PINTANDO A CARECA!
Neste mundo de Deus, aonde todos viemos para evoluir e realmente vamos aos pouquinhos aprendendo, sendo que, ao avançar da idade presenciamos “coisas” dificílimas de acreditar. E mesmo quando não presenciamos diretamente certos fatos que já aconteceram e quan...Continuar leitura
PINTANDO A CARECA!
Neste mundo de Deus, aonde todos viemos para evoluir e realmente vamos aos pouquinhos aprendendo, sendo que, ao avançar da idade presenciamos “coisas” dificílimas de acreditar. E mesmo quando não presenciamos diretamente certos fatos que já aconteceram e quando alguém estes fatos vem nos relatar, naturalmente a primeira reação é cair na gargalhada chamando o interprete de mentiroso, que isto
que está a contar é impossível de acontecer, ainda mais, às vezes os repreendemos achando que estão usando em demasia a imaginação para simples gozação e passarem
a chamar a nossa atenção sobre si, porque não é possível, o fato que está nos relatando jamais poderia alguém em sua sã consciência, nem em sonhos ter proporcionado.
Nesta eu me incluo, porque ao ouvir certos relatos que amigos passam a me narrar muitas vezes me fiz crítico e em dúvidas da veracidade, muitas risadas eu dei, alguns deles até aconselhei, olha fulano, porque não te tornas escritor, tens uma imaginação fértil e muito poderia escrever, por agir assim ainda estes dias quase me estrepei, um deles se sentiu ofendido e em uma brabeza que chegou a me assustar, se retirou inconformado de minha presença por eu nele não acreditar.
Estas coisas vão se passando no correr dos dias sem nos darmos conta, ou então em convivências próprias, passamos a presenciar cada uma que até mesmo o maior de todos folgazões viria a duvidar, fatos que nos deixam com a pulga atrás da orelha, como pode estas esquisitice certa gente produzir? Certas realidades hilariantes não acontecem só em âmbito familiar e se prestarmos atenção veremos que está no diário, em todos os setores
da vida
de uma população, desde o hilário inocente, como invenções para o lado do banditismo, como os traficantes ou governantes corruptos que engendram
planos mirabolantes para se safarem e que com eles acabam caindo no ridículo, que um pobre vivente assistindo como fizeram, mesmo ouvindo e vendo acha tudo inacreditável, que dirá ouvindo uma simples narração de um amigo! A diferença é que, enquanto os amigos contistas apenas ficam bravos e na falta de créditos se retiram descontentes, por falta de leis mais rígidas os grandes traficantes e os ditos respeitados políticos geralmente saem
ilesos, não devolvem aquilo que usurparam da nação. Bem, mas não quero nisto me prolongar e desviar o assunto ao qual me propus neste livro narrar.
Eu, já com mais de sessenta anos e no decorrer de minha vida ter feito de tudo um pouco, desde ser enfermeiro a um simples lenhador, derrubando a machadadas
matos inteiros para uma serraria que eu pretendia montar. Não deu certo, porque para melhorias da população urbana que a cada ano iam dobrando seus componentes, para mim e minha pretendida serraria foi rápido demais o crescimento dos fogões a gás e dos eletros domésticos, como tudo era novidade e que veio em boa hora, realmente para facilitar os afazeres familiares foi um vapt-vupt, e eu em lerdezas até terminar a derrubada destes matos, fui surpreendido, pois quase mais ninguém fazia uso
dos fogões convencionais e a lenha que eu tinha por uma ano armazenado se fez inutilidades, já não existiam compradores e a serraria nem pude iniciar.
Vi também coisas incríveis, fora da normalidade quando fiscalizei equipes como
a da empreiteira Camargo Correa ou Mendes Junior quando de minha passagem
pelo querido Paraná onde fui integrante dos quadros da Eletrosul como fiscal de terraplanagem. A gente quando se movimenta por tantos lugares sempre acha que já
viu de tudo e que nada mais, por mais excêntrico que seja já não nos causam admiração
e não vem à gente surpreender, chego hoje a conclusão, eu vi sim coisas em quantidades, algumas estranhíssimas que a princípio, por mais experiência que se tenha adquirido, mesmo estando vendo qualquer um duvidaria, mas o certo é que não vi de tudo!
