Eu não me lembro exatamente quando foi, eu devia ter uns 5 anos aproximadamente, e então meus pais resolveram vender a propriedade e comprar outra. A cidade escolhida foi Cândido Mota. Meus avós paternos já haviam se mudado para lá. Minha avó, Enedina, faleceu antes de nos mudarmos para perto...Continuar leitura
Eu não me lembro exatamente quando foi, eu devia ter uns 5 anos aproximadamente, e então meus pais resolveram vender a propriedade e comprar outra. A cidade escolhida foi Cândido Mota. Meus avós paternos já haviam se mudado para lá. Minha avó, Enedina, faleceu antes de nos mudarmos para perto dela. Tenho poucas lembranças. Lembro que ela era calma e falava baixinho. Ela não tinha a saúde muito boa e sempre estava deitada. Minha tia Nair cuidava dela. Ela faleceu aos 69 anos, por causa de complicações da diabetes. A casa dos meus avós era grande e tinha muitos quartos. O piso, de madeira, fazia um barulhão quando andávamos. Havia uma espécie de porão embaixo da casa. E uma varanda na frente com uma cerquinha de madeira. Ficava no alto, por causa do porão. Na sala havia uma cristaleira, que eu amava ficar observando as xícaras, as pequenas chaleiras e copos. Tinha uma mesa de madeira que abria um compartimento no meio e dava para pegar uma outra madeira que ficava dentro da mesa. Aí encaixava-se essa peça e a mesa ficava maior. E ela tinha um compartimento embaixo, para guardar coisas. Ela está comigo hoje.
O quarto do meu tio Toninho dava na sala. Eu gostava de ficar lá. Tio Toninho era o caçula dos irmãos e solteiro. Eu ficava fuçando nos seus perfumes. Do restante da casa tenho poucas lembranças. Apenas que havia muitas jabuticabeiras no fundo da casa.
Então mudamos para o sítio do lado. Meu pai construiu uma casa novinha, de madeira, também com o piso de cimento queimado e não pintou. Dessa casa eu lembro muito bem e poderia desenhá-la. Havia o quarto dos meus pais e do lado, o meu. Na frente do quarto deles ficava a sala e em frente à sala, a varanda que dava para o quintal, que era cercado e minha mãe plantou muitas flores. Na frente do meu quarto ficava uma espécie de copa, mas não lembro de terem móveis como uma mesa de jantar ou algo assim. Engraçado é que não havia um forro abaixo das telhas. Olhávamos para cima e víamos as vigotas que sustentavam o telhado. Do lado da copa, descendo, ficava a cozinha. Lembro da pia, da mesa, do lugar onde ficava o fogão e da janela que dava para o lado do rio. Nos fundos na cozinha ficava o banheiro. O de tomar banho, porque o das
necessidades fisiológicas ficava no quintal. Era a popular "casinha", um buraco fundo no chão com uma espécie de vaso de madeira em cima.
Meu pai não quis instalar luz elétrica porque isso demandaria um custo alto e ele tinha planos para comprar mais terras. Naquele tempo, a vida que meus pais conheciam, como pessoas simples e sem estudos que eram, era a de economizar, guardar dinheiro para ter alguma coisa na vida. Nos fundos da casa minha mãe fazia horta e plantava muitas frutas. Na janela do meu quarto tinha um pé de pêssego.
A água para regar as plantas e para todo o resto das necessidades vinha do poço que meu pai fez em frente à cozinha.
Esse sítio ficava na Água do Macuquinho, há 5 km de Cândido Mota. A estrada era de terra, e pensa numa terra que mais parecia tinta, de tão vermelha. Quando a estrada descia para o rio que ficava descendo o sítio do meu avô e o do meu pai, havia a porteira que dava acesso. Então primeiro atravessávamos o pasto das terras do meu avô e depois chegávamos ao nosso sítio. Atravessando o rio, pela estrada principal, na subida, ficava a escola. E do lado esquerdo, na direção da nossa casa, mas do lado de lá do rio, ficava a casa da Silvana, da Suzana e do Sílvio.Recolher