Meu nome é Vanessa Costa de Souza, nasci em Diadema, Grande ABCD, São Paulo, no Hospital de Diadema, na Av. Alda, no dia 28 de Agosto de Deus, ou melhor, de 1987, às 10h30, não sei se da manhã ou da noite, pois minha mãe não lembra e no registro só consta apenas às 10h30. Eu prefiro acreditar que foi da noite, porque assim justifico minha pele bronzeada e escura, diferente dos meus pais e avôs, mas que também era sempre lembrada pela minha bisa avó (Tereza Luzia). Ela, uma mulher pernambucana , mãe da minha avó paterna, como raízes da mãe dela, índia pegada no mato, no laço, pelo meu tataravô - história que minha mãe, também conta, que eu herdei as raízes indígenas de nossa família - que de ambos os lados, tanto do meu pai como da minha mãe, foi uma mistura de índios com os europeus portugueses e espanhóis.
Minha mãe (Maria Vicentina), mineira do Vale do Jequitinhonha, uma das 12 crianças dos meus avós, (Honorina e Sebastião), também nascidos e criados no Vale do Jequitinhonha - M, e descendentes de índios e bandeirantes.
Meu pai (Natanael), paulista da Vila Mariana, filho do meio dos três dos meus avós (Maria de Lurdes e Elias). Minha avó, a filha mais velha, nascida no Pernambuco, mas criada em vários lugares do Brasil, pois meus bisavós eram nômades e estavam sempre em um lugar diferentes, para trabalharem na terra, no cultivo. Do meu avô Elis, não sei quase nada, apenas que o maior sonho dele era ser pai de uma menina e que foi assassinado em um assalto na antiga Rua 1, que liga Diadema/Santo Amaro, hoje é a atual Rua dos Marimbas/ Pantanal, Guacuri. Antes de realizar o sonho, quando meu pai tinha apenas 9 anos, no dia 19 de abril, dia do aniversário do meu tio mais velho e dia do índio, meus avós não estavam em uma fase boa do relacionamento e minha avó (Lurdes), viúva com três filhos pequenos, ainda foi investigada por um tempo como suspeita do assassinato. Eles moravam na Av. Alda ,n°954, casa que eu...
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Meu nome é Vanessa Costa de Souza, nasci em Diadema, Grande ABCD, São Paulo, no Hospital de Diadema, na Av. Alda, no dia 28 de Agosto de Deus, ou melhor, de 1987, às 10h30, não sei se da manhã ou da noite, pois minha mãe não lembra e no registro só consta apenas às 10h30. Eu prefiro acreditar que foi da noite, porque assim justifico minha pele bronzeada e escura, diferente dos meus pais e avôs, mas que também era sempre lembrada pela minha bisa avó (Tereza Luzia). Ela, uma mulher pernambucana , mãe da minha avó paterna, como raízes da mãe dela, índia pegada no mato, no laço, pelo meu tataravô - história que minha mãe, também conta, que eu herdei as raízes indígenas de nossa família - que de ambos os lados, tanto do meu pai como da minha mãe, foi uma mistura de índios com os europeus portugueses e espanhóis.
Minha mãe (Maria Vicentina), mineira do Vale do Jequitinhonha, uma das 12 crianças dos meus avós, (Honorina e Sebastião), também nascidos e criados no Vale do Jequitinhonha - M, e descendentes de índios e bandeirantes.
Meu pai (Natanael), paulista da Vila Mariana, filho do meio dos três dos meus avós (Maria de Lurdes e Elias). Minha avó, a filha mais velha, nascida no Pernambuco, mas criada em vários lugares do Brasil, pois meus bisavós eram nômades e estavam sempre em um lugar diferentes, para trabalharem na terra, no cultivo. Do meu avô Elis, não sei quase nada, apenas que o maior sonho dele era ser pai de uma menina e que foi assassinado em um assalto na antiga Rua 1, que liga Diadema/Santo Amaro, hoje é a atual Rua dos Marimbas/ Pantanal, Guacuri. Antes de realizar o sonho, quando meu pai tinha apenas 9 anos, no dia 19 de abril, dia do aniversário do meu tio mais velho e dia do índio, meus avós não estavam em uma fase boa do relacionamento e minha avó (Lurdes), viúva com três filhos pequenos, ainda foi investigada por um tempo como suspeita do assassinato. Eles moravam na Av. Alda ,n°954, casa que eu também nasci, brinquei e cresci até os 14 anos.
