Projeto Aché Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de José Henrique Cardoso de Souza
Entrevistado por Immaculada Lopes
Guarulhos, 21 de novembro de 2001
Código: ACHE_CB144
Transcrito por Jurema de Carvalho
Revisado por Paola Feltrin Ramos
P/1 – Eu queria que o senhor c...Continuar leitura
Projeto Aché Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de José Henrique Cardoso de Souza
Entrevistado por Immaculada Lopes
Guarulhos, 21 de novembro de 2001
Código: ACHE_CB144
Transcrito por Jurema de Carvalho
Revisado por Paola Feltrin Ramos
P/1 – Eu queria que o senhor começasse dizendo seu nome completo, a data e o local do nascimento.
R – Meu nome é José Henrique Cardoso de Souza,nasci no dia 15 de junho de 1953, sou natural do Maranhão.
P/1 – Maranhão? De qual cidade?
R – São Domingos do Maranhão.
P/1 – E quando o senhor chegou aqui em São Paulo?
R – Eu cheguei em 1971.
P/1 – Quando o senhor chegou em São Paulo, já conhecia o Aché? Veio trabalhar com o Aché ou demorou um pouco?
R – Quando eu cheguei em São Paulo, vim com familiares, eu era menor de idade. Eu ____ um segmento para a Escola Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], meu primeiro passo na área profissional como na educacional também. Quando eu vim do Maranhão tinha pouco conhecimento. Nessa época comecei a dar segmento na vida profissional.
P/1 – Lá no Maranhão, sua família trabalhava com o quê?
R – Na verdade, de início foram os únicos imigrantes para a cidade grande, porque minha família são pequenos pecuaristas, da área rural. Daí eu ____ dando segmento, eu vim com família, caso houvesse alguma dificuldade voltaria. É um desafio da vida.
P/1 – O senhor foi estudar o que no Senai?
R – Eu comecei como aprendiz de mecânica, na área de tornearia, depois fiz ferramentaria, tem a Escola Fatec, Faculdade de Tecnologia do estado de São Paulo, fiz tecnologia e em seguida fui convidado para trabalhar no Senai, como Instrutor. Fiquei sete anos trabalhando como instrutor do Senai. Tanto Senai como em Escolas Particulares.
P/1 – E no Aché, como o senhor começou a trabalhar?
R – No Aché foi uma história engraçada. Eu tinha parentes, um primo que trabalhava aqui no Aché na época. Havia uma certa dificuldade na época, de mão de obra em alguns pontos dessa área farmacêutica, mecânica especializada, fui fazer uma visita aqui no Aché, juntamente com essa pessoa, passei a conhecer alguns segmentos daqui. Com um determinado tempo, fui convidado para fazer um pequeno trabalho aqui.
P/1 – Como autônomo?
R – Isso. Eram algumas máquinas que vieram do Park Davis, que eram de outras filiais que compraram, do Rio de Janeiro, com documentos ____ antigos, algumas ferramentas que já estavam danificadas. Eram praticamente importadas na época e qualquer dificuldade de se desenvolver esse tipo de equipamento…. foi quando eu fui convidado, praticamente a vencer esse desafio, para desenvolver essas ferramentas.
P/1 – Quando o senhor foi de fato contratado pelo Aché?
R – Fui contratado no dia 1 de agosto de 1986.
P/1 – O senhor lembra do dia exato. Lembra do primeiro dia de trabalho?
R – Lembro. Quase houve uma desistência, não por parte minha, mas pelo fato da época a gente não tinha uniforme específico. Não tinha forma adequada, me deram uma roupa grande, uma calça fora do padrão, eu terminei não aceitando. Começou a demorar mais de um dia, dois dias para a gente conseguir ajustar o uniforme. Quando eu trabalhei no Senai, foi uma formação profissional, uma formação de vida. É uma escola muito rigorosa, de padrões. A gente era acostumado... chegava numa empresa, era mais escola, saí de uma escola e fui para outra, na verdade foi quando consegui acertar. Meu trabalho foi quase no final de ano, foi um desafio muito grande. Foi máquina que quebrou e nos últimos dias de realização de final de ano, nós pegamos esse equipamento para pôr em dia.
P/1 – O senhor lembra que equipamento era?
R – Lembro, era uma autoclave. Na verdade, era um conjunto de roscas de ajuste da porta da autoclave.
P/1 – Na véspera do Natal?
R – Na véspera de Natal. Nós tínhamos que entregar aquilo de qualquer maneira porque estava danificado, foi uma coisa boa, foi o primeiro trabalho. Eu não imaginava que ia ficar por muito tempo porque achei que era uma empresa muito rigorosa, cheia de padrões.
P/1 – Como era o Aché daquela época?
R – Era uma empresa bem familiar. Hoje, é claro, cresceu muito, a gente não conhece tantas pessoas, mas era uma empresa de muito trabalho. Era um desafio, um atrás do outro.
P/1 – O seu primeiro trabalho dentro do Aché, era em qual área, ferramentaria?
R – Meu primeiro trabalho como autônomo foi numa área de cremes e pomadas. Eram em umas máquinas que fabricam supositório de glicerina. Máquinas que na verdade, não conseguiram empresa para confeccionar as ferramentas na época, para desenvolver. Talvez pela dificuldade de encontrar pessoas ou empresas que fizessem isso.
P/1 – Quando o senhor é contratado, entra em qual área?
R – A primeira que eu entrei como contratado, foi a ferramentaria, compramos a primeira máquina. Já tínhamos uma manutenção, mas não era especificamente para a área de ferramentaria, era uma manutenção geral, já tínhamos máquinas de usinagem, tínhamos máquinas de solda. Foi desmembrada, ficou especificamente a ferramentaria para confeccionar ferramentas de ____, são ferramentas que seriam para ____, são usadas nas máquinas de produção, de embalagem. Embalagem de comprimidos, eu diria pra você, mais prático.
P/1 – O senhor está completando?
R – 15 anos.
P/1 – Nesses 15 anos, o que mais te marcou aqui dentro da empresa?
R – O que mais me marcou? Tanta coisa.
P/1 – Alguma história que tenha acontecido, alguma característica da empresa?
R – O que marca constantemente é esse lado familiar, as pessoas trabalham e respeitam a gente profissionalmente e com respeito humano. O Aché é uma empresa bem humanitária, isso cativa muito a gente.
P/1 – Para terminar, eu gostaria de perguntar se o senhor tem algum sonho para o Aché.
R – É como eu acabei de falar na entrevista anterior: dar um segmento para o Aché, uma realização profissional, que um dia me realize profissionalmente. Mas o meu sonho para o Aché é fazer um bom trabalho pelo Aché, em função do que hoje está se desenvolvendo, tecnologicamente. Cada dia poder contribuir mais, tanto na parte profissional como na parte humana. Tentar ajudar as pessoas que na verdade acreditam na gente como profissional, que estão do lado da gente e dar o máximo que pudermos. Creio que seja isso.
P/1 – Quem sabe 20 anos, 35 anos.
R – Talvez 20, talvez o dia que eu sair de bengala daqui do Aché. Aqui tem um sistema de aposentadoria que quando chega aos 60 anos, a pessoa praticamente tem que seguir o seu caminho porque já é uma vitória tanto da empresa quanto da pessoa. Eu diria que eu sairia do Aché com 60 anos.
P/1 – Agradeço muito a participação do senhor e espero que possamos conversar mais vezes.
R – Não tenha dúvida.
-----------Fim da Entrevista-----------Recolher