “N” serviços: vendedor ambulante, deixa me lembrar... Por exemplo, já fui até guia de cego, ganhava por dia para ser guia de cego. Isso, fizemos, né? Então, o que a gente lembra disso tudo era um período que exigia um pouco mais, em compensação a gente parece que vivia, mais ou menos, tranquilo, não era muito infeliz não.
P/1 - Certo. A administração, digamos, do fundo da casa, era um caixa único, era tudo na mão da sua mãe?
R - Sim, sim, sim, mesmo porque não era tão difícil administrar, né? Era tão pouco o ganho, né? O que a gente ganhava era para o sustento da casa, pagamento de aluguéis, esse tipo de coisa e alguma outra coisa... Algumas outras coisas que fossem necessárias, né? Mas normalmente a gente recebia e passava o dinheiro para a minha mãe.
P/1 - Esse seu primeiro emprego fixo, que o senhor disse que não foi registrado, qual a atividade que o senhor desenvolvia?
R - Era venda de... E eu trabalhava na parte de entregas e empacotamento que essa loja chamava-se (Assinelândia?), uma loja de calçados, (____?).
P/1 - E o senhor ficou muito tempo lá?
R - Lá eu fiquei aproximadamente dois anos.
P/1 - Uma oportunidade de trabalhar um pouco com o público.
R - Sim, sim, era isso que era a vantagem. Fora isso, depois eu fui para uma outra loja de tecidos e lá eu trabalhei em torno de quatro anos e meio também, sendo que os primeiros três anos foi sem registro também. Que isso na época era uma prática das empresas, botava a gente como aprendiz e nisto a gente acabava ganhando prestando um serviço para a empresa, por outro lado, ganhava o conhecimento, ganhava o relacionamento, tudo. Então, isso era, mais ou menos, uma prática, mas o que marcou bem é que o meu primeiro emprego fixo foi aos nove anos de idade.
P/1 - Sei. E nessa loja de tecidos, como era o nome dela?
R - Coteninga S.A. Comércio de Tecidos.
P/1 - Coteninga?
R - Coteninga S.A. de tecidos, matriz dela era em São Paulo, na rua Vitória.
P/1 - E o seu trabalho lá era?
R - Lá na Coteninga S.A. de Tecidos, eu fiz de tudo. Eu comecei como entregador, depois pacoteiro, caixeiro e escriturário. Eu ia lá e fazia de tudo.
P/1 - Uma espécie de coringa?
R - Mais ou menos isto, mais ou menos isto.
P/1 - Aí nós estamos falando de um Antônio adolescente já...
R - É, esse quando... Quando eu saí da Coteninga SA Tecidos, eu já estava com aproximadamente quinze anos de idade.
P/1 - E aí saiu com que perspectiva?
R - É... Eu diria que quase uma agitação interna sempre querendo procurar alguma coisa nova, alguma coisa mais, uma aventura a mais. Nessa época eu tive uma passagem muito rápida pela (Linho Puro?), que era uma casa também de tecidos e, saindo daí, eu fui para o Hotel Presidente. Que isso, em 1963, ele estava começando a construção dele, quer dizer, já na fase de acabamento e eu entrei como assessorista que seria, na época, para transportar os materiais de acabamento em elevador, tudo, né? Depois disto, eu fiquei no Hotel durante dois anos, aproximadamente.
P/1 - Fazendo?
R - No Hotel também da mesma forma, eu comecei como ascensorista do transporte de serviço, né? Do elevador de serviço. Depois eu fui ascensorista mensageiro e acabei sendo recepcionista no Hotel.
P/1 - Curioso que toda essa trajetória profissional prematura era sempre muito em contato com o público.
R - Sim, sim, e é uma coisa que, às vezes, a gente não procura e acaba sendo levado para isto. Então, eu sempre tive muito contato com o público, principalmente no Hotel Presidente e vale aqui uma ressalva, que foi a primeira vez que eu, depois já de adolescente, que eu tive contato com o nosso presidente hoje do Grupo Algar, Doutor Luiz Roberto.
P/1 - Como é que foi esse contato?
R - Ele esteve lá no Hotel para levar uma... um pessoal da Suécia, que veio aqui na CTBC de Uberlândia para instalar as linhas telefônicas automáticas e, coincidentemente, foi eu que fui recepcioná-los. Questão de bagagens, de... mensageiro mesmo. Então, foi nesta época, né? Fato esse que até eu nem lembrava muito e, em uma oportunidade, ele me relembrou. Foi o primeiro contato que ele teve comigo.
P/1 - Foi ele que lembrou o senhor?
R - Isso. (risos)
P/1 - E o senhor conhecia a CTBC? Já sabia...
R - Já. A família da minha mãe por parte... Os meus tios já tinham algumas negociações na época com o Seu Alexandrino Garcia quando ele tinha a oportunidade que ele ia lá em Santa Helena para a compra de arroz... Aquelas negociações na época. Então, nós tínhamos já esse contato familiar dos meus tios e a minha mãe também já conhecia bastante o Seu Alexandrino e o Doutor Luiz.
P/1 - Na época que o Seu Alexandrino já tinha a máquina de arroz?
R - Sim, sim. Na época quando ele iniciou praticamente a ascensão econômica, né?
P/1 - Ah, essa história vem de longe.
R - Sim, vem de longe, vem de longe.
P/1 - E a partir do Hotel, quer dizer, o que é que esse jovem Antônio Carlos resolveu fazer da vida?
R - Interessante o seguinte, o que me despertou para trabalhar na CTBC foi exatamente isso. Na época, estavam instalando lá o PABX... Aliás, o PBX, e eu achei interessante aquele trabalho artesanal ali, como a pessoa trabalhava, conhecia aqueles... As cores dos fios e eu identifiquei, passei nas oportunidades, passei a acompanhar esse trabalho.
