Minha mãe é uma pessoa especial, eu digo todos os dias, eu digo a todos que a conhecem, eu digo aos meus amigos que conversam com ela ao telefone, a minha mãe não é pessoa, é anjo mesmo. Daqueles ingênuos, que não conhecem a maldade do mundo, que abraça genuinamente, que "rouba" olhares e a...Continuar leitura
Minha mãe é uma pessoa especial, eu digo todos os dias, eu digo a todos que a conhecem, eu digo aos meus amigos que conversam com ela ao telefone, a minha mãe não é pessoa, é anjo mesmo. Daqueles ingênuos, que não conhecem a maldade do mundo, que abraça genuinamente, que "rouba" olhares e atenções por onde quer que vá. Extremamente amorosa, prendada, aberta ao novo, a minha mãe é alguém que só me traz paz.Lembro-me especialmente agora do nosso retorno da viagem que fizemos para o estado de Pernambuco, terra onde nasceu minha mãezinha. A última vez que visitamos a minha vó, um ano antes dela morrer. Passamos algumas horas no aeroporto de Recife, a espera do voo que nos levaria de volta a São Paulo. Ficamos algumas horas observando os aviões na pista pousando e alçando voos. A minha mãe, na medida que as horas iam chegando próximo da nossa viagem, passou a ficar nervosa, sorria, falava piadas engraçadas, mas eu sabia que era nervoso. Nunca tinha viajado de avião. Saímos para almoçar e ela muito crítica com comida, ignorou o prato de escondidinho que pedimos, acho que nada entraria mesmo em seu estômago até ela ter certeza que passaríamos bem daquela viagem. Ao adentrar no avião, ativarmos os cintos de segurança e ouvirmos as orientações do comandante da nave, com os gestos de aeromoças, minha mãe sorriu e disse: "eita trem bom". Quando o avião decolou, ela pegou na minha mão, apertou-a bem forte e fechou os olhos.Recolher