Aí quando disse assim: "Ah, o papa vem aqui pro Brasil. Vem visitar os Alagados." Foi quando eu comecei a conhecer os Alagados. Que quando eu vinha, que eu tinha uma amiga que morava ai, eu via aquela porção de palafitas, aquelas tauba, aqueles paus tudo fincado, áááágua... Isso aqui tudo! Eu digo: “- Ave Maria! Como é meu Deus que esse povo pode morar ali?” Oh?! Não sabendo que eu tinha que vir morar aqui. Mas, não falei com orgulho, Ele sabe, eu achava é difícil aquela morada! Então nesse vai e vem, ficou "- Não, o papa vai passar, vai passar o Papa. Vem no carro móvel. Ele vai passar ali na esquina!” Eu ainda tava morando na Araújo Bucão, aí eu já vim pra esquina para ver o Papa passar. O Papa passava.. e não sabendo eu, que eu vinha morar aqui embaixo. Aí ficou lá um pouquinho, foi no mês de julho justamente. No mês de setembro o pai de minhas filhas morreu. E, no mês de novembro, foi novembro meu Deus? Sei lá… Foi dezembro, por aí. Foi quando eu tive ação de despejo por falta do pagamento. Eu saí doida, chorava, chorando, aí me arranjaram oooutro advogado, que aquele fez aquela sujeira. "- Ah vamos arranjar outro advogado para resolver isso." Oficial de Justiça na porta. Pedia a casa e eu não entregava a casa. Pedia a casa e eu não entregava a casa. Eu digo: “- Oh meu Deus, eu vou morar debaixo de um pé de pau, mas não fico mais em casa de aluguel!” Aí foi que uma amiga minha, uma amiga-irmã, mãe, que amiga… boa! Ela saiu com o carro do marido pra procurar um lugar onde eu comprar uma casa (...) Só dava pra comprar lá na maré. Precisava de trabalhar. Aí minha amiga foi sem me dizer, procurar um dinheiro emprestado pra inteirar. Porque ela sabia que eu pagava. Porque ela sabia que eu quando tomava dinheiro do banco, ela também cansou de tirar pra mim. Aí vim comprei isso aqui. Aqui era a metade água, era um barraco; aqui era um barraco. (...) Era um barraco todo...
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Aí quando disse assim: "Ah, o papa vem aqui pro Brasil. Vem visitar os Alagados." Foi quando eu comecei a conhecer os Alagados. Que quando eu vinha, que eu tinha uma amiga que morava ai, eu via aquela porção de palafitas, aquelas tauba, aqueles paus tudo fincado, áááágua... Isso aqui tudo! Eu digo: “- Ave Maria! Como é meu Deus que esse povo pode morar ali?” Oh?! Não sabendo que eu tinha que vir morar aqui. Mas, não falei com orgulho, Ele sabe, eu achava é difícil aquela morada! Então nesse vai e vem, ficou "- Não, o papa vai passar, vai passar o Papa. Vem no carro móvel. Ele vai passar ali na esquina!” Eu ainda tava morando na Araújo Bucão, aí eu já vim pra esquina para ver o Papa passar. O Papa passava.. e não sabendo eu, que eu vinha morar aqui embaixo. Aí ficou lá um pouquinho, foi no mês de julho justamente. No mês de setembro o pai de minhas filhas morreu. E, no mês de novembro, foi novembro meu Deus? Sei lá… Foi dezembro, por aí. Foi quando eu tive ação de despejo por falta do pagamento. Eu saí doida, chorava, chorando, aí me arranjaram oooutro advogado, que aquele fez aquela sujeira. "- Ah vamos arranjar outro advogado para resolver isso." Oficial de Justiça na porta. Pedia a casa e eu não entregava a casa. Pedia a casa e eu não entregava a casa. Eu digo: “- Oh meu Deus, eu vou morar debaixo de um pé de pau, mas não fico mais em casa de aluguel!” Aí foi que uma amiga minha, uma amiga-irmã, mãe, que amiga… boa! Ela saiu com o carro do marido pra procurar um lugar onde eu comprar uma casa (...) Só dava pra comprar lá na maré. Precisava de trabalhar. Aí minha amiga foi sem me dizer, procurar um dinheiro emprestado pra inteirar. Porque ela sabia que eu pagava. Porque ela sabia que eu quando tomava dinheiro do banco, ela também cansou de tirar pra mim. Aí vim comprei isso aqui. Aqui era a metade água, era um barraco; aqui era um barraco. (...) Era um barraco todo acabado. Acabou de aterrar. Aterrou tudo."