P/1 - No Hotel?
R - No Hotel Presidente. E com isto me despertou, eu falei: " Poxa, eu gostei disto. Eu acho que eu vou procurar trabalhar nessa empresa." E assim foi, praticamente, o meu primeiro contato sentimental com a CTBC.
P/1 - Sei. E como é que você chegou até a CTBC?
R - É... Em função do relacionamento dos meus familiares, dos tios da minha mãe, do conhecimento dela com o Seu Alexandrino Garcia, um belo dia, nós fomos lá na casa dele para ver se conseguia um emprego, né? Como ele estava viajando, o que aconteceu? A Dona Maria, esposa do Seu Alexandrino Garcia, nos orientou para procurar o Doutor Luiz. E uma coisa que me chamou muita atenção, que foi em uma quarta-feira, na segunda e terça ele viajou, chegou em uma quarta-feira, a única pergunta na entrevista que ele fez comigo foi a seguinte: "Você realmente quer trabalhar?" "Eu estou aqui para isto." "Então vem dentro." Isso era em torno das dez e meia da manhã, eu me lembro bem, que nem almoçar eu almocei, né? E isso foi interessante, quer dizer, a decisão foi rápida, né? Não teve questionamento.
P/1 - O entrevistador foi o Doutor Luiz?
R - Luiz Alberto Garcia.
P/1 - Foi a única pergunta e a única resposta?
R - "Se você quer trabalhar realmente?" "Quero." "Então vem dentro."
P/1 - E aí o senhor foi fazer o quê?
R - Eu entrei... Eu comecei na CTBC, na Central 234, em um sistema rotativo AGF da Ericsson. Isso, essa central, ela ainda funcionou até bem pouco tempo aí, né? A desativação dela foi há uns dois anos, mais ou menos, e eu comecei como faxineiro nessa estação. Eu limpava a estação, eu limpava as máquinas, foi desta forma que eu comecei na CTBC.
P/1 - O que é que o senhor encontrou lá? Foi a primeira vez que viu uma estação na sua frente?
R - Sim, sim, a primeira vez. No começo a gente até assusta um pouco, fica surpreendido, porque é um ambiente totalmente desconhecido, mas logo a gente... Eu me adaptei e até gostava. Eu trabalhava das doze às dezesseis, das dezoito às vinte e duas horas. Então, nesse período de dezoito às vinte e duas, eu praticamente ficava sozinho na Central, né? Fazia alguns atendimentos de emergência, manutenção de algumas máquinas, esse tipo de coisa.
P/1 - E quem foi a pessoa que te ensinou ou que te treinou a fazer isso?
R - Interessante, na CTBC, nesse período que eu estive na Central, em função das minhas obrigações na Central, a gente não tinha muito oportunidade de aprender muito, porque no período de dezoito às vinte e duas, eu ficava sozinho e no período que estava lá sempre tinha alguma atividade relacionada à manutenção. Então, na parte técnica, a gente teve uma noção geral, como era de praxe, a pessoa quando você entrava na empresa. Mostrava o que é que você ia fazer, a Central, tudo, mas não chegamos assim, a deter grandes conhecimentos na época.
P/1 - Mas alguma pessoa que tivesse assim, mais próximo do senhor, tivesse orientando, enfim, cuidando do seu serviço?
R - É, na realidade... Na época, o chamado chefe da Central era o Gumercindo Costa Sampaio, né? Algumas orientações, por exemplo, quanto ao manuseio de máquinas, essa coisa foi dada por ele.
P/1 - Algum tipo de risco existia?
R - Não, não, porque praticamente era tão... vamos dizer assim, singelo a coisa que você não tinha como um risco, né? Na parte de manutenção você não tem risco, não é uma parte de instalação.
P/1 - Certo. E aquilo... aquilo suscitou lembranças daquele tempo que o senhor ia instalar o PBX lá do Hotel?
R - Ah sim, claro, sim, sim. A gente nunca perdeu o contato... Nós nunca perdemos o contato com as pessoas que na época estavam instalando o PBX lá, não é isso? Que sempre, como nós entramos na empresa, então a gente sempre estava em contato com eles e, às vezes, até acompanhando algumas vezes ele em visita até o Hotel mesmo.
P/1 - Certo.
R - Para a manutenção preventiva ou corretiva.
P/1 - Nesse período o senhor conheceu o Seu Alexandrino mais de perto?
R - Ah sim. Naquela época o contato era direto com o Seu Alexandrino e o Doutor Luiz, né? Vamos dizer, não havia intermediação, não é isto? Então, as decisões eram dadas pelo Seu Alexandrino, Doutor Luiz, então o contato era diuturno, né?
P/1 - O que o senhor tem assim, de lembrança do Seu Alexandrino?
R - Do seu Alexandrino boas lembranças, apesar que para algumas pessoas o Seu Alexandrino era bastante ríspido, exigente, tudo, mas no meu caso específico eu não tenho nada a reclamar, nada me saltou os olhos quanto a isso. Eu até gostava da rigidez do Seu Alexandrino Garcia, trabalhei com ele diretamente, talvez uns quatorze a quinze anos e me lembro assim, de ser tolhido, ou ser proibido alguma coisa por parte do Seu Alexandrino, eu não me lembro de nada praticamente. Todas as vezes que eu precisei, eu fui atendido por eles sem problema nenhum.
P/1 - Como que era essa convivência?
