Esta é a minha história e tenho orgulho dela. Também, se não eu, quem? Kkk
Fui aluna da Escola Estadual Professora Raquel Assis Barreiros, a partir do ano de 1977. Sou filha caçula de três meninas e sei que tive uma infância com algumas vantagens, dentre elas a de ser cuidada por muitas mulh...Continuar leitura
Esta é a minha história e tenho orgulho dela. Também, se não eu, quem? Kkk
Fui aluna da Escola Estadual Professora Raquel Assis Barreiros, a partir do ano de 1977. Sou filha caçula de três meninas e sei que tive uma infância com algumas vantagens, dentre elas a de ser cuidada por muitas mulheres. Minha irmã mais velha, com a idade de três anos a mais da minha, portanto, com 10 anos, foi quem recebeu da minha mãe a incumbência de, além de se cuidar, cuidar também das irmãs mais novas (eu com 7 anos e a irmã do meio, com 9 anos). Era uma enorme necessidade da minha mãe voltar a trabalhar, fora de casa, porque dentro de casa, nunca parou. Além da atividade doméstica, realizava atividades para fora para compor a renda familiar. Bordava, confeccionava guarda-chuvas e prestava serviços para pessoas da própria família. Mas, tudo isso escondido do meu pai, que não aprovaria. Antes de se casar, minha mãe era costureira registrada em carteira. Quando teve a primeira filha em 1967, pediu demissão, pois, segundo ela, apesar de ter conseguido uma creche pela firma, não se sentiu segura em deixar a criança. O comentário na família e também na comunidade era de que as crianças não seriam bem tratadas em creches. Ninguém da família havia se oferecido para cuidar da criança em casa, onde seria, supostamente, melhor. Minha mãe já havia recebido uma proposta de ascensão na indústria de roupas masculinas “Roupas Rei” em que trabalhava, o que aconteceria quando voltasse da licença maternidade, mas optou por não voltar.
Meu pai, estava desempregado, quando se casara em 24/09/1966, porém, fazia bicos na distribuidora de cerveja Antártica como carregador de caixas. Foi trabalhando neste serviço que conseguiu juntar dinheiro e tirar a carta de motorista profissional. E, assim conseguiu emprego como motorista.
Na época em que meu pai trabalhava na empresa Antártica, adquiriu o vício pelo álcool, ele tinha 22 anos de idade.
Minha irmã do meio (com 9 anos) também se cuidava e me cuidava e apesar da tenra idade também começou cedo a se responsabilizar pela casa e pela irmã mais nova, apesar de ter sido menos envolvida com este cuidado.
Ela tinha um temperamento diferenciado. Era emburrada e fechada. Se aborrecia bastante com a minha tia Luiza (apelido Beijo), quando a chamava de neguinha. E, mesmo a minha tia se desculpando, dizendo que era um apelido carinhoso, ela ficava emburrada. Quando já estava adulta, me contou que apanhava da professora na escola e isso a revoltava.
Rosimeire Marcolino, minha irmã do meio (da direita para a esquerda, sentada, é a terceira menina), ano de 1977. Minha avó paterna, que morava no mesmo quintal, também nos cuidava, ou melhor, como dizia minha mãe, “batia o olho nas crianças”. Ela já era idosa e já havia gerado 18 filhos (12 vivos), e, portanto, não se interessou por cuidar em tempo integral das netas, além do que, tinha suas obrigações na igreja Congregação Cristã no Brasil, onde ela trabalhava no setor da Piedade. Meu avô, seu esposo, tocava clarinete na mesma igreja.
Apesar da religião dos meus avôs ser a evangélica, foi na igreja católica (Comunidade Santa Cruz), que minha irmã me levou para formação religiosa. Nunca me esqueci das músicas aprendidas pela moça que além da formação na catequese nos formava em artes e em cultura (com dramatização e música), na sede comunitária próxima de casa, ou as vezes, na casa dela. Para além das missas e da catequese a igreja também era o nosso reduto de festas, lazer e sociabilidade.
