Tudo por causa de Rosinha, lembro-me muito bem. Eu tinha sete anos. Era essa a idade que a gente ia para a escola naquele tempo. Quando meu pai anunciou que eu iria para a escola, pensei logo que certamente iria estudar com a bela professora Rosinha. Rosinha era mesmo uma flor. Linda, branquinha, cabelos compridos, falava bem bonito. Suas roupas eram sempre em tons clarinhos, suaves...Suas unhas compridas, sempre pintadas de rosa claro, pois era essa a cor permitida, para produtos de maquiagem e esmaltes para as moças,pelos pais lá onde eu morava.
Todos os dias a bela professora passava em frente de minha casa no caminho para a escola e eu ficava a olhar, só olhava. Um dia ela passou bem perto de mim passou a mão no meu rosto e disse que eu era linda. Meu Deus, senti o chão fugir dos meus pés. Fiquei sentindo o perfume e a maciez das mãos de Rosinha no meu rosto. Na minha inocência, pensei que havia até ficado cor de rosa.
Desde aquele dia eu prometi a mim mesma que seria professora. Queria ser igual a Rosinha. Chegou o tão esperado dia de começar a estudar. Cheguei à sala de aula, olhei para a mesa da professora e levei um choque. Não era Rosinha! Uma dor horrível adentrou meu peito. Ela estava na sala ao lado com outros alunos bem pequenos. Eu não entendia de séries, etc. Naquele tempo, pelo menos em nossa casa, criança não dialogava com os adultos, simplesmente obedeciam às ordens dos pais. E então fiquei com a tristeza guardada.
Os dias foram se passando. O semestre passou, o ano terminou e eu não estudei com Rosinha, só a via nos momentos nos quais ela vinha falar com minha professora. E eu chorava por dentro e reafirmava minha promessa de ser professora igual a ela. O certo é que nunca estudei com a minha linda professora. Continuei meus estudos, tive muitos atropelos (circunstâncias da vida), mas consegui me formar primeiro no Magistério, depois consegui graduação em Pedagogia.
Rosinha sempre presente, agora de forma...
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Tudo por causa de Rosinha, lembro-me muito bem. Eu tinha sete anos. Era essa a idade que a gente ia para a escola naquele tempo. Quando meu pai anunciou que eu iria para a escola, pensei logo que certamente iria estudar com a bela professora Rosinha. Rosinha era mesmo uma flor. Linda, branquinha, cabelos compridos, falava bem bonito. Suas roupas eram sempre em tons clarinhos, suaves...Suas unhas compridas, sempre pintadas de rosa claro, pois era essa a cor permitida, para produtos de maquiagem e esmaltes para as moças,pelos pais lá onde eu morava.
Todos os dias a bela professora passava em frente de minha casa no caminho para a escola e eu ficava a olhar, só olhava. Um dia ela passou bem perto de mim passou a mão no meu rosto e disse que eu era linda. Meu Deus, senti o chão fugir dos meus pés. Fiquei sentindo o perfume e a maciez das mãos de Rosinha no meu rosto. Na minha inocência, pensei que havia até ficado cor de rosa.
Desde aquele dia eu prometi a mim mesma que seria professora. Queria ser igual a Rosinha. Chegou o tão esperado dia de começar a estudar. Cheguei à sala de aula, olhei para a mesa da professora e levei um choque. Não era Rosinha! Uma dor horrível adentrou meu peito. Ela estava na sala ao lado com outros alunos bem pequenos. Eu não entendia de séries, etc. Naquele tempo, pelo menos em nossa casa, criança não dialogava com os adultos, simplesmente obedeciam às ordens dos pais. E então fiquei com a tristeza guardada.
Os dias foram se passando. O semestre passou, o ano terminou e eu não estudei com Rosinha, só a via nos momentos nos quais ela vinha falar com minha professora. E eu chorava por dentro e reafirmava minha promessa de ser professora igual a ela. O certo é que nunca estudei com a minha linda professora. Continuei meus estudos, tive muitos atropelos (circunstâncias da vida), mas consegui me formar primeiro no Magistério, depois consegui graduação em Pedagogia.
Rosinha sempre presente, agora de forma mais consciente, na minha memória. Fui então para a sala de aula como professora. A alegria da formação se misturava às ainda presentes lembranças de Rosinha. O interessante é que por um longo período da minha vida eu usei roupas, batons e esmaltes rosados, mas descobri que nunca seria igual Rosinha.
Hoje, aos cinquenta e dois anos, continuo professora. Às vezes fico triste com situações ruins que se agregam a profissão de docente, mas há surpresas tão doces em meio as carinhas (crianças) com as quais convivo no dia a dia que faz valer a pena ser professora. E tudo isso por causa da linda Rosinha!
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