P – Você poderia dizer o seu nome completo, local e data de nascimento? R - Meu nome é Wanderlei Lourenço de Araújo. A data de nascimento é 10/8/1967. Eu nasci em uma cidade que fica na Zona da Mata de Minas Gerais. Chamada Santa Rita de Minas. P – E ela fica perto de que cidade? ...Continuar leitura
P – Você poderia dizer o seu nome completo, local e data de nascimento? R - Meu nome é Wanderlei Lourenço de Araújo. A data de nascimento é 10/8/1967. Eu nasci em uma cidade que fica na Zona da Mata de Minas Gerais. Chamada Santa Rita de Minas.
P – E ela fica perto de que cidade?
R - Fica as margens da BR-116. Uma cidade chamada Caratinga. Uma cidade bem antiga. A referência é Caratinga. Fica a 200 quilômetros aproximadamente de Belo Horizonte. Capital.
P – E você mora hoje em Ipatinga? R - Eu moro em uma cidade vizinha de Ipatinga que é Coronel Fabriciano. Que pertence também ao Vale do Aço.
P – E como é que você entrou no Aché?
R - Olha, um padrinho de casamento era do Aché, hoje ele é funcionário da Novartis. Ele sempre falava: “Laboratório farmacêutico, laboratório farmacêutico.” Trabalhava nesse período na Puc-MG. Campus de Coronel Fabriciano. E sempre ele falava que um dia queria entrar em um laboratório. Ele entrou no laboratório. Depois que ele entrou no laboratório ele falou assim: “Olha, eu vou te levar para trabalhar junto com a gente.”Eu falei assim: “Ah, beleza. Tendo uma oportunidade você me indica que com certeza eu não vou deixar a oportunidade passar.” E foi assim que aconteceu. Ele entrou, ficou o quê? Um ano. Apareceu a duplicação de linhas do Aché e ele me indicou. E o processo correu normalmente. Eu concorri com 40 pessoas. E felizmente eu fui selecionado e até hoje estou aí, trabalhando.
P – Nessa época você fazia faculdade? R - Fazia faculdade.
P – Era Engenharia Elétrica? R - Isso.
P – Você continuou o curso? R - Não na época que eu entrei no Aché foi minha última matrícula. Eu entrei em fevereiro, inclusive e tinha matrícula nesse período. Estava em aberto. Só que eu não tinha começado a estudar ainda. O que eu fiz? Eu tive que cancelar minha matrícula e entrar no Aché. Porque nesse período o Aché não permitia ninguém estudar. Você viajava muito como hoje a gente viaja muito ainda. Mas é muito menor os deslocamentos. O tempo que você fica fora de casa hoje é bem menor. E nesse período a gente viajava 4 semanas, 3 semanas, quase 4 semanas direto. No mês. Então você perdia todas as aulas, não tinha como. Ou você se dedicava ao trabalho ou você ficava para estudar. A minha opção era o trabalho claro, e tinha que me dedicar à empresa completamente.
P – Por que se viajava tanto?
R - Porque os setores que a gente trabalha no interior, a cidade por exemplo, que eu trabalho é pequena. Hoje a gente fica mais tempo na sede, faz sistema de revisitas. Mas antes você trabalhava lá uma semana era o suficiente para você visitar todos os médicos. Aí você ia visitar as cidades próximas. Você ia e ficava uma semana naquele setor. Ia e ficava mais uma semana naquele outro setor, naquele ramal. E outra semana. Até quatro semanas. Aí tinha uma reunião e voltava novamente aquele ciclo. Por isso que a gente tinha que viajar. Ficava fora de casa. Você tinha que ficar lá durante a semana toda, porque era fora da sede onde eu trabalhava.
P – E você sempre fez essa região que faz hoje? R - Não eu já trabalhei em outros setores. Ipatinga hoje é a minha sede. Mas já foi Coronel Fabriciano. E eu trabalhava em outros ramais, outros setores. Outras cidades. A partir desse ano houve mudanças. Então eu já fui para outras cidades. Sempre o Aché faz essa mudança. A gente não fica fixo somente naquela cidade trabalhando não. Sempre a gente muda.