R - Eu diria que era quase uma convivência paternalista, porque tanto o Seu Alexandrino quanto o Doutor Luiz, na época que ele estava ingressando na CTBC, eles deixavam a gente bastante à vontade no trabalho, né? Tinha as exigências, que era lógico, né? Pagava para isto, mas por outro lado, todas às vezes que nós precisamos sempre fomos atendidos, tanto da parte do Seu Alexandrino como do Doutor Luiz, sem problema nenhum, não temos nada a queixar.
P/1 - O senhor se lembra de algum episódio, assim, que tivesse marcado a sua relação, especialmente, com o Seu Alexandrino, que tivesse deixado uma lição, uma coisa que...
R - Ah sim, eu diria que isso era diário, porque, por exemplo, primeira coisa, o Seu Alexandrino passava... Isso marcou muito, porque a pessoa mais nova um pouco, normalmente, ele é mais observador principalmente nos exemplos das pessoas mais velhas, né? E isso eu observei sempre, o Seu Alexandrino só não falava, ele fazia. Então, o exemplo que ficou foi o quê? Trabalho, perseverança, honestidade... O Seu Alexandrino, tudo que ele falava: "Sim, sim. Não, não." A gente podia cumprir à risca que ele dava o respaldo necessário. Então, não tinha... vamos dizer, no bom sentido, negociação. Se ele permitia, permitia. Se ele não permitia, não permitia. E isso era uma postura muito boa, muito bonita em um modelo de empresa que eu gostava muito.
P/1 - Certo, uma coisa mais clara, mais transparente, digamos assim.
R - Poxa, nós tivemos inúmera viagens com o Seu Alexandrino Garcia e o que me ficou isso, a rigidez, a exigência dele, era uma exigência não maldosa. O Seu Alexandrino sempre exigia muito, mas na hora da avaliação dele, ele, às vezes, até era levado mais pelo próprio sentimento.
P/1 - É... como assim? O senhor poderia explicar um pouco melhor?
R - Posso sim. Vamos dizer o seguinte, nas oportunidades... A imagem que se fazia do Seu Alexandrino é que ele era turrão, ele era exigente, ele não aceitava muito as coisas e não era bem isto. Várias oportunidades nós tivemos de ter contato com ele e situações que era colocado à prova isso. E muitas vezes eu vi o Seu Alexandrino decidir com o coração, com o sentido até, eu diria, de bondade.
P/1 - O senhor se lembra de algum episódio assim, que pudesse exemplificar isso?
R - Ééé... Comigo mesmo, comigo mesmo. Algumas vezes, sabe como uma empresa onde tem inúmeras pessoas, o que acontece? Acontece alguns fatos com a gente que, às vezes, você acaba julgado pela própria direção. E nesta oportunidade específica, o seu Alexandrino realmente tomou o partido meu e falou: "Não, Antônio Carlos é desta forma. Você realmente..." Eu não vou citar nomes, né? Porque algumas pessoas ainda se encontram no grupo, "Mas você falou que é dessa forma, então fica do jeito que você falou." Quer dizer, ele aceitava as coisas, né? Ele analisava muito e aceitava como eram as coisas.
P/1 - Foi um episódio que...
R - De choque, de choque, de choque mesmo, né? Administrativo, né? E ele tomava essas decisões e apoiava, né? Isso era uma coisa que gravou muito nele.
P/1 - Em algum momento, o senhor e ele chegaram a recordar essa velha relação familiar, coisas desse tipo?
R - Ah sim, porque em função do relacionamento dele, comercial, com esse meu tio e, algumas vezes que ele vinha até Uberlândia, a gente fazia visitas para o Seu Alexandrino e aí, claro, os dois animavam com isto.
P/1 - Está certo. Nesse momento da Central, quer dizer, o senhor passou a exercer algum outro tipo de atividade?
R - Interessante. No período que eu trabalhei na Central 234, eu, nas horas vagas, no intervalo entre os períodos, eu prestava serviço no departamento à longa distância, mesmo... Eu já tinha cumprido a minha jornada dentro da Central e, às vezes, em alguns alinhamentos, algumas coisas depois das vinte e duas horas, eu ficava para auxiliar o pessoal do antigo departamento à longa distância.
P/1 - Por vontade própria?
R - Por vontade própria, no afã de aprendizado.
P/1 - E o que é que o senhor via lá?
R - Ah sim, lá realmente a gente tinha a oportunidade... Nós começamos os primeiros equipamentos de transmissão da CTBC, todos eles, todos. Nós participávamos de instalações, participávamos de aceitação, participávamos de alinhamentos. Enfim, aquilo para mim era um mundo novo e, nesta época, esse departamento tinha à frente o Leônidas Prestes Vieira, e o Leônidas, ele era uma pessoa assim, pródiga em repassar conhecimento, era uma pessoa que fazia a questão de a gente aprender. A diferença que eu sentia era exatamente essa. Se tinha uma política dentro da Central, mais ou menos, fechada a nível de conhecimento, na transmissão, eu sentia mais liberdade de aprendizado e, mesmo assim, de abrangência de conhecimento externo, porque tinha os alinhamentos. A gente viajava muito, né? E isso na idade que eu tinha era extremamente vantajoso.
P/1 - Certo. Nós estamos falando de um momento em que a tecnologia ainda estava... Ainda era serviço bilhetado...
R - Nesse período sim. O primeiro sistema, por exemplo, de Carrier [PLC - Powerline Carrier] que seria o sistema de ondas portadoras, onde você faz a multiplexação de uma linha física, o primeiro sistema instalado na CTBC, nós começamos com ele, que era um sistema valvular. Esse sistema permitia a você fazer uma duplicação da linha, ou seja, uma multiplexação com um canal só de uma linha, por exemplo, de uma cidade. “A” para uma cidade “B” onde você tinha a linha física e você botava mais um canal, que era esse equipamento. Então, foi o primeiro equipamento de transmissão da CTBC valvular. E por aí, nós passamos por todas as tecnologias.
