P – Antes da gente começar eu queria que você falasse o seu nome completo, a data e o local de nascimento.
R – Meu nome é Inoil Amaral Rodrigues. Sou de São Gabriel, Rio Grande do Sul. Mais?
P – Data de nascimento.
R – 26 de abril de 1945.
P – Inoil, eu quer...Continuar leitura
P – Antes da gente começar eu queria que você falasse o seu nome completo, a data e o local de nascimento.
R – Meu nome é Inoil Amaral Rodrigues. Sou de São Gabriel, Rio Grande do Sul. Mais?
P – Data de nascimento.
R – 26 de abril de 1945.
P – Inoil, eu queria que você me contasse um pouco como foi chegar em São Paulo.
R – Ah, chegar em São Paulo foi um deslumbre, né? Porque eu nasci numa cidade pequena e sempre estive lá até 18 anos. Foi quando pela primeira vez eu passei em São Paulo, fui para o Rio de Janeiro. E, principalmente, o túnel da Avenida Nove de Julho, eu fiquei assim muito emocionada. E a cidade assim era fase de fim de ano, Natal. E estava toda assim cheia daquelas luzinhas que põe nas árvores, que lá no Sul eu não conhecia. Em Porto Alegre até um pouquinho, que foi de passagem. Mas na minha cidade não havia nada disso. Então para mim foi assim um deslumbramento. (chora)
P – Legal.
R – Acho que eu não vou conseguir falar, viu gente. Está me dando, eu estou ficando muito emocionada.
(pausa)
P – Ok, Inoil, eu queria perguntar para você qual é a sua relação com a Avenida Paulista?
R – Olha, a relação assim, o que eu sinto quando passo na Paulista, coisa assim?
P – É, se você mora aqui perto?
R – É, eu moro perto.
P – Se você anda muito por aqui?
R – Eu passo aqui diariamente, eu ando muito a pé. Eu vou até o fim da Paulista a pé. Moro aqui no bairro já há 31 anos, já vai fazer 32 em dezembro. E moro na Rua Rafael de Barros, que é bem próxima aqui. E acho a Paulista maravilhosa, né? Agora, o que eu assim sinto um pouco é que façam tantas coisas num lugar que eu chamo de cartão postal, e esqueçam do resto da cidade. Porque a região aqui é maravilhosa. Mas a gente vai um pouquinho para os bairros é uma coisa terrível. A gente vê as dificuldades que as pessoas têm de condução, o piso assim como é totalmente diferente, calçada, tudo, né? Mas sem dúvida alguma a Paulista é uma maravilha, né? E é realmente o cartão postal de São Paulo.
P – Conta pra mim, você disse que está aqui já há 31 anos, né?
R – Trinta e um anos no bairro. E antes eu morava próximo também, eu usava muito a Paulista. Eu morava ali na Rua Peixoto Gomide.
P – Como era a Avenida Paulista nesse tempo quando você chegou?
R – Ah, era bem diferente, era bem diferente mesmo. As calçadas, a avenida foi alargada. Também a mudança aí dos postes de luz elétrica, houve grandes mudanças. E que mais que eu poderia dizer?
P – Você lembra de alguma grande mudança, de uma casa, de um prédio, de uma reforma?
R – Olha, casas havia muitas aqui que já...
P – Que marcou você, que você ia nos lugares?
R – Não, na verdade assim eu não tenho detalhes. Eu vejo assim a Paulista, eu tenho uma visão geral da Paulista. Mas não tenho detalhes porque eu já virei paulista depois que cheguei aqui. Porque a gente anda sempre correndo. Então tem algumas casas que eu aprecio muito, que são bem antigas. Inclusive na rua debaixo, paralela com essa, tem umas casas ali que são maravilhosas, que eu lamento que tenham se transformado em estacionamento. Que deveriam ser preservadas. São coisas lindas, diferentes. Agora, aqui na Paulista mesmo o que mais marcou foi a Casa das Rosas aí que, graças a Deus, está sendo preservada. Que é um lugar também muito lindo e bastante útil a todos.
