Lembro da sua presença em minha vida desde os meus 7 anos. Maria Aparecida (Cida) tem apenas seis anos a mais que eu. Quando chegávamos à casa da minha avó, depois de quatro horas de viagem, não foram raras as vezes que eu e minha irmã ficamos com ela no período da tarde porque meus pais tinh...Continuar leitura
Lembro da sua presença em minha vida desde os meus 7 anos. Maria Aparecida (Cida) tem apenas seis anos a mais que eu. Quando chegávamos à casa da minha avó, depois de quatro horas de viagem, não foram raras as vezes que eu e minha irmã ficamos com ela no período da tarde porque meus pais tinham compromissos na capital e minha avó ainda trabalhava. Sentimentos bons e cheiros agradáveis remontam essa época da minha vida. Nossas tardes, a três, eram deliciosas. Pipoca, risadas, bagunça, briguinhas infantis, desenhos na televisão (o preferido era os Jetsons). A casa toda trancada e janelas cerradas retratavam o medo da cidade grande pelas crianças nascidas no interior do Estado de Santa Catarina. Enfim, desde esse período, ela faz parte da minha vida, faz parte da minha família. E lá se vão uns 30 anos. A presença dela aparece em muitas das minhas tarefas de aula da infância e da adolescência, pois era uma pessoa muito próxima da família e estava sempre disponível para ajudar. Tinha uma entrevista para fazer, chamava a Cida, uma maquete para elaborar, chamava a Cida para ajudar, tinha um quarto para organizar, lá estava ela comigo, sem nenhuma pressa de acabar, nenhuma mesmo. Tomamos juntas alguns banhos de piscina, jogamos vôlei e handebol no quintal da minha avó. Algumas vezes ela me levou para escola, buscou-me, salvou-me de uns perrengues....Levou muita comida da minha avó para mim quando já morávamos na capital, passou minhas roupas, escutou com lealdade meus segredos de liquidificador da juventude. Presenciou minhas formaturas, foi ao meu casamento “divando” e por sorte do destino pegou o buquê (merecido), passou muita roupinha de bebê, ajudou nas minhas mudanças, sabe dos meus segredos, das minhas angústias, dos meus projetos, dos meus sonhos, do ponto certo do tempero, da altura da música. A comunicação com minha maior cúmplice, também se faz por telepatia.
Nós duas temos muitos aspectos em comum. Fazemos aniversário em abril, brindamos sempre juntas no intervalo de uma semana uma da outra, somos do signo de áries, do elemento fogo, temos o mesmo número do pé, da roupa, do coração. Ela tem dois filhos, um com 23 anos e um com 10 anos e eu, um enteado de 25 e um filho de 12.
Há três anos, prometi para ela que iríamos nas minhas férias em abril comemorar nossa amizade e nosso aniversário juntas, em São Paulo, sendo a primeira vez que ela viajaria de avião. Promessa feita, promessa cumprida! Foi uma aventura inesquecível para ambas. Há pouco tempo ela ganhou um prêmio e eu fui a primeira pessoa para quem ela ligou para contar.
Ela está sempre alegre, agradecendo e orando e eu aprendo muito diariamente com ela, essa guerreira linda que compartilha o cotidiano e sua vida comigo, atuando com maestria na retaguarda de suporte para que eu possa trabalhar tranquila, pois sei que Cida, minha irmã de alma, está cuidando de tudo e de todos com muito amor e dedicação. E a verdade é que já fazemos mil planos para quando nós nos aposentarmos, ensaiamos conversas da velhice, planejamos cenários, viagens secretas... Neste final de ano, combinamos de fazer um café antecipado de Natal na casa dela, com nossos familiares e, em breve, estaremos todos juntos, reforçando nossos laços de afeto, lealdade e parceria de uma vida.Recolher