É assustador como a vida nos surpreende quando nos abrimos para evoluir e ressignificar nossas dores. Sinto que não há como ressignificar algo sem nos permitir sentir novamente. Precisamos revisitar as memórias, vasculhar os sentimentos, ressentir! Com coragem!
Por algum tempo, tive uma visão negativa do ressentimento, até que decidi dar um novo significado a ele, independentemente do que o dicionário ou os filósofos possam dizer. Vejo o ressentir como uma palavra que deriva de sentir, remetendo à ideia de voltar ao passado. Assim, ressentir pode ser o retorno a sentir algo que já vivemos, um olhar para trás de forma positiva para a vida. Por que não?
Gosto da ideia de me conhecer melhor através das minhas próprias experiências. E todas as vezes que consegui deixar a raiva e a mágoa para trás foi graças ao processo de ressentir. Ressentir, não para alimentar as dores, mas para olhá-las sob outro ângulo, e então perceber quais sentimentos eu estava segurando inutilmente. Quais estavam ocupando espaço demais no meu minimalismo emocional.
Há alguns meses, lancei um livro em que o primeiro capítulo trata do exercício do perdão. Achei que estava apenas transmitindo ao leitor a reflexão que minha mãe me passou. Mas as histórias nunca terminam, e hoje estou ressentindo uma experiência tão desafiadora quanto a que Neci viveu naquele capítulo. Talvez agora eu compreenda, de uma vez por todas, que, quando falamos algo para alguém, essa mensagem já começa a reverberar dentro de nós.
Muito do que falamos vem com um poder que muitas vezes subestimamos. Quando oferecemos um conselho a alguém, há um eco íntimo e sutil, mas igualmente profundo, que reverbera primeiro em nosso próprio ser, antes mesmo de alcançar o outro.
É como se, ao expressar algo em voz alta, estivéssemos trazendo à superfície aquilo que já estava presente, mas ainda não completamente consciente. Através de nossas palavras, estamos, na verdade, nos...
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É assustador como a vida nos surpreende quando nos abrimos para evoluir e ressignificar nossas dores. Sinto que não há como ressignificar algo sem nos permitir sentir novamente. Precisamos revisitar as memórias, vasculhar os sentimentos, ressentir! Com coragem!
Por algum tempo, tive uma visão negativa do ressentimento, até que decidi dar um novo significado a ele, independentemente do que o dicionário ou os filósofos possam dizer. Vejo o ressentir como uma palavra que deriva de sentir, remetendo à ideia de voltar ao passado. Assim, ressentir pode ser o retorno a sentir algo que já vivemos, um olhar para trás de forma positiva para a vida. Por que não?
Gosto da ideia de me conhecer melhor através das minhas próprias experiências. E todas as vezes que consegui deixar a raiva e a mágoa para trás foi graças ao processo de ressentir. Ressentir, não para alimentar as dores, mas para olhá-las sob outro ângulo, e então perceber quais sentimentos eu estava segurando inutilmente. Quais estavam ocupando espaço demais no meu minimalismo emocional.
Há alguns meses, lancei um livro em que o primeiro capítulo trata do exercício do perdão. Achei que estava apenas transmitindo ao leitor a reflexão que minha mãe me passou. Mas as histórias nunca terminam, e hoje estou ressentindo uma experiência tão desafiadora quanto a que Neci viveu naquele capítulo. Talvez agora eu compreenda, de uma vez por todas, que, quando falamos algo para alguém, essa mensagem já começa a reverberar dentro de nós.
Muito do que falamos vem com um poder que muitas vezes subestimamos. Quando oferecemos um conselho a alguém, há um eco íntimo e sutil, mas igualmente profundo, que reverbera primeiro em nosso próprio ser, antes mesmo de alcançar o outro.
É como se, ao expressar algo em voz alta, estivéssemos trazendo à superfície aquilo que já estava presente, mas ainda não completamente consciente. Através de nossas palavras, estamos, na verdade, nos escutando. Se observarmos bem, o conselho que damos a alguém é, muitas vezes, aquilo que mais precisamos ouvir.
Ao verbalizar nossos pensamentos para o outro, estamos, de certo modo, testando a solidez das nossas próprias convicções. Estamos nos desafiando a praticar o que pregamos. A vida nos convida constantemente a nos ouvir, nos compreender e, assim, quem sabe, ressignificar nossa existência. Inevitavelmente, ao ajudar os outros, ajudamos a nós mesmos a trilhar um caminho de maior sabedoria e compaixão. Chegou a minha hora de fazer a travessia rumo à aceitação e ao amor.
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