P – Você freqüentava aqui desde sempre? Você tinha o, você vinha aqui para o lazer, você vinha aqui para passear? Você vinha aqui para trabalhar?
R – Não, na verdade o lazer a gente vai até lá o Ibirapuera, né? Mas aqui é, na verdade, é pra compras, é para se deslocar mesmo, né? Meu dentista é aqui pertinho, no outro quarteirão. Agora estou vindo de lá. Então aqui tem tudo perto: hospital. Também é outra vantagem. Agora outra coisa que eu não sei se eu posso falar, mas eu gostaria de dizer que uma coisa que me chateou bastante é que eles ficaram aí dois anos ou três aí com essa Paulista toda arrebentada. Era um transtorno e não fizeram o que era mais importante: o corredor de ônibus. Porque o ônibus trafegando como ele trafega é uma dificuldade enorme. Porque é carros que saem de garagem, é carros que entram na rua que têm que entrar realmente, né? Vai fazer o retorno ou vai entrar numa rua próxima. Então eu acho que isso deveria ter sido feito. Eles deveriam ter aproveitado essa oportunidade, porque o ônibus do jeito que ele circula aqui é muito complexo. Dificulta muito. A gente evita de pegar um ônibus porque eu prefiro ir andando daqui da Rafael de Barros até o fim da Paulista, que você pode ter muita coisa para fazer aqui. Então eu prefiro ir andando do que pegar,ou ir de carro, do que pegar um ônibus. Porque é muito complicado. O ônibus facilitaria bastante, melhoraria o trânsito aqui, com certeza, que quem pudesse usar o ônibus com facilidade não usaria o carro. Principalmente quem mora na região.
P – Inoil, eu fico pensando assim: você mora aqui há 31 anos, né, que você falou?
R – Trinta e um anos.
P – Mas você tem uma relação com a avenida do que? Mais de passagem.
R – De passagem.
P – Não de usufruto, nem de uso.
R – De passagem, de usufruto não. Mesmo porque a gente passa aqui é sempre, é o movimento, eu acho que o movimento, a pressa da gente. Que a gente está sempre correndo porque tem sempre compromisso. Eu, por exemplo...
P – Nunca na Paulista?
R – Como assim, o compromisso?
P – Seus compromissos nunca são na Paulista?
R – Meus compromissos são na Paulista, mas eu venho sempre correndo. Ó, venho no dentista já saio em cima da hora. Volto, eu volto correndo. Já falei até que eu não podia demorar muito, né? Eu tenho compromisso agora duas horas e ainda vou em casa almoçar. Ainda tenho que terminar o almoço para a minha família. Sou eu que faço tudo lá em casa. Então esse é o problema, que eu sou dedicação total, pelo fato de ser gaúcha, já me chamam mesmo mãe gaúcha, né? Porque eu tenho essa dedicação com a minha família. Então eu faço questão de estar sempre presente. Eu que faço tudo. Horário de almoço, horário de...
P – Então para a gente terminar, por causa do nosso horário. Você nesses 30 anos aqui de, 30 anos só de Avenida Paulista, mas de São Paulo foi um pouco mais.
R – Só de Paulista. Em São Paulo são uns 40 anos.
P – Você tem alguma história que foi vivenciada aqui, sua, que foi marcante para você que você poderia descrever para a gente?
R – História, e olha que eu gosto de história, einh? Mas, deixe-me ver...
P – Um cinema, um assalto, um...
R – Graças a Deus que eu nunca vivenciei assalto. Acidentes eu vi vários, mas isso já é...
P – Alguma coisa que te marcou, assim, que você poderia descrever para a gente.
R – Ai, no momento eu não lembro mesmo. Não lembro nada.
P – Tá bom. Deixou de falar alguma coisa que gostaria de falar?
R – Não sei. É que agora não me ocorre nada não. Mas se eu lembrar de alguma coisa eu volto para contar para você, tá?
P – Tá bom. Obrigado.
R – Obrigada a você.
FIM DA ENTREVISTARecolher