P – E é diferente cada vez que você muda de local? É diferente o trabalho? R - Olha eu considero, hoje que não tem cidade diferente. São todas iguais. não importa se eu estou em Ipatinga, Fabriciano, Caratinga ou Manhu-açú que são cidades próximas lá, para mim não tem diferença. Para mim tudo é comum. É normal. Eu não sinto essa diferença. “Nossa, a cidade é gostosa. Aqui é uma delícia.” Não. Tanto faz aqui para mim, ou na outra. A gente acostuma muito com isso aí. Hotéis, acostuma muito com hotel. A gente está em um hotel, está no outro. Já aconteceu muitas vezes eu dormir, acordar,
parar um pouquinho e pensar: “Gente, onde que eu estou? Qual hotel que eu estou dormindo? Eu estou em casa ou estou viajando?” Não, eu estou no hotel da cidade tal, no hotel x.”
P – E o relacionamento com os médicos não muda? R - Não, são diferentes. São diferentes. Quanto mais for pequena a cidade mais o médico te trata melhor, entendeu? Você recebe, você ser sente mais a vontade. Você chega em uma cidade pequenininha que só o Aché geralmente vai, a gente chega lá o médico: “Não, você vai almoçar comigo hoje e tal. Você vai lá para casa.” Você chega na casa dele tem que almoçar. E ali na hora do almoço está contando caso e tal. É diferente. Em uma cidade grande isso não acontece. Ipatinga que é minha sede, não acontece. As cidadezinhas bem menores, pequenas mesmo, cidades de cinco mil habitantes isso acontece muito. É diferente.
P – E só o Aché tem a preocupação de ir nessas cidades pequenas?
R - Olha, hoje não. A filosofia desde quando eu entrei na empresa foi procurar dar prioridade não é só às cidades grandes os grandes centros. Mas sim também àqueles médicos que atendem as pequenas cidades que também vão dar retorno para o Aché. Porque cinco mil habitantes, tem três médicos. Em uma cidade de 15 mil habitantes tem nove médicos. Então a proporção é a mesma coisa. Uma cidade que por exemplo tenha mil habitantes com um médico, se aquele médico prescrever para você um produto excelente. E essas grandes multinacionais eles não dão valor para esse tipo de coisa que acontece, entendeu? Então o Aché sempre ocupou em atuar não só nas grandes cidades, nos grandes centros mas também nas pequenas cidades também.
P – Eu gostaria de saber como é contabilizado que o seu trabalho foi feito na cidade? R - Você quer saber como é feita a medição do trabalho que eu fiz? Se está tendo retorno?
P – Isso. R - Há uns 2 anos aproximadamente as distribuidoras passavam para a gente o que era vendido para as farmácias. Então a distribuidora mandava para a gente um relatório falando: “Eu vendi naquela farmácia, naquela cidade tantos produtos.” Por exemplo: tantos Aldomet, tantos Moduretic, tantos Notuss. Era medido assim. Só que hoje isso não está acontecendo. A gente não tem essa informação hoje. Eu estou trabalhando em uma cidade,
vamos citar: Ipatinga. O que me leva a saber se eu estou vendendo, se o meu trabalho está tendo resultado é a pesquisa que diretamente eu faço dentro da farmácia. Conversando com o balconista, conversando com os compradores. Às vezes pegando uma via da nota fiscal dele e olho. “Ah, você comprou esse produto meu, meu, meu.” Se comprou é porque está girando. Entendeu? Ou está girando porque o médico fez a prescrição através de receita ou o paciente comprou produto espontaneamente. Nos casos de anti-hipertensivos o paciente já compra, ele já vem tomando aquela medicação há muito tempo, nem vai no médico. Ele vai
e compra. Mas um produto mais específico, um antitussígeno, um antiinflamatório, um antibiótico, aí não. Já é mais a prescrição de médico. A gente observa muito isso. Se é receita, se é procura espontânea. Outra maneira porque hoje trabalha com uma margem de tempo assim maior, com mais facilidade do que antes. Eu tenho condições de entrar dentro de uma farmácia e ficar lá meia hora observando o que está acontecendo. Se está chegando uma receita, se está saindo um produto meu. Tenho condição de saber qual o médico está prescrevendo, entendeu? Fora disso é no escuro mesmo. Então o que mede, a base que eu tenho para saber se eu estou vendendo hoje é essa. Mas no futuro bem próximo o Aché está liberando, lançando um novo sistema que vai ter como medir completamente, quase 100 por cento esse tipo de informação para a gente.
