A música sempre foi presente em minha vida, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, parece até um casamento mal resolvido entre a rainha e o plebeu, nem sei quando tudo começou, mas ela sempre estava lá, embalando meus sonhos, meus romances fazendo da minha vida um filme com trilha sonora.
E a ausência dela um dia me traumatizou para sempre. Foi num sábado de verão, meu pai Genardo Brasil viu em meu apego por ela uma chance de faturar uns trocados, eu tinha uns 8 anos, se bem me recordo, e papai me levava sempre para cantar em shows de calouros e nessa manhã de sábado fomos para o Centro Social Urbano, espaço para confraternização de lojistas, hoje é o campus da UEPA, estava acontecendo uma programação ao dia do comerciário, com concurso de calouros, ele me inscreveu para eu participar, mas demorou para começar e eu comecei a ficar muito nervosa, quando o rapaz da banda me chamou para passar o som com a música escolhida senti um frio na barriga aterrorizador, falei que iria cantar "O canto da Cidade" da Daniela Mercury, passamos o som e então chegou a hora. Égua, fiquei muito assustada, tinha muita gente lá, todos na expectativa de ver uma menininha cantando, foi quando travei, cantei apenas o primeiro verso e todo o resto eu esqueci, lembro da vergonha do papai e da sensação de decepção e frustração.
Interrompemos minha carreira de cantora mundialmente conhecida nesse dia, rsrsrs, mas gravei muitos discos interpretando canções brasileiras na memória dos meus filhos, alunos, amigos. E a música rainha da alegria sempre reinou na minha vida.