Aos finais de semana a mesma rua da igreja era fechada pela prefeitura para virar rua de lazer. Era colocada uma rede de vôlei e ali passávamos a tarde toda, rodeados de amigos do bairro e até pessoas de outros bairros. Me lembro que durante a semana eu procurava lugar para treinar vôlei, mas o Centro esportivo da Freguesia do Ó, que era o mais próximo da minha casa estava sempre fechado ou sem atividade. Na educação física da escola só tínhamos queimada, acho que por falta de materiais para outras modalidades. Era muito raro quando tinha rede de vôlei na escola.
A escola ocupava meus dias. Nunca tive dificuldades para aprender, só era um pouco repreendida no dia da reunião de pais, quando a professora denunciava a falação durante a aula. Minha mãe e meu pai nunca iam nas minhas reuniões de escola. Estavam sempre trabalhando. Minha prima mais velha ou minha tia Aparecida ou meu avô, com sua mala de documentos e seu chapéu, que faziam esse serviço para ajudarem os meus pais.
Festa de família. Da esquerda para a direita: à frente tio Zezo, tia Cida (irmã mais velha do meu pai), Joana e Wilson (meus pais), Sara e Maguila (casal de primos), tio Tião e Marcelo (Pai e filho), Eli (primo), Brasília e Vidal (meus avôs). Atrás (Sr. Everaldo (vizinho), Iara (esposa do tio Carlos).
Nunca repeti de ano e me apavorava só de pensar. Talvez porque perderia o presente de final de ano, que era uma passada na padaria com o meu pai para chupar sorvete ou comer doces. Brinquedos eram ganhos quando meu pai era motorista de transportes na Transita Transportes, onde trabalhou por mais de 20 anos. Meu pai recolhia na estrada brinquedos, caso algum caminhão tombasse. As vezes ele também trazia alimentos, como cebola para vender, que também vinha das estradas, quando o tombamento de caminhão acontecia de novo.
Quando eu estava no antigo ginásio me lembro que meus amigos de escola significavam muito para mim, apesar de todas as intercorrências que me faziam pensar e me aborrecer com algumas questões, tais como: somente as minhas amigas mais bonitas, brancas, ou morenas com cabelo liso tinham seus namoradinhos; eu nunca tirava dez nas provas. Mas, eu nunca esqueci meus amigos de escola. No início da pandemia em 2020 contratei um desenhista e descrevi meus amigos para que os desenhasse, assim não corria o risco de esquecer suas feições, que tão nítidas permanecem em minha memória.
Antônio
Rosangela I
Rosangela II
Yara
Jaqueline
Eugênio
Sudan
Ronaldo
Tião
Cacau
Rexi
Francisca
Amigos do Antigo Ginásio na E.E. Professora “Raquel Assis Barreiros”.
Foi uma pena quando essas amizades foram interrompidas por um motivo muito relevante. Meus pais compraram a tão sonhada casa própria e fomos morar na COHAB de Taipas. Terminado o antigo ginásio, na antiga escola Raquel Assis Barreiros na Vila Nova Cachoeirinha, comecei a estudar em uma outra escola, para cursar o colegial (hoje Ensino Médio). Ingressei na Escola Estadual Walfredo Arantes Caldas”. Nesta escola tive muitas motivações para querer abandonar os estudos.
As aulas eram à noite, mas até aí tudo bem, pois os dois últimos anos do ginásio eu já havia passado para o período noturno devido à falta de classe no período vespertino. Mas, o que de fato me fez declinar para a escola “Walfredo Arantes Caldas” foi a falta de professores para as disciplinas, muita aula vaga e muito pouco aprendizado.
