Conte Sua História – Celebração do Sorriso
Depoimento de Diego Baro
Entrevistado por Márcia Trezza e Jonas Worcman
São Paulo, 13/07/2017
Realização Museu da Pessoa
CN_CB062_Diego Baro
Transcrito por Mariana Wolff
MW Transcrições
P/1 – Diego, fala antes da gente começar a entrevista o seu nome completo, onde você nasceu e a data que você nasceu, tudo de uma vez.
R – Certo. meu nome e Diego Baro, eu nasci em Arujá, São Paulo, eu tenho 22 anos, não… ih, errei a idade cara, tenho 26 anos, eu nasci em 22 de setembro de 1990. É isso.
P/1 – Qual o nome dos seus pais?
R – Waldomiro Assis de oliveira que é o meu pai, nome de homem, logo seria o meu pai e José Rodrigues Barros é a minha mãe.
P/1 – Fala um pouco deles assim, de onde eles são…
R – O meu pai é do Recife, ele veio de Olinda, Pernambuco, que não é Recife, é Pernambuco, o cara que erra tudo (risos). E minha mãe é de Nova Olinda, no Ceará e aí, eles vieram para São Paulo tentar a vida melhor, essas coisas e aí, se encontraram aqui e tiveram eu e minha irmã e o meu irmão, todos mais velhos, eu sou o mais novo.
P/1 – E você chegou a conhecer o lufar que eles nasceram, aquela cidade da família?
R – Sim, a do meu pai não, do meu pai eu nunca fui lá, mas tenho vontade que é Olinda no Pernambuco, mas da minha mãe eu já fui, eu fui pra lá em 2004, eu tinha uns 13 anos, 13, 14. E aí, a gente morou uns seis meses, por aí, seis meses e aí, a gente não se acostumou muito lá, porque já tava acostumada com a vida aqui em São Paulo e tudo mais, e aí, voltamos a morar pra cá.
P/1 – Foi sua mãe e os três filhos?
R – Isso, exatamente. Foi uma época em que o meu pai e a minha mãe se separaram e tudo, essa coisa de família da zona leste do Brasil, né? (risos).
P/1 – E Diego, que lembranças você tem dessa época que você ficou lá nesse lugar?
R – Ah, tinha… tem bastante assim, era bem diferente de São Paulo, né, porque era uma cidade bem pequena ainda e era muito, muito mato, assim, era interior do Ceará mesmo, assim. E aí, então, eu tenho muitas lembranças, tipo, ir pra mato com a galera, coisa que eu não fazia em São Paulo, né, ir pra mato, pegar frutos em arvores assim, eu achava legalzão isso, cara, mas eu acho que isso… eu senti muita falta disso, do prédio, sabe, dessas coisas assim, de concreto. Eu fui criado aqui, então acho que para férias lá é excelente, assim, eu acho, pra mim. mas pra morar mesmo, não… e tinha um espaço lá também chamado Fundação Casa grande que era onde eu ficava bastante, que é tipo uma casa que eles têm muita coisa assim, legal, tem museu, tem teatro lá dentro, tem cinema, biblioteca, é bem legal, bem legal e era onde eu passava a maior parte do tempo, assim, era lá. Era bem legal.
P/1 – Por que você ficava tanto tempo lá? O que te atraía lá?
R – Eu acho que mais essa parte da arte assim, sabe? Do teatro, eu sempre gostei de teatro, assim. E aí, foi o que mais me chamou atenção e tinha rádio, é verdade, tinha rádio, um rádio local lá e eu ficava bastante na rádio, eu lembro que eu queria trabalhar na rádio, só que eu não podia, que eu não fazia parte mesmo da Casa Grande, eu era só um visitante e tal. Ih, era chato isso (risos). Mas era legal.
P/1 – Em nenhum momento, você conseguiu pegar o microfone ali da…?
R – Não, não. Poxa, era m sonho, mas era legal.
P/1 – E em teatro deu para trabalhar, fazer uma peça?
R – Não, lá não. Eu assisti muita coisa. Porque assim, lá era um espaço que vinha um pessoal de fora e aí, quando era artista, alguma coisa, fazia peças lá e aí, eu assisti muita coisa lá, muita coisa legal. Tinha uma banda local lá também que era da própria Casa Grande e aí, eu cheguei a assistir também eles tocando lá, era bem legal.
P/1 – E teve algum momento lá nesse lugar que até hoje, quando você lembra assim, te faz sorrir, assim? De história, um episódio?
R – Poxa, não consigo lembrar agora, mas teve bastante momentos sim, teve, com certeza teve.
P/1 – E aqui, vamos falar então de zona leste…
R – Certo, voltamos para São Paulo.
P/1 – Itaquaquecetuba que você nasceu?
R – Exato.
P/1 – E você ficou lá a sua infância toda você passou lá?
R – A minha infância inteira em Itaquaquecetuba, eu cresci… como eu falei, eu nasci em Arujá, mas foi só no hospital mesmo, só simbólico mesmo (risos), porque eu morei, fui criado, tudo em Itaquaquecetuba, nas ruas.
P/1 – Até que idade você ficou lá em Itaquaquecetuba?
R – Até os 26 anos, que é até agora (risos).
P/1 – E quando criança, como era a vida ali em Itaquaquecetuba?
R – Ah então…
P/1 – Você enquanto criança, o quê que vocês faziam?
R – A gente brincava muito na rua, assim, era bem anos 90, então não tinha celular, não tinha tecnologia, nem nada. Então, a gente brincava muito na rua, assim. Eu lembro que ih, eu brincava… eu nunca brinquei muito de bola, eu gostava mais de esconde-esconde, pega-pega, essas coisas, que eu nunca fui muito para o lado do futebol assim, mas outras brincadeiras… eu lembro que até eu me afastei um pouco das ruas quando o meu pai comprou um videogame pra gente, aí já era (risos), onde a tecnologia começou a entrar na minha vida.
P/1 – E nessa época em que você brincava na rua, teve alguma situação assim, que foi engraçada?
R – Tinha… porque assim, eu morava em Itaqua, era num cortiço que a gente morava lá e aí, no cortiço tinha muita coisa assim, tinha todo tipo de gente junto em um lugar só, assim, foi… acho que é até a base do que eu sou hoje assim (risos), é tudo isso, porque tinha ladrão… não mentira (risos), mas tinha uma galera… eu lembro que tinha um casal que morava, a gente morava no meio assim, aí tinha um corredorzão e tinha um monte de casas pra frente e umas casas pra trás e na casa de trás, tinha sempre um casal que eles brigavam muito, assim. Só que eles brigavam a ponto do cara bater na mulher e todas essas coisas assim. E aí, eu tinha três, quatro anos, eu vi essas coisas, já. Aí, chamavam policia, essas coisas, aí eu via a policia passando, eu ficava imitando o Gil Gomes (risos). Eu era esse tipo de criança (risos). Desculpa, gente.
P/1 – E você lembra o que você falava, assim? Como era essa narrativa?
R – Cara, eu tentava o máximo, imitava o Gil Gomes, mesmo. Ficava fazendo a mão e fazendo: “A policia chegou agora”, era esse tipo de coisa. Tenho vergonha hoje? Tenho. (risos). Era criança, a desculpa que eu uso é essa. Eu era criança (risos).
P/1 – E você com os seus amigos, assim, como que era a convivência com eles e com irmãos também?
R – A minha convivência com os meus irmãos era bem forte, sempre foi assim, a gente sempre foi bastante unido. Tanto que a gente era unido em tudo, assim. Eu lembro que o meu pai comprava as coisas e aí, ele falava assim: ‘não é para comer até eu chegar do trabalho”, e a gente comia, só que assim, comia eu e o meu irmão, a minha irmã não queria comer, a gente obrigava ela a comer, porque a gente era bem unido, mesmo assim, se vai apanhar, apanha todo mundo junto (risos), era essa a nossa filosofia.