- E agora tem que fazer o quê?" Para poder dar tempo de entregar a casa de lá, que já tava passando do tempo do despejo. Mas eu sempre fui amiga, sempre procurei união. A serraria Água de Meninos quando começou, aí eles subiam até lá... Aí eles trabalhava até tarde, fazia aquela merenda pra aqueles homem, era aquela panelona de leite ... tudo era servido lá em casa. A dona da serraria ia lá pra casa, mandava a gente fazer as comidas, comida baiana que ela gostava, que aqui vivia comigo Maria José… era quem preparava tudo, elas comiam. Ficava naquela amizade (...) Quando ela soube do despejo, aí mandou dois caminhões de tábua, sem eu pedir. Pra poder fazer a casa rápido. Aí fez tudo aqui de tábua. Aí fez esse caminho. Aí o resto do dinheiro, porque tinha o dinheiro das meninas, que ficou, eu aí comecei a comprar ferro, pra fazer a fundação da casa. Eu já tava aqui, trabalhando. Eu vendia de tudo aqui. Eu comprava frutas, eu vendia até pacote de bolacha. Fiz amizade com a fábrica Pipi e pagava de três em três meses. Era pacote de bolacha, era… como é, caixa de whisky. Vendia cerveja, tudo, tudo, tudo, tudo eu vendia. O que é que não vendia aqui? E aqui por aqui quase ninguém vendia nada dessas coisas. Aí comecei. Eu fui trabalhei, fui comprando os ferros. Pedras, mandando os menino que eu criava ia pegar pedra, botava aí pra fazer a fundação da casa. Aí comecei a fazer a fundação da casa. Olhe como Jesus manda! Isso foi passado mesmo, sem falar o outro, não é Jesus, o outro lado da vida difícil (risos). O vizinho do outro lado disse assim: "- Dona Carminha, quando é que a senhora vai começar a fazer a sua casa? Já tem um bocado, já tem suas ferragens". Que eu ia trazendo e ia guardando, trazendo e guardando lá no fundo. Aí eu disse a ele: “- Seu Moura, Deus lhe dê o descanso eterno, eu ainda não tenho o dinheiro para pagar o pedreiro pra fazer. Eu ainda não tenho o dinheiro”. E para que? "- Mas a senhora não quer que eu construa a sua casa não?" E eu digo: "- Mas eu ainda não tenho dinheiro ainda, seu Moura”. Ele disse: "- Mas eu não compro aqui em sua casa, eu não pago por mês?" Que todo mundo, eu tinha uma cadernetinha e, pagava por mês, porque as meninas recebia e com o dinheiro que as menina recebia, e com o que eu ia trabalhando ainda dava pra esperar por mês de quem comprasse. E ele disse:" - Mas eu compro tanta coisa aqui na mão da senhora?! Era saco de farinha, era de tudo. Eu vendia aqui era arroz, farinha, feijão, o que é que eu não vendia... Ai ele: “- Eu não compro aqui na mão da senhora e pago por mês? A senhora faz um acerto e toda semana a senhora me dá “x” ou me dê o preço, tal...E... se a senhora quiser eu faço isso. " Aí eu falei com meu irmão e ele disse: "É, é bom". Aí nisso ele disse: “- Agora tem um porém”. Mas menina como é um mistério! “- Pra eu construir essa casa, a senhora tem que sair de dentro da casa”. A casa era estreita, não dá, tinha muita coisa, muita bobagem, muito cacareco (risos). Aí a vizinha disse: "- Oi Carminha, a vizinha tá com a casa vazia. Você não quer ficar não? É aqui na mesma rua. Passa uma casa na outra. Ela disse que vai morar em cima e embaixo aluga." Eu disse: “- Fazer casa e pagar aluguel, mas não é uma loucura?” Eu digo:”- É, é o jeito. Pra eu construir a casa então é o jeito.” Aí botei tudo lá. Botei as coisa toda lá e comecei a vender lá. E