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Por: Museu da Pessoa,

Uma troca defitiva

Esta história contém:

Uma troca defitiva

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Maria do Socorro Macedo, 11 de março de 66, de Lavras, Fortaleza, Ceará. Quando eu vim aqui pra São Paulo, eu ia fazer cinco anos, vim morar com o meu tio. Eu vim pra cá, então eu ia fazer cinco anos, voltei, e quando foi 74 voltei de volta, né? Pra São Paulo, não pra São Bernardo. Pra São Paulo, eu morava em São Paulo, na Catumbi, que é Belenzinho. Aí eu já não morava mais com o meu tio. Minha mãe ficou lá no Norte, veio pra cá, já foi depois, né? Eu tinha de 14 pra 15 anos. Morava sozinha, porque eu quis sair da casa do meu tio, porque eu queria ter minha vida. Eu queria ter minha vida. É que eu arranjei um serviço e ele falou o seguinte, que eu tinha que escolher, ou serviço ou a casa dele. Só que na época eu não entendi o que ele quis falar. Aí, eu não respondi nada, peguei e saí pra trabalhar e não voltei mais, até hoje. E ele queria falar o seguinte, que eu não tinha necessidade de trabalhar, que era pra mim estudar, pra mim ter a vida que os filhos dele tinham.

Foi péssimo! Ou você aprende a ser gente ou aprende a escola do mundo, entendeu? Como eu era mimada era meio difícil, mas encontrei muita gente boa, então quer dizer, que me ensinaram muito, muito. Então, eu só tenho que agradecer. Não deixaram eu entrar na droga, não deixaram eu me prostituir. Não que não me deixaram, que ninguém proíbe ninguém, né, mas me ensinaram que não era bem aí o caminho, né? Então, até hoje eu moro sozinha.

Em 80 eu trouxe a minha mãe pra cá. Eu trouxe a minha mãe, porque ela tava doente, pra ela fazer um tratamento. Ela ficou 16 anos aqui, comigo, faleceu em 94. Arranjei a casa e fui morar com a minha mãe sozinha de aluguel, em São Bernardo, aqui ao Núcleo, que é onde falam favela. Nossa, era muito mato, tinha o rio que terminava sendo córrego. Eu fui criada preconceituosa, eu tinha um monte de parafuso solto na cabeça. Aí eu vim conhecer a favela, que eu precisei vir morar dentro da favela. Aí sim, aí eu...

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Dados de acervo

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P/1 – Maria do Socorro, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento?

R – Maria do Socorro Macedo, 11/03/66, Lavras, Fortaleza, Ceará.

P/1 – Seus pais são do Ceará também?

R – Minha mãe é de Pernambuco, mas é falecida. E o meu pai é do Ceará mas eu não sei de onde ele veio. Ele tá vivo.

P/1 – E por quê que vocês foram morar em Lavras?

R – Eu não sei, eu nasci em Lavras, agora porque eles foram morar lá eu não...

P/1 – Mas você morou quanto tempo lá?

R – Não sei, acho que poucos meses... Não sei.

P/1 – Onde você passou sua infância?

R – Olha, quando eu vim aqui pra São Paulo, eu ia fazer cinco anos. Então, passei entre São Paulo e Ceará, né?

P/1 – Com cinco anos você veio pra cá?

R – É, vim morar com o meu tio.

P/1 – Por quê que você saiu de lá e veio pra cá?

R – Ah, porque não sei (risos). Não sei. Acho que porque o meu pai largou a minha mãe eu tinha dois anos e seis meses, né? Aí, meu tio foi pra lá e me trouxe. Aí eu fiquei mais com os meus tios. Morei em Petrolina, por sinal meu tio voltou pra lá agora, e morei no Crato, né? Mas quando eu vim pra cá, então eu ia fazer cinco anos, voltei, e quando foi 74 voltei de volta, né? Pra São Paulo, não pra São Bernardo. Pra São Paulo, eu morava em São Paulo, na Catumbi, que é Belenzinho.

P/1 – Belenzinho.

R – É.

P/1 – Você morava com esse teu tio no Belenzinho?

R – Não, não, não. Aí eu já não morava mais com o meu tio. Minha mãe ficou lá no Norte, quando veio pra cá, já foi depois, né? Aí, eu morava numa pensão.

P/1 – Quantos anos você tinha?

R – Eu tava com... De 14 pra 15 anos.

P/1 – Você morava sozinha?

R – Sozinha, porque eu quis sair da casa do meu tio.

P/1 – Por que?

R – Ah, porque eu queria ter minha vida. Eu queria ter minha vida.

P/1 – Mas ele maltratava você?

R – Não, não, tsc, tsc. É que eu arranjei um serviço e ele falou o seguinte, que eu...

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Título: Uma troca defitiva

Local de produção: São Bernardo Do Campo

Autor: Museu da Pessoa

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