P/1 – E ela? Menina, né?
R – Ela comia e a gente apanhava junto, era só isso (risos).
P/1 – E depois na escola, como que você…?
R – Ah, a minha escola era próxima de casa e eu lembro que era bom a escola, eu sempre fui um aluno que eu nunca gostei de estudar, nunca assim, ixi, era uma negação na escola (risos), mas também eu não era bagunceiro, então era só a questão da preguiça mesmo, só de não querer fazer: “Não quero” (risos).
P/1 – E teve alguma situação na escola, assim, que hoje você ainda lembra?
R – Ah teve!
P/1 – Principalmente engraçada.
R – Engraçada, eu acho que… é que assim, pra mim hoje, tudo o que eu já passei, hoje é engraçado, que nem a questão do cara bater na mulher e eu ficar imitando Gil Gomes, isso não é engraçado hoje assim, mas agora é, sabe, porque passou, então é engraçado. Mas na escola, eu lembro que tinha uma professora na quarta série que todo mundo gostava muito dela, assim. E aí, todo mundo gostava e tal e aí, eu não lembro o quê que u fiz, não lembro, mesmo, não tô mentindo não (risos), eu só não lembro que aí, um dos alunos ficou muito nervoso comigo: “Vou te pegar na hora da saída” e aí, ele veio me bater na hora da saída, porque eu tinha magoado a professora (risos), e aí, eu lembro que eu nunca fui de briga, não sei se vocês repararam pelo meu físico, eu não sou de brigar, e aí, ele me deu dois chutes assim, na bunda e eu fiquei chorando na frente da escola, assim e hoje isso é engraçado para mim (risos). Na hora não foi porque eu chorei, mas hoje é (risos).
P/1 – Tudo isso porque você magoou a professora?
R – Só porque eu magoei a professora, cara. Aí, acho que é porque eu não gostava de fazer lição e itaquaquecetubence é muito apegado a esse negócio da lição, então…
P/1 – É?
R – Não (risos).
P/1 – (risos) E na escola, assim, você sempre frequentou a mesma ali no bairro?
R – Sim. Maria Eulália que era ensino fundamental, da primeira até a quarta série, aí depois eu fui da quinta até o terceiro ano em outra escola, que era tudo próximo, ali, também. E era… aí era o Nemesio, da quinta ao terceiro, era legal também. Eu lembro que o meu primeiro dia porque era escola de gente grande, assim, né, a gente passou da quarta pra quinta e aí, eu lembro que eu ficava, tipo, olhando para o pessoal e a escola era enorme, assim. Hoje eu entro nela e é muito pequena, assim, porque eu que era pequeno, não a escola. Mas eu lembro que eu ficava vendo o pessoal: pô, agora eu tô no meio dos grandes, agora vai ser legal, eu sou homem, cara (risos). Era o que eu pensava.
P/1 – E você teve alguma experiência no meio dos grandes, assim, que você lembra?
R – Então, aí foi onde eu conheci o lado Itaqua mesmo (risos). Que eu lembro que foi nessa escola que me ofereceram a primeira vez maconha, olha que coisa louca (risos), eu lembro que foi a primeira vez que eu beijei uma menina, esse tipo de coisa, eu era homem (risos).
P/1 – Conte cada história…
R – Da maconha, eu lembro que foi assim…
P/1 – Conte isso em detalhes.
R – Em detalhes. Da maconha como foi, a primeira vez que eu fui expulso da sala, eu não sei porque também (risos), eu nunca sei as coisas ruins da escola, aí eu tava na porta da sala assim, e um aluno de outra sala, ela só saiu assim, ele não foi expulso, ele só saiu porque ele queria sair, mesmo. Aí, o corredor vazio, assim, só eu e ele, aí ele chegou pra mim: “E aí, por que você tá aqui?” “Porque eu não lembro porque eu tô aqui”, aí ele falou assim: “Pô, cê tá de boa?” “Tô” “Você quer fumar maconha?” “Não, cara! O que é isso!”, eu era cagão demais para essas coisas, eu cresci jogando Mega Drive, então nunca tinha visto isso. Aí, ele falou assim: “Não, não pega nada não, fuma aqui” “Não, não quero”, aí ele saiu fora e foi fumar em algum lugar, eu fiquei na porta com um medo do caramba, assim (risos). Sempre fui bundão (risos).
P/1 – Agora o primeiro encontro amoroso.
R – Ah, meu primeiro encontro amoroso foi assim, foi um encontro que não teve, porque era uma menina que (risos) eu gostava muito dela, gostava muito, assim, o nome dela é Amanda, até Amanda, se você tiver vendo isso hoje é você, viu! Enfim (risos), e aí eu gostava muito dela, assim, eu lembro que eu fui me declarar pra ela, aí eu fui falar… tipo, falei que eu gostava dela, fazia três anos que eu gostava dela, nunca tinha falado nada, porque eu sou ligeirão nesse negócio do amor, mesmo. E aí, ela… depois que eu falei tudo assim, ela só olhou pra mim e falou: “O quê que você falou?”, ela não escutou nada do que eu falei (risos), só não escutou assim. Aí foi esse o meu primeiro… relação com uma menina (risos).
P/1 – E como você ficou? Você lembra?
R – Eu devo ter ficado triste no começo, assim, porque eu gostava muito dela e aí, só que depois, eu fui… me apaixonei por outras e outras, era escola, me apaixonava a cada semana, eu tava apaixonado por uma (risos). Já me apaixonei até pela professora, cara.
P/1 – Conta essa história pra gente?
R – Essa foi da quarta série, que todo mundo amava ela, inclusive eu também. E aí, eu lembro que eu me apaixonei… nossa, foi horrível quando a gente foi passar da quarta pra quinta, ia mudar de escola e nunca mais ia ver ela. E aí, eu lembro que eu fui no último dia de aula, ninguém ia no último dia de aula e aí, eu fui assim, tava só eu e ela na sala, assim, falei: “Poxa, vim aqui só pra te ver e tudo”, ela não sabia que eu era apaixonado por ela. Ah… (risos)
P/1 – Qual o nome dela, você lembra?
R – Ana Cristina, eu lembro! amor, cara, eu lembro (risos). Ana Cristina.
P/1 – E por quê que você gostava tanto dela e as pessoas gostavam dela, você sabe?
R – Eu lembro, ela era meio doidona, assim, sabe? Aquela professora assim: “Não quer fazer lição, também não quero passar, então vamos brincar”, era isso, era… ela namorava um italiano, eu lembro, era casada com um italiano e eu sei da vida dela toda (risos) e aí, acho que era por isso, o jeito dela, doidão, assim, que fazia a gente gostar dela. Era legal.
P/1 – E você lembra assim, como é que os colegas, assim, falavam de você ou conviviam com você, você já tinha esse senso de humor, assim? Desde…
R – Então, já (risos). Na quinta série, foi onde eu comecei a descobrir isso, assim, sabe, que eu conseguia fazer o pessoal rir, porque eu gostava muito do Mr. Bean, eu sempre fui apaixonado pelo Mr. Bean assim e aí, eu lembro que eu ficava imitando o Mr. Bean para os meus amigos (risos). E aí, tinha um outro amigo meu, Alexandro o nome dele e ele também gostava e a gente ficava imitando as caras do Mr. Bean assim pra gente mesmo e a gente ria muito com isso. E aí, depois disso, eu comecei a andar com outro pessoal, outros amigos meus que são amigos até hoje de Itaqua e eu lembro que eu sempre fiz muito eles rirem assim, eu ficava imitando outras pessoas, sabe? Hoje eu sou péssimo pra imitação, assim, mas de gestual assim, eu consigo, sabe? E era isso que eu usava. Foi onde eu comecei a desenvolver esse negócio: poxa, acho que eu consigo fazer essa coisa.