P – Você sabe se os outros laboratórios também trabalham assim? R - É hoje o Vale do Aço tem aproximadamente uns 200, 500 mil habitantes aproximadamente. Então tem vários laboratórios, grandes laboratórios ficam de olho lá. Então a concorrência é brava. E para medir a venda eu não sei se eles têm essa informação através de relatórios: “Ó, naquela cidade lá está vendendo produto x está baixo. Tem que aumentar a venda.” Eu não sei se eles têm essa forma. Se é dessa forma. Mas nas cidades menores eles não têm esse meio de aferir essa venda não. Agora nas cidades maiores eles têm sim.
P – E você se encontra com outros representantes? R - Normalmente. Isso é toda hora trombando com um na rua. Toda hora. Não só na rua. Dentro dos consultórios. Hospitais.
P – E tem alguns lugares que vocês se encontram? Faz parte do roteiro algum lugar que vocês almoçam ou tomam um cafezinho?
R - Geralmente cidades maiores onde tem mais concentração. Onde é mais visitado por representante, por laboratórios sempre tem um restaurante que é o melhor da cidade. Por volta aí de meio-dia, meio-dia e quinze, meio-dia e meia, então você pode ir lá que tem um representantes almoçando ali. E os hotéis também. a gente procura ficar nos hotéis melhores. A gente procura ficar no hotel que aproxima do que você tem na sua casa. Então é um local onde a gente encontra mais: no restaurante e no hotel.
P – E vocês têm pontos de encontros, reuniões com gerente regional ou não?
R - Olha, nós temos um ponto de encontro de manhã e a tarde. O Aché. As outras empresas também tem mas eu não sei como que funciona. O Aché varia de 7 e meia até 8 horas. Você pode chegar no seu ponto de encontro. Se você tem um médico, eu por exemplo, eu tenho um médico que atende 7 horas da manhã. Eu chego visito ele 7 horas da manhã. Depois saio do médico, passo no ponto de encontro. Pode ser 15 para as 8. 7 e meia. Paro um pouquinho ali. E dali se não tiver nenhum GR, nenhum GD para trabalhar com a gente você sai para fazer seu trabalho normal. E a tarde a mesma coisa. É 13:30. Geralmente...
P – E esse ponto de encontro serve para quê? R - Esse ponto de encontro é o local de onde você parte para o seu trabalho. É como se você tivesse que bater cartão, mas não tem cartão. É o local que se o meu GD for trabalhar comigo ele pode ir lá que eu vou estar ali esperando por ele. Sem que se precise usar um telefone celular, entendeu? Então sai para o seu roteiro de trabalho normal. hospitais, clínicas, consultórios, postos de saúde. Então é de 7:30 até 8 horas e 13:30. Geralmente é em uma farmácia. Porque a gente aproveita esse momento do ponto de encontro para ir na farmácia e já procura saber o que está acontecendo.
P - E o GD sai para trabalhar com vocês por quê? Vai verificar como é que está o seu trabalho? Qual a função do GD sair com você? R - Olha, geralmente essa função do GD sair com representante é um suporte que ele vai dar para aquele representante. Não é chegar ali para fiscalizar se você está fazendo certo, se você está fazendo errado. Eu considero assim: que ele está como se fosse um suporte. E ajuda muito. Você às vezes tem muita dúvida que acontece ali no dia-a-dia e às vezes deixa de resolver determinado problema porque ele não está perto. Uma questão que o médico faz, uma abordagem e às vezes eu não estou sabendo responder na hora. Então a gente está sempre perguntando para alguém. E ele ali não. Ele está como suporte ajudando a gente a resolver os problemas do dia-a-dia. Trazendo informações não só das filiais mas como também da matriz em São Paulo. Trazendo novidades. Trazendo novas informações com relação ao produto. Promoções. E sempre auxiliando a gente ali.
P – E tem algum produto que foi marcante ou que você se identifica? R - Que eu gosto de propagar?