A escola só era muito boa para festas, o que ajudava a compensar um pouco a falta da rua de lazer do antigo bairro. Tomei então uma decisão inspirada na minha irmã mais velha. Fui cursar o magistério, na escola Estadual Prof. Cândido Gonçalves Gomide, no Jardim Cidade Pirituba. Detalhe, às aulas eram de manhã, o que não me permitia trabalhar de dia, coisa que minhas irmãs já vinham fazendo desde os seus 13 anos em casas de família. Logo nos primeiros anos do curso de Magistério iniciei meus estágios e nos dois últimos anos do curso consegui emprego. Primeiro em uma escolinha particular (1997), que ficava na linha do trem, na Estação de Pirituba, onde eu podia ir a pé pelas ruas ainda de terra e de matagal, após sair das aulas no magistério. Depois consegui emprego no Instituto de Educação Sol Girassol, onde apesar de já estar alfabetizando as crianças para entrarem na primeira série fui registrada como auxiliar de classe. Na sequência trabalhei na creche conveniada Pingo D’água, em Pirituba, no primeiro semestre de 1990. Iniciei minha trajetória como professora na Prefeitura Municipal de São Paulo, em junho de 1990 no cargo de Professora de Ensino Fundamental I e em 1992 iniciei no outro cargo, que era de Educação Infantil. Eu exercia os dois cargos de forma concomitante. Em ambos os cargos minha contratação foi feita com o diploma do Magistério, concluído em 1988. Em 1989, iniciei o curso de Pedagogia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e realizei meus estágios em escolas públicas da cidade de São Paulo. No último ano do curso de Pedagogia me especializei em Educação para Deficientes da Áudio Comunicação (EDAC).
A especialização em Supervisão Escolar cursei em 1994, na Universidade de São Paulo. Lamento não ter seguido com outras especializações naquela instituição, já que essa possibilidade existia e teria sido a chance de avançar no Stricto Senso na referida entidade. Após o casamento em 1993 optei por ficar grávida, e em 1995 nasceu o meu primeiro filho (Caio Flávio). Meu segundo filho nasceu em 1997(Henrique César). Após o nascimento do Caio Flávio, tomei a decisão de trabalhar somente meio período, me exonerando assim, do cargo na Educação Infantil. Tal decisão muito se deu em razão do suporte financeiro que se potencializou em minha família devido à oportunidade de promoção que meu marido teve em seu emprego, Ele que já trabalhava na mesma empresa desde 1986, onde iniciou com 18 anos, como salva-vidas, passou posteriormente para Supervisor Social, Supervisor de Esporte Amador e finalmente, para Gerente de Futebol Profissional.
Em 2013 já com os filhos adolescentes voltei para an academia como aluna especial do curso de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU). Este retorno esteve intimamente ligado à minha recente participação em Movimentos Sociais na Região Noroeste da Cidade de São Paulo. No último ano em que estive em sala de aula, no curso de Educação de Jovens e Adultos na Escola Municipal Padre Leonel Franca, no Jardim Rincão, Distrito do Jaraguá (2012), recebi um convite para participar da luta pela construção do Instituto Federal de Pirituba. Estive em diversas atividades deste coletivo: tais como: reuniões e audiências públicas. A partir daí comecei a me inteirar de outras ações na Zona Noroeste, em particular, no Movimento de Reapropriação da Fábrica de Cimento Portland de Perus. Foi em Perus que vi o diálogo entre professores das escolas municipais do bairro com a Universidade e com o Movimento Social, o que me causou bastante interesse em participar destas interações.
O encontro com o Professor Euler Sandeville Júnior da FAU/USP, no território de Perus, foi uma motivação para o desejo de voltar à Universidade, para aprofundar meus estudos e buscar entender outras formas de ensinar e aprender, para além das salas de aula dentro das escolas. Cursei disciplinas e participei de diversos cursos e eventos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e fora dele, em Perus, e em outros bairros, articulados com causas relacionadas ao Movimento da Fábrica, dentre estes:
29/06/2013- Encontro no Auditório do CEU Perus - SARAU com a participação de Educadores de Perus, professores universitários, moradores do bairro, etc.
