Cristiane Wosniak nasceu em 9 de dezembro de 1963, em Curitiba-PR. Mesmo tendo sempre morado nesta cidade, viveu e vive em muitos mundos. Cresceu entre a organização da família polonesa e a anarquia da família italiana. Seu avô paterno fez carreira na Polícia Militar e seu pai, quando jovem, s...Continuar leitura
Cristiane Wosniak nasceu em 9 de dezembro de 1963, em Curitiba-PR. Mesmo tendo sempre morado nesta cidade, viveu e vive em muitos mundos. Cresceu entre a organização da família polonesa e a anarquia da família italiana. Seu avô paterno fez carreira na Polícia Militar e seu pai, quando jovem, serviu o exército no Rio de Janeiro-RJ. De lá foi convidado para ser um Dragão da Independência. Um orgulho fazer parte da guarda presidencial!
Cristiane se encantava com os álbuns de fotos do pai, os uniformes, as performances. Quando adolescente fez questão de estudar no Colégio Militar. Mas ainda enquanto criança, brincava a valer com sua irmã mais nova. O avô construiu uma casinha no quintal e esta passou a ser a principal brincadeira: “ele fez uma casa que na verdade são dois cômodos, assim, acho que tinha uns trinta metros quadrados, toda construída por ele, duas moradas, móveis todos feitos de fórmica.” A casinha era adorada por Cristiane e a irmã, que ali brincavam com suas bonecas. Aliás, as bonecas também eram uma paixão para Cristiane! Inclusive bonecas de papel que foram colecionadas durante anos e às quais Cristiane se dedicou até a adolescência. A coleção está guardada até hoje. Além das brincadeiras, a escola também era assunto importante em sua infância. Gostava de estudar, tinha ótima memória e adorava animais. Pensava que seria veterinária. Mas não foi bem assim. Na adolescência entrou no Colégio da Polícia Militar Tenente-Coronel Felippe de Sousa Miranda. Admirava os uniformes, a disciplina performática, a postura, o trabalho intenso, os amigos, o companheirismo imenso que conheceu ali.
Nesta mesma escola, durante o ensino médio, optou pelo curso técnico “Assistência em Patologia Clínica”, já pensando na sua facilidade e preferência pela ciência da Biologia. Aliás, esta foi a graduação que fez na Universidade Federal do Paraná. Mas não foi tão simples. Na primeira semana de aula na faculdade, Cristiane se deparou com um cartaz sobre o recém formado Grupo de Dança da UFPR. Era um convite para que alunos e alunas se inscrevessem, fizessem a audição e participassem do grupo de dança. Cristiane se interessou! Principalmente porque participar do grupo significava ser liberada das aulas obrigatórias de Educação Física. Entrou para o grupo e se encantou com a dança! Matriculou-se em outros cursos de dança para aprender e praticar mais: queria muito ser bailarina!
Em 1984 a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) abriu o primeiro curso - licenciatura e bacharelado em dança – do estado, em convênio com a Fundação Teatro Guaíra. Para Cristiane “a tentação veio tão perto!” Quis muito trancar o curso de Biologia e fazer o vestibular imediatamente para integrar a histórica primeira turma. Mas a família não concordou e orientou que terminasse a graduação em Biologia e depois poderia fazer outras coisas. Cristiane pensou então em uma alternativa. Continuou a graduação iniciada, mas fazendo menos disciplinas por vez e mais cursos de dança no Teatro Guaíra. Concluiu Biologia em 6 anos e enquanto isso aprimorou sua prática de dança.
No mesmo ano em que se formou, fez o vestibular para dança na PUC: “Penduro um diploma num canto da casa, e já entro como caloura no outro curso.” Entrou na graduação em dança e ali se descobriu coreógrafa também! Agora, além de dançar poderia criar e contar histórias por meio da dança. Enquanto isso, o Grupo de Dança da Federal - agora a Téssera Companhia de Dança da UFPR - já era um grupo profissional, acoplado à Coordenadoria de Cultura da UFPR, com o objetivo de produzir arte. Exigia trabalho de pesquisa e aulas diárias de 4 a 5 horas. Este se tornou o assunto central na vida de Cristiane, que depois de atuar durante muitos anos na companhia como bailarina, incorporou a função de coreógrafa e de assistente de direção.
Em 1991 ingressou na Universidade Federal do Paraná como coreógrafa. Fez especialização em Artes, passou a lecionar História da Dança, fez Mestrado e Doutorado. Coordena a Unidade de Dança da UFPR, trabalha na formação em dança para crianças, dá aulas em 5 pós-graduações em vários lugares do Brasil. Desde a especialização descobriu a Semiótica e vem estudando dança e linguagens apaixonadamente. Ela diz “tanto o mestrado, quando o doutorado eu caí para esse lado da comunicação, das linguagens, e bem nessa área de entender a dança mediada por uma tela, ou vídeodança ou dança no cinema que é a minha paixão! Sempre foi! Além de dançar, além de coreografar, esta produção ininterrupta que tem de audiovisual por aí. Incentivar a prática, a criação de videastas, de videomakers, gosto muito disso! (...) Parece que desde o Colégio da Polícia Militar que eu venho na disciplina, na superação, na leitura, não se acomodar, fecha com o ciclo da Semiótica, quando você consegue entender todo o processo, todo o funilzão ao contrário, para ver assim corroborar: “acho que eu fiz a escolha certa!”
Após um relato tão intenso, de tantas realizações, pergunto se Cristiane ainda tem sonhos por realizar. E a resposta não tem fim! Ela diz: “Nossa! Quanto tempo ainda mais eu tenho? Eu preciso colocar essa informação, essa ideia que está sempre aflorando!” Seu baú de ideias quase não fecha de tão cheio! Uma imagem, um filme, um texto, uma palavra, uma peça de teatro, um poema, um conto, uma notícia no jornal, o cotidiano... tudo pode se tornar um motivo para dançar: “Uma pipoca! Como faz um balé sobre uma pipoca? Como fazer... sobre um alfinete? Sobre uma folha caindo? Isso pode dar uma estrutura para uma hora de espetáculo!”
Sim. A vontade de Cristiane de inspirar o mundo e de ser inspirada por ele, de trabalhar e de criar coisas por meio do trabalho não tem fim! Assim como a sua vontade de se mover e de não se acomodar, de dançar e de continuar para sempre dançando.Recolher