P/1 – E era uma coisa espontânea, assim?
R – Muito, muito. Era no meio de conversa, assim, a gente tava conversando e aí, começava a falar sobre alguém e ficava imitando esse jeito de alguém, assim, desse alguém, sabe? Era legal, eu lembro que eu me divertia muito assim.
P/1 – Você consegue lembrar assim, o que você imitava? O que te chamava atenção? O quê que você mais prestava atenção?
R – Eu acho que o que eu mais prestava atenção era a forma da pessoa rir (risos). É engraçado isso, porque eu partia daí, eu via como a pessoa ria e tipo… ou então, eu só olho para a pessoa e eu ficava imaginando como deve ser ela rindo, sabe? Meio doido isso, né? mas aí eu começava a partir daí ver outros gestos, tipo o traço, assim, sabe? E tentava o máximo no meio das conversas fazer esses traços, assim, e aí acho que era isso que o pessoal gostava, não sei, pelo menos eles riam, não sei se gostavam ou era só rindo da minha… falando: ‘Ih, olha que idiota” (risos).
P/2 – Você queria ser o que quando crescesse?
R – Antes da comédias, assim, de eu saber que era comediante, mesmo, eu queria ser psicólogo (risos), não tem nada a ver comigo (risos). Mas eu queria, eu gostava muito de Psicologia, assim, eu gostava demais, demais. E eu falava: “Acho que vai ser isso”, aí depois… só que quando eu terminei a escola, que aí era o momento de eu falar: “Agora eu vou seguir a Psicologia”, foi quando eu comecei a fazer comédia stand up, aí falei: “Não, é isso!”, que é meio que uma Psicologia, também, é uma consulta, é um desabafo e o pessoal ri (risos).
P/1 – Você terminou o fundamental, fez o médio…
R – Sim, o médio, em 2010 foi quando eu terminei.
P/1 – Aí você partiu pros shows?
R – Aí… mais ou menos, porque eu terminei o ensino médio e aí, eu tive que trabalhar, porque a gente tava meio que na fase ruim da minha vida (risos), familiar, assim, aí eu tive que trabalhar, comecei a levar currículo, aquela coisa toda e arranjei emprego numa fábrica de espelho. Aí, (risos) é um pouco ruim, era bem ruim, porque eu tinha que ficar vendo esse rosto o dia inteiro, falei: “Acho que não” (risos). Aí depois disso…
P/1 – Fala desse trabalho um pouco.
R – Então, era isso, eu entrava das seis da manhã até às cinco da tarde e era o dia inteiro fazendo espelho, assim, na verdade, era uma fabrica de bola de enfeite, assim, era umas bolas de vidro, aí colocava o liquido do espelho lá dentro, mexia e formava o espelho. Aí, tinha gesso também, bola de gesso, pintura, era uma bagunça só.
P/1 – Foi o seu primeiro trabalho?
R – Foi o meu primeiro trabalho.
P/1 – Fala um pouco assim, das suas reações, quando você começou nesse trabalho.
R – Então, foi meio que do nada que apareceu ele pra mim, porque era o pai de um amigo meu, amigo de escola e aí, ele falou assim: ‘cara, a gente tá precisando de uma ajuda lá”, era na casa… na laje da casa do amigo assim, não numa fábrica, fábrica mesmo. E aí, ele falou assim: “Ajuda a gente lá”, eu falei: “Tá bom”, aí ele falou: “Mas é só por um curto tempo assim, tudo”, e aí, eu fiquei lá durante uns seis, oito meses assim. Era… eu, o amigo meu e o pai dele trabalhando, era bem legal, era bem divertido. Aí, esse foi o meu primeiro. Daí, eu já comecei a ver muitos vídeos de comédia stand up aqui no Brasil, que era em 2010 e aí, eu comecei a me apaixonar, assim, porque tipo, juntava aquilo que eu fazia na escola que era fazer o pessoal rir e aí, tipo, num palco assim, que eu gostava bastante, já tinha essa experiência… já tinha tido no Ceará e tudo. Aí falei: “Cara, eu acho que é isso”.
P/1 – Você ia assistir?
R – Eu ia assistir, aí eu comecei a assistir no Clube da Comédia aqui perto, em São Paulo, e aí, foi onde eu comecei a falar: “Cara, é muito isso que eu quero, assim”, só que aí, tipo, eu ainda tinha esse problema familiar que eu tinha que trabalhar pra ajudar em casa e aí, eu sai dessa firma de espelhos e fui trabalhar na outra firma de camuflagem do carro do Exercito (risos), que era basicamente, chegava o caminhão do Exercito, assim, limpo, aí a gente colocava umas placas e vinha pintando assim e ia camuflando, era isso que eu fazia (risos).
P/1 – E você fazendo isso, você pensava em alguma coisa assim? Porque camuflar carro do Exercito…
R – Pois é, eu só pensava em dormir, era só dormir que eu queria, porque eu tinha esse negócio da escola de não gostar de estudar, eu não gostava de trabalhar também (risos). Tem essa parte da minha vida que eu sou um pouco preguiçoso. Alias, eu descobri esses dias que o meu irmão acha que eu sou o cara mais preguiçoso da vida dele! Olha isso, cara! Não é nem do ano, assim, é da vida, só!
P/1 – Como que você descobriu isso?
R – A gente tava conversando, falando sobre videogame, assim, do nada e aí, ele falou assim: “Cara, você sabia que pra mim, é o cara mais preguiçoso da vida”, aí eu falei: “Gente, como assim? Da vida?” “É da vida”, eu falei: “Não…”, e isso eu acho que tava muito engasgado nele assim, porque ele só falou, só jogou do nada, não tinha nem relação assim, a gente tava falando de videogame, só jogou. Poxa! Eu fiquei muito triste, cara, eu não sou preguiçoso, na verdade, eu acho que eu sou sim, eu acho (risos). Mas foi isso, foi assim que eu descobri que eu era preguiçoso, por conta do meu irmão. (risos).
P/1 – E como que você chegou nas comédias para assistir, assim? Como que você descobriu?
R – Então, daí eu via bastante os vídeos, aí eu comecei a pesquisar no YouTube, a gente já tinha acesso a internet em Itaqua e aí, eu comecei a ver os vídeos, falei: “Cara, vou ver se eles estão se apresentando aqui por São Paulo”, e tudo, aí joguei na internet lá o nome do grupo que era Clube da Comédia, e eu comecei a assistir os vídeos do Rafinha Bastos, Danilo Gentili, eu achava muito legal, assim, a Marcela Leal também. E aí, eu descobri que no teatro Procópio Ferreira, eles estavam em cartaz e eu falei: “Vou lá assistir”, aí comprei o ingresso online, vim assistir e eu lembro que era muito ruim, assim, porque… não o show, o depois do show, porque eu tinha que assistir e ir correndo assim, que eu tinha que pegar metro e essas coisas, porque eu morava longe demais, e acabava tipo 11 horas, era uma correria demais, isso.
P/1 – E de todos esses, né, qual que você se inspirou mais, assim, o que te agradava mais?