P – É. R - Olha tem um produto que eu trabalho desde quando entrei no Aché, que tem 7 anos, que é o Aldomet. Então esse produto é muito difícil de trabalhar. É um produto antigo. Que a gente até brinca com o médico que é um produto antigo mas não está ultrapassado. Mas surgiram novas classes terapêuticas dentro dos anti-hipertensivos e esse produto ficou um pouquinho de lado. Foram surgindo novos produtos e os médicos foram dividindo, procurando novas alternativas para tratar hipertensão arterial. Então o que aconteceu com o Aldomet? Ficou um pouquinho esquecido pela classe médica. É um produto de batalha, que você chega assim; “Não, eu não vou deixar a peteca cair. Eu quero manter esse produto vendendo. Sendo prescrito pelo médico.” É uma questão de honra, vamos dizer assim.
P – E você sempre faz propostas novas? Tem que estar inventando? R - Tem que estar sempre com novas metas. Com campanhas promocionais. Trabalhamos sempre o produto para ele não cair no esquecimento. Porque é um produto muito importante para o grupo Aché.
P – E você tem algumas histórias para contar que aconteceram com médico? R - Ah, tem. Todo mundo tem história. Isso acontece muito. A primeira propaganda como que foi. Ih, isso acontece muita coisa.
P – Você não quer contar alguma para a gente? R - Posso claro. Posso contar sim. A minha primeira propaganda. Acho que todo representante não esquece. A primeira propaganda a gente lembra do médico, do nome do médico, do local, quem estava lançando, o dia que foi. A gente lembra tudo. Foi na cidade de Itabira que ele me lançou no campo, ele não é funcionário mais do grupo Aché. Mas é uma pessoa espetacular. Entrei fiz a propaganda para o médico naquele medo terrível. Morrendo de medo. A mão fica tremendo aquele negócio todo. Se preocupa em falar as coisas vem aquele branco. Você fica parado ali daqui um pouco surge uma palavrinha você fala. Vai engasgando, aquele negócio todo. No final eu consegui fazer a propaganda, a minha primeira propaganda para o doutor Flávio. Lá em Itabira. Eu fechei minha pasta normalmente, quando eu estava saindo meu pé enroscou todo de baixo da cadeira e saí arrastando tudo. A cadeira com fio de telefone. Joguei tudo, aquela coisa, aquela confusão. (riso) Isso aí eu não esqueço. Isso foi demais, foi marcante. Essa foi demais.
P – Você passou a olhar sempre quando levanta?
R - Não, toda vez. Esse aí foi um barato. Esse foi legal.
P – E você chegou a ter viatura compartilhada com alguém da sua região? R - Já. Já. Foi uma experiência que eu tive muito negativa. Não quero comentar.
P – Sim. claro. R - A experiência foi negativa. Eu acho que o Aché errou muito em adotar esse sistema de viatura comunitária. Era eu mais uma pessoa que viajava dentro de um mesmo veículo. Assim, a gente vê com a experiência. Pô, eu moro com a minha mulher, durmo com ela na mesma cama. É do sexo oposto. Eu tenho problema com ela. Eu não vou ter problema com um homem viajando do meu lado 24 horas praticamente a semana toda? Então foi uma experiência muito negativa que eu tive. Eu não gostaria jamais de voltar àquele tempo.
P – Não há solidão em ficar a semana interia fora, sem ver a família? R - Não, tem os momentos sim de solidão. De saudade de casa, da esposa, dos filhos. Isso aí bate sempre. A gente está longe de casa, igual eu estou aqui meu filho lá com amigdalite, com febre, doente. Então machuca às vezes. Dá saudade de casa sim.
P – O que te agrada trabalhar no Aché?
R - O que me agrada no Aché?
P – É em ser propagandista do Aché? R - Olha, eu nunca pensei um dia que ia ser propagandista de uma indústria farmacêutica. No entanto quando a gente entra assim morrendo de medo. Pensa que é um bicho de sete cabeça. Eu não me lembro de ver algum propagandista na rua trabalhando antes de entrar no Aché. No entanto quando você entra encontra os montes toda hora. Mas eu saí de uma área, eu era tesoureiro da Puc Minas Gerais, em Coronel Fabriciano. Então tinha muito contato com pessoas. Muita. Tesoureiro da parte acadêmica. Tinha muito contato. O contato que tinha lá não era aquele contato que tem hoje com pessoas que tem aqui dentro do Aché. Então um contato com pessoas meio diferente. Mas aí depois que entrei no Aché você começa a conhecer mais as pessoas. Começa a viajar. Começa a enfrentar situações que antes talvez eu não saberia sair dessas situações, né? O Aché, a filosofia do Aché eu acho que é totalmente diferente de outras empresas que tem nesse mercado de indústria farmacêutica. O pessoal é mais amigo. Te acolhe assim com mais calor. Sei lá. o clima. A união que tem aqui dentro é uma coisa assim muito boa. Gostosa mesmo. Então adoro trabalhar, adoro fazer o que faço. Quero fazer muito mais. Acho que eu faço pouco pelo que eu, né, entendeu? Eu estou sempre buscando fazer uma coisa a mais, fazer uma coisa diferente. Eu quero ser muito mais do que sou hoje.
