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Por: Museu da Pessoa,

Quando você faz aquilo que você gosta

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Quando você faz aquilo que você gosta

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Por que Gotschalk? Por que esse nome alemão lá em Alto Garças? Porque morava o Fritz, um médico alemão que morava lá desde antes de 1950. Ele que sugeriu o nome do meu irmão, que se chama Gutemberg, e o meu, que é Gotschalk. A pouco tempo atrás eu descobri que significa ‘abaixo de Deus, acima de rei’. Bonito! Meu pai é de 1800 e tal, e eu só lembro do meu pai velho. Quando eu nasci meu pai tinha 60 anos. Eu morei em fazenda, brincava de vaquinha com manga, com frutas, botava paradinha, palitinhos, eram minhas brincadeiras. E meu pai, na sequência, virou escrivão nessa cidade chamada Alto Garças. Minha mãe sempre foi de roça, e praticamente quase tudo o que a gente comia minha mãe plantava. Meu pai teve uma fase muito ferrada, que eu me lembro que ele ficou muito tempo sem ganhar dinheiro e a gente passou pindaíbas.

Às vezes minha mãe fala assim: “Tem cada coisa que sua mãe já fez pra cuidar d’ocês que você nem sabe”. “Ah legal mãe, tá legal”. Eu me sentia um índio em Goiânia quando eu me mudei. Você sai do mato! Eu me lembro de brincadeiras no Alto Garças que os garotinhos falavam assim: “Pô, meu pai caçou um índio”. Como se índio fosse um animal. Normal eu estar assim e passar uma onça pintada. Imagens que eu tenho de estar em cima de um bando de siriemas. A escola pública era disputada, qualquer classe social. E isso, de alguma forma, veio e marcou profundamente a minha vida. Eu vejo que hoje a minha reação talvez venha muito dessa uniformidade social que tinha através da educação. Eu sempre fui meio contemplativo das ações das pessoas. Porque com toda essa miséria que a gente vivia eu nunca questionei, eu nunca tive crise. Eu acho que as crises maiores vieram quando eu comecei a ter momentos, na minha vida, que era doidões. Tipo sair da escola, chegar em casa, e o que tinha pra comer era uma farofa de ora-pro-nóbis! Em Goiânia eu não...

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Dados de acervo

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P/1 – Você prefere que te chama como?

R – Guti.

P/1 – Meu nome complexo é Gotschalk da Silva Fraga. Eu nasci em Alto Garças, Mato Grosso, quase divisa de Goiás, na verdade. Filho de Maria e Joaquim.

P/1 – Você nasceu quando? Data?

R – Nasci em 15 de março de 52.

P/1 – O Joaquim e a Maria são de Garças, Mato Grosso?

R – São de lá. Não, minha mãe, acho que ela nasceu em Minas. Meu pai é de lá. Meu pai é de 1800 e tal, eu só lembro do meu pai velho. Quando eu nasci meu pai tinha 60 anos já, alguma coisa assim, porque eu sou o 21. Eu sou de uma família que meu pai... A minha irmã mais velha é mais velha que a minha mãe. Minha irmã mais velha fez 90 anos agora, o mês passado. É. Meu pai era doidão, né? (risos).

P/1 - E seus avós paternos e maternos são do Mato Grosso, de Minas?

R – Sim, paternos sim, mas eu não conheci, obviamente, né? E maternos, todos de Mato Grosso, do mato mesmo.

P/1 – Materno, mas a sua mãe não era de Minas?

R – Sim, mas ela foi Minas, sei lá, eles foram pra lá e ela nasceu lá, mas eles são...

P/1 – De Mato Grosso.

R – De Mato Grosso mesmo.

P/1 – Seus pais se conheceram lá?

R – Se conheceram lá.

P/1 – Você sabe qual era a atividade dos seus avós, maternos e paternos?

R – Lavoura, lavoura.

P/1 – Eles trabalhavam na lavoura.

R – O meu avô, da minha mãe, eu tenho uma lembrança dele, que mesmo ele trabalhando de lavoura ele trabalhava muito com... Com, como é que fala? Com folhas, de remédios, ele trabalhava muito com remédios naturais, sem compreender absolutamente nada.

P/1 – Você chegou a conhecê-lo?

R – Avô conheci, me lembro eu pequeno, obviamente.

P/1 – Seus pais, você sabe como seus pais se conheceram?

R – Não sei muito, não. Não sei porque é muito doido, né? Essa história de você nascer e ser o último, eu sou o 21 (risos), eu só me lembro do meu pai coroão, só me lembro do meu pai coroão, já. Eu nasci ele já era...

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