R – Foi assim, que eu… a primeira vez que eu fui assistir o Clube da Comédia, o grupo era Marcela Leal, o Rafinha Bastos, Danilo Gentili, o Marcelo Mansfield e Oscar Filho, só que nesse dia, o Danilo Gentili não ia estar no dia, que ele ia fazer gravação do CQC, era da época do CQC e aí, entrou o Maurício Meirelles no lugar dele, eu não conhecia. E aí, no dia, assim, eu achei incrível assim, porque era legal, era igual os outros, era comédia stand up, só que ele ia para um outro lado assim. Em 2010 isso e eu falei: “Porra é demais esse cara”, aí cheguei em casa, comecei a pesquisar sobre ele, aí no dia seguinte, ele ia estar fazendo uma entrevista no “Pânico”, na rádio, e aí, essa entrevista era sempre transmitida ao vivo, assim, eu assisti a entrevista, uma hora de entrevista, eu achei incrível, assim, eu falei: “Cara, é muito ele que eu quero seguir, assim”.
P/1 – Por quê? O quê que ele era de diferente?
R – Ah, eu acho que a forma como ele escrevia era diferente, já, sabe? Tipo, os assuntos que ele abordava eram diferentes, porque nessa época, em 2010, era muito… se falava muito sobre trânsito, sobre essas coisas de São Paulo, assim e eu acho que ele ia muito para um outro lado, sabe? Falava de outras coisas que eu ainda não tinha visto o pessoal falando e aí, eu acho que isso me chamou muita atenção nele, eu achei ele muito legal.
P/1 – Eu vou voltar para esse seu percurso, mas lembrei assim, da tua juventude lá em Itaqua. Tem algumas passagens, assim, que te marcaram? Não necessariamente engraçadas, só pra gente saber um pouco.
R – O que marcou bastante em Itaqua, acho que foi amizade, assim, o pessoal que eu conheci lá que é um pessoal que até hoje eu converso, tipo, da escola por exemplo, da escola, eu tinha três amigos e são os três amigos até hoje, assim (risos). E aí, tinham uns amigos do meu irmão que iam sempre em casa que viraram meus amigos, também. Eu acho que as coisas que mais me marcaram foi assim… o que mais me marcou hoje foi a amizade mesmo, pessoal lá.
P/1 – O quê que vocês faziam? Vocês ficavam lá ou saiam pra algum lugar? Na juventude, assim.
R – Com esses meus três amigos da escola, a gente era muito ligado a videogame, assim, sempre. Eu sempre gostei muito de videogame e aí, a gente conversava bastante sobre videogame, ia na casa um do outro jogar. Eu lembro que tinha um amigo, Renan, esse, que faz parte dos três, que da nossa turma, ele era o único que tinha computador, e a gente ia na casa dele ver vídeo de videogame, ver vídeo de banda que a gente gostava muito. Aí, onde entra também a parte dos amigos do meu irmão, que a gente sempre conversou muito sobre música, eu sempre fui muito ligado à música e tudo e aí, era o pessoal mais do rock, assim, que eu sempre gostei de rock, tudo, a gente só fazia isso. A gente só ficava em casa escutando música e com os outros, era em casa jogando videogame. Ou seja, eu só ficava em casa (risos).
PAUSA
P/2 – Então eu queria te perguntar assim, para o seu irmão ter te falado que você é o cara mais preguiçoso, assim, queria saber se tem alguns episódios assim, de extrema preguiça que você viveu.
R – (risos) Então, até ele falar, eu nunca tinha reparado em nada, assim, porque eu era… poxa, eu não era preguiçoso (risos) só porque eu não gostava de estudar e nunca gostei de trabalhar, mas enfim (risos)… depois que eu parei para pensar assim, não tem cara, eu só não sei por que ele acha (risos). Meu irmão… inveja porque eu durmo mais do que ele, só isso. Só inveja (risos).
P/2 – Você dorme quantas horas por dia?
R – É que eu vou dormir muito tarde, eu durmo tipo três, quatro da manhã e aí, eu acordo dez da manhã, não é muito tempo, seis horas… é seis horas, fiz a conta certa? (risos)
P/1 – Você sempre dormiu assim, tarde?
R – Não, é agora, depois que eu parei de trabalhar… eu trabalho só com a comédia, daí eu meio que… porque a gente chega tarde e aí, fica conversando, conversando e aí, acaba indo dormir tarde e acorda tarde. Mas antes, eu sempre fui um rapaz que acordava muito cedo, assim, tipo cinco da manhã para ir trabalhar às seis e como os lugares que eu trabalhava era sempre perto, então não precisava acordar tão, tão cedo. Eu acordava às cinco, entrava às seis e saia às cinco, aí ia pra casa, da casa pra escola e fazia isso, era a minha rotina.
P/2 – E nessa, assim, juventude qual que foi a vez que você lembra que você mais riu?
R – Aí, quando eu mais ri, cara? Nossa, tem bastante momentos assim que eu bastante ri, assim, mas eu acho que o que mais me alegrava não era rir, era fazer o pessoal rir, como eu falei, na parte da escola, era imitar o pessoal para as pessoas rirem, assim, isso que me deixava mais contente, assim, eu acho.
P/1 – Agora você falou que você ficava muito em casa, né, jogando…
R – Ficava, jogando, é (risos).
P/1 – Nessa fase, existia o riso também?
R – Existia, que era essa mesma fase que eu ficava imitando o pessoal da escola, era tudo junto ali, tudo na mesma época e aí, eu ficava… na verdade, eu só fazia o pessoal rir mesmo na escola, porque em casa eu sempre fui muito fechado, assim, de ficar só em casa jogando videogame, mesmo. Nunca tive uma relação muito boa de conversar com a família, assim, apesar de ser muito unido com os meus irmãos e tudo. Mas tipo, tinha muita coisa que a gente não conversava assim, sabe, sobre namoro, sobre essas coisas, a gente nunca conversou (risos).
P/1 – Falando de namoro, além daquelas todas que você se apaixonou…
R – Da Amanda e todas as outras…(risos)
P/1 – Você encontrou alguém, assim, que foi mais forte…
R – Sabe que não! (risos)
P/1 – Do que aquela primeira… (risos)
R – Pois é, eu nunca tive uma namorada, assim, namorada mesmo de você falar: “Poxa, essa é minha namorada”, apresentar para a minha família. Eu nunca tive assim, porque eu não… eu sou rapaz das ruas, né? (risos) Sou de todas… (risos) viu, Carol, sou de todas, desculpa. Mas não, nunca tive uma namorada, cara, nunca… nossa, nunca tive… (risos)
P/1 – Agora, além do seu irmão falar, ainda…
R – Agora duas, tá vendo? Sou preguiçoso e nunca tive uma namorada. Acho que eu nunca tive uma namorada por ser preguiçoso. Dá trabalho ir procurar, não! Envolveu trabalho, eu não quero (risos).
P/1 – E como que você chegou até assim, a sua situação com o humor, né, como que foi essa trajetória, conta pra gente.
R – É, aí, que nem eu falei, eu trabalhava e conheci a comédia stand up, eu falei: “É isso que eu quero fazer”, aí eu comecei a procurar onde tinha espaço para quem era iniciante, esse pessoal do Procópio Ferreira abrir, que eles não abriam naquela época, espaço para quem era iniciante. Aí, eu descobri no Orkut que tinha uma comunidade do pessoal em Santo André que ia fazer uma noite só para quem tava começando, quem ia subir a primeira vez. Eu falei: “Cara, é aí que eu vou me encaixar”, e aí, eu mandei mensagem pro cara lá, Diego Secato o nome dele e aí, a gente… ele falou: “Não, é só vim aí, você faz o tempo que você escrever e se apresenta”, aí eu falei: “Tá bom”, aí eu escrevi lá, acho que eu escrevi cinco, seis minutos e falei: ‘Vou lá apresentar”, e aí, esses meus minutos era falando sobre onde eu moro, Itaqua, sobre a minha infância, essas coisas.
