Cordel para vó Nhanhá
Sua benção minha vó,
dá licença pra eu contar
um cadim da sua história
de seu jeitinho lembrar
muito alegre e faceira
estava sempre a cantar.
Nascida em Urucânia
Desce cedo a brincar
Menininha toda prosa
com o pai vivia a dançar
num arrastapé com viola
começou a...Continuar leitura
Cordel para vó Nhanhá
Sua benção minha vó,
dá licença pra eu contar
um cadim da sua história
de seu jeitinho lembrar
muito alegre e faceira
estava sempre a cantar.
Nascida em Urucânia
Desce cedo a brincar
Menininha toda prosa
com o pai vivia a dançar
num arrastapé com viola
começou a namorar
Em época de submissão
pode seu noivo arrumar
não teve quem opinasse
em sua maneira de amar
era setembro de 1910
foram ao padre se casar
Dos dezessete em diante
não foi só acompanhar
uma vida de lutas e alegrias
tudo pra compartilhar
na lida diária era só fibra
e os filhos a chegar
Do café com rapadura
ao franguinho com fubá
junto ao fogão de lenha
passava o dia a cozinhar
sempre com o radinho
uma música a tocar
No corre-corre da vida
apesar de muito trabalhar
sempre achava um jeitinho
de as tristezas espantar
mesmo quando cansada
estava sempre a bailar
Mesmo em tempos difíceis
valia a pena sonhar
e se sonhasse com bicho
ia logo na loteria jogar
mesmo que não acertasse
a sorte continuava tentar
Se dois dedinhos preparados
aproximasse dela a apontar
as gargalhadas soavam
antes das cócegas chegar
Esses momentos estão
do coração a transbordar
A velhice chegou
muita história pra contar
e o cabelo longo
diariamente trançar
toda paciência era hora
de seus causos narrar
Mas nesta vida corrida
o tempo tratou de voar
65 anos de casados
não se pode ignorar
perda de filhos
dor maior não há
Nunca se distanciaram
Amor eterno amar,
com diferença de um mês
foram para o céu continuar
essa história sem fim
que está a se renovar
em cada um de nós!Recolher