A professora Teodora da Cruz Geraldes nasceu em 09 de novembro de 1922, na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade em Mato Grosso. Ela conta sobre o aprendizado das primeiras letras ainda bem pequena com o professor Leopoldo, vindo do Rio de Janeiro e ondeem sua escolinha estudavam meninas e meninos todos juntos em uma sala. Aos dez anos seus pais a deixaram acompanhar um bispo que veio da França e atuava no prelado de Guajará-mirim em Rondônia. O religioso chamava-se Dom Francisco Xavier Reye este deslocava-se de barco pelas comunidades do vale do Guaporé em busca meninas, com o objetivo de prepará-las para ajudar em suas comunidades de origem. Ela, sua prima e várias meninas foram levadas, chegando no final da viajem um grupo de trinta pessoas. Levaram uns sete dias em cima do barco de Vila Bela até chegar em Guajará-mirim. Todos os dias tinha missa e Dom Francisco cantava e ensinava. Apesar de ser considerado pai e mãe de todas as crianças, ele recrutou uma viúva para ajudá-lo, principalmente quando precisava ir para São Paulo conseguir recursos para a escola chamada Santa Terezinha, pois a maioria não podia pagar o colégio interno e as com alguma condição pagavam bem pouco.
Dom Francisco Xavier Reis fundou o internato e a escola Santa Terezinha, sob a responsabilidade das Irmãs Calvarianas. O estudo começou a se fortalecer quando as irmãs chegaram. Vieram duas francesas, uma inglesa, e três brasileiras de São Paulo, mas o bispo acompanhava de perto todo o conteúdo ensinado e embora fosse uma escola simples de tábua, tinha organização e regulamento. Lembra sobre estudarem bastante e especificamente na disciplina de Geografia, por exemplo, faziam o mapa do Brasil sem olhar colocando os rios, as montanhas, as cidades e as riquezas minerais.
Ficou no colégio até os vinte anos, esperando para ver se a aceitavam como membro da congregação das irmãs pois tinha deixado claro o seu desejo. Por isso dedicou-se muito para aprender...
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A professora Teodora da Cruz Geraldes nasceu em 09 de novembro de 1922, na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade em Mato Grosso. Ela conta sobre o aprendizado das primeiras letras ainda bem pequena com o professor Leopoldo, vindo do Rio de Janeiro e ondeem sua escolinha estudavam meninas e meninos todos juntos em uma sala. Aos dez anos seus pais a deixaram acompanhar um bispo que veio da França e atuava no prelado de Guajará-mirim em Rondônia. O religioso chamava-se Dom Francisco Xavier Reye este deslocava-se de barco pelas comunidades do vale do Guaporé em busca meninas, com o objetivo de prepará-las para ajudar em suas comunidades de origem. Ela, sua prima e várias meninas foram levadas, chegando no final da viajem um grupo de trinta pessoas. Levaram uns sete dias em cima do barco de Vila Bela até chegar em Guajará-mirim. Todos os dias tinha missa e Dom Francisco cantava e ensinava. Apesar de ser considerado pai e mãe de todas as crianças, ele recrutou uma viúva para ajudá-lo, principalmente quando precisava ir para São Paulo conseguir recursos para a escola chamada Santa Terezinha, pois a maioria não podia pagar o colégio interno e as com alguma condição pagavam bem pouco.
Dom Francisco Xavier Reis fundou o internato e a escola Santa Terezinha, sob a responsabilidade das Irmãs Calvarianas. O estudo começou a se fortalecer quando as irmãs chegaram. Vieram duas francesas, uma inglesa, e três brasileiras de São Paulo, mas o bispo acompanhava de perto todo o conteúdo ensinado e embora fosse uma escola simples de tábua, tinha organização e regulamento. Lembra sobre estudarem bastante e especificamente na disciplina de Geografia, por exemplo, faziam o mapa do Brasil sem olhar colocando os rios, as montanhas, as cidades e as riquezas minerais.