P/1 – Você que escolhia o tema?
R – É, eu que escolhi, sempre fui eu que escrevi mesmo, sempre foi eu que escolhi e aí, eu falei: “Tá escrito, agora é só ir lá e fazer”, aí eu lembro que foi em 14 de julho de 2010 minha primeira vez que eu subi no palco, que amanhã faz sete anos, olha que louco! (risos) Amanhã é dia 14 para quem tá assistindo depois (risos). E aí foi isso, no dia 14 de julho de 2010, eu subi a primeira vez e foi demais, assim, cara, foi demais. Foi uma das melhores coisas que já me aconteceu assim, ter subido no palco para fazer stand up.
P/1 – Mas conta como foi então? Assim, quando você chegou… como era o lugar…
R – Eu lembro que era um barzinho “Brazucas Sport Bar”, o nome. não sei se existe hoje mais e aí, eu cheguei, era um bar legal assim, bonito até e tipo, pra mim também que nunca tinha feito, tava incrível assim. Aí, tinha o palco, tinha luz, tinha o microfone, era o que eu precisava. Só não tinha plateia (risos), que era o que eu precisava também…
P/1 – Tinha ou não tinha?
R – Quinze pessoas e as 15 pessoas eram comediantes que estavam fazendo a primeira vez, então ninguém sabia de nada assim. E aí, eu lembro que eu subi e cara, foi muito legal, é uma sensação que até hoje eu não sei como explicar assim como foi, porque eu falei a primeira piada… a primeira piada foi sobre Itaqua que eu falei que Itaqua era perigoso e tudo, era o que eu falava e aí, quando o pessoal riu a primeira vez, eu falei: “Cara, é muito isso assim”, e aí quando riram de novo, eu falei: ”Só confirmação do que eu queria, assim, mesmo”. E aí, eu fiz os seis minutos e aí, quando eu sai do palco, eu sai tipo muito nervoso, assim, tremendo demais e aí, eu cheguei para um dos comediantes que eu tava conhecendo na noite lá, eu não lembro se era o Átila que também tava lá, o Átila Shinhe, que eu apresento com ele, eu me apresento até hoje com ele e aí, eu falei: “Cara, isso aqui é muito incrível, assim. É isso que eu quero pra vida”, aí foi onde eu tive esse toque, assim, caramba, é demais isso. É muito legal (risos).
P/1 – E você lembra… fala um pouquinho mais sobre o que você falou assim, não precisa contar, fazer o show…
R – As piadas (risos). Eu lembro que eu falei sobre Itaqua, que era um lugar perigoso, mas eu gostava de morar lá (risos), eu lembro que eu falei sobre a minha… eu sempre brinquei muito com a minha aparência, assim, de ter dente grande, essas coisas e eu lembro que eu falei sobre isso. E eu não lembro se eu falei mais coisa, acho que foi basicamente isso que eu contei. Seis minutos era isso (risos).
P/1 – E a reação das pessoas?
R – Foi muito legal, assim, depois do show, depois que todo mundo se apresentou, o pessoal vindo falar que curtiu, cara, isso é incrível, assim! Até hoje, é a mesma sensação, antes de subir no palco, mesmo, um nervosismo e depois, a tremedeira depois (risos) e o pessoal vindo conversar depois é a mesma coisa até hoje, sete anos, a mesma coisa.
P/1 – Essa é a sensação…
R – Nossa, é demais, cara! Eu gosto muito.
P/1 – Descreve um pouco, você consegue descrever o quê… além do nervoso, assim?
R – É porque o nervoso dá antes de subir assim, que eu sei que tá prestes a chamar o meu nome e eu falo: “Putz, é agora, vou subir e não sei como vai ser”, não dá pra saber como vai ser, se o pessoal vai gostar… nossa, é horrível! (risos) E aí, tem essa coisa que quando você fala e você vê que a galera… você sente que a galera tá muito na sua assim, você fala: “Poxa, vai ser muito incrível isso aqui”, e aí, tipo, quando não é também, é horrível (risos).
P/1 – Já aconteceu?
R – Nossa, muito, muito, assim.
P/1 – É mesmo?
R – Não muito, porque se eu falar: “Muito, muito”, vai falar: “Nossa, então você é ruim!” (risos)
P/2 – (risos)
R – Mas já aconteceu bastante vezes, assim, de tipo eu subir… eu lembro (risos), tem uma engraçada que eu tava em Osasco, fui fazer um show em Osasco e aí, tipo, era eu e mais três comediantes e aí, o primeiro… o mestre de cerimonia subiu, aí ele fez lá, a galera riu, tranquilo, aí subiu uma menina que tava começando no open, aí ela foi legalzona, porque a galera riu, aplaudiu. Aí, subiu um outro, o pessoal riu e aplaudiu, eu falei: “Agora e minha vez e depois de mim tem mais um. Pessoal tá rindo, vai ser legal”. Aí, eu (risos) subi, na primeira coisa que eu falei, no meu primeiro boa noite, a galera calou assim, (risos) só ficou o silencio, eu falei: “Acho que eles não foram muito com a minha cara”, o que é comum, eu entendo (risos), aí tá, aí eu fiz cinco minutos no silencio, ninguém rindo de nada, mas nem esboço de riso, assim, eu falei: “Gente, o que tá acontecendo?”, aí depois quando eu tava mais ou menos uns oito minutos, eu ouvi um cara falando assim: “Porra, esse cara não vai sair não?”, aí eu falei: “Gente…”, no silêncio assim, só uma voz surgiu. Aí, eu falei: ‘Cara, tem, mais oito minutos aqui em cima, acho que você vai ter que aguentar ai”, aí fiz mais uns oito no silencio e sai no silencio, assim. A única palma que eu tive foi quando eu sai que o pessoal: “Aeeee” (risos). foi isso, cara, foi horrível, assim. E aí, o comediante que veio depois arregaçou assim.
P/1 – Você conseguiu entender, assim?
R – Então, isso é o mais louco da comédia stand up que eu acho assim, a gente nunca vai conseguir explicar o que acontece assim, cada show é um show assim, por isso que dá esse nervosismo, é sempre a primeira vez, sempre! É incrível, cara (risos).
P/2 – Eu queria saber uma coisa, que é a sua memória, né? Que você contasse se você conseguir lembrar algum episódio marcante para você em cada ano, sete episódios marcantes.
R – Ixi! Em cada ano?
P/1 – 2011, por exemplo, você lembra de algum…
R – Tá, 2010 foi quando eu subi a primeira vez, isso marcou muito, aí em 2011… 2011 é difícil lembrar (risos), porque eu sei que 2012 eu participei a primeira vez do Risadaria, que foi assim, era o concurso que o Risadaria promovia de open mic, de iniciantes e tudo mais. E aí, eu entrei, tinha votação pela internet, aí você tinha que cadastrar e aí, eles selecionavam cada estado do Brasil, eles selecionavam um e aí, tipo, o último era por votação popular que era um vídeo, a pessoa ia lá e votava. E aí, eu entrei por essa votação popular. cara, eu achei absurdo assim, porque eu era… 2012, ninguém me conhecia. Ninguém e eu ganhei. Aí, foi o que me marcou bastante esse ano, 2012, que eu entrei… fiz o… participei do Risadaria, perdi, mas me marcou (risos). E aí, em 2013… eu pulei 2011 porque eu não lembro, mesmo! (risos) E aí, em 2013, eu entrei para o Seleção do Humor, que era um grupo. era um dos grupos mais antigos que tinham em São Paulo e era o único que tinha em 2013 ainda dos antigos, assim em aí, eu lembro que cara, quando eu entrei foi demais, porque no grupo, quem fazia parte era o Mauricio Meirelles que foi o que eu conheci no primeiro show que eu fui, que eu ouvi as entrevistas no “Pânico”, e tudo e aí, eu tava… em 2013, eu tava com três anos de comédia, participando do mesmo grupo que o cara que eu curtia muito, assim, então isso pra mim foi uma explosão, porra, ganhei a vida aqui (risos). E aí, em 2014… o quê que teve em 2014?
