Eu sempre fui muito falante, então, fazia amizade muito rápido! No colégio, sentia falta de estar ao lado da minha irmã; por isso, nos intervalos, ou ela ficava com meu grupinho ou a gente ficava com o dela, misturando os amigos! No segundo pré eu já não aguentava mais, queria ir pra primeira...Continuar leitura
Eu sempre fui muito falante, então, fazia amizade muito rápido! No colégio, sentia falta de estar ao lado da minha irmã; por isso, nos intervalos, ou ela ficava com meu grupinho ou a gente ficava com o dela, misturando os amigos! No segundo pré eu já não aguentava mais, queria ir pra primeira série, mas não tinha idade. Aí a minha professora, a dona Terezinha, falou que eu tinha condições, então fizeram uma solicitação pro Ministério da Educação, fiz uma prova e consegui: pulei pro primeiro ano! E como a minha irmã também já tinha idade, acabou pulando pro segundo! Eu sempre fui seguindo ela, mas sempre um ano atrás. No final, como ela fez Engenharia e eu Administração, a gente se formou no mesmo ano, pra terminar essa história do eu ir atrás dela nos estudos: acabamos nos alcançando!
Desde pequena eu fazia bolsas de plástico: cortava uns saquinhos, fazia dois furinhos em cada um e colocava uma alça de pano. E assinava papéis. Então na minha cabeça eu ia ser uma executiva que tinha bolsas diferentes e que assinava papéis! Ao terminar o colegial, fiz um ano de cursinho, pois estava na dúvida entre estudar História, Administração ou Marketing. Escolhi Administração, entrei no Mackenzie e, desde o primeiro ano, fui procurar estágio. Eu precisava decidir: “Tenho que ver se é isso mesmo que eu quero pra vida”. Nessa época, você começa a receber aqueles “nãos” e passa a se questionar, tudo nessa etapa da vida é desesperador. Mas faz parte do aprendizado: levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima! Fiz várias entrevistas e digo que, nessa época, tive a primeira bifurcação na minha vida. No mesmo dia, recebi uma ligação da IBM [International Business Machines] e da Shering Plough, uma indústria farmacêutica, dizendo que eu tinha sido selecionada para o estágio. Naquele dia, tracei o meu caminho pra indústria farmacêutica, porque você entra e acaba fazendo uma carreira. Não me arrependi.
Hoje, trabalho na Allergan e a minha contribuição é muito mais na posição de treinar, liderar, trabalhar junto, motivar e gerar o resultado que a companhia precisa. Qualquer decisão que você toma afeta as pessoas que estão trabalhando com você. Então hoje eu sou responsável por cem pessoas e isso me faz ter responsabilidade nas decisões. Eles dependem do meu trabalho e eu dependo que eles estejam trabalhando bem para que as coisas aconteçam. O que me move todo dia e que me faz trabalhar com paixão: saber que estou liderando pessoas. Nem sempre é fácil, nem todos são iguais, mas o importante é entender que somente com as pessoas que se chega ao resultado.
Quando você muda a sua rotina pessoal em função da empresa, quer dizer que você está colocando o máximo de você, né? Então acabou surgindo a oportunidade de ir trabalhar na Argentina pela Allergan. Eu pensava assim: pra eu realmente conduzir bem o negócio, tenho que liderar pelo exemplo e estar junto pra entender o cenário deles. Só que pra isso, eu teria que deixar meu filho em casa. Daí a importância da família. Minha irmã falou: “Eu vou com você!”
Quando eu entrei na companhia, meu filho tinha dois aninhos. Então ele me acompanhou na minha vida dentro da Allergan! Ele cresceu junto com a companhia e me acompanhou na mudança de país. Quando os coleguinhas perguntavam pra ele: “O que a sua mãe faz?” Ele respondia: “A minha mãe é presidente da Argentina!” Esse engajamento dele em falar: “Eu estou com a Allergan, a Allergan me trouxe para a Argentina”, fez com que ele fizesse parte da companhia. Por isso eu acho que as coisas se misturam! Ele passou a fazer parte dessa história e isso é muito legal!
É engraçado porque o que eu faço hoje, eu já projetava na infância. Eu brincava que eu estava assinando e despachando coisas, acho que isso foi ficando no meu subconsciente. Quando eu lembro de estar fazendo bolsas de plásticos e brincando com as assinaturas, me vejo hoje não gostando de assinar papéis, algo que tenho que fazer. Tenho certeza que tomei o caminho certo em todos os momentos de bifurcação! Cada escolha que a gente faz é uma estrada diferente. E, sem dúvida, a minha vida pessoal se cruza com a minha vida profissional.Recolher