P/1 - Esse primeiro cobria que (____?)?
R - Ele era um equipamento que foi mudado várias vezes de localidade. Eu lembro de Tupaciguara, eu lembro de Ituiutaba, eu lembro de Ituverava, Uberaba... Nós tínhamos esse equipamento instalado nessas várias localidades.
P/1 - Vamos fazer um pequeno intervalo, nós vamos só trocar a fita. (pausa) Vamos lá, eu queria insistir um pouco mais Seu Antônio Carlos, nessa... nesse momento em que o sistema de longa distância começa a desabrochar e, certamente, a empresa deve ter visto naquele momento que aí estava uma possibilidade econômica e empresarial muito importante, né?
R - Isto.
P/1 - A gente tinha um sistema de linhas físicas instalado em toda a área de atuação, e aí? Se começasse a minorar aquela demora enormes existente entre uma ligação... Pedido de uma ligação e a sua efetiva ocorrência, né? Como é que isso se deu? Como é que...
R - Perfeito. Eu acho que o crescimento da área de transmissão da CTBC se deu com a vinda do Doutor Luiz, engenheiro formado, né? Ele tinha esta visão aliada à visão empreendedora, eu diria até sonhadora, do Seu Alexandrino Garcia, que no primeiro momento ele... O planejamento dele era construir linhas físicas... Até tem, isso deve estar registrado no mapa que ficava exposto na diretoria na época em que eles sonhavam em ter linhas físicas de Uberlândia até São Paulo, fechando de São Paulo - Belo Horizonte, Belo Horizonte - Brasília. Eu diria que é um sonho, né? Mesmo porque paralelo a essa investida dele nas linhas físicas houve uma evolução tecnológica. O evento de equipamentos, de rádios mais... de maior capacidade, né? Então, o que aconteceu foi isso, mas de qualquer forma, eu diria o seguinte, que a evolução tecnológica da CTBC se deu alinhando o espírito empreendedor e sonhador do Seu Alexandrino com a perspicácia técnica do Doutor Luiz Alberto Garcia. Então, nessa época, por exemplo, como eu já disse, nós fizemos a primeira... Trabalhamos com o primeiro Carrier e daí para cá em um crescimento constante, né? Não só a nível de capacidade de equipamentos como a nível de qualidade também. E tem novas tecnologias, né?
P/1 - Certo. Quer dizer, esse momento coincide com um momento em que a empresa estava de fato ampliando a sua atuação.
R - Sim, sim. Na década de 70, eu acredito, eu não tenho dados oficiais, né, mas, por sentimento, foi uma década onde a CTBC praticamente se multiplicava a cada ano, né?
P/1 - Ao quê o senhor atribui essa compulsão ao pioneirismo, quer dizer, uma empresa que está aqui localizada no Brasil Central, sempre com a tecnologia mais avançada, botando equipamentos de ponta em operação, o que é isso?
R - Eu diria que isto, em função da própria... vamos dizer assim, nacionalidade do Seu Alexandrino Garcia... Porque o que acontece? Ele veio da Europa, ele trouxe uma visão de um outro mundo, um mundo conturbado, um mundo, vamos dizer, de revoluções, guerra, tudo. Isso deu a ele esse “know-how”, essa visão de crescimento. Então, quando ele veio para o Brasil, ele veio para ganhar a guerra. Ele não veio… Vamos dizer, ele tinha uma guerra pessoal, né? Quando ele veio para o Brasil exatamente ele botou em prática isso. Então, ele tinha a visão econômica do país e ele sabia que era naquela época, porque as telecomunicações eram bastantes deficientes, né, e sempre a gente notava, saltava os olhos dele quando nós fazíamos uma nova linha, como nós fazemos um novo circuito. Isso para ele era... Era uma vitória pessoal dele, né? Então, eu acho que nesse aspecto, por um lado o Doutor Luiz brigando por tecnologia, por outro lado o Seu Alexandrino com a visão econômica, né? A visão social do país.
P/1 - Certo. Ele sempre teve essa idéia de prestação de serviço público, né? Embora fosse uma empresa privada.
R - Sim, sim. Uma das coisas que o Seu Alexandrino sempre pregava, né? Era exatamente isso, que a especialidade dele era telecomunicações, na época a telefonia, né? Então ele sempre valorizou muito isso, que era uma coisa que não só ele, como a equipe da época se dedicava muito, né? Era uma coisa que a gente detinha na época o “know-how” mesmo, vamos dizer, a qualidade para fazer aquele trabalho.
P/1 - Quer dizer, esse momento... Esse momento é um momento em que os tempos de espera entre... Para...
R - Sim.
P/1 - As ligações completassem...
R - Sim, sim.
P/1 - Fossem diminuídas.
R - Eu posso dizer claramente o seguinte: por exemplo, nesse período a demora mínima para falar de Uberlândia à São Paulo era de seis horas, isso quando realizava, né? Porque os meios de comunicação daqui para São Paulo eram caros, né? E nesta época, com o invento da multiplexação, que seria os equipamentos de transmissão, o que acontece? Nós tínhamos doze canais daqui para Ribeirão Preto. Desses doze canais, nós tínhamos dois canais que eram ligados direto em Ribeirão Preto para Goiânia. Veja, então Goiânia tinha dois canais da CTBC passando por equipamentos da época da TeleGoiás que falavam direto de Goiânia para Ribeirão Preto e dali eles acessavam São Paulo. Então, era, vamos dizer, a via de escape das telecomunicações regionais, não é isto? E essa demora... Claro que quando nós implantamos esse tipo de equipamento, a demora, que era de seis horas, já não era mais de seis horas, né, já ia reduzindo gradativamente, até o evento de discagem direta, operadora, que era o DDD... O DDO, discagem direta operadora, né? E ODD, que era operadora discagem direta, né? Isso quer dizer o seguinte, eu tinha troncos daqui direto de Ribeirão Preto, onde a operadora entrava com as pegas, né, com o sistema ela discava direto de Ribeirão Preto para São Paulo. Então ela criou uma via de acesso rápido, né? E assim vice-versa. De Ribeirão também para Uberlândia e esse foi… vamos dizer, praticamente o início do DDD, né, hoje existente.