Eu achava que ao me sossegar e me dedicar somente a escrever nada mais do que aconteceria daqui por diante poderia ser surpresa, menos ainda me admirar
e entusiasmado me levar a narrar em livros o que me foi direto confidenciado,
“na intenção de fazer” e do acontecido “por fotos” eu mesmo comprovei.
Eu tenho uma vizinha jovem e bonita, vinte e cinco anos, estatura mediana
com um rostinho agradabilíssimo, cabelos pretos e longos escorrem esparramando-se pelos ombros, a luz do olhar transmite aquele quê de alegria permanente, sua forma corporal é combustão instantânea, na hora desperta o libido “naqueles que gostam
de mulher” e são muitos que enlouquecem fazendo juras de em desejos repartir com
ela um leito e feliz de seus carinhos desfrutarem. Pois bem, esta minha vizinha um dia destes veio me confidenciar, estava resolvida, iria se casar, mas queria encontrar um consorte que pudesse certas regalias lhe patrocinar. Nós somos amigos de longa data e muitas vezes servi de seu confidente sobre os mistérios do coração, por isto mesmo ela veio me contar sua decisão e perguntar o que eu achava. Eu senti em seu jeitinho ladino e no tom em que pronunciou as palavras, alguma segunda intenção, mas me fiz de zonzo e para ela dei a minha opinião. - Minha bela querida, se é sua vontade e se achas que está na hora, se achas que realmente estás preparada para em casamento ter um durável
relacionamento, faça o que dita o seu coração. Senti que ela pouco gostou! Mas voltou
a perguntar: será que vou achar aqui a pessoa certa para isto?
– Se você, que é uma escultura em forma de mulher não achar, que dirá daquelas que são a meia boca!
Minha amiga se despediu dizendo que iria a luta, e assim foi se passando quase
um mês e numa bela tarde veio me contar que estava tudo acertado, havia
encontrado um pretendente e já estava de casamento marcado, veio me trazer
o convite e queria fechar com chave de ouro a nossa até ali, belíssima amizade!
Ela tanto procurou que achou, só que, o dito que veio a se adequar dentro
de suas exigências foi
um careca meio barrigudinho, de seus cinquenta e oito anos, possuidor de uma cadeia de lojas e que com elas havia construído um ótimo patrimônio.
Como ela mesma disse, não era bem o esperado, mas foi daquilo que imaginou para
si o melhor que encontrou. Minha amiga casou e por mais de ano sumiu, fiquei sabendo depois, durante este período, como o careca tinha realmente boas poses, eles passaram a maior parte do tempo viajando, ele adorando desfilar com a vizinha bem abraçadinho
e para todos com orgulho apresentava a perfeição de mulher que era sua esposa.
Ela não se importava, pois, além disso, em seus deveres conjugais, pouco ele a incomodava
e ademais estava conhecendo os lugares que desde a sua infância sonhara conhecer.
Percorreram o Rio Grande do Sul, depois o Brasil, se fizeram presentes
em localidades encantadoras que pareciam terem sido a muito tempo tocadas
pela varinha de uma doce fada admiradora da natureza. Mas ela estava enjoando
e foi insistente queria para Torres voltar. Eu que durante este tempo já estava sentindo saudade da adorável vizinha um belo dia abri uma página do Faccebook e me deparei com uma foto dos dois. - Deixa eu falar para vocês que ela era fissurada em redes sociais, “bem sociais até ali” mas como tinha tempo e sobrava “inspiração” ela colocava nestas rede, desde o tomar de um simples café, como o levantar para ir ao banheiro, imaginem
se não ia colocar fotos de suas viagens que o “bem” para ela patrocinava. Fiquei tempo
olhando a foto, lugar chique, alguns amigos impertinentes estavam a rodeá-los, os dois
sentados em uma mesa, um bom prato a degustar, só que quem tirou a tal foto pegou o casal meio por cima e isto causou um contraste a meu ver hilariante, ela, em um traje
verde que realçava sua beleza estonteante, com seus longos e pretos cabelos esparramados pelos nus dos ombros o corado do lindo rostinho carregado na maquiagem, parecia
uma boneca, ao seu lado, a centímetros o marido de uma cara achatada e com uma
careca de um amarelo reluzente, ela, embora cada vez mais bonita, se encontrava
com a aparência fechada, ruguinhas franziam sua testa, o semblante tenso deixava transparecer que ali existiam milhões de contrariedades. Para não me alongar em maiores detalhes, vou dizer apenas: vendo a cena e lembrando os interesses de minha amiga dei boas risadas e fiz um comentário com aquela pitada de bom humor que
me é peculiar, citando o brilho carecal e o que ali eu estava a vislumbrar.