Ficou no colégio até os vinte anos, esperando para ver se a aceitavam como membro da congregação das irmãs pois tinha deixado claro o seu desejo. Por isso dedicou-se muito para aprender o idioma francês e com muito saudosismo cantarola uma música em francês. A escola do internato também fazia uma espécie de formação para as meninas se tornarem professoras. Contudo, Dom Francisco a aconselhou a voltar e ser professora em Vila Bela. Sentiu a falta de interesse alheia em sua participação por se negra enão falaram diretamente. No entanto, a deixaram esperando sem resposta por muito tempo e outras meninas de Vila Bela voltaram para a cidade.
Ela ficou por mais dois anos na expectativa, sem nenhuma sinalização se seria aceita de fato. Foi quado seu pai mandou buscá-la. Quando retornou à cidade não quis ser professora porque ainda estava sentida por não conseguir ser da congregação de irmãs, mas como não tinha outro tipo de trabalho para ela, seu irmão que era professor a aconselhou que seria um bom caminho para seguir, e houve então sua nomeação como professora, uma das primeiras do sexo feminino.
Em 1943, começou a lecionar para uma turma de meninas que mal manusear o lápis, era necessário pegar na mão para aprenderem. Começava enchendo uma folha inteira de pauzinhos. Para aprenderem os números, iam escrevendo várias vezes. Enchia uma folha de números um, depois de número dois e iam progredindo até escrever de um até cem. Para aprender a escrever também era fundamental pegar na mão das crianças. Ensinava a fazer a letra A, depois ia aprendendo a fazer as outras letras. Quando aprendiam bem as letras, passavam para as sílabas e depois para as palavras, tinha sempre a preocupação de perguntar para as crianças se elas sabiam o significado. Por exemplo: perguntava o que é bola? O que é dado? Então as crianças respondiam. Finalizando com o ditado, primeiramente de letras, depois sílabas e depois palavras.
Sempre quando ia fazer ditado, a professora Teodora levava uma criança para escrever no quadro, enquanto as outras escreviam no caderno. Após terminado o ditado, todos os cadernos eram corrigidos e os erros eram mostrados para que no próximo fizessem com mais capricho e atenção. As crianças do 1 º ano não sabiam escrever, então passavam caligrafia em todos os cadernos e distribuíam para realizarem a tarefa na escola.
Usava a “Cartilha do Povo” e citou em voz alta uma historinha na qual um menino estava com preguiça de ir para escola e convidou vários amigos para brincar, mas ninguém quis ir porque estavam trabalhando e ele então ficou envergonhado e nunca mais ficou com preguiça indo assim para a escola. Ela recorda a historinha e o se uso para mostrar valores para os estudantes como recurso de aprendizagem.
A professora utilizava também o teatro, algumas peças ela escrevia, dirigia e participava, outras ela usava as que aprendeu no internato. O governo mandava para escola livros, caderno de caligrafia, borracha, lápis e era tudo distribuído porque as crianças eram bem carentes. Não era oferecido comida na escola, entãono recreio as crianças com condições iam comer em casa e depois retornavam. As outras queriam aproveitar o tempo do intervalo para ficar brincando. Ela interagia nas brincadeiras ensinando as cantigas de roda aprendidas nos tempos do internato com o bispo Dom Rey. Cantarolou parte dessas cantigas alegremente: “Vamos maninha vamos a praia passear, vamos ver a barca nova que do céu caiu no mar. Nossa Senhora vai dentro anjinhos a remar. Rema, rema, remador. A barca virou, deixou de virar, por causa de fulano que não soube navegar. A barca virou, deixou de virar, por causa de fulano que não soube remar”.
