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Por: Museu da Pessoa, 4 de dezembro de 2007

Uma mulher porreta

Esta história contém:

Uma mulher porreta

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Meu nome é Maria do Socorro. Eu nasci no dia 12 de outubro de 1941. Em Pilão Arcado Velho. Meus pais são João Gualberto Dias e Ana Francisca Dias. Trabalhavam na roça. Quando eu era pequena? Meus pais nos botavam pra trabalhar. A gente trabalhava. Olhe, meu pai largou minha mãe, eu fiquei com idade de oito anos de idade. E até hoje estou dentro da roça. Plantava milho, plantava feijão de corda, plantava o de arranca, plantava abóbora, a melancia e a batata. É, nós plantávamos de um tudo isso aí. Mas até hoje nós plantamos.

Em 79. Encheu muito. Então, a gente estava tudo na cidade nova, depois voltamos para Ilha pra plantar, que secou, voltamos para a ilha pra plantar. Então plantamos, deu muito peixe, deu muito é lavoura nas roças, graças a Deus. Foi porque alargou de água. A água correu ali, naquela rua ali, que é a rua da Avenida. Correu ali. A CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) tirou o pessoal, mas ninguém queria sair daqui. Queria ficar era aqui. Veio e indenizou as casas da gente. Não, eles vieram mesmo, pra indenizar as casas da gente e ninguém queria sair daqui, não. Porque nós sabíamos que Pilão Velho não ia cobrir, não cobria, não. Então eles disseram que era pra nós todas sairmos daqui. Indenizaram a casa do povo, meteram a mão, derrubaram todas as casas pra botar outras na cidade nova.

Saímos pra cidade nova. Então, depois o homem que eu era casada voltou pra cá de novo, pra trabalhar nas ilhas. Porque viu que lá não dava pra ele ficar. Não dava mesmo. Com um bocado de filho nas costas, filho na escola, fiho tudo, nós viemos pra cá. E minha mãe, entreguei meus meninos a minha mãe pra ficar lá com meus meninos. O que ele pegava aqui, o peixe que ele pegava, fazia a feira e levava pra meus filhos com minha mãe, e os meus filhos lá. Mas não tem um pra não saber a ler, graças a Deus, não tem um pra não saber a ler. Eu posso não saber, só sei assinar meu nome, porque fui ajudar minha...

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Retrato de Maria do Socorro Dias Santos

legenda: Retrato de Maria do Socoro Dias Santos, a dona Pequenita, moradora da cidade de Pilão Arcado "velho", a cidade parcialmente inundada pelo lago da barragem de Sobradinho. Foto de Antônia Domingues.
personagem: Maria do Socorro Dias Santos.

período: Ano 2007
local: Brasil / Bahia / Pilão Arcado - Ba
história: Uma mulher porreta
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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Memória dos Brasileiros

Depoimento de Maria do Socorro Dias Santos (Dona Pequenita)

Entrevistado José Santos e Wini Choe

Pilão Arcado Velho 4 de dezembro de 2007

Museu da Pessoa

MB HV085

P/1 – Dona Pequenita podemos começar a bater nosso papo?

R – Sim, pode.

P/1- Então, eu queria começar perguntando qual o nome completo da senhora e quando que a senhora nasceu?

R – Eu nasci no dia doze de outubro de 1941.

P/1 – Aonde?

R – Em Pilão Velho.

P/1 – Pilão Velho é aqui? Onde a gente tá?

R – É, Pilão Velho é aqui, é. No dia doze de outubro de 1941.

P/1 – E a senhora foi batizada com que nome?

R – Como Maria do Socorro.

P/1 – E como é que a senhora ganhou esse apelido?

R – Foi minha mãe que colocou.

P/1 – E a senhora poderia falar o nome do seu pai, da sua mãe, pra gente?

R – Posso, João Gualberto Dias e Ana Francisca Dias. Sei de tudo! (risos)

P/1 – E Dona Pequenita eles trabalhavam com o que?

R – Na roça... Na roça. E criei meus filhos "tudo" na roça.

P /1 – E como é que era quando a senhora era pequena, aqui em Pilão Arcado Velho?

R – Quando eu era pequena? Meus pais botava “nois” pra trabalhar. “Nois” trabalhava. Olhe, meu pai largou minha mãe, eu fiquei com idade de oito anos de idade. Fui ajudar minha mãe até pra furar na terra do povo pra poder ajudar minha mãe a criar os filhos dela, não lhe nego. E até hoje to dentro da roça.

P/1 – E quantos irmãos a senhora tinha?

R – Seis, nós somos três. Três homens, três “mulé”.

P/1 – E todo mundo trabalhava?

R – Todo mundo trabalhava. O primeiro começou a botar rede com oito anos de idade.

P/1 – E aonde a senhora morava aqui?

R – Acolá em cima, ali junto do hospital.

P/1 – E como é que era a casa da senhora? Era grande, era pequena?

R – Era grande. Ai a minha mãe foi e voltou pra cidade nova. Quando a chefe chegou, né? Minha mãe foi, voltou pra cidade nova, e a chefe não queria lhe dar casa...

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Título: Uma mulher porreta

Data: 4 de dezembro de 2007

Local de produção: Brasil / Bahia / Pilão Arcado Velho

Entrevistador: José Santos Matos
Entrevistador: Winny Choe
Autor: Museu da Pessoa

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