Passado uma semana escuto o telefone a chamar, ao atender reconheci de imediato
a sua voz. Finalmente cheguei de viagem, quero ir aí te ver e conversar, contar o que tenho feito este tempo. - Estou esperando. Ela agora morava um pouco mais longe, mas já possuía um bom carro e em menos de meia hora estava em minha porta, abraços saudosos e “apertados” um drinque e a conversa foi iniciada vai daqui, vai dali e chegamos à bendita foto, ela riu e passou a me contar que estava cansando, pois além do dinheiro
e das viagens mais nada estava a aproveitar e seu corpo jovem e “revigorante” já se encontrava certas coisas a reclamar, eu como não podia deixar passar a dica, abraçando-a retruquei,
isto é fácil, já vamos reparar. Disse ela, vamos sim! Mas antes quero falar
de teu comentário sobre o careca, confesso, ando me sentindo envergonhada, seus próprios amigos ao se depararem com aquela coisa redonda e reluzente querem uma lasquinha tirar, nisto eu fico encabulada e acabo também sendo alvo de horríveis chacotas - É eu acho que também não gostaria, mas com aquela coisa brilhante é difícil não fazer
alguma brincadeira e porque naquela foto a careca estava tão amarela? Olha, tu podes até não acreditar, mas ele tem orgulho daquela coisa amarela e brilhante, como desfruta de certo status na sociedade não se dá conta do ridículo e acha que todos, assim como ele gostam é tanto que ele tem um produto preparado que esfrega para deixar mais reluzente
e justamente para deixar com aquela cor amarelada. Eu sempre com as minhas comentei,
mas nem de longe esperava que ela fosse aceitar,
- você entende de pintura, fazia um lindo trabalho naquele salão em que trabalhava, porque ao saírem para as festas não pinta a careca deixando-a agradável de se olhar. Hipiurra, meu amigo adorado, que
boa ideia!
Vou fazer um disfarce para que, nem examinando notarão que naquela cabeça não existem cabelos. - Mas olhe lá, não pinte flores na cabeça do coitado!
Não, pode deixar comigo. Fez um beicinho, mas como vou convencê-lo, vai ser muito
difícil ele aceitar, os lindos olhos brilharam, há, mas vai sim, eu tenho o meu jeitinho
e claro que vou conseguir. Passamos a tarde juntos, matando um ano de saudades,
o careca se encontrava em outra cidade cuidando de seus negócios, na boca da noite
ela se foi, ainda com um sorrisinho nos lábios, talvez pensando no que iria fazer para
engambelar o sem nenhuma telha. Juro que os argumentos que ela usou eu não sei,
mas que pintou, pintou. E é claro que eu posso imaginar, ela, no espichar de nossa conversa me revelou que ele em taras estranhas adora ficar o seu corpo a olhar, pede
para que fique peladinha, ela, em anseios chega a estremecer, mas ele apenas fica a olhar
e a se babar, ela, mulher esperta deve ter usado alguma estratégia sobre isto, mas seja
como que foi o certo é que o convenceu e os fatos aconteceram em meio a festejos da
mais alta roda social aqui de Torres. Ela, como a mim prometeu não desenharia flores,
mas fez pior! Desenhou alguns arbustos como aqueles crescidos em jardins seriam figura representativa, mas do meio brotava galhadas como aquela dos alces, grandes e pontudas se destacando em varias cores.