Os estudantes da época eram muitos respeitosos e inocentes: pediam bênção da professorae quando era solicitado para fazer leitura da família da letra C, ficavam acanhadas em dizer Cu. Não tinha briga na escola e no dia dos aniversários faziam festinhas. Obedeciam às professoras como se fossem mães. Na escola onde lecionava admitia apenas meninas. Para turma de meninos, seu irmão Bruno Profeta da Cruz ministrava as aulas, e seus alunos tinham extremo respeito por ele, chamando-o de “seu mestre”. Dois de seus estudantes foram prefeitos da cidade de Vila Bela. As escolas funcionavam em casas separadas alugadas pelo governo. Lembra-se de certa vez onde um senhor que trabalhava de coletor e era separado da mulher pediu para ela olhar seus filhos na escola, um menino e uma menina. Para ajudá-lo, aceitou, mas sempre quando o prefeito passava na escola, e via o menino, lhe chamava a atenção: “Não pode guri, aqui é só para meninas!” Na escola onde trabalhou em Vila Bela, o professor fazia todo o trabalho e não tinha diretoras nem secretárias. As matrículas no final do ano também eram de responsabilidade dos professores.
Relembrou dos tempos de estudante, alguns professores usavam palmatória principalmente com os meninos. As crianças ficavam apreensivas quando era anunciado a sabatina, visto que quando o professor perguntava tinha a obrigação de responder ligeiro e se não soubessem um colega batia com a palmatória. As crianças se esforçavam e aprendiam a tabuada para não apanharem. A tabuada se aprendia cantando, quem passava e ouvia achava muito bonito: dois e um, três; dois e dois, quatro e assim continuava para passar a cantar: uma unidade vale um; uma dezena vale dez. Fazia tudo cantado e tinha até segunda voz.
No sábado, o professor tomava a tabuada e todos sabiam na ponta da língua. Mas durante seus anos de professora não utilizou a palmatória porqueachava muito violento e tinha dó das crianças. Mas lembra de seu irmão, adepto da prática da palmatória na escola dos meninos. O castigo aplicado era fazer escrever duzentas vezes uma frase e só saía depois de terminar de escrever. Quando se mudou para cidade de Cáceres em Mato Grosso lecionou como professora primária no grupo escolar José Rizzo e no Colégio Estadual Onze de Março.
Já nessa época, necessitou conciliar o trabalho de professora com os cuidados com os filhos. Quando as primeiras crianças nasceram, não tinha ninguém para ajudar a cuidar enquanto estava na escola ensinando e não podia deixá-los sozinhos, então os levava para a escola. Nesta, existia um quartinho onde se armava uma redinha e deixava as suas crianças lá. Depois, os filhos mais velhos ficavam em casa cuidando dos irmãos mais novos. Ela considerou que o trabalho de professora teria valido a pena pelo amor pela profissão, pela missão de ensinar, pois passava por dificuldades se ficasse doente e uma pessoa a substituísse por quinze dias. Seu vencimento era descontado pela metade no final do mêse por isso muitas vezes, foi trabalhar doente. Mesmo com estes percalços ficou marcado em seu coração a ligação criada com seus alunos. Eles gostavam muito dela e ela gostava muito de estar junto deles. Deixou mensagem para os estudantes, dizendo sobre ser preciso se esforçar e se dedicar para aprender pois o estudo poderia transformar a vida deles.
Terminou o depoimento muito alegre. Na velhice, um dos seus divertimentos era cantar nas festas de família. Dentre as muitas canções cantadas, escolheu do “Disco Voador” de Sérgio Reis. Ela cantarolou assim: “Tomara que seja mesmo verdade que exista mesmo disco voador, que seja um povo inteligente para trazer para gente a paz e o amor. Se for para o bem da humanidade que felicidade esta intervenção, aqui na terra só se fala em guerra. Matar o vizinho é a nossa intenção, lá, rá, lá, lá... Os homens do nosso planeta do nosso planeta dão a impressão que não tem mais crença, em vez de fabricar remédio para curar o tédio e outras doenças, inventam armas de hidrogênio, usam o seu gênio fabricando bombas, mas não se esqueça que por mais que cresça perante Deus qualquer gigante tomba lá, lá, lá... Se Deus que é o todo poderoso fez esse colosso suspenso no ar por que não pode ter criado um mundo apartado da terra e do mar, tem gente que não acredita acham que são [...] mistério profundos, quem tem um filho pode ter mais filhos, o senhor também pode ter outros mundos lá, lá, lá...”.
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