P/1 - O pré-DDD.
R - O pré-DDD, isto.
P/1 - É. Quer dizer, mesmo assim, ainda precisava da intermediação da telefonista...
R - Sim, sim. Em um sentido. De um lado ela acessava a operadora, acessava direto (____?) na Central e vice-versa. Do outro lado a operadora acessava a Central dessa estação de cá.
P/1 - O assinante ainda continuava falando com...
R - O assinante continuava solicitando, quer dizer, seria uma ligação... Uma ligação semi-automática se podemos assim dizer. Sempre com a intervenção da operadora, da telefonista.
P/1 - Em um período de tempo...
R - Menor, bem menor, né?
P/1 - O senhor poderia comparar, essas seis horas diminuíram para quanto?
R - Essa melhoria da qualidade de tempo, ela foi gradativa. Não tem como a gente colocar assim. Onde se aplicava as novas técnicas, o ganho de qualidade, o ganho de atendimento, era sem comparação.
P/1 - Quer dizer, esses equipamentos de multiplexação, o que eles concorriam para... Enfim, em cima de um mesmo canal multiplicar as possibilidades de...
R - Em cima de uma linha física, de um par de fios. Por exemplo, Uberlândia - Uberaba, no primeiro momento nós tínhamos um equipamento que ampliava um canal. No segundo momento, nós adquirimos, a CTBC adquiriu, um outro equipamento que já era uma tecnologia mais avançada um pouco na época, que nós multiplicávamos para quatro canais. Depois nós passamos para doze canais. Depois, daí nós já passamos a trabalhar com os rádios UHF [Ultra High Frequency], VHF [Very High Frequency] com capacidade maior, à partir de vinte e quatro canais.
P/1 - Aí já deixamos o estágio da linha física para trás.
R - Deixamos entre aspas, porque ela continua operando durante longo tempo ainda.
P/1 - Mesmo com os equipamentos de microondas...
R - Isso, isso porque não tinha sentido desativar uma estrutura dessa que tinha uma certa qualidade, né? E estava prestando um serviço, não tinha sentido.
P/1 - Está certo. E como é que se deu a passagem, enfim, a passagem definitiva?
R - Eu acho que o grande marco para a CTBC nessa mudança de tecnologia dos pares metálicos de linhas físicas para o, vamos chamar assim, de telecomunicações, foi a implantação da rota de Uberlândia a Patos com equipamento transistorizado, na época, de 10 Watts de potência, onde permitia-se uma multiplexação de vinte e quatro canais. Eu acho que o marco foi este, porque nós já tínhamos alguns equipamentos anteriores, mas normalmente de um canal só. E com a instalação dessa rota Uberlândia - Patos, nós já conseguimos transmitir vinte e quatro canais.
P/1 - Certo. Essa foi...
R - Esse é um marco, esse foi um marco.
P/1 - Isso foi noticiado inclusive nos Estados Unidos, como se fosse uma roda na selva brasileira.
R - Isso, isso, né? Que aliás, você até salientou bem, o próprio pessoal do fabricante, na época Stand Electric, eles tinham essa idéia. O pessoal até tinha uma certa resistência de vir para Uberlândia, porque eles achavam que era mais ou menos assim, né? Então, quando chegaram aqui, se surpreenderam. Já naquela época, com o progresso do Triângulo, já ficaram surpreendidos.
P/1 - Quer dizer, o que isso significou nas internas da CTBC? Quer dizer, um equipamento de ponta convivendo com telefones a magneto...
R - Isso, isso. Em alguns casos, até nós tínhamos algumas estações até o Estado de São Paulo, né, recém adquiridas pelo Grupo Algar, pela CTBC na época, que realmente tinha equipamentos magnéticos, que era o caso de Batatais, né? Isso é interessante, que era uma nova tecnologia que até chocou o próprio pessoal da antiga Novacap [Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil], hoje, depois, Embratel [Empresa Brasileira de Telecomunicações], né? Quando eles chegaram lá se surpreenderam com aquele equipamento tão pequeno, tão compacto, e de uma potência razoável que transistorizado a 10 Watts era uma potência razoável, né? Então, o próprio pessoal da Novacap, né? Ia sempre lá nos visitar para ter contato com essa nova tecnologia.
P/1 - Certo. Quer dizer, essa linha até Patos foi de fato um marco...
R - Um marco sim.
P/1 - Agora, isso aí, o senhor diria que é, digamos, o resultado da ousadia empreendedora do Seu Alexandrino com a ousadia técnica, a lógica, do Seu Luiz Garcia.
R - Isso, isso. Aliado, vamos dizer, à euforia de busca de novas tecnologias do Doutor Luiz Alberto.
P/1 - Certo.
R - Isso claramente ficou, né? Porque em algumas horas, até o Seu Alexandrino preferia botar as linhas físicas, que essa ele garantia que funcionava no tempo que ele previa, né? E como era uma nova tecnologia, a gente estava iniciando naquilo, então tinha algumas dificuldades.
P/1 - Certo, isso quando começou a operar. Isso significou que...