29/11/2013 -Seminário Trabalho Cidade e, Patrimônio: A fábrica de cimento de Perus – realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP;
13/03/2014 a 10/07/2014- Disciplina Representações da Natureza e da Cidade no Brasil – Área de Paisagem e Ambiente – FAU/USP;
No segundo semestre de 2014, devido ao adoecimento e morte do meu sogro me afastei temporariamente das atividades de formação da FAU/USP.
06/03/2015 a 22/05/2015- Disciplina Paisagens Contemporâneas: Contracultura e Resistência – Área de Paisagem e Ambiente – FAU/USP;
11/06/2015 - Palestra ministrada: Experiência do grupo de trabalho de educação da Universidade Livre e Colaborativa de Perus – em conjunto com a FAU/USP – Contribuindo para reflexão sobre mudança de paradigma, acompanhamento de trabalhos colaborativos de autorias e intervenções junto à comunidade – Integrando as ações do curso de formação para professores “ Ciências da natureza: Diálogos interdisciplinares a caminho da autoria – desafios e práticas na educação paulistana – Aprofundamento I – Dimensão ecológica” – DRE Penha/DOT-P;
14/08/2015 a 11/12/2015 - Disciplina História da Paisagem Brasileira – Área de concentração História e fundamentos da Arquitetura e Urbanismo;
29 e 30/2015 -Palestra Ministrada: “Pesquisas sobre escolarização inicial: o pesquisador na Escola “Seminário “Práticas e Saberes docentes: os anos iniciais em foco” Programa de Estudos Pós-graduados em Educação: História, Política e Sociedade 2 da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em Parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo;
11/12/2015 - Evento Semana do Patrimônio Histórico – Realizado na Biblioteca Mário de Andrade pelo Departamento do Patrimônio Histórico;
10 12/09/ 2016 - Disciplina Intervenções no Espaço Informal das Cidades Brasileiras Contemporâneas – Realizada na Casa do Povo.
Esta disciplina culminou com a construção de um Dossiê sobre a Casa do Povo;
11 03/2017 – Curso de Formação e Difusão “Educação, Cidade e Patrimônio”, que tinha como intuito estabelecer um espaço de partilha de saberes e experiências entre educadores de diferentes regiões, interessados na discussão das relações possíveis entre os campos do patrimônio cultural e da educação, especialmente nas possibilidades de experiências no espaço urbano;
10/03 a 07/04 de 2017 - Oficina “Inventários Participativos de Referências Culturais” ministrados pelas professoras Karina Alves Teixeira, Mariana Kimie Nito e Simone Scifone no Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (CPC-USP);
13 03/03/2018 – Curso Vilas Operárias: O domínio da Fábrica na Paisagem Urbana de São Paulo.
14 05/05/ a 07/07/2018 – Curso “Educação Integral para o Século 21” Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP);
15 05/05/2018 a 07/07/2018 - Curso “ Educação Integral para o século XXI” oferecido na modalidade a distância, pela Universidade Estadual Paulista “ Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) em parceria com o Instituto Ayrton Senna ( IAS), e a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de São Paulo ( SME/PMSP), por meio do Núcleo de Educação à Distância do Departamento de Estatística (DEST) da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da UNESP e da Pró- reitoria de Extensão Universitária da UNESP (PROEX);
Ao tentar entrar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP para desenvolver o projeto que construí no percurso das formações tive a percepção sobre as dificuldades que teria frente ao desafio de entrar em uma pós-graduação. Por esse motivo resolvi cursar uma especialização que pudesse me subsidiar em termos de conhecimentos históricos e também em termos de apropriação da escrita acadêmica.
O trabalho desenvolvido na Especialização em História, Sociedade e Cultura acima tratou sobre os arquivos orais de reuniões dos Trabalhadores da Fábrica de Cimento Portland de Perus.
