Minha mãe tem orgulho em dizer que quando eu fui para à escola, já sabia ler e contar até 100. Claro que foi ela quem ensinou. Eu fui para a escola aos 6 anos e meio. Não havia pré primário, jardim, essas coisas. A gente já entrava no 1º ano. Minha escola chamava-se "Escola de Emergênc...Continuar leitura
Minha mãe tem orgulho em dizer que quando eu fui para à escola, já sabia ler e contar até 100. Claro que foi ela quem ensinou. Eu fui para a escola aos 6 anos e meio. Não havia pré primário, jardim, essas coisas. A gente já entrava no 1º ano. Minha escola chamava-se "Escola de Emergência do Bairro Macuquinho" e era uma casa cedida por um fazendeiro das redondezas, para que as crianças não ficassem sem estudar. Na minha classe funcionava o que se denomina "classe multisseriada",
ou seja, os quatro anos do ensino fundamental I, antigo primário, funcionavam no mesmo espaço e horário. A professora tinha de ser malabarista para ensinar quatro conteúdos diferentes aos vários alunos. Minha primeira professora chamava-se Délcia Scudeller e eu a tenho como amiga no Facebook. Ela era loira, dos olhos verdes, muito bonita. Porém, era extremamente brava e dava puxões de orelha, reguadas e gritos, caso ousássemos conversar ou fazer barulho. Felizmente, no primeiro puxão de orelhas já compreendi como era o sistema e tratei de ser bem comportada. Então a professora caiu de amores por mim e eu era considerada uma das melhores alunas da sala. Eu tinha uma alegria enorme em estudar, fazer tarefas e aprender. No segundo ano a dona Délcia continuou conosco, mas no terceiro veio a dona Ercília Cavacca Carreira. Não tenho muitas lembranças dela, mas no meio do ano ela tirou uma licença e a dona Guaraciaba a substituiu. Essa se encantou comigo, porque eu adorava ler. Então ela me levou para a sua casa,q eu ficava na avenida 9 de julho, em Assis. E me apresentou o jornal, os suplementos infantis. Aquilo era um sonho!
Eu fui filha única até os 8 anos. Era a única neta dos meus avós maternos e xodó da vó Luzia. Daqui a pouco vou falar sobre ela. Talvez no próximo post. Morar na zona rural, na década de 1970, sem TV e vizinhos por perto foi me levando a criar minhas próprias brincadeiras, quase sempre solitárias e minhas maneiras de passar o tempo. Alguém me deu um gibi da Mônica e peguei gosto. Tive centenas, caixas e mais caixas. Na rua principal de Cândido Mota havia uma banca de jornais e revistas, mas também eram vendidos livros. Toda semana meu pai me levava lá buscar gibis. Um dia pedi para ele comprar o livro "Reinações de Narizinho." Eu não queria que a leitura acabasse. Ficava sonhando, imaginando que eu era a Narizinho. O rio perto da minha casa era o Reino das Águas Claras.
Os meus grandes amigos na escola eram a Silvana, o Sílvio (seu irmão gêmeo), a Suzana (era irmã deles também) e o Carlos. Os três primeiros eram de uma família numerosa. Moravam na direção da minha casa, do outro lado do rio. A dona Maria, mãe deles, fazia um pão no forno de tijolos, que foi o melhor que eu comi na vida. De vez em quando meus pais me levavam para brincar com meus amigos, e eles também iam na minha casa. O Carlos era filho da Nair e do Zé "Tranquilo". Grandes amigos dos meus pais. A Nair era aquele mulher que ri o dia todo, que não tem tempo ruim. Duas pessoas adoráveis. Há dois anos reencontrei o Carlos. Assumi um trabalho que incluia a penitenciária como sede de salas de aula e tive a grande surpresa de encontrar o Carlos como diretor do presídio de Assis. Foram quase duas horas de boas recordações.
Nas férias a primaiada vinha para a casa do meu avô e minha tia Nair fazia todos os nossos gostos. Brincávamos o dia inteiro, subíamos em árvores, escorregávamos na grama molhada da chuva, fazíamos pontes- a gente fala pinguelas- na parte rasa do rio. Era um tempo maravilhoso.Recolher