Nasci no dia 13 de maio de 1966, no antigo hospital Sorocabana, onde hoje funciona o colégio Ipê. Meus pais escolheram quais seriam meus prováveis nomes: Maria Luíza ou Heloísa Helena. Aconteceu que a tia Lourdes (tia da minha mãe e a quem ela tinha e tem um grande apreço), sugeriu "Rosenes"....Continuar leitura
Nasci no dia 13 de maio de 1966, no antigo hospital Sorocabana, onde hoje funciona o colégio Ipê. Meus pais escolheram quais seriam meus prováveis nomes: Maria Luíza ou Heloísa Helena. Aconteceu que a tia Lourdes (tia da minha mãe e a quem ela tinha e tem um grande apreço), sugeriu "Rosenes". Rose porquê estavam na moda nomes começados com esse prefixo e Inês porquê minha mãe se chama Marinês. O escriturário do cartório errou e escreveu "e" em vez de "i". Sou filha de Sebastião Toledo de Souza e de Marinês Hernandes de Souza. Ambos trabalharam com agricultura e criação de animais de pequeno porte, em uma propriedade rural na Água do Lagarto Verde, bem próxima à cidade de Assis. Nós morávamos numa casa de madeira simples. O piso era de cimento queimado (hoje está na moda nas casas chiques), e as paredes não tinham pintura. Não havia luz elétrica. Usávamos lampiões e lamparinas. A água era tirada do poço. Meu pai tinha muitos irmãos. Três deles moravam perto da minha casa. Tio Luiz, tia Maria e tia Iracema. Tio Luiz e sua esposa, a Maria "do Luiz", tinham quatro filhas: A Helena, a Nice, a Silvia e a Vanderli. A tia Maria "do Roque" (porquê era o nome do seu marido), tiveram as filhas: Noêmia, Maria Isabel e Valdirene. E os últimos tios vizinhos, Iracema e Osmar, tiveram as filhas Sonia e Rosana. Diante dessa fartura de primas, já se pode imaginar o quanto brincamos na nossa infância. Nosso avô Lud e nossa avó Enedina também moravam próximos. Na verdade ele tinha um pequeno sítio e os filhos (meu pai, tio Luiz, Maria e Iracema), tinham propriedades do lado. Nos fundos da minha casa tinha (tem até hoje), um rio com muitas cachoeiras. É um lugar lindo.
Outra irmã do meu pai chamava-se Nair. Ela era a filha mais velha dos nove irmãos e não havia se casado. O que ela mais gostava de fazer era ficar com a gente, ou seja, com "a sobrinhada". Ela fazia um bolo branquinho, que ficava assim de tanto ela bater as gemas e o açúcar, na mão mesmo. Também fazia chá de cravo. Essa era a bebida dos terços que se rezavam de casa em casa, por ocasião das festividades e datas católicas. Íamos todos a pé, pelas estradas ou caminhos no meio do pasto, rindo e contando histórias. A noite quase sempre parecia dia, porque a lua e as estrelas iluminavam todo o lugar. Depois das rezas, os adultos iam conversar. Os homens se juntavam de um lado para falar sobre as plantações, o preço do boi, se ia gear naquele ano ou qualquer coisa parecida. As mulheres sentavam na sala e conversavam sobre costura, bordado e receitas. Nós, as crianças, íamos brincar e correr no quintal. Aos domingos íamos à missa na igrejinha da Água da Fortuna. De vez em quando tinha quermesse, mas o dia mais esperado era o dia de São Sebastião, 20 de janeiro, porque era tradição- é até hoje- a festa do doce. Tambores e mais tambores de doces eram produzidos para a ocasião. Doce de leite, abóbora, mamão, cidra, goiaba, figo,
etc. Nossos doces eram assim naquele tempo. O chocolate, pelo menos para nós, crianças caipiras da Água do Lagarto Verde, nem sabíamos da sua existência.Recolher