A entrada nos grupos de pesquisa vinculados à área da educação aconteceu de formas diferentes, porém em épocas iguais. Ambas as inserções ocorreram em 2017. Para participar da pesquisa “Lidando com novos espaços: crianças e adolescentes na apropriação do complexo arquitetônico do CEU Butantã (São Paulo, Brasil)” tive o convite da professora Aparecida Pérez, que me apresentou sua tese sobre os Centros Educacionais Unificados, que me causou bastante interesse.
Para participar do “Grupo de Pesquisa em Educação Integral”, meu disparador foi o convite recebido pelo Professora Drª Emília Maria Bezerra Cipriano Castro Sanches, na ocasião de sua participação em uma reunião do Fórum de Educação Integral para uma Cidade Educadora (FEICE), quando manifestou o interesse em formar um grupo para discutir as políticas públicas e publicações relacionadas ao conceito de Educação Integral.
As atividades realizadas no grupo de pesquisa “Lidando com novos espaços: crianças e adolescentes na apropriação do complexo arquitetônico do CEU Butantã (São Paulo, Brasil)” foram: o Seminário Internacional Virtual Brasil-Alemanha: Lidando com novos espaços: crianças e adolescentes na apropriação do complexo arquitetônico do CEU Butantã (São Paulo, Brasil); o Curso: “ Walter Benjamim Experiência, Mediação pelas Novas Tecnologias e Surgimento do Novo”, promovido e realizado pelo Programa de Pós- Graduação em Educação, Arte e História da Cultura do Centro de Educação, Filosofia e Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie em parceria com as Universidades de Siegen e Alanus – Alemanha.
As atividades realizadas no Grupo de Pesquisa em Educação Integral da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo foram: o I Seminário Internacional e II Seminário do Grupo de Pesquisa de Educação Integral/ GPEI (2018) – o Seminário de “Educação Integral: Formação do Professore e Práticas Pedagógicas”, com a presença Prof. Dra. Ariane Cosme da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal, Coordenadora do Grupo de investigação no CIIE KIDE – Conhecimento, Inovação e Diversidades em Educação; 2019 – o I Seminário do Grupo de Pesquisa de Educação Integral/ GPEI - “Educação Integral: impactos, reflexões e desafios para a construção de novas práticas”, com a presença d Professor Dr. Miguel Gonzalez Arroyo, Titular Emérito da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais; o IX, X e XI Colóquios de Reflexão e Formação de Gestores da Educação da Infância em Águas de Lindóia; XIV e XV Seminário de Educação Infantil e Anos Iniciais coordenado e organizado pela Prof.ª Dra. Emília Cipriano, em Águas de Lindoia; a publicação do livro A Educação Integral em Tempos de Pandemia organizado pela Professora Emília Cipriano Sanches, pela Professora Regina Célia Cola Rodrigues e pelo professor Emanuel da Conceição Pinheiro Júnior e os coautores professores: José dos Santos Oliveira, Márcia de Castro Calçada Kohatsu, Maria das Graças de Oliveira Coronato, Miriam Marcolino dos Santos, Priscila Raucci Da Mata Kodama e Samuel de Jesus Pereira.
