Nessa época, fazia muito frio na Serra da Cantareira. Às 5h da manhã já tínhamos que estar em pé, acordar, fazer o café da manhã, tomar café, organizar o material e dar uma arrumada na casa para poder ir para a escola. Voltava, tinha um quadro de tarefas, porque nós éramos hiperativ...Continuar leitura
Nessa época, fazia muito frio na Serra da Cantareira. Às 5h da manhã já tínhamos que estar em pé, acordar, fazer o café da manhã, tomar café, organizar o material e dar uma arrumada na casa para poder ir para a escola. Voltava, tinha um quadro de tarefas, porque nós éramos hiperativos, nunca tinha um momento sem ser organizado. E a minha mãe contava muitas histórias para a gente. Então, o que acontecia? Eu sempre fui uma pessoa muito criativa, gostava de ouvir e colocava as histórias de saudade dela em prática. Ela contou que, quando era pequena, em Duartina, matava passarinho para comer, porque tinha necessidade. Eu falei: “Era gostoso?” “Era.” No dia seguinte, eu matei um passarinho e fiz uma farofa, era um passarinho pequenininho para ela comer.
Ela ficou brava porque, primeiro, não concordava em matar passarinho, e a gente nessa época não passava por necessidades, mas não bateu nem nada. Ela falou: “Esse passarinho só tem pele e osso.” Não ia matar a fome de ninguém. Eu lembro da minha infância, com 4 anos sozinha na feira... Começamos a fazer o projeto com crianças, porque, entre 4 e 6 anos, elas ficavam muito soltas aqui na comunidade.Recolher