Eu fico abismado e confesso que não consigo atinar com
o que leva um homem de certa idade a não pensar e deixar-se convencer por um rostinho
bonito tendo como complemento um corpo de dar inveja a grega Afrodite “a deusa do amor”, ele, tendo-a dispocisão e com estes requisitos, só podia mesmo se babar, claro é,
que o motivo só ele poderia responder. Assim lá estava ele com a careca em cores, cheia de galhos, a principio até se divertiu com o início das brincadeiras, mas as zombarias foram esquentando, gritos, aplausos em um estrondo, vozes a altos brados comentavam a sua coragem de aparecer em público ao lado de uma mulher exuberante, linda de tirar
o fôlego e com a cabeça pintada com galhos pontudos, não sei se ela fez por gosto,
mas o endinheirado decerto pensando que nada poderia lhe atingir, esqueceu
que na realidade não era a pintura em si, mas o que ela representava!
Os amigos, os conhecidos que ali estavam chamavam os freqüentadores
e a roda se foi formando, pulavam e gritavam em uma algazarra infernal:
o Ricardão te pegou e como sempre foste adepto ao amor livre para provar,
em galhos a própria careca pintou, certo meu amigo o que é belo é para ser
compartilhado e eu também quero lambiscar este gostoso filezinho.
Em outro de nosso encontro minha amiga veio chorosa me contar que
aquele bando de gente entusiasmada, todos meio alcoolizados, começaram
a agarrá-la em uma esfrega de fazer dó, enfiavam as mãos pelas suas partes mais íntimas, alguns queria brutalmente beijá-la e assim andou levando algumas mordidas pelas orelhas e pescoço, dedos duros e ásperos com unha e tudo procuravam buracos
se enfiando onde não deviam, apalpavam de todas as formas, chegando os mais exaltados a baixarem as calça deixando-a completamente apavorada, pensando
que seria deitada e ali mesmo devidamente faturada. Enquanto uns como loucos
a bolinavam outros em risadas faziam a festa enchendo a careca enfeitada de tapas, derramavam nela copos de cerveja para voltarem a estalar as bofetadas sobre a pobre careca que nesta altura estava vermelha que nem beterraba, a cerveja misturada com
a tinta escorrendo pelo rosto deixava a festa cada vez mais com aspecto hilariante, aumentava o alarido e bordoadas se repetiam fortes. A muito custo depois de muitos choramingos conseguiram se safar e saíram esbaforidos para casa voltar, os dois, ela
pelas bolinadas, ele pelos tapas levado na careca e que acabaram se estendendo pelo
corpo pareciam dois robôs enferrujados a caminhar. O que se passou no chegar em casa ela não quis me contar, só fiquei sabendo da enorme repercussão que houve nas redes que os ditos amigos nos mais variados tipos de gozação com as fotos ali postaram.
Ela nunca ficou sabendo quem as tirou, mas por dia aparecia uma foto diferente,
por vezes era ela sendo bulinada, noutra ele apanhando na careca com os mais desqualificantes comentários. Pelas ruas ninguém mais o encontrou e suas
lojas as moscas ficou, a vergonha foi tanta, que o infeliz “boca aberta’
com sua careca para bem longe se mudou. Mas houve antes a separação
e no final das contas ficou ela com a casa, uma loja e polpuda pensão.
Minha vizinha-amiga, cada vez mais exuberante, continua, com sua presença e sua irradiante beleza a enfeitar os dias deste paraíso, diz que de Torres não sai e para recuperar o tempo de nossa quase perdida amizade todos os dia vem me visitar.
De vez enquanto ela recai e decerto para que eu reaja da forma que ela está a
planejar, fica dizendo que um novo marido vai procurar, sem reação de minha
parte, vive a repetir e a jurar de pés juntos, com outro careca e barrigudo,
mesmo endinheirado, que tenha mundos e fundos não vai mais se casar.
A minha linda e querida amiga ainda estes dias em uma de suas visitas tentou enrodilhar-me em seu perfume inebriante e açucaradamente em palavras
e gestos de carinho quase me convenceu, mas como sou um solteirão inveterado
e de artistas que certos quadros vivem a pintar já estou ressabiado,
não quis posar de modelo e os pinceis ela teve que guardar!
Elio MoReira -_ Torres
-_RS
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