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Por: Museu da Pessoa, 18 de setembro de 2020

Povo barcarenense, povo cabano

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Povo barcarenense, povo cabano

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O povo que morava aqui em Barcarena, é um povo cabano, cabano de luta.

Aqui, bem ali, próximo ali à piscina, tinha uma samaumeira.

Aqui tu estás, esse Rio Murucupi vai sair lá no Rio Arrozal.

O Rio Arrozal, seguindo em frente, tu vai dar no Rio Pará, tu vai dar na Baía do Marajó.

Então, era por aqui que as esquadras da Coroa entravam com os soldados, pra dominar os cabanos.

Movimento Cabano, o único movimento no Brasil que estabeleceu um governo.

O Pará foi o último a sair, a proclamar a independência.

O último.

Por quê? Porque não concordava, não queria se separar.

Apaixonado por Portugal, não queria se separar, né? Barcarena estabelece um governo.

Um governo paralelo, longe da Coroa, longe das oligarquias.

Por quê? Porque não queria mais sofrer, não queria mais ser tratado como um escravo, onde aqui só era tirado e continua sendo.

Não queria mais, não queria mais viver isso.

Queria viver livre.

Queria fazer uma coisa justa.

Porque era tirado até o sangue do povo pra ser mandado pra Coroa, o dinheiro.

E os barcarenenses não queriam mais e começaram a fazer o processo da Cabanagem, pra ter a sua liberdade, né.

A minha família conta essa história.

Então, aqui no terreno da minha vó, tinha uma samaumeira bem ali, ao lado dessa piscina, que eles pegavam os soldados, amarravam a corda e lá eles enforcavam os soldados.

Aqui, os trabalhadores daqui, têm medo de ficar aqui sozinho, porque veem muita visagem.

Eles contam que veem muita alma aqui, veem cadeiras sendo arrastadas.

Eles veem.

Eles contam aqui que veem o vulto branco, vê gente caminhando.

Na hora que eles vão ver, não é ninguém, a pessoa desaparece.

Então, eles dão testemunho.

Então, aqui, a minha vó contava que era aqui que eram enforcados os soldados e por aqui eram enterrados.

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Dados de acervo

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Entrevista de Mário Assunção do Espírito SantoEntrevistado por Lucas TorigoeBarcarena, 18 de setembro de 2020Projeto Memória de BarcarenaEntrevista número HYD_HV002P1 - Mário, fala pra mim, só pra começar, de uma vez, é o seu nome completo, data de nascimento e onde você nasceu.R1: Bom, eu me chamo Mário Assunção do Espírito Santo. Eu nasci em dois de fevereiro de 1975, no Hospital Santa Cecília, em Belém do Pará. Só nasci, né? Nasci, que aqui não tinha maternidade, não tinha médico, na época eram parteiras, né? E tanto a minha vó, que era parteira como a minha... a irmã dela também, estavam doentes, aí mamãe teve que ir pra Belém, pra que eu nascesse, né, lá.P1: Ela falou, a tua mãe ou o seu pai, como é que foi o teu parto? Se foi difícil, se foi ok?R1: Não. Foi tudo ok, porque a mamãe, eu já sou o quarto. Sou o quarto. Então, mamãe já tinha tido outros filhos, né? E, mesmo nessa questão de... a minha vó e a irmã dela, né, tia da mamãe, ser parteiras, então, eles já tinham todo um cuidado, né? Puxar barriga, ajeitar, né? Se tivesse torta a criança, né? E tinha todo um ritual, né? Aqui nós tínhamos todo um ritual, né, cuidado com a gestação.P1: Os seus irmãos nasceram de parteira, então? Só você que foi...R1: É, os meus dois irmãos mais velhos, né, foram de parteiras. Eu e a minha outra irmã foi em Belém.P1: E fala pra mim o nome, então, do seu avô e da sua avó de pai e de mãe.R1: O nome da minha vó por parte de mãe era Sílvia Correia dos Santos, né e o meu avô era José Américo dos Santos.P1: Eles... como era a família da tua mãe? Eles são de onde? Como é que é?R1: Bom, o meu tetravô chamava Manoel Joaquim dos Santos, ele veio do Marajó junto com a esposa dele, Maria Joaquina, vieram do Marajó. Meu avô negro, né? Ele vem do Marajó e se estabelece aqui em Barcarena por volta de 1600. Ele se estabelece em Barcarena, porque o nosso título, do nosso terreno, é de 1738. É,... Continuar leitura

Título: Povo barcarenense, povo cabano

Data: 18 de setembro de 2020

Local de produção: Brasil / Barcarena

Autor: Museu da Pessoa

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