Talvez seja interessante começar essa história falando de meus pais. Ambos vieram do nordeste pra São Paulo. Minha mãe (Graciete) de Pernambuco e meu pai (Luiz) do Ceará. Meu pai teve um primeiro casamento com quem teve um filho, (Jeferson) que faleceu muito jovem, com quem não cheguei a ter m...Continuar leitura
Talvez seja interessante começar essa história falando de meus pais. Ambos vieram do nordeste pra São Paulo. Minha mãe (Graciete) de Pernambuco e meu pai (Luiz) do Ceará. Meu pai teve um primeiro casamento com quem teve um filho, (Jeferson) que faleceu muito jovem, com quem não cheguei a ter muito contato. Minha mãe morava algumas ruas abaixo de onde meu pai morava com sua família e eis que se conheceram numa padaria ali próxima. Minha mãe não podia ter filhos.
Depois de algum tempo, minha tia (esposa do irmão de minha mãe) chega até minha mãe dizendo que tem uma irmã que está novamente grávida e não sabe ao certo o que fará pois não tem condições de ter mais um filho, oferece a criança a minha mãe. Depois de conversar com meu pai, aceitaram. Durante a gestação da moça, minha mãe sentia-se como grávida, preparava enxoval, sonhava em ser mãe. A criança nasceu, Vanusa Gomes Rodrigues, nascida em 23 de janeiro de 1996. Fui sempre muito protegida e mimada, tive uma infância incrível. Porém, quando tinha cerca de 4 ou 5 anos, meu pai foi diagnosticado com leucemia, foi submetido ao transplante de medula óssea e foi nesse período que minha mãe teve de começar a trabalhar fora.
Cheguei a desejar ser médica porque era eu quem cuidava dos horários das medicações do meu pai já transplantado. Lembro que todas as noites chorava quando minha mãe saia e rezava terço pra que ela não precisasse mais trabalhar. Meu pai aposentou-se. Cerca de 10 anos mais tarde a leucemia voltou (como já era previsto), os riscos de fazer um novo transplantes eram bem grandes, decidiram tratar com um medicamento. Desde então, as recaídas eram constantes. Presenciei meu herói desfalecendo sob meus olhos e eu não podia fazer nada, ele sempre tão protetor e independente estava numa cama e mal conseguia movimentar-se, fazíamos planos pra depois que ele se recuperasse (como o de me ensinar a dirigir), mas eu sabia que não haveria depois.
Depois de tantas idas e vindas, internações e altas, de um fim de semana conturbado, levamos meu pai para ser internado no hospital em que fez todo o tratamento da leucemia. Ele estava deitado numa maca e o levariam para a enfermaria, um enfermeiro empurrava sua maca quando minha tia (com a qual nunca tive afinidade) perguntou-me se eu não me despediria dele, corri ao seu encontro e pedi a benção, a última imagem que tenho dele é essa: ele sendo levado na maca e dizendo "Deus te abençoe", e só pude de fato dar esse "adeus" por causa dessa tia, a qual serei sempre muito grata por isso. Meu nome é Vanusa Gomes Rodrigues e essa foi a minha história.Recolher