Uma história que sempre me contavam é que, uma vez, uma luz muito forte estava próxima do meu bercinho e que era o vovô Elis vendo sua tão sonhada menininha.
Nasci, brinquei e me criei até o início da adolescência na casa da Av. Alda, n° 954. Não tinha irmão, nem amigos e nem podia brincar na rua porque era uma avenida movimentada. Me sentia muito sozinha e meu sonho era ter uma irmã. Como eu não tinha, então, imaginava que as plantas e animais eram meus irmãos, que eu tinha poderes de controlar as forças da natureza. Nossa casa tinha um quintal enorme cheio de terra, plantas e cachorros e, as vezes, principalmente no meu aniversário, vinham crianças para brincarmos. Eu fui uma criança com muitos problemas de saúde (pés e pernas tortas pra dentro, língua presa, crises de pneumonia, hepatite, hiperatividade e etc.), mas mesmo assim era super agitada, inquieta e estava sempre inventando, sempre me chamavam de arteira por onde eu passava. Passei boa parte da infância em hospitais com acompanhantes que quase nunca eram meus pais, mas primas, tias, amigas da minha mãe e enfermeiros(as), pediatras, psicólogos, ortopedistas, fisioterapeutas e etc. Devido ao trabalho meus pais, eles não acompanharam minha infância, sendo mais presentes a minha bisa Tereza e primos por parte de mãe, que vieram morar conosco por falta de condições financeiras dos pais deles, pois tinham muitos irmãos. Meus pais ocupavam o meu tempo nas aulas de danças (ballet, jazz), natação, momentos de lazer em parques, praia, viagens para Minas Gerais, e principalmente, cinema e filmes em família. Todos os dias de folga íamos eu e meu pai na locadora da esquina, na rua Japão, e assim passávamos o fim de semana com Esqueceram de mim, Free Willy, Rei leão, História sem fim, Gasparzinho, Rambo, Predador, 007, Indiana Jones, RoboCop, Forest Camp e muitos outros. Na escola, eu sempre me sentia perdida, DIFERENTE, não teve um semestre ou ano que eu não fiquei de recuperação, posso dizer que só aprendi a ler na adolescência com contato com as artes dramáticas.
O fato de eu me sentir muito diferente das outras crianças e pessoas desde criança, me encaminhou para as artes, as quais eu também fui muito influenciada desde pequena, pois quando lembro da minha infância, os únicos momentos que eu me sentia aceita, momentos que eu podia ser eu, eram dançando, cantando, brincando de ser artista. Minha brincadeira preferida, ser estrela de Hollywood, cantar ópera para minha bisa, fazer ela e os outros rirem das minha atrapalhadas e peraltices. Minha bisa sempre dizia que meus pais iriam ganhar muito dinheiro se me levassem para a TV, em programas como o Raul Gil, Silvio Santos, GUGU. Ela de fato era a única na minha vida que me levava a sério e acreditava em mim.
Uma figura muito importante que fez parte da minha infância e faz parte até hoje são os palhaço, Eles e elas sempre traziam uma alegria e magia muito linda e memorável na minha vida, estavam sempre presentes em meus aniversários e era muito incrível, pois eles chegavam do nada e iam embora do nada e com eles vinham as crianças, meus primos, as brincadeiras e eu me sentia a pessoa mais importante do mundo e tinha certeza de que quando eu crescesse eu queria ser daquele jeito, ser um presente na vida de alguém, pois é assim que eu vejo a arte do palhaço e é assim que eu me sinto quando estou de palhaça, profissão que eu lutei e luto até hoje para respeitarem. Minha essência, minha raiz, a Vanessa criança vive em cada gesto da minha palhaça.
Minha infância tem muitos cheiros, dos perfumes e cremes da minha bisa, do hospital, da terra do quintal, de bexiga, tem som de latido misturado com minha bisa cantando “atirei o pau no gato” com o papagaio ou gritando “NESSA!!!” que é como me chamavam, som de entrada de filme da Universal, acompanhado com o calor do abraço dos meus pais no nosso momento de família.
Vejo que tudo que vivi na infância me impulsionou para acreditar que a arte é o melhor caminho para ensinar, pois todas limitações que diziam que eu tinha foi superada com a ajuda das artes.
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