R - Era... Significou o seguinte, era uma rota que ela atendia uma região, né? E que de forma nenhuma ela poderia ficar parada. E, além disto, o equipamento não era duplicado, ou seja, um mais um, né? Então, o que acontece? Qualquer coisa que danificasse interrompia. Então, era praticamente assistência vinte e quatro horas. Por quê? Não só o Seu Alexandrino como o Seu Walter Garcia não aceitava de forma nenhuma aquela rota parada.
P/1 - E como é que se dava essa manutenção?
R - É um pouco trabalhosa, porque os recursos não eram tantos, né? A nível de instrumental, né, a nível até de acesso, porque as estradas não eram asfaltadas, nós tínhamos problemas de travessia de rios, de balsas, né? Então, essa realmente era uma dificuldade muito grande. No período chuvoso então, aliado ao problema das descargas atmosféricas mais o deslocamento... Então era meio complicado isso, era trabalhoso, né?
P/1 - Sei. Isso, quer dizer, isso criava muitos problemas do ponto de vista de interromper a operação durante muito tempo?
R - Ah sim. Criava, porque exatamente isso, a região de Patos de Minas, ela ficava exatamente isolada, porque não tinha comunicação.
P/1 - E eram frequentes esses problemas?
R - Em função da qualidade do sistema, que era um desenvolvimento, uma tecnologia nova que estava chegando, e a qualidade dos próprios componentes era... Eu diria que frequentes os problemas.
P/1 - Em algum momento, você não deu um arrependimento não? Você não falou: “Doutor, o Senhor Alexandrino é que tinha razão. Tinha que botar era a linha física.”
R - Eu tenho certeza absoluta que pelo Seu Alexandrino Garcia, ele arrependeu várias vezes, mas o Doutor Luiz sempre... Porque não adiantava, quer dizer, a linha física não estava atendendo mais às necessidades, né? Era uma coisa, o próprio nome já diz “físico”, que você tem certeza, você está vendo o que está fazendo e pode garantir isso porque estourou o fio, arrebentou o fio, você vai lá e emenda e está funcionando de novo. Por outro lado, até quando que nós iríamos ficar com aquela tecnologia? Não tinha como.
P/1 - Certo. Quer dizer, de todo modo esse marco foi se espalhando pelo resto da...
R - Ah sim, a partir daí a coisa começou a melhorar bastante, né?
P/1 - E o senhor acompanhou esse desenvolvimento?
R - Ah, acompanhei tudo, tudo, com certeza.
P/1 - Então me conta como é que foi esse desenvolvimento aplicado, mesmo as localidades servidas pela companhia.
R - Isso, porque aí o que acontece? Nós já tínhamos dado o chute inicial por exemplo, com a parte de transmissão via rádio em média capacidade. Isso nos permitiu, na época, trabalhar, por exemplo, outras localidades com outros fornecedores de rádio que tínhamos problema, por exemplo de construção de linha em função de terreno acidentado. Tudo, né? Com o evento do rádio, então já se tornou mais fácil atender esse tipo de localidade, caso específico por exemplo, de Vazante, caso de Paranaíba, no Mato Grosso, caso de Iturama. Aí, com o rádio dava essa facilidade. O que é? Você bota uma estação “A”, uma estação “B”, alinhou a antena e está funcionando. Quer dizer, apesar dos problemas citados no caso de Patos de Minas, nesse período também, as empresas, os fornecedores de equipamento, foram melhorando a tecnologia. Então, os problemas já não eram tão recorrentes, né? Vamos dizer assim.
P/1 - Quer dizer, daí para um DDD foi um...
R - É, aí o primeiro evento do ODD e o DDO já foi uma abertura. Depois daí com as próprias centrais também evoluindo, né? Aí, já o DDD foi um passo, né?
P/1 - Certo. Quer dizer, há uma diferença... Quando a gente fala de sistema de microondas, você está falando desse sistema que o senhor está...
R - É, veja, dentro da área de transmissão via rádio, você tem faixas de espectro [eletromagnético] utilizados, né? O que define o microondas é exatamente as frequências utilizadas. São todos comunicação via rádio, sendo que você tem as faixas de frequências em VHF, UHF e SHF [Super High Frequency], não é isso? Então, por costume, por ata, a gente sempre diz: “Microondas na faixa de SHF.” Super altas frequências.
P/1 - Ok, quer dizer, nesse momento fica mais fácil, portanto, aumentar o serviço oferecido?
R - O atendimento sim, com certeza. Fica mais fácil, né? E rápido. E olhando para o lado da qualidade não tinha comparação.
P/1 - Certo.
R - Porque a qualidade, né?
P/1 - O senhor que viajava muito, como é que... Como é que as pessoas nos lugares... Enfim, tinham acesso a tudo isso e qual era a reação delas?
R - Ééé... Eu diria o seguinte, existe uma relação muito próxima da CTBC com a comunidade. Então, quando você promovia uma melhoria no sistema desse, havia um engajamento da própria comunidade, da própria sociedade e isso era muito valorizado em termos de aquisição para a cidade, para o município, né? Então, existia um estreito relacionamento entre comunidade e CTBC. Isso era interessante. Então, a reação desse... do pessoal, era sempre de satisfação, né, de conquista, de ganho, né? Interessante que isso comovia até socialmente as pessoas, né? Isso eu observava. Nós tivemos caso, por exemplo, de instalar equipamentos em determinadas cidades, que o pessoal não sabia nem discar, não sabia utilizar o telefone, né? E isso acaba criando um... eu diria assim, uma elevação cultural com a comunidade.
P/1 - Certo. Como é que... como é que se dava mais concretamente essa, essa... Essa integração da companhia com as comunidades? Quer dizer, porque isso é uma característica dela, ela está muito...