Ao iniciar um novo percurso profissional em 2013 na Câmara Municipal de São Paulo, tive a oportunidade de continuar minha formação na área da educação, mas também pude ampliar meus conhecimentos em outras áreas como os Direitos Humanos e a Assistência Social, que me possibilitaram grande crescimento, tanto profissional quanto pessoal. O efetivo retorno à academia veio após a construção de um projeto para concorrer ao mestrado na Universidade Presbiteriana, no Programa de Educação, Artes e História da Cultura, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 2020. As ampliações em termos de conhecimento teórico se intensificaram devido à participações em fóruns de educação fora do período de trabalho. A experiência profissional anterior à CMSP foi de 25 anos em sala de aula, atuando na Educação infantil, no Ensino Fundamental, na Educação bilíngue para surdos e por fim na Educação de jovens e adultos na Rede Municipal de São Paulo. Com esta bagagem profissional buscava entender como se dava o processo de formação dos alunos dentro na escola, visto que chegavam com grandes vivências, que pouco eram aproveitadas. A questão que se apresentava para mim era: - Como reconhecer e agregar estes conhecimentos prévios vindos das experiências externas à escola com o conhecimento acumulado teorizado dentro delas? No curso de pós-graduação em História, Sociedade e Cultura, pude perceber que a nova historiografia* vinha propondo um novo olhar para o modo de se considerar os percursos históricos tratados nos livros didáticos e isso parecia estar muito relacionado ao protagonismo dos alunos nos diversos níveis escolares, no sentido do reconhecimento e valorização de suas narrativas, considerando-as importantes para um desenvolvimento integral. Considera-se aqui a mudança nas metodologias de ensino/aprendizagem e a integração das diversas dimensões do aluno em seu desenvolvimento na construção do currículo escolar. O contato com a professora Cida Pérez (ex-secretária de educação da Cidade de São Paulo) e sua tese* relacionada ao Projeto dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) foi um importante incentivo para a aproximação junto aos problemas sociais e dos oprimidos, (cenário que vem se agravando no período da pandemia), quando veio mais à tona as desigualdades antes percebidas. Minhas participações nas comissões específicas da Assistência e Desenvolvimento Social e Direitos Humanos na Câmara Municipal de São Paulo e a participação nos Movimentos Sociais em Perus, foram importantes agregadores no sentido de fortalecer minha musculatura para uma maior imersão nas discussões sobre políticas sociais e públicas, debatidas nestes espaços. A concretização de uma antiga aspiração, a criação de um espaço para atendimento a pessoas com deficiência para formação em educação, arte e história da cultura em 2020, veio na sequência destes contatos, numa perspectiva de resgatar uma autocrítica em relação a minha prática docente com pessoas surdas. Apesar de ter lecionado por treze anos em três das seis Escolas Municipais de Educação Bilíngue para surdos*(EMEBS) no município de São Paulo, ainda não havia me inserido naquela comunidade, para além do universo escolar e pedagógico, o que, ao meu ver, dificultava o avanço na comunicação em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e apesar dos vínculos afetivos construídos nas práticas em sala de aula, entendi que uma maior aquisição da língua e também das culturas criadas naquele meio, eram primordiais e ficaram por fazer. O fato de ser advinda da comunidade periférica da comunidade onde foi aberta a oportunidade do espaço (minha mãe me cedeu a casa) contribuiu na busca da realização do sonho, que não era só meu. Minha irmã, Rosimeire Marcolino, que morava na casa sempre pensou na possibilidade de se dedicar futuramente a trabalhos artesanais e solidários. A associação nasce na perspectiva de oferecer um lugar possível ao desenvolvimento humano e integral, considerando as diversas dimensões dos sujeitos, sendo elas: cognitivas, emocionais, artísticas, culturais. A ocasião se faz necessária e se justifica também devido ao momento em que estamos vivendo, onde ocorre a maior crise já vivida no Brasil, a pandemia da COVID 19*, que tem matado muitas pessoas por falta de políticas públicas voltadas ao atendimento dos mais vulneráveis evidenciando, ainda mais, as desigualdades sociais e econômicas do país. Diante da conjuntura, a necessidade de espaços de acolhimento se torna mais urgente. Neste momento, enquanto pesquisadora participante do projeto de criação da associação Jô & Rô, vejo a oportunidade de integrar ações destinadas às melhorias de condições de vida das populações carentes, em especial, neste período de pandemia, entendendo que para além da teoria faz- se necessário a prática, para que toda aprendizagem, e desenvolvimento a serem verificados na pesquisa não virem palavras mortas.
Recolher