Todos nós somos constituído de historias, crenças e experiências, sejam elas boas ou ruins. Algumas dessas historias até chegamos a perguntar como fulano conseguiu! Costumo dizer que perdão é como uma mancha obscura em nossas vidas chamada de orgulho.
Me chamo Genilda R Torres, mas nem semp...Continuar leitura
Todos nós somos constituído de historias, crenças e experiências, sejam elas boas ou ruins. Algumas dessas historias até chegamos a perguntar como fulano conseguiu! Costumo dizer que perdão é como uma mancha obscura em nossas vidas chamada de orgulho.
Me chamo Genilda R Torres, mas nem sempre me chamaram assim, até os 5 anos eu era conhecida como Paloma Poliana ou simplesmente Nanná, mas minha mãe por razões pessoais resolveu fazer a junção de seu nome Geralda com de minha avó Nilde e eu só fui descobri quando ingressei na escola. Eu nasci numa família muito pobre no interior do Pará, sou a 4º filha de 5 filhos, sofri muito assédio moral familiar onde todos alimentavam uma rejeição contra mim, todas as palavras mais dolorosas e horríveis eu ouvia, tanto de meus pais quanto de meus irmãos. Eu sentia não fazer parte daquele grupo, me sentia tão rejeitada que eu vivia praticamente isolada, sonhava o dia que eu pudesse partir dali. Além do mais, sofri muito com as surras e espancamento, não costumo falar sobre isso justamente para que meus pais não sofram e não se se sintam culpados.
O tempo foi passando, e quando eu fiz 15 anos num dia primeiro de janeiro, meu pai sentou ao meu lado e cheio de ódio no coração disse-me "NÃO GOSTO DE VOCE COMO FILHA, PREFIRO TRABALHAR 24 HORAS DO QUE CHEGAR EM CASA E TE VER". Ali meu mundo psicológico desmoronou, mas apenas confirmou o que já sabia por gestos. Naquele mesmo ano ele foi embora de casa, minha mãe me culpava por isso. No final deste mesmo ano ela também foi embora na véspera do natal, precisamente 23/12 levando meu irmão caçula, alegando que seu marido era mais importante. Passado alguns meses ela nos escreveu dizendo que havia vendido a casa e tudo que nela existia. Não tendo para onde ir, eu e minha irmã, que na época ficou comigo, nos separamos, ela foi morar com outra irmã já casada na época, no entanto, eu não cabia junto segundo ela. Morei em várias casas, oferecia meus servicos domésticos em troca de um prato de comida e um lugar para dormir.
Estudar sempre foi minha paixão e mesmo sem casa eu consegui terminar o 2º ano do ensino médio, a escola era meu refugio, lá eu fazia os trabalhos escolares em troca de pagarem lanches para mim, assim, eu conseguia comer e que muitas das vezes era a 1º refeição do dia. Nessas perambulações conheci um casal que se compadeceu da minha historia e me levaram para a capital, Belém do Pará. Mas o que eu não sabia era que meu pesadelo não acabara. Lá me fizeram de empregada doméstica, sem direito a salários eu vivia como uma escrava do lar. Até que certo dia fugi de lá para a casa de uma pessoa que já conhecia na capital.
Com muito esforço consegui terminar o 3º ano do ensino médio aos 18 anos, ganhando 15 reais por semana, mal dava para comer e pagar a passagem escolar.
O tempo passou e me mudei para São Paulo com uma familia que, assim como me levaram para Belém, me levaram para São Paulo com "promessas de vida melhor" no entanto, diferente do que ocorreu em Belém, fui agraciada com uma família da qual me apoiaram e ajudaram muito. Apesar de ser a empregada deles, eu fui muito amada e devo tudo a família Furuya. Com este trabalho de babá eu comprei uma casa no interior do Pará, casa essa que minha mãe hoje habita. Algo aconteceu lá onde ela foi atrás de meu pai e ele novamente a abandonou. Ela voltou sem o dinheiro da casa e nem um filho para amparara.
Hoje sou formada em Gestão de Pessoas, sou estudante de programação Neurolinquistica, sou coach e membro da sociedade Brasileira de coaching(SBC). Me casei com um empresário do qual sou sócia com ele, e juntos temos um filho de 3 anos e moro em Porto Alegre Rio Grande do Sul. Tenho uma família linda! Família essa que consegui construir com muito amor, empatia e perdão. Descobri que, o perdão é uma escolha, e quando perdoamos nós ativamos areas do nosso cérebro que dispara a empatia, e hormônios como serotonina que nos trás bem estar. Perdoar meus pais foi algo que me trouxe paz, antes de ser algo espiritual é uma necessidade do próprio corpo. Sou grata por tudo que experimentei, não os culpo de nada, tirei deles qualquer responsabildade de fracasso da minha vida, pois bem sei que meu cérebro tem a capacidade de se regenerar e fazer novas conexões neurais se assim eu quiser. Hoje sou amiga de meus pais, principalmente de minha mãe, que a ajudo financeiramente. Eu não preciso castigá-la por seus erros, a vida já fez isso.
Concluindo, para que o perdão transpareça, o orgulho precisa ser abafado. Minha história eu a conto com muito orgulho, sem rancor, e graças a ela eu sou quem sou hoje. Pratica do perdao, faz bem para nós mesmos, e é uma escolha que fazemos diariamente. Todos nós somos passivos de erros, inclusive nossos pais. Eles tambem tiveram traumas, medos, eles nao tiveram as mesmas informaçoes que tivemos. Ninguém tem o poder de mudar quem somos, não importa o que tenhamos passado, quem nos aprisiona é a nossa propria mente.Recolher