R - Isso, isso. Tanto por parte da diretoria da época, no caso o Doutor Luiz e o Seu Walter Garcia, que não podemos deixar de lembrar, o próprio Seu Alexandrino, eles estavam permanentemente em contato com as forças, vamos chamar assim, as forças vivas da cidade, não é isto? Então, eram solicitações diretas a ele, atendimentos diretos. Então, a velocidade da coisa era melhor. Com o exemplo deles que tinha uma aproximação grande com as comunidades, logicamente os empregados da época também tinham o mesmo sentimento do bom atendimento, de não deixar o cliente reclamar, de atender da forma que fosse, mas atender o cliente. Esse sentimento então era muito forte na época.
P/1 - É curioso que esse sentimento foi... enriqueceu consultores nos anos 90. Isso já era praticado tempos atrás.
R - Isso, isso. Foi um retorno às origens, né? Porque a gente não vê como crescer qualquer negócio se não tiver empenho e não adianta você querer o empenho somente dos empregados. Você tem que se empenhar. É o exemplo, e esse exemplo nós sempre tivemos por parte do Doutor Luiz e Seu Alexandrino, sempre.
P/1 - Certo. Como é que o senhor... como é que o senhor acompanhou depois, enfim, desse primeiro salto tecnológico, os novos desdobramentos do negócio? Quer dizer, vai vender microondas vem a Embratel e a empresa continua privada. Como é que o senhor atribui essa resistência? Ao que o senhor atribui isso?
R - Eu diria que seria a questão de a empresa continuar privada e em função do pioneirismo, ela sempre correu para a frente, o relacionamento, tanto social como político do Seu Alexandrino, ele conseguiu sustentar isso, né? E conseguiu crescer inclusive, porque sem uma sustentação política não tinha como, né? Então, eu acho que isso se deve ao relacionamento deles politicamente e o pioneirismo, desta forma.
P/1 - Tem tempero de teimosia nisso aí, não tem?
R - É uma teimosia benéfica, né? Isso é uma teimosia benéfica.
P/1 - Porque... porque o jogo de forças era desigual?
R - Eu não diria tão desigual, porque eu diria que em função do arrojo de investimentos, do arrojo de crescimento da CTBC, eu acho que em hora nenhuma o Seu Alexandrino sentia menos do que os outros. Em algumas horas, eu acho até que ele era... Se julgava e era, às vezes, maior do que os outros.
P/1 - Certo.
R - Quando eu digo isso com relação aos grandes concorrentes, né?
P/1 - Certo, perfeito. Como é que, depois, continuou na empresa e sempre nessa área de transmissão e trabalhou por aí?
R - Exato. Nós tivemos... Vamos dizer assim, na área de transmissão sempre. Nós tivemos um período de manutenção que a gente corria nos atendimentos a defeitos, esse tipo de coisas. Depois, em uma segunda fase, isso em 1977, nós passamos por uma atividade mais interna, que seria a criação de um Centro de Reparos dentro da CTBC, porque até então as unidades eram mandadas para o fabricante. Por exemplo, unidade deu defeito, mandaria para um fabricante, o fabricante repararia e a gente devolvia.
P/1 - Sim.
R - Então, nesta época nós... Foi definido pela a gerência do Departamento de Transmissão que se iria implantar um Centro de Reparos, um laboratório, na época, porque isso iria minimizar o tempo de reparo, ou seja, aquelas unidades que não tinham possibilidade de serem reparadas aqui em Uberlândia, a gente mandava para o fabricante. Fora isso a gente reparava aqui. Então, nesse período eu passei a ser manutenção, mas porém interno, né? A gente já não estava na manutenção externa. Agora, a passagem por essas tecnologias eu acho que é uma coisa natural, é até imperceptível, porque a somatória de conhecimentos leva a isto. Quer dizer, a gente passa de uma tecnologia para outra utilizando os conhecimentos anteriores, não é isto? E agrega mais alguma coisa, porque eu diria, filosoficamente, as mudanças não são tantas. As leis, as físicas, são a mesma coisa, né? Então, é só uma tecnologia nova, né? Mas os conceitos (mágicos?)...
P/1 - Permanecem os mesmos?
R - Permanecem os mesmos.
P/1 - Quer dizer, muda tudo sobre uma mesma base.
R - Isso, isso.
P/1 - Está certo.
R - Uma base aprimorada.
P/1 - Ok. O senhor permaneceu na companhia até quando, Seu Antônio Carlos?
R - Eu fiquei no Grupo Algar, não é isto? Porque eu fui para a Engeset... Eu fiquei na Engeset até 1990, se não me falha a memória. Aí aposentei e hoje eu presto serviços para a CTBC, Engeset, Grupo Algar, de uma forma geral, como terceirizado.
R - Ah, perfeito. E chegou a se aposentar mesmo?
P/1 - Aposentei aos trinta e um anos de contribuição, né? Achei que era o momento de manter (____?), com as minha próprias forças, né? Então decidi aposentar em função disso.
P/1 - E montou um negócio voltado...
R - Uma microempresa voltada exclusivamente para telecomunicações.
P/1 - E qual é a atividade dela?
R - Ela presta serviço de instalação e manutenção em todas as tecnologias, ou seja, em rádio de baixa e alta capacidade, equipamentos multiplex, enfim, em toda a área nós atuamos.
P/1 - Certo. E o senhor presta serviço especificamente para a CTBC?
R - Sim, e especificamente para a CTBC, ou seja, contratação direta da CTBC, ou sub contratado CTBC, Engeset e a nossa empresa.
P/1 - Certo. Na verdade o senhor acabou inaugurando uma nova forma de relacionamento com a empresa que... Enfim, está...
R - Já era uma política da CTBC a terceirização... Tanto é que com a criação da Engeset o objetivo foi exatamente esse, terceirizar, apesar que uma empresa inter-grupo, não é isto? Mas ela já iniciou o processo de terceirização, né? E embarcando nessa política nós achamos por bem também montar uma microempresa.