P – Você quer contar mais alguma coisa para a gente?
R - Olha, tem uma história que eu sempre conto e quase ninguém acredita, né? Depois que saí de trabalhar na viatura comunitária eu peguei um outro veículo para trabalhar. Mas já era um veículo que a empresa passava para a gente. Um Palio bonitinho. Foi um dos primeiros Pálios que a empresa passou para funcionário. Eu peguei esse carro, estava indo de Barão de Cocais para Itabira. Isso já era de tardezinha, estava anoitecendo, aquela penumbra. Aí em uma reta muito grande a gente costumava andar pra caramba. Hoje não tem isso mais, acabou. A gente trabalha muito tranqüilo. E estava em uma velocidade aí bem elevada e um cachorro entra na minha frente na estrada, não teve nem tempo de beliscar no freio do carro que não tinha jeito, né? Aí foi fatal. Foi uma cacetada daquela assim do meu carro ficar parado no local mesmo. Estourou a frente do carro. Ali já vazou água do radiador, a ventoinha já estourou toda. E pelo acostamento estava indo um Fiorino. Daqueles antigo, né? Bem devagarzinho. Esse cachorro na pancada que eu dei nele ele subiu e caiu justamente dentro do danado do carro. E o cara foi embora. Igual a um bobão lá embora. E eu fiquei perdido lá, branco de susto. Estava morrendo de susto na hora. Meu carro estragado todo arrebentado e o homem foi embora com o cachorro. (riso) Aí tinha que fazer o boletim de ocorrência, tinha que chamar a Polícia Rodoviária Federal. Ali é estrada Federal, eu estava há uns quase 100 quilômetros de BH. Tive que esperar a polícia vim de Belo Horizonte. Aquele negócio todo. Eu ali. E agora? O que é que eu vou falar com o policial? O meu carro estragado preciso de outro carro, aquele negócio todo. Aí eu chamei o policial. O policial chegou. Chegaram dois. Aí eles começaram fazer a...
P – O BO, o Boletim de Ocorrências?
R - Indagando para saber, fazendo as perguntas para saber o que é que ia escrever depois. O que é que ia colocar no BO. Eu falei: “Seu moço, olha, eu vou te contar uma história aqui e tal. Eu sei que você não vai acreditar. O meu carro está todo estragado você está vendo aí. Mas eu não tenho como falar para o senhor. Te mostrar em que é que eu bati. Que eu bati, quer dizer, meu carro.” Ele falou: “Ah, começa a contar a sua história que nós vamos quer o que vamos fazer aqui.” Aí eu comecei a contar a história para ele. Que estava vindo na velocidade normal, que bati em um cachorro. O cachorro era quase de um metro. Era igual um bezerro, o cachorro para você ter uma idéia. Cachorro grande para caramba. E o cachorro tinha caído dentro da pick-up Fiorino, que tinha levado o cachorro embora. Aí eles não acreditaram na história. E começaram a fazer pergunta que eu tinha tirado eles lá de Belo Horizonte para vim trabalhar aqui em uma cidade distante para escutar uma história dessa que não tinha nada a ver, né? “Ô seu moço, o senhor vai ter que acreditar em mim. Olha, tem que fazer Boletim de Ocorrência. Eu tenho que prestar contas em que é que eu bati com o carro. Agora o senhor vai ter que relatar do seu jeito aí. Coloca aí que a vítima,
vítima fatal é claro, saiu... evadiu-se do local. Inventa qualquer coisa.” Aí eles pensaram que eu estava com gozação para cima deles. Chegaram a me colocar em pé na parede lá de mão para trás. E verificar se eu estava bêbado. Aquele negócio todo. E custei a convencer que era verdade. Isso já era tarde, era umas 10 horas. Aí o médico que eu tinha que visitar na outra cidade tinha ido dormir. Eu já estava era com sono. Eu perdi a graça já de trabalhar. (risos). Essa história foi terrível.
