Dia Internacional do Voluntariado: quem são essas pessoas? Eu trabalho com o tema da sustentabilidade há mais de 15 anos, então sempre tive muito contato com o tema. E de uns tempos pra cá, talvez porque eu passei a ler mais sobre o assunto e porque novas pesquisas sobre mudanças climáticas e ...Continuar leitura
Dia Internacional do Voluntariado: quem são essas pessoas? Eu trabalho com o tema da sustentabilidade há mais de 15 anos, então sempre tive muito contato com o tema. E de uns tempos pra cá, talvez porque eu passei a ler mais sobre o assunto e porque novas pesquisas sobre mudanças climáticas e extinções em massa foram publicadas, o senso de urgência veio muito forte. Eu tenho três filhos, de 9, 8 e 5 anos, e comecei a sofrer do que hoje se chama “ansiedade climática”. Passei noites sem dormir imaginando o que seria do futuro dos meus filhos, senti medo, sofri pensando no quanto é injusto o que as gerações mais velhas, incluindo a minha, estão fazendo com as crianças.
Essa tristeza começou a passar quando decidi fazer alguma coisa e a me conectar com outras pessoas para pensar no que poderíamos fazer juntos, enquanto pais e familiares. Quando Greta Thunberg surgiu e o movimento jovem começou a crescer, a esperança de que algo poderia ser feito se fortaleceu. Em princípio pensei que era um grande absurdo os jovens terem que perder aula pra chamar a atenção para um problema já tão bem estudado e pesquisado, de amplo conhecimento das lideranças globais. Como mãe, eu sentia que essa responsabilidade tinha que ser dos pais, não dos filhos. A gente se preocupa tanto em oferecer uma boa escola, oferecer carinho e segurança pra que eles possam crescer bem e ter boas oportunidades... e ignoramos a maior e mais real ameaça para o futuro deles, que é a destruição das condições de vida em nosso planeta.
Foi quando descobri o grupo global de voluntários Parents for Future e consegui reunir um pequeno grupo de pessoas para criar o Parents for Future no Brasil, que nós chamamos de Famílias pelo Clima. Quando conheci esse grupo, a primeira coisa que eles me orientaram foi para procurar o Fridays for Future do Brasil, pois a ideia é que a gente atue junto com os jovens. Foi o que eu fiz.
A ideia em princípio não era fazer algo grande, mas percebemos que havia esse vácuo, esse espaço pra criar uma conversa direta com as famílias e decidimos ocupar. Eu acho que é muito diferente você ver uma notícia no jornal e ver uma mãe ou um pai falando. Quando a gente cria essa conversa mais direta acredito que fica mais fácil perceber que esse é um assunto que nos afeta diretamente, que afetará brutalmente nossos filhos e que ninguém vai fazer isso por nós. Não são as empresas e muito menos nossos governantes que vão liderar essa mudança. Somos nós.
Com o tempo, outras pessoas que também já estavam buscando uma maneira de se engajar nesse movimento foram se juntando. Embora ainda seja muito difícil e desanimador atuar no ativismo ambiental no Brasil, não consigo mais viver como se nada estivesse acontecendo. Como bem disse a jovem Greta, “quando nós começamos a agir, a esperança nasce em todos os lugares. Então em vez de procurar pela esperança, procure pela ação. Então a esperança virá”. É isso o que me motiva a trabalhar, cuidar dos meus filhos, cuidar de mim e ainda encontrar tempo para ser uma voluntária pela causa climática. Não vamos desistir!Recolher