Quando eu saí do seminário e voltei pra casa, nós passamos logo pra Salvador. Eu já tinha conhecimento da cidade e me empreguei numa empresa logo. No tempo da guerra, eu fui chamado para a guerra, fui soldado (...) O exército me convocou. Naquele tempo, toda a cidade do interior eles mandavam um escrivão de cartório mandar uma lista daqueles rapazes que já estava com a idade (...) Foi no ano de 40 (...) Ai eu fui convocado em setembro. Em 42 eles mandaram buscar a gente. Aí chegamos aqui [Salvador], eu ia sempre na Piedade, ia para Serrinha e seguia para Piedade. Mas não fiquei mais porque trabalhando na cidade o salário era ruim e eu deixei o emprego para entrar no exército. Minha mãe chorava dia e noite com medo. (...) Ai, poucos meses do exército, eu já estava meio treinado, houve uma convocação para a guerra. Foram tantos conhecidos meus, conhecidos e parentes, inclusive um irmão do dona dessa casa aqui, só que na época ele morava em Sergipe (...) E ele foi, esse João foi, depois de uns 2 meses que eles foram, houve outra convocação de mil homens, mil soldados, cada quartel mandava mil. Aí eu estava no meio. Aí quando chegamos no posto, um navio também já tinha saído para ir para a guerra e nós estávamos esperando outro navio pra nos levar. O nosso navio demorou para chegar, ai foi a nossa sorte. Chegou um boletim do Rio que disse que dispensasse provisoriamente o contingente que ia viajar. Ai, quando no porto anunciou, naquele tempo não tinha autofalante, a corneta do exército é que tocava. Quando tocava, alguma coisa acontecia (...) Aí tocou a corneta e falaram lá no microfone de boca: "- Atenção senhores soldados, do contingente tal, de número tal, estão dispensados temporariamente". E todo mundo pulava, foi um carnaval! (risos) Aí fomos embora. Ai voltamos pro quartel. (...) Finalizando um pouco a história, nós fomos para o quartel todo mundo, cada qual tinha a sua cama. Eu tinha uma manta e essa manta era a mesma...
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Quando eu saí do seminário e voltei pra casa, nós passamos logo pra Salvador. Eu já tinha conhecimento da cidade e me empreguei numa empresa logo. No tempo da guerra, eu fui chamado para a guerra, fui soldado (...) O exército me convocou. Naquele tempo, toda a cidade do interior eles mandavam um escrivão de cartório mandar uma lista daqueles rapazes que já estava com a idade (...) Foi no ano de 40 (...) Ai eu fui convocado em setembro. Em 42 eles mandaram buscar a gente. Aí chegamos aqui [Salvador], eu ia sempre na Piedade, ia para Serrinha e seguia para Piedade. Mas não fiquei mais porque trabalhando na cidade o salário era ruim e eu deixei o emprego para entrar no exército. Minha mãe chorava dia e noite com medo. (...) Ai, poucos meses do exército, eu já estava meio treinado, houve uma convocação para a guerra. Foram tantos conhecidos meus, conhecidos e parentes, inclusive um irmão do dona dessa casa aqui, só que na época ele morava em Sergipe (...) E ele foi, esse João foi, depois de uns 2 meses que eles foram, houve outra convocação de mil homens, mil soldados, cada quartel mandava mil. Aí eu estava no meio. Aí quando chegamos no posto, um navio também já tinha saído para ir para a guerra e nós estávamos esperando outro navio pra nos levar. O nosso navio demorou para chegar, ai foi a nossa sorte. Chegou um boletim do Rio que disse que dispensasse provisoriamente o contingente que ia viajar. Ai, quando no porto anunciou, naquele tempo não tinha autofalante, a corneta do exército é que tocava. Quando tocava, alguma coisa acontecia (...) Aí tocou a corneta e falaram lá no microfone de boca: "- Atenção senhores soldados, do contingente tal, de número tal, estão dispensados temporariamente". E todo mundo pulava, foi um carnaval! (risos) Aí fomos embora. Ai voltamos pro quartel. (...) Finalizando um pouco a história, nós fomos para o quartel todo mundo, cada qual tinha a sua cama. Eu tinha uma manta e essa manta era a mesma de fazer assim (gestos abanando), sentinela lá na praia (...) A gente a noite, pegava as mantas, botava nas costas, as mochilas e ia para a praia. Chamava de Mosquetão, fazer sentinela. No domingo a gente passava o dia inteiro por lá, quando passava os naviozinhos, com passageiro e tudo, a gente tirava foto em cima, subia em cima do navio. Aí eles falavam: “ - É brasileiro”. Se o navio fosse estrangeiro, o exército metia metralhadora. Era uma vida de miséria viu! (inaudível) A guerra acabou e fomos mandados embora. Eu saí do exército sem completar os 30 (...) Mas depois de deixar o exército, não parei mais no sertão.
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