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Por: Museu da Pessoa, 6 de setembro de 2012

O eco da latinha

Esta história contém:

O eco da latinha

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Na verdade fui criado com a minha mãe e pela minha avó. Quando eu completei meus 13 anos, minha mãe me chamou na esquina, porque meus irmãos já conheciam meu pai, eles eram mais velhos que eu, e: “Você vai conhecer teu pai hoje”. Não foi uma decepção, mas foi gratificante. Eu senti o abraço do meu pai primeira vez. Não tive um colo, não tive nada. Mas depois, tinha hora, quando ele queria falar comigo: “E aí Emerson?”, eu: “Eu não sou Emerson, sou Wallace”, e toda hora tinha que corrigir, já tava ficando chato.

Eu já não queria ficar perto. Bateu um certo ciúme na verdade. Mas dá pra recordar muita coisa boa também, além dessa história do meu pai. Minha avó tinha muito carinho por mim. O que eu sou hoje foi muito graças a ela também. Me deu muito incentivo. Sempre me falou que eu ia ser um bom menino, que eu ia ganhar o que eu mereço na minha vida. Minha avó cuidava da gente quando a minha mãe ia sair pra alguma coisa, fazer algum trabalho, que era faxina, fazia comida pra gente. Pelo que eu não tive do meu pai, ela me deu tudo o suficiente. Sinto muita falta dela. A gente dormia no chão de terra junto com a minha avó, e não tinha nada, era só um lençolzinho.

Em Vigário Geral eu fui crescendo e era muito em casa. A mãe não deixava a gente sair e eu ficava muito no quintal, brincando de fazer pé de lata. Com meus irmãos e os meninos da rua. A gente brincava, mas era muito perigoso onde a gente morava. A verdade é essa. Por isso que a minha mãe não deixava ir pra longe, sair do portão. A gente presenciava passar alguém com um saco na cabeça, sendo torturado, passar uma carroça com vários corpos em cima, algumas coisas que pra gente não era tão normal. Mas a gente tinha que encarar como normal botava açúcar e, ficava sentadinho lá no sol, comendo um biscoitinho de vento mesmo, salgadinhos. Ficava comendo lá, depois descia, tomava um banho, ficava andando na comunidade. A gente...

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Dados de acervo

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P/1 – Boa tarde Wallace. Gostaria de começar pedindo que você me diga seu nome completo, local e data de nascimento.

R – Boa tarde. Sou Wallace Rocha da Conceição, tenho 24 anos - completei agora, vai fazer um mês ainda.

P/1 – Que dia?

R – Dia 20 de Agosto.

P/1 – Então você nasceu dia 20 de Agosto de…

R – Mil novecentos e oitenta e oito.

P/1 – E você nasceu aonde, Wallace?

R – Nasci no Rio de Janeiro

P/1 – Me diz o nome dos seus pais.

R – O nome da minha mãe, no caso, é Irani Rocha da Conceição. O meu pai… eu não sou nem registrado no nome dele, mas é Genésio Faustino alguma coisa, que nem eu sei.

P/1 – Mas você conhece ele?

R – Eu o conheço, mas ele não me conhece.

P/1 – Me conta como é que foi ser criado pela sua mãe. Conta um pouquinho da sua infância.

P/2 – Você tem irmãos?

R – Tenho dois irmãos mais velhos que eu. Sou o mais novo.

P/1 – Mas também do mesmo pai?

R – É o mesmo pai. São registrados no nome dele, tudo bonitinho. Só eu que to diferente deles, mas não porque eu quis.

P/1 – Por quê?

R – Mas não porque eu quis, entendeu?

P/1 – Porque ele quis?

R – É, foi ele que… A história eu vou contar.

P/1 – Então me conta um pouquinho essa história, como é que foi?

R – Na verdade fui criado com a minha mãe e pela minha avó. Minha mãe conta uma história pra mim que os meus irmãos, o mais velho, quando nasceu o Anderson o mais velho nasceu, bebezinho forte, quatro quilos, aquela coisa bonita, cabelinho enroladinho e pele escura mesmo, escurinho. O que acontece? Ele virou e falou que “Ah! Esse aí não é meu filho não”, porque todo mundo falava: “Ele é muito bonito. Não parece contigo não!”. Aí ele pegava no pé da minha mãe, falava: “Poxa, esse garoto não é meu filho não, não é meu filho.” Ficava com aquela história. Enfim, registrou tudo bonitinho. Aí veio o meu irmão do meio, o Emerson, que trabalha no AfroReggae agora...

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