IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Theodomiro Baptista Filho. Nasci em Salvador, em 15 de outubro de 1934. INGRESSO NA PETROBRAS Entrei no dia 1º de fevereiro de 1963, na construção da obra do Copeb, Conjunto Petroquímico da Bahia. Fiz um teste e passei. No meio de 50, passamos 10. Com...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Theodomiro Baptista Filho. Nasci em Salvador, em 15 de outubro de 1934.
INGRESSO NA PETROBRAS Entrei no dia 1º de fevereiro de 1963, na construção da obra do Copeb, Conjunto Petroquímico da Bahia. Fiz um teste e passei. No meio de 50, passamos 10. Comecei minha vida na Petrobras muito honradamente, lá em Camaçari, onde tem o pólo petroquímico hoje.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Fiquei 18 meses no Copeb. Depois houve uma parada na obra e um grupo foi destituído. Eu fui para Madre de Deus, fiquei seis meses no terminal, depois vim para Salvador. Os 26 anos que fiquei na Petrobrás, foram mais em Relações Públicas, gosto muito da atividade de contato com pessoas. Tinha muita honra e prazer em acompanhar visitantes nas unidades Petrobras, nas recepções. Finalmente os últimos oito, nove, dez anos foram em Mataripe. Fui transferido para lá, com a incumbência de ativar um clube, que estava fundado há sete anos e
não funcionava, a antiga Associação Atlético Mataripe, AAM. Hoje é o CEP Mataripe.
Tive sucesso, apoio total do, acho que o melhor administrador da Petrobras, dr. Anchieta. Ele me deu essa incumbência e nós conseguimos ativar o clube. Ampliamos, fizemos atividades grandes, muitas construções. Foram meus oito, nove anos finais de Petrobras, lá em Mataripe. Eu dava tempo integral ao clube. Consegui realmente ativar e encher de gente o clube. Nós fizemos um reveillon, de engarrafar aquela estrada que leva a Mataripe. Os últimos oito anos foram lá, mas, a maior parte foi aqui em Salvador mesmo, na área de setor de pessoal, mais basicamente em relações públicas.
Na divisão de relações públicas eu fiquei mais tempo. Era no Gerab mesmo, mas funcionava na cidade baixa, no Edifício Cidade de Aracajú. O Dr. Haroldo Sá era o chefe da divisão. Fiquei por duas vezes consecutivas, fui transferido, porque esvaziou. Depois mandaram me chamar novamente, porque acharam que eu tinha muito jeito para essa atividade de contato com pessoas, de falar bem da Petrobras. Sempre fui um entusiasta. Desde menino, vibrava com as coisas do Brasil, da Bahia. Na Petrobras, eu era vibrante. Então fiquei muito feliz, quando em 63 fui convidado pelo dr. Pinto Aguiar. Fiz um concurso e passei.
IMAGENS DA PETROBRAS Era tão grande essa coisa que eu nem pensava nisso. Eu vibrava com tudo que se falava da Petrobras, coisa da Bahia, coisa nacionalista. Eu sou muito entusiasmado com isso e, quando houve essa oportunidade, fiquei feliz. Não acreditava que conseguiria passar. No primeiro dia que eu fiz o teste, lá na própria Copeb, passei e realmente tenho procurado honrar e vibrar com essa Petrobras que até hoje é a honra de todo brasileiro.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Da época que eu trabalhei em relações públicas, vi muito visitante. Fui carinhosamente recebido por pessoas idosas, visitantes de fora, estrangeiros que vinham para aqui. Mas o que realmente me empolgava, era quando tinha jovens que faziam muitas perguntas. Eu ficava vibrando com aquele entusiasmo dos jovens pela Petrobras; ou então quando eram pessoas idosas que ficavam felizes com o atendimento, sou muito habilidoso em lidar com pessoas idosas e crianças, tenho muito jeito para isso. Então realmente eu ficava muito feliz quando as pessoas me aplaudiam, pediam para eu voltar, convidavam para conhecer a sede deles e tudo mais. Agora, minha atividade maior foi essa, de clubes. Batalhei, por exemplo, pela junção de dois clubes que existiam lá, o Clube dos Engenheiros e o Clube dos Empregados. A Petrobras acabou a divisão e fez um clube. Foram sete anos, um clube bonito e sem movimento. Fui transferido para lá - sou muito ligado a clubes sociais aqui na Bahia - porque eu podia resolver o problema. O dr. Anchieta me convidou e deu o prazo de 5 meses para que eu ficasse lá e tal. Depois, se eu quisesse ir para outro lugar, ele me mandaria. Fiquei oito anos e meio, porque deu certo.
Realmente consegui ativar o clube, cheio de gente... Até a dúvida que tinha, se o clube iria fazer o pessoal beber, relaxar... pelo contrário, as chefias aprovaram. Disseram que, depois do meio-dia, produzia muito mais do que antes; depois dos jogos, esporte, natação e alimentação geralmente suave, com frutas, o pessoal voltava para a refinaria, não para cochilar, mas para produzir mais, inclusive.