P – A vítima evadiu-se? (riso) Morta, evadiu-se do local? Foi legal... O que você achou de ter contado a sua história?
R - Ah, é gostoso. Porque sempre as pessoas falam: “Wanderlei e a história do cachorro? Conta para a gente.” Estão sempre pedindo para a gente contar, né? Quando junta assim na festinha, igual está aqui todo mundo reunido. Dizem: “Conta a história do cachorro.’ Cada um tem uma história diferente. Aí eles falam: “Olha, o Wanderlei vai contar a história do cachorro.” E sempre, você pode ter certeza, sempre acontece alguma história com representante. Foi no início do ano na primeira reunião desse ano foi no Hotel Tauá. Você conhece o Hotel Tauá perto de Belo Horizonte? Lá é um hotel muito bom. Hotel fazenda. E tem uma infra-estrutura violenta. Muito bom mesmo. E toda reunião nossa agora vem pessoas do marketing
de São Paulo. Gerente de produtos que vem dar suporte para a gente, para esclarecer assuntos que estejam ligado diretamente aos nossos produtos. E nessa reunião que foi dia primeiro do ano, estava um gerente de produto que chama Fernando Espósito e o outro Bira. Ubirajara gerente de treinamento. Aí sô naquela euforia toda foi em um domingo a noite. Todo mundo quer chegar e encontrar os colegas. Ir batendo no apartamento de um, batendo no apartamento do outro. Aí eu perguntei para um colega assim: “Olha, onde está o Paulo mais o Cláudio?” Que são colegas lá do Vale do Aço. Ele falou assim: “Ó, está no apartamento, acho que é 304 se não me engano. O número acho que é 304.” E eu cheguei, fui depressa para ver o pessoal lá, cheguei, peguei na porta. Lá tem aquelas ferraduras da porta e comecei a bater, né? E mais depressa eu peguei a ferradura e bati: “Abre a porta seu safado. Abre a porta. Abre a porta travesti.” Gritando. E enchendo saco, fazendo a maior bagunça. “Vocês estão fazendo uma suruba aí.” Aquele negócio todo dentro do apartamento. Batendo com força. Batendo na porta. Pensando que era o Paulo e o Cláudio que estavam lá dentro. Aí quando começa a abrir a porta, já
fui entrando igual um louco lá para dentro. A hora que chego lá dentro não tinha nada a ver as pessoas que eu pensava que eram. Dei de cara com o Bira que é o gerente de treinamento. Disse: “Bira, puta merda, onde que eu entrei.” Ele sem saber o que estava acontecendo. Aquela confusão danada. Não sabia aonde que enfiava a cara. Eu disse: “Eu estou ferrado agora. Está tudo complicado.” A hora que eu vou saindo assim: “Você me desculpa e tal” aquele negócio todo. A hora que eu olho assim, na hora que eu entrei assim naquela velocidade eu já tinha esmagado o Fernando. (riso). Que a porta abria assim na parede. Eu já tinha apertado o Fernando na porta. A hora que eu olho assim o Fernando também lá. passando a mão no nariz assim. (riso).Já o Fernando: “Ó, você me desculpa eu pensei que era o apartamento de um colega meu. Bati em porta errada.” Ele: “Ah, não esquenta a cabeça não que esse negócio acontece.” Aí foi o resto da semana eu fiquei apreensivo. Eu pensei: “Pô, esse cara vai me sacanear. Esse negócio vai dar bode.” Aquele negócio todo.
Aí ele só olhava para mim. O Bira não. O Bira ficou sério lá no canto. Não comentou nada. Que era o treinamento. Mas o Fernando de vez em quando olhava para mim fazia assim. Aí foi o resto da semana. Mas não deu nada não. São tudo gente boa. Tanto o Fernando, que é um excelente profissional da área de gerente de produto, tanto o Bira que é do treinamento são pessoas maravilhosas.
P – Então está bom. Agradecemos o seu depoimento. R - Está jóia. Eu é que agradeço.Recolher