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Por: Museu da Pessoa,

Uma vida pela luta

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Uma vida pela luta

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Meus pais são paulistas, eles eram militantes estudantis na época da ditadura, atuavam em grupos lá em São Paulo e aí eles acabaram indo, por causa de um convite do bispo Dom Pedro Casaldáliga, para a região do Araguaia, trabalhar na luta da terra com posseiros indígenas e, então, eles largaram tudo com 22, 24 anos de idade, foram morar lá. O Dom Pedro convidou eles para participar da equipe, aí eles foram lá atuar e é isso, você querendo ou não, você chega lá, você pode fazer qualquer coisa: “Você já deu aula?”. Não importa se você já deu aula, você vai começar a dar aula, trabalhar com educação, fazer reunião de mobilização e tal. A galera se comunicava muito, então toda a região da prelazia se comunicava muito e chegou em um momento que eles resolveram ocupar a institucionalidade. E aí eles ganharam três prefeituras simultaneamente, uma prefeitura, assim, totalmente horizontal, popular, foi uma experiência muito mágica também, uma vanguarda na época. E aí a questão de meio por virar liderança política na institucionalidade, a perseguição começou a ser maior. E assim que meu pai estava entregando o mandato dele para um companheiro dele que tinha ganhado a segunda eleição, ele já tinha sido ameaçado de morte muitas vezes, aí ele foi mais uma vez, sendo ameaçado e o pessoal falando que os capangas estavam na cidade. E aí ele, minha mãe e o segurança foram na delegacia mais uma vez avisar, quando eles saíram da delegacia, eles andaram dois quarteirões, fechou uma caminhonete na frente deles e metralharam o carro. Aí meu pai levou três tiros, minha mãe falou que o que ela pensava era: “Eu não quero ficar cega”, então ela fechou os olhos, deitou no banco de trás, assim, o segurança levou um tiro e meu pai conseguiu fugir, levou mais o último tiro nas costas, ele se escondeu em um chiqueiro e meu pai e minha mãe ficaram umas quatro horas sem saber um do outro. Aí, bom,...

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Projeto Belo Horizonte Surpreendente

Depoimento de Janaína Macruz

Entrevistada por Lucas Torigoe

BH, 20 de setembro de 2019

PCSH_HV825 _ rev.

Transcrito por Fernanda Regina

Revisado por Paulo Rodrigues Ferreira

P/1 – Qual é o seu nome inteiro, local de nascimento e data?

R – Meu nome é Janaína Macruz Inácio, nasci no dia 12 de dezembro de 1982, em Porto Alegre do Norte, Mato Grosso.

P/1 – Você nasceu em que hospital? Você sabe?

R – Sei, eu nasci em casa, com parteira.

P/1 – Sua mãe e seu pai contaram para você como foi esse dia?

R – Então... Meus pais são paulistas, eles eram militantes estudantis na época da ditadura, atuavam em grupos lá em São Paulo e aí eles acabaram indo, por causa de um convite do bispo Dom Pedro Casaldáliga, para a região do Araguaia, para trabalhar na luta da terra com posseiros indígenas e, então, eles largaram tudo com 22, 24 anos de idade, foram morar lá. Inicialmente, eles não queriam ter filhos, ficaram uns sete anos juntos. Para a região, inclusive, era meio estranho um casal não ter filhos. Depois de sete anos, eles resolveram ter filho, engravidaram, então foi uma grande festa o meu nascimento. Lá, apesar de ter um hospital, eu acho que na minha época... Inclusive, na cidade, não tinha ainda, era normal nascer em casa, com parteira e tudo mais. Foi assim que eu nasci (risos).

P/1 – Eles falaram o dia como é que foi? Teve alguma dificuldade, estourou a bolsa?

R – Eu não sei desses detalhes de parto, assim. Minha mãe se foi, depois que eu tive filho eu tive mais curiosidade para entender essas histórias, eu já não sei muito. Eu só sei isso, que foi uma grande alegria para os dois e para a cidade, eles eram já lideranças locais. E foi isso, meu pai escreveu poema, teve festas e lá eles bebem o neném. Então, teve festa com cachaça a noite inteira e etc.

P/1 – Eles bebem o neném? Como é que é isso?

R – Então... É uma tradição que acaba... É muito...

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Título: Uma vida pela luta

Local de produção: Brasil / Belo Horizonte

Autor: Museu da Pessoa

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