Ano de 1956, 11 de novembro, às 14h30. Enfim o primeiro respiro e o choro fora do útero materno. Mãe, minha heroína. Cheguei, estou aqui e... Cinquenta e oito anos depois... É só saudades. Se pudesse voltar no tempo, iria aterrissar minha nave na era verde de natureza abundante e ar puro de...Continuar leitura
Ano de 1956, 11 de novembro, às 14h30. Enfim o primeiro
respiro e o choro fora do útero materno.
Mãe, minha heroína.
Cheguei, estou aqui e... Cinquenta e oito anos depois... É só saudades. Se pudesse voltar no tempo, iria aterrissar minha nave na era verde de natureza abundante e ar puro desse meu outrora recanto encantado, e tentar salvá-lo da ganância de alguns e a ingenuidade de tantos outros.
Sinto saudade de um tempo onde imperava a simplicidade, a cordialidade e o respeito entre as pessoas. Pessoas que tinham orgulho de pertencer a esse recanto encantado chamado Parelheiros. Saudade dos bons e velhos tempos, tempos da escolinha de madeira à beira da estrada, do tio João Ribeiro (dentista), do Seu Abílio Christe (do mercado), do Seu Mané Queiróz (da farmácia), do Seu Gilão (grande figura!), Seu Pedrinho (da venda) e muitos outros que fizeram, outrora, desse recanto encantado, um lugar bom, divertido e feliz, mas que foi se degradando com o tempo.
Houve um tempo em que esse recanto deslumbrava encantos. Tempo em que esse recanto, em dias de festa, era tomado por belos enfeites, por belas moças e das barraquinhas que mostravam as delícias da culinária,
enquanto a multidão abria passagem para o desfile de carros alegóricos, para a Banda Sinfônica do colégio Prisciliana, aos cavalos com seus cavaleiros imponentes e às amazonas em suas montarias, com uma beleza descomunal.
Tempo em que na Igreja aos domingos pela manhã os moradores acotovelavam-se para assistir à missa com o Padre Carlos, e a fé naqueles tempos parecia ser infindável. Tempo em que depois da missa, lotava-se os barrancos à beira do campo de futebol para verem os garotos do time de futebol juvenil do, Parelheiros FC (Tiquinho, Rolinha, Pingo, Carlinhos), e tantos outros garotos.
Pois é... Quanta saudade! Saudade dos bailes de carnaval na Sede Social do, Parelheiros F.C., regida pela voz e alegria contagiante de Arnaldo Alves. Saudade dos bailes em que tantos namoros comecei, muitas bocas beijei, muitos foras levei, diversos amigos ganhei (Ernesto, Ricardo, Edson, Jorge, Paulo Miguel, saudoso Normando e muitos outros)... Amigos com quais vivi tantas emoções.
Parelheiros, meu outrora recanto encantado, não tem mais aquele encanto que tinha antigamente. Os rios não são mais os mesmos. Moradores vieram e se foram
e restou apenas esta enorme saudade plantada na alma. Será que ainda há encanto em meu recanto?
José Maria PiresRecolher