ele aqui construindo a casa. Construindo a casa e ele quando fez as fundações, porque primeiro tem que fazer as fundações não é? Depois erguer as colunas e tal. Aí meu compadre (risos), que era padrinho de Márcia, que era genro do advogado, que era meu advogado, que eu costurava para eles. Aí ele casou com ela e foi padrinho da minha filha. Aí ela mandou um recado pra mim. Perguntou pra amiga: “- Dona Carminha, quando é que ela vai começar a construir essa casa dela mais as filhas dela?". Eu disse: "- Olha, diga ao meu compadre que eu já fiz a fundação, tá fazendo as colunas. Agora, o que tá me faltando é bloco.” Ele me mandou um caminhão de bloco. Não é benção minha filha! Me mandou um caminhão de bloco. Deu pra construir a casa toda. E ainda sobrou bloco. Meu cunhado que me queria muito bem, Deus que dê o descanso eterno, marido de minha irmã, que eu batizei o filho dele, era meu cunhado, meu compadre, Deus que dê o descanso eterno. Me deu 500 blocos. Um afilhado também deu os blocos. Outro sobrinho trouxe os blocos também, que que nem me lembro quantos blocos que eles trouxeram, eu sei que trouxeram aí. Sobrou bloco. Ficou, botou lá em cima. Quando foi na hora de bater a laje. Não é porque, arma a casa toda e precisa a laje. Eu disse: “- Eita meu Deus do céu, o dinheiro das meninas não vai dar”. Agora só faltava o cimento. Enquanto a brita, eu não sei onde eu chamei, acho que eu comprei fiado a brita, sei lá. Aí disse assim: "Dona Carminha, sabe quem tá na cidade?" Era José Metéro, era meu primo, José Metéreo. Ele já esteve em São Paulo, que era meu amigo. Ele sempre vinha aqui. Fomos criados lá em Santo Amaro, e ele quando veio de São Paulo ficou hospedado lá em casa. Deixou a mulher e ficou lá em casa e tal , ficou bem. Depois a nora veio. E eles ficaram meus amigos. Aí eu disse: “- É eu vou pedir, eu vou pedir emprestado a José.” Que ele também trabalhava também na Petrobras, ganhava bem certo? No caminho, eu fui só meu Deus? Fui, que eu sabia onde era a casa dele. Ele me levou, mostrou e tal. Aí no caminho eu disse, cheguei lá e disse: "O José, você não quer me dar o cimento para eu..”. Eu não falei, eu falei no sentido de tomar emprestado! “- Você não quer me dar o cimento pra eu bater a laje?” Ele disse: "Dou Carminha." Olha! Passou o cheque. Meu deu! Eu digo: “- Jesus, eu fui pra pedir emprestado..” E lá jesus me concedeu a Graça de eu pedir. Eu não tomei emprestado não. Eu pedi, pedi a ele, pedi. E ele me deu. Aí haja cimento! Comprou, bateu essa laje toda e sobrou cimento. Sobrou cimento, sobrou bloco. Aí depois que já tinha batido tudo direito tal, aí eu disse: “- Agora eu não quero mais pagar casa de aluguel, eu vou entrar no chão como tiver!”. Aí meu irmão que trabalha nisso disse assim: "Carminha, como é que você quer as grades para eu fazer pra sua porta? "Eu digo: "- Meu irmão, como você quiser. Fechando a porta, é quanto basta. Que eu disse: “- Eu vou botar na minha porta até de madeirite, mas quero sair do aluguel. Já chega de aluguel". Aí ele já fez as portas e pronto, eu vim para aqui. De qualquer maneira, eu não me lembro que eu cimentei aqui, sei lá. Quando fui armar a cama aqui ali, a cama desceu, o chão mole... Deus viu que eu fui me conformando com tudo Suzana. Quanto é bom a gente aceitar as coisas. Bota lastro aí no chão e pus outra aí pras minhas filha. Nesse tempo só tinha eu, minhas filhas e Maria José e Carlito. E ainda tinha um casal que me acompanhava, que ela casou e ficou aí morando comigo (...) Aí minha filha, não sei como foi, aí comecei a passar cimento dentro da casa.
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