Tinha jogos, natação, e muita gente fazia até regime de não comer comida gordurosa e se alimentava mais de frutas. Então além da atividade esportiva, tinha a alimentação que facilitava. A pessoa fica mais leve até para trabalhar e sem sono. Lá realmente fiz muitos amigos. Muita gente jovem, na época, me dava apoio, cobrava muita atividade. Inclusive, eu dizia que a meninada era ‘o fiscal de Teodomiro’, porque qualquer problema que acontecia lá, irregularidade, eles vinham falar comigo e eu resolvia. Qualquer dúvida, coisa errada, alguém que entrava na piscina sujo, um cachorro que entrava na piscina, iam me avisar, preocupados em saber se aquilo era ou não para fazer. Tinha uma meninada lá... os fiscais de Teodomiro... porque eu era quem resolvia o problema, coincidentemente na época de Sarney.
LAZER - CEP (CLUBE DOS EMPREGADOS DA PETROBRAS) O CEP era freqüentado pelas famílias. Inclusive tinha umas casas de veraneio. Eu consegui, ao longo desses nove meses, que as quinze casas fossem todas recuperadas, com apoio da Petrobras. O clube dava uma parte e a Petrobras dava outra. Então comprei cama de casal e solteiro, fogão, geladeira. Instalei uma residência normal e fizemos uma programação de atendimento. O associado se inscrevia e passava lá uma semana ou fim de semana. Era uma fila imensa de pessoas que passaram a freqüentar. Eu consegui iluminar, também, e a Petrobras deu muita ajuda nesse sentido. Conseguimos iluminar, arrumar tudo, então parecia uma cidadezinha: os jovens jogando sinuca, futebol, de noite tudo iluminado. Foi realmente um trabalho que eu fiquei muito satisfeito de conseguir fazer. Depois, quando me aposentei, para aposentar o dr.Anchieta pediu que eu representasse a refinaria no Clube da Petrobras, o CEP de Salvador, que naquela época estava sendo fundado. Eu vim para aqui e fiquei anos como diretor. A construção do clube... tive o prazer de ter participado desses anos iniciais do CEP. Fiquei até 97 na diretoria em vários cargos. O clube realmente cresceu com a nossa atividade. A Petrobras deu terreno, nome, deu o prestígio do nome dela. Mas, o dinheiro todo da construção foi dinheiro dos associados. Nós desenvolvemos bem, foram negociações muito boas. Saí em 97 e voltei no ano passado. Sou o atual vice-presidente do CEP, tenho um probleminha interno administrativo, mas estamos solucionando e eu devo assumir por esses dias.
IMAGENS DA PETROBRAS É uma honra que todo brasileiro tem. Qualquer brasileiro se sente feliz, se sente honrado em ter participado. Até hoje, eu tenho tristeza quando vejo uma pessoa que não tem aquela vibração, que nós do passado tínhamos pela Petrobras. Eu brigava com qualquer um na rua, antes de ser Petrobras. Depois, quando entrei foi pior. Eu brigava com qualquer um que fizesse insinuação contra a Petrobras. E o ambiente da época, as pessoas quando chegavam era atendimento personalizado. Qualquer pessoa que chegava lá, aposentado ou novo, a gente atendia como um colega, fazia um bom serviço, como se fosse
para um parente ou amigo nosso.
Hoje, nem sempre a gente vê isso, porque é meio terceirizado. Então muitas vezes não há essa sensibilidade, que existia naquela época. Eu tenho muito prazer de ter participado, de ter colaborado na construção desse Clube, do CEP de Salvador, que é o maior, um dos mais bonitos do Brasil. De ter participado de Mataripe, que hoje está meio desativado, mas nós fizemos um trabalho lá. Eu tenho prazer, não pelo dinheiro que eu ganhei, porque eu me estruturei em função disso, mas por ter contribuído, através da Petrobrás, com a grandeza do nosso país e da nossa empresa.
Eu sou um entusiasta mesmo com as coisas da Bahia, as coisas do Brasil e as coisas da Petrobras. Tanto que, depois de aposentado, ainda tenho uma série de atividades. Sou conselheiro da Astap - Associação de Aposentados da Petrobras; secretário da Associação Atlética da Bahia, um Clube muito antigo, de 84 anos, aqui em Salvador; e presidente do Clube de Lions de Salvador. Mas, dedico atenção especial ao nosso clube CEP, pela convivência com colegas, pelo retorno de velhas amizades e tudo mais. Sou aposentado há 12 anos, mas chamo de nossa mesmo, porque continuo na Petrobras.
ENTREVISTA É magnífico, porque realmente é a história viva sendo levantada por aqueles que viveram, sofreram, emocionaram, como eu me emociono fácil de contar da Petrobras. São os que realmente podem contar. Isso foi muito importante, porque a tendência de cada um é morrer mesmo, é desaparecer. Então essas pessoas que viveram o início da Petrobras é que devem contar essa história para os nossos posteriores, inclusive, conservarem a empresa, respeitarem e não deixar nunca que ela caia. A empresa não vai cair nunca. Gosto muito de história, gosto muito de relatar coisa. Isso aí é muito importante para a Petrobras e para os nossos companheiros, mesmo para quem não conhece a Petrobras por dentro, para sentir a grandeza que é a nossa empresa.Recolher