P/1 - E a sua equipe é uma equipe grande ou pequena?
R - Não, não, na realidade nós trabalhamos com duas pessoas só. Isso em função de, eu diria até de ambição, que ele me paga, no meu caso, né? E em função de qualidade, porque se uma vez você faz, você garante a qualidade, né? Qualidade, relacionamento, tudo. Então nós optamos por não crescer, né? Não é o nosso objetivo por enquanto.
P/1 - Mas é o capital do conhecimento que está...
R - Ah sim, nós estamos usufruindo de toda a informação técnica adquirida no Grupo Algar, com certeza.
P/1 - Como é que o senhor enxerga o futuro desse grupo? Quer dizer, o senhor está de fora, embora esteja dentro...
R - Sim, sim.
P/1 - Mas o que o senhor vê, o que o horizonte desenha aí para a frente? O que o senhor está enxergando no caminho adiante?
R - É um de... Eu diria de muita luta, porque eu não sei se as armas utilizadas hoje, em termos de concorrência, se a CTBC está preparada, de uma forma geral, o grupo... Porque as concorrências internacionais, as multinacionais e esse pessoal, o poderio de fogo deles é grande. Então o que acontece? Se a CTBC, especificamente, continuar com aquela filosofia de correr à frente a nível de qualidade, a nível de atendimento e a nível até de tecnologia, se mantém. Mas isso vai depender de um engajamento da empresa, do pessoal, porque quem faz a empresa hoje são os empregados, não são mais os associados.
P/1 - O senhor acha que essa identificação tão próxima com a comunidade onde atua faz um diferencial importante nessa briga?
R - Faz, porque veja só um exemplo prático, se você tem uma reclamação a fazer da minha empresa, se eu tenho um meio de relacionamento com você, claro que essa reclamação vai ser amenizada. Se você tiver em situação antagônica na empresa isso vai ser quadrificado. Enfim, então esse é o problema da aproximação, é a comunidade ter segurança que essa empresa está atendendo ela bem, ela confiar nisso. Eu acho que o caminho é esse. Acredito que a CTBC tem buscado, né?
P/1 - Novamente, a velha... A velha...
R - Filosofia...
P/1 - Intenção do Seu Alexandrino de servir bem, né?
R - Interessante é o seguinte, naquele período as reclamações eram feitas, ou diretamente, na maioria, alguns casos ou na maioria talvez, quando não era para o Seu Alexandrino ou Doutor Luiz, era feita para a dona Ilce Fogarolli, que era a gerente do escritório, mas que ela cuidava de tudo também. O pessoal da CTBC, de uma forma geral, era polivalente, não tinha muitas restrições quanto ao trabalho, essa que era a vantagem. Ela reclamava, a pessoa chegava no escritório central na João Pinheiro, 620, ela já anotava no papelzinho e já ia no distribuidor geral e já providenciava. Quer dizer, eu acredito que com isso até diminuiu os controles, né? Que é a supervisão, não tinha isto, quer dizer, em alguns casos o Doutor Luiz, de onde estava já telefonava: “O telefone tal está parado. Eu quero que funcione.” E funcionava, tinha que funcionar. Se não ia embora, né? Então, nesse aspecto, eu acho que essa aproximação, hoje eu posso reclamar com uma máquina, o que é meio complicado, na minha opinião.
P/1 - Perfeito. Me diga uma coisa, Seu Antônio Carlos, para finalizar. Com toda essa história que o senhor tem na Companhia, se o senhor tivesse hoje conversando com uma pessoa que fosse entrar na CTBC hoje, o que você diria para ela? O que é que ela vai encontrar?
R - É, primeira coisa, hoje está um pouco... eu diria que escasso alguns exemplos de luta, né? Hoje, a pessoa que se forma, veja, a pessoa entra no mercado de trabalho com vinte e quatro, vinte e cinco anos de idade. E uma coisa que me marcou muito, uma vez conversando com o Seu Alexandrino, ele me falou: “Antônio Carlos, a pessoa que não aprende a trabalhar até os quatorze anos, não aprende nunca mais.” E interessante, eu observo isso, porque o que acontece, a pessoa com vinte e três, vinte e quatro anos, sempre estudando - nada contra os diplomas, não é isto - ele não sabe quanto custa, ele não sabe quanto custa a caixa de fósforos, o sapato, o que ele compra, porque é o pai que mantêm. Eu posso falar isso de cadeira, né? Então, o que acontece? Quando ele vai para o mercado de trabalho, está faltando o quê? Ele vai com objetivos definidos, com objetivos de ganho, objetivos sociais, técnicos, tudo, né? Mas ele precisa de um (in pool?), ele precisa de alguma coisa, eu diria que por (____?). O caminho é esse. Então, eu diria, qualidade de equipamentos hoje, sem comparação. Hoje é muito mais fácil trabalhar nas empresas, estão bem mais estruturadas, não é isto? Mas acho que falta para essas pessoas, eu diria que matrizes emocionais. O que acontece? Ele saber que realmente não basta ele ter o conhecimento, ele tem que ter o conhecimento, sonhar um pouco, né? É muito bom e executar. E ele chega hoje, ele tem uma visão em uma empresa estruturada, organizada, mas por outro lado, é uma empresa que depende de faturamento, então ele tem que contribuir para isso, se não o salário dele está comprometido no final do mês. Então, eu acho que é isso, a visão, o primeiro contato é muito bom, agora, precisa ver como é que vai ser a transpiração dele ao longo do tempo.
P/1 - Perfeito. Ok, eu acho que está ok. Muito obrigado, foi muito bom.
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