P/1 – Nem precisa ser… acho que são marcos…
R – Exato. Acho que de marcante assim, foi mais tipo… porque assim, de 2013, depois que eu entrei nesse grupo até agora, meio que as coisas só cresceram assim, sabe? Eu fui fazendo shows que eu queria muito fazer, eu conheci pessoas que eu queria conhecer, sabe? Então, essas coisas que me marcam, assim, sabe?
P/1 – Que shows que você queria muito fazer, assim?
R – Olha, eu lembro que o Comedians era um que… era um bar de comédia stand up que todo comediante quer fazer, era um que eu queria muito fazer assim. E eu consegui… acho que em 2014, olha só! De 2013 pra 2014…
P/1 – Onde é esse bar?
R – Fica na Rua Augusta, é o bar do Danilo Gentili e do Rafinha Bastos e aí, era… é o sonho de todo comediante, assim, que poxa, você tá começando, que já vem há um tempo, é se apresentar lá e eu consegui fazer.
P/1 – Como foi esse dia?
R – Ah! Muito nervoso, né? (risos)
P/1 – Mas e a reação do pessoal?
R – A reação é sempre legal, assim, é sempre positiva, por mais que fora esse de Osasco (risos), mas sempre tem uma coisa ou outra que você fala: “Poxa, valeu muito a pena”, sabe? E eu lembro que foi a minha primeira participação lá como convidado, foi tipo, bem legal, assim, bem legal. Os garçons chegaram para conversar depois. É que eu acho que o que mais marca assim, depois do show, é isso, a reação… o feedback do publico, sabe, de vim conversar, de vim falar que gostou. Isso eu gosto.
P/1 – Você percebe, assim, uma diferença talvez não na hora, assim, então são duas perguntas.
R – Tá.
P/1 – Quando você chega no palco, você consegue perceber quem tá lá, quem é o público? Dá pra perceber isso?
R – Dá. Dá pelo tipo de piada que você faz e a reação deles, assim, depois da piada. Por exemplo, ou então, não enquanto você tá no palco, mas enquanto outros comediantes estão, você percebe, assim, eles estão rindo sobre isso, então é um público para esse tipo de piada, sabe? E aí, como eu falo muito sobre… ainda sobre Itaqua e esse tipo de coisa, eu percebo que de lugares que eu me apresento tem reações diferentes assim, de uma galera que ri porque se identifica, uma galera ri porque assiste, sabe como que é ou de uma galera que só ri porque achou engraçado, assim, sabe, a situação engraçada. Mas tem como perceber sim, tem como sentir isso, do tipo de público que tá te assistindo.
P/1 – E tem algum público que você percebe que não vai rolar, não vai gostar porque…
R – Sim, sim…
P/1 – É?
R – Tem demais, assim, por exemplo, se eu falo sobre… se tem m comediante antes que vem falando sobre relacionamento, bastante sobre relacionamento e eu não tenho muito texto sobre relacionamento e aí, eu vejo que o publico riu muito forte disso, já dá para perceber que quando eu falar sobre Itaqua, sobre essas coisas, sobre… mais coisas do cotidiano assim, meu, eles podem rir muito assim e podem não rir, nada. E aí onde entra mais a questão do medo, assim, de falar: “Poxa, se eu tivesse texto sobre relacionamento, tava garantido, mas e não tenho”, até porque eu nunca tive namorada (risos).
P/1 – E escuta, você quer falar?
P/2 – Você já mexeu assim, com algum tema politicamente incorreto, assim?
R – Pois é, eu tenho vontade de falar sobre temas mais sérios, assim, sabe? Mas politicamente incorreto, que o pessoal julga, tipo assuntos polêmicos, assim, eu nunca… até porque eu acho que não faz o meu perfil, sabe? Eu acho que não… eu falo sobre o que eu quero, assim, se um dia da minha carreira eu quiser falar sobre algum assunto que eu o pessoal julga polemico, tipo, aborto vai, eu vou falar sobre aborto, mas aí depende de como eu vou abordar isso, sabe? Depende de como eu vou tratar sobre isso. Acho que é mais… na verdade, eu acho que não existe um assunto muito polêmico, existe a forma como você aborda qualquer assunto, sabe? Eu posso ser muito polemico falando sobre Itaqua, como eu posso ser tipo, só legal, sabe? Eu acho que é mais por isso.
P/1 – Quando você cria o seu humor… você já contou um pouco, mas agora profissionalmente, assim?
R – Então…
P/1 – É com o cotidiano?
R – é, eu acho que eu consigo muito facilmente falar sobre situações que eu passo assim do que pegar um assunto e falar: “Vou trabalhar em cima desse assunto”, acho que só você vivendo já consegue muito assim, muita coisa, sabe? Por exemplo, recentemente, eu entrei na academia e aí, isso já é tipo (risos)… já é uma piada, porque claramente não tá fazendo efeito nenhum em mim, sabe? E aí, é sobre essas coisas (risos), sobre essas coisas que eu falo, eu tento viver ao máximo para ter material. É isso que eu faço (risos).
P/1 – Você escreve bastante?
R – Escrevo, escrevo.
P/1 – Você prepara antes?
R – É, escrevo muito assim, tudo o que eu falo no palco é escrito, ou é… por exemplo, eu penso e aí eu falo: “Acho que isso que eu passei dá piada”, eu tenho um texto que eu falo sobre o dia que eu fui assaltado na Celso Garcia e aí, foi um assalto normal assim, o cara chegou com uma barra de ferro, não era tão normal, porque ele não tava com a arma, então, era uma barra de ferro e eu fiquei com muito medo, assim, e aí, eu tenho um texto falando sobre esse dia, sabe? E são essas coisas, eu pego situações que eu faço, que eu vivo e desenvolvo. Isso.
P/2 – E qual foi a situação assim, mais inusitada que você viveu que virou humor?
R – Ah, eu acho que essa do assalto é uma delas que é uma história que eu gosto de contar que até hoje eu conto.
P/2 – Conta aí.
R – É porque assim… olha que curioso, hein! Foi no dia que eu sai desse show de Osasco (risos), na mesma noite, assim, eu sai correndo assim pra voltar pra casa e aí, eu sempre pegava trem no Brás pra voltar… que é a linha de Itaqua. E aí, nesse dia, não tinha trem, aí eu falei: “Puxa, vou ter que pegar ônibus”, aí eu sai da estação, andei ali até a Celso Garcia e tava lá no ponto de ônibus na Celso Garcia, lá, sozinho assim, era nove… onze… ih, era bem tarde, tipo umas 11 da noite, já assim. E aí, tudo fechado, Celso Garcia, o começo da zona leste, ih, eu já vi tudo, já… aí, eu tava sozinho lá e aí, eu vi um cara vindo, o meu ônibus vinha de lá e o cara vinha dessa direção com a barra de ferro na mão, falei: “Cara, esse cara claramente vai fazer alguma coisa errada comigo”, e aí, ele chegou perguntando se eu tinha dinheiro, aí eu falei que não tinha, só que eu tinha, eu queria enganar ele, só. Aí, ele falou: “Deixa eu ver”, pegou a minha carteira e viu lá 50 reais, eu tinha 50 reais, olha só, eu, um rapaz de Itaqua andando com 50 reais no bolso. Aí, ele ficou muito puto assim, comigo, ele xingava porque eu tinha mentido pra ele (risos) e ele falou: “Pô, você tava mentindo pra mim? Mentir é feio, sua mãe nunca te ensinou isso, não?”, aí pegou o dinheiro e saiu fora com o meu dinheiro assim e com essa lição de moral que ele me deu (risos). Aí, tipo… aí essa situação eu meio que coloquei bastante piada nela e levei para o palco, assim. E esse tipo de coisa que eu faço.
P/1 – Você vai esmiuçando, assim?
R – Exatamente, é.
P/1 – Diego, conta um pouco como é que você… hoje, você é um profissional!
R – Olha, pessoas consideram, eu ainda não me vejo como (risos), porque eu acho que… eu não sei, é estranho eu pensar eu como um profissional, assim: eu sou um profissional do humor. Eu sei que sou, sabe? Mas eu nunca assumo isso assim, eu não sei, acho que ainda não… falta muito, ainda. Eu acho que falta muito.
P/1 – Mas hoje, o seu trabalho…
R – O meu trabalho é a comédia. é, então eu acho que eu sou um profissional… aaa…
P/1 – Desde que você se apresentou a primeira vez naquele palco, aí você continuou batalhando…
R – Sim, continuei correndo atrás, é…
P/1 – Ou você, paralelamente, teve outros trabalhos?
R – Não, porque eu conciliava esses primeiros shows com os trabalhos que eu tinha em fábrica normal, porque daí, eu trabalhei lá de espelho, como eu falei, a de camuflagem do caminhão do Exercito e depois, a última que eu trabalhei foi uma de ketchup, que eu gostava muito de trabalhar lá, porque a gente comia (risos), era assim, era a fabrica de ketchup, só que fazia vários molhos e tinha cereja em calda, a gente abria a cereja e comia, nossa, não comam, é errado. A gente fazia e era bom, era bom…
P/1 – Conta como que vocês faziam isso?
R – Era assim, eu trabalhava nessa das oito até às quatro da tarde e aí, tinha uma… era CT, era lá em Itaqua também, aí tinha um período em que todo mundo ia embora e eu cobria o horário de alguém, eu não sei porque, mas eu ficava uma hora a mais, então eu ficava até às cinco, só que eu ficava até às cinco montando pedido pra outros lugares, para restaurante, tudo, só que eu ficava sozinho e aí, tinha as latas de pêssego em calda, de abacaxi, eu falava: “Gente, tá eu e elas aqui só, não tem porque não abrir, sabe?”, só não tinha porque. Aí, eu comia (risos), foi a época que eu engordei bastante. Aí, eu sai de lá, e fiquei assim de novo (risos). Aí, eu conciliava os shows com esse emprego até 2012, que foi onde eu participei do concurso do Risadaria e aí, eu achava que dava para viver só da comédia, falei: “Ih, agora não preciso mais disso, cara, agora eu vou viver só da comedia”, e aí, em 2012, eu sai desse emprego e fui tentar viver só da comédia assim e foi horrível, horrível, porque eu tava ganhando… tipo, eu ganhava em um show ou outro, mas a maioria dos shows era mostrando o meu trabalho, ainda, porque ninguém me conhecia, tinha dois anos só, era só loucura. Aí, eu falei: “Não, mas eu vou continuar”, porque se é para passar fome, eu já passava, já, sou de Itaqua, cara, ih, minha vida toda passando fome, uma fome a mais outra a menos não vai fazer diferença (risos). E aí, eu insisti assim, eu só insisti mesmo até dar muito certo, assim, que é o que tá rolando hoje.
P/1 – E o quê que significa para você assim, participar do Risadaria hoje?
R – Cara, é incrível assim, é demais, demais mesmo, porque essa primeira vez que eu participei do Risadaria no concurso era o segundo ano… não, terceiro ano de festival, então tipo, já era um nome grande assim no meio da comédia, sabe, já era você fazer o Risadaria, você é alguém. Era isso, foi até por isso que quando eu participei do concurso do Risadaria que eu resolvi sair do emprego, porque eu falei: “Já sou alguém, cara”, mas mal sabia eu que era só o concurso, não era o evento, mesmo! (risos) E aí, do Risadaria, mesmo, eu vim participar dois anos depois desse, que aí foi quando me chamaram mesmo pra fazer parte dos shows, eu falei: “Nossa, carta, agora…”, e é demais assim. É demais, é demais.
P/1 – Por que você acha muito bom?
R – Acho que é o mesmo sentimento do Comedians, que quando você chegou ali é um ponto da sua carreira que as pessoas já sambem quem você é, já te notam, sabe? E é tipo, é isso que a gente busca, né, a gente busca reconhecimento, a gente… todo comediante que eu vejo falando: “Eu faço porque eu não quero fama”, ah gente, que é isso? Todo artista quer fama, cara, é o principal do que a gente busca, sabe? Não principal, principal assim, a gente busca… eu por exemplo, busco sucesso, a fama é a consequência e aí, tipo pessoal confunde muito assim. Mas ter esse sucesso é demais assim, é uma satisfação bem grande, assim. É legal.
P/1 – E você faz agora, né, como que você se organiza? Você tem participação… como que funciona isso?
R – Os shows que eu faço hoje?
P/1 – É. Onde você faz? Como que é?
R – Então, lugar fixo assim, onde eu me apresento toda semana eu não tenho, mas eu tenho muitos shows assim, monto a agenda do mês e aí, tipo, um produtor chama de uma cidade, outro Estado, e aí, vai juntando assim, monta a agenda e assim que eu faço os shows (risos). Vou sendo chamado por aí.
P/1 – Você vai fazendo shows?
R – Isso.
P/1 – A rotina é de shows?
R – Isso, a rotina é shows, toda semana tem que ter pelo menos uns três shows assim pra ficar legal (risos).
P/1 – E não precisa nem contar história sobre isso, mas fazendo tanto shows de humor, você continua com o mesmo humor (risos)?
R – (risos) Olha, eu acho que a gente vai se aprimorando, né? Por exemplo, quando eu comecei… a gente vaio sabendo o que é engraçado, sabe? A gente meio que desenvolve isso, são sete anos, a gente vai desenvolvendo umas coisas, assim. Por exemplo, das piadas do meu primeiro show que eu fazia, tinha uma delas que eu falava do Silvio Santos, que era nessa parte de Itaqua, eu falava: ‘Como seria uma caravana de Itaqua no programa do Silvio Santos?”, e aí, imitava o Silvio Santos e era horrível, assim, era horrível. Eu achava muito engraçado naquela época, só que hoje eu já não acho amis, porque eu sei que não era, sabe? Era… podia ser legal lá só, naquele momento, naquele dia, mas hoje já não é, se eu fizer isso hoje vai ser um desastre. Pessoal vai falar: “Gente, o que você tá fazendo? Você sabe que isso não é engraçado”, então eu acho que é isso. Você vai aprimorando nesse sentido de saber o que é engraçado, saber onde tem graça, sabe, uma situação que isso aqui pode ser engraçado, algo a mais que eu posso falar sobre isso depois, sabe? Ou posso ser só uma lembrança, só.
P/1 – E você… a energia, você sente que do humor…
R – Ah, isso continua muito viva, assim! Muito. Tanto que assim, amanhã eu vou estrear, como eu faço sete anos, eu vou estrear o meu primeiro solo, vai ser… olha que legal, cara, rui tô muito ansioso com isso e cara, isso ainda não sei explicar, porque tipo, vai ser amanhã ainda, mas a preparação para isso tá sendo tipo, horrível, tá sendo… nossa, tá sendo muito chato (risos).
P/1 – Por quê?
R – Porque começa a agonia, não sei como vai ser, vai ser uma hora de solo, só eu sozinho no palco…
P/1 – É a primeira vez? Você sempre se apresenta com alguém?
R – É, sempre… é sempre nesse esquema de o pessoal chama, o produtor chama e aí, é um produtor local que já tem um show rolando lá e aí, eu só vou sendo convidado, só, sabe? É sempre isso, sempre tem eu e mais dois, eu e mais três. E agora, vai ser sozinho, só eu (risos).
P/1 – As pessoas vão lá especialmente para te assistir.
R – Exatamente. Olha, que essa frase me deixou muito mal (risos). Cara, vai ser difícil. E aí, eu tô nessa, de tipo, não saber o que vai ser… e o que eu tô sentindo, o que eu tô sentindo agora é o que eu senti exatamente um dia antes da minha primeira vez, que é aquela coisa tipo, como vai ser, sabe? Vai ser legal, eu espero (risos).
P/2 – Queria saber uma coisa, assim, por exemplo, os episódios que acontecem na sua vida, como é que você transformou eles em comédia, assim, por exemplo, no caso do assalto que você comentou, aí tá na hora que a pessoa tá te assaltando, você pensou ou você na sua casa escreveu?
R – Depende da situação, no assalto, eu não conseguia pensar em nada a não ser em me limpar quando chegasse em casa, porque eu tava, realmente, cagado (risos). Do assalto, quando ele falou: “Mentir é feio”, aí eu já… eu tava com muito medo, mas eu pensei: cara, olha o que esse cara que tá me assaltando tá falando isso, é sério mesmo? E aí, depois que passou o susto assim, disso, foi quando eu comecei a contar para as pessoas como foi e aí, eu vi que tipo, tinha uma gracinha aí. Aí, falei: “Acho que dá para fazer, falar sobre isso”. Mas geralmente, é na hora mesmo, que tá acontecendo, eu já penso: isso daqui rola piada com isso. Aí, geralmente é na hora, mesmo, é bem difícil ser depois assim, até porque quando você tá passando, tá mais fresco ali, você tá sentindo o que tá rolando, então é mais fácil de desenvolver assim, o que tá rolando.
P/2 – E você escrevia depois dessas situa…?
R – Escrevia, escrevia. Do assalto, por exemplo, eu parei, aí escrevi exatamente como foi tudo, aí eu reli e comecei a ver os pontos onde dava pra colocar piada, sabe? Assim que eu faço (risos).
P/1 – E a gente já vai concluir…
R – Mas já, nossa! Foi tão rápido! (risos)
P/3 – Pedir para ele dar uma palhinha, assim…
R – Ah, vocês querem, gente?
P/1 – Eu vou te perguntar duas coisas ainda e depois, aí você escolhe um… pode ser até sobre isso aqui que tá acontecendo.
R – Tá (risos).
P/1 – Mas se você… não sei se você consegue escolher, né, da vida inteira, mas o que mais… alguma história que aconteceu com você… acho que você até já falou um pouco, mas que mais te fez sorrir?
R – O que mais me fez sorrir? Cara, isso é difícil, assim, hein! Isso é muito difícil.
P/1 – Que te deixa muito feliz, entendeu? Que te faz sorrir.
R – Acho que como eu trabalho com isso do humor e tudo mais, cada conquista que a gente tem, assim, como eu falei do Comedians, de participar do concurso do Risadaria e agora do meu solo, é isso que me deixa mais feliz assim, sabe? São os momentos, os momentos são os que me deixam mais feliz e aí, eu tento aproveitar o máximo esses momentos assim, sabe, que agora o que eu tô tentando aproveitar muito é esse momento do solo, esse nervosismo antes, como vai ser amanhã , depois, sabe? Eu procuro não pensar tipo daqui um ano o quê que eu vou estar fazendo, só o momento mesmo, acho que essa parte que me deixa mais feliz, é aproveitar o momento do lado da pessoa que eu gosto e tudo mais. É isso (risos).
P/1 – Então, você quer falar alguma coisa pra gente mais, alguma coisa que a gente não perguntou, também?
R – Acho que eu nunca tinha falado tanto da minha vida quanto agora (risos). Acho que não passou nada em branco.
P/1 – Até da profissão ou do seu trabalho como humorista, alguma coisa que a gente não perguntou, que você lembra que é importante até deixar registrado?
R – Como comediante, eu fiz alguns trabalhos em TV também, fora do palco, eu tive algumas coisas em TV, por exemplo, eu trabalhei na versão brasileira do “Saturday Night Life” que era do Rafinha Bastos, na Rede TV e aí, eu escrevia para um quadro chamado “Week Up Date”, que eram noticias da semana comentadas e fazia figuração também lá, tanto que esses dias eu tava procurando no YouTube para ver se eu encontrava alguma coisa minha e não achei, mas enfim (risos), o cara todo animado falando, e não encontrei. E aí, depois disso, eu trabalhei também no programa do Porchat, é o mais recente, mas em televisão foi só isso mesmo, assim. Só que a televisão, eu nunca gostei muito de trabalhar assim. É que não é muito o meu foco, assim, eu acho, eu gosto do palco, eu gosto de falar assim, com o pessoal e eu acho que a televisão limita muito a gente.
P/1 – Tem algum sentido, também, que significa fazer as pessoas rirem pra você assim? Tem alguma coisa que você sente?
R – Ah cara, isso é…nossa (risos), eu acho que é difícil falar sobre isso, hein! (risos) Porque assim, quando eu conto uma piada e aí, eu vejo que o pessoal riu, cara, é pra isso que eu tô ali, sabe? É pra fazer o pessoal rir, assim. Não a qualquer custo, mas fazer eles rirem do que eu penso, do que eu escrevi. E aí, quando eu conto o que eu penso, o que tá lá na minha cabeça e isso funciona, eles dão risada, é demais, assim! é só melhor coisa do mundo, eu acho (risos).
P/1 – Muito bom. Você quer perguntar mais alguma coisa? Você quer fechar com…
R – Vocês querem mesmo que eu faca… eu acho muito constrangedor (risos) fazer assim, tipo num lugar muito… mas se vocês quiserem, eu faço alguma coisa. Por exemplo, eu falei bastante de Itaqua, então, eu posso falar um pouco de Itaqua pro cês. Eu moro extremo leste de São Paulo e acho que todo mundo sabe que é muito perigoso lá, é muito perigoso. Eu já fui muito assaltado lá, de verdade, muito assim, só que graças a Deus, em Itaqua, o ladrão nunca levou nada meu que o ladrão era o meu irmão (risos) e eu acho que… eu acho difícil falar sobre Itaqua, sabe? Como eu falei, eu estudei em escola publica e a escola era muito perigosa, também, era muito perigosa assim, e eu tinha muitos apelidos pela minha aparência na escola e tal, que o pessoal… um dos meus apelidos que o pessoal me chamava de baseado, eu nunca entendi essa (risos), mas eles me chamavam e eu lembro que a professora entregava um prova pra gente, a primeira pergunta da prova era sempre: “O que você vai ser se você crescer?”, porque era… já previa o futuro aí da gente (risos). É esse tipo de piada que eu faço, cara. Muito obrigado.
(Palmas)
R – Valeu gente.
P/1 – Muito bom, viu! Obrigada.
R – Valeu. Eu que agradeço.
P/1 – A gente quer perguntar muito mais, mas também o tempo é uma hora.
R – Poxa, passou rápido. Quando ela falou: “É de meia-hora a uma hora”, eu falei…
FINAL DA ENTREVISTA
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