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Personagem: Liliana Laganá

Nonna Gemma

Esta história contém:

Os homens, em sua grande maioria, haviam partido para a guerra, e para nós crianças era natural que assim fosse, e a própria guerra era um fato natural, para nós. Não nos perguntávamos quando acabaria, porque não tínhamos noção de que começara um dia. Era assim e pronto. E era como nas fábulas, em que os heróis partiam para alguma grande aventura e as mulheres esperavam seu retorno.

A guerra era longe, para além dos montes e do mar, e para nós as muralhas de Fratterosa eram enormes e poderosos braços maternos, que nos protegeriam contra qualquer perigo e dentro delas nos sentíamos seguros, como num ninho. Talvez nem percebêssemos a ansiedade com que as mulheres esperavam cartas da África, da Grécia, da Albânia, da Iugoslávia, de onde quer que os homens estivessem lutando. E o pranto comum, quando chegava alguma notícia de morte, e os sinos a anunciavam com seu badalar que do alto campanário resvalava pelos campos ao redor até as aldeias vizinhas, nos reforçava na idéia de que a guerra era coisa de homens, e às mulheres cabia chorar. E quando muitos homens voltaram e se escondiam nos sótãos, nos porões, em buracos escavados na terra, isso também, creio, era natural para nós crianças. Mas quando vimos que as muralhas não nos protegeram, que o inimigo invadiu nossas ruas e casas, queimando e destruindo, e nós também tivemos de fugir pelos campos e nos esconder debaixo da terra, junto com os homens, que segurando a respiração nos faziam sinal de ficarmos quietos, então nós crianças também conhecemos o medo, e o conhecemos nos olhos daqueles homens.

Mas isso foi quase no fim da guerra. No início ela estava longe, e eu vivi os anos mais leves de minha vida, apesar da guerra, ali em Fratterosa, anos redondos, maternos, de mamãe, de Nonna Gemma. Anos com gosto de pão caseiro, de geléia de amoras silvestres, de caciottina. Anos com gosto de fábulas. São lembranças que me nutrem até